domingo, 19 de agosto de 2012

Na TV, Serra destacará obras e 'laços' com SP

Daniela lima

SÃO PAULO - Conhecido por 99% da população, com duas eleições presidenciais na bagagem, e o mais alto índice de rejeição registrado até agora entre os candidatos desta eleição, José Serra (PSDB) tentará reeditar sua biografia na memória dos paulistanos no seu primeiro programa eleitoral na TV, que vai ao ar na quarta.

No lugar da tradicional narrativa sobre os cargos já ocupados pelo tucano, a campanha desenhará a trajetória de Serra com base no legado de obras e projetos desenvolvidos por ele na cidade.

Alardeada em eleições anteriores, a gestão do tucano no Ministério da Saúde (1998-2002), por exemplo, ficará, desta vez, em segundo plano.

À frente dela, estarão investimentos promovidos por ele na capital como governador e prefeito. O programa também irá enaltecer uma "ligação emocional" de Serra com a capital --"a cidade em que eu nasci, em que vivem os meus filhos e os meus netos", como costuma dizer. Um trecho vai fazer uma espécie de "ode" a São Paulo.

Rejeição. O programa foi construído pelo marqueteiro Luiz Gonzalez para iniciar a batalha contra a rejeição ao tucano.

Nas últimas pesquisas de intenção de voto, Serra é o nome mais citado pelos eleitores quando questionados sobre o candidato em quem não votariam de jeito nenhum: tem 37% das menções.

O índice é a principal preocupação da campanha. Desde 1992 (a primeira eleição municipal com segundo turno), não há registro de candidato vitorioso em São Paulo que tenha iniciado o horário eleitoral com rejeição tão alta. Em 2008, o prefeito Gilberto Kassab (PSD) tinha 31%.
Os tucanos atribuem a rejeição a Serra a dois fatores: o abandono do cargo de prefeito em 2005 --para disputar o governo do Estado-- e a baixa avaliação de Kassab, que era vice de Serra e herdou a prefeitura após sua saída.

Para amenizar a mágoa pelo abandono do cargo, Serra dará destaque a obras que fez como governador e que têm impacto na capital --o Rodoanel e a ampliação da marginal. Dirá que fez pela cidade mais que seus antecessores.

Serra será o único a falar no programa. Os aliados Kassab e o governador Geraldo Alckmin (PSDB) aparecerão apenas em imagens, vinculadas a obras do candidato.

Haddad. O petista Fernando Haddad, por sua vez, estreará com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Conforme publicado ontem pela Folha, Lula vai mostrar que suas apostas políticas dão certo, como ocorreu com a eleição de Dilma Rousseff em 2010.

Já Serra usará parte de seu tempo para explicar por que está se candidatando novamente --concorre a prefeito pela quarta vez-- e dirá que pretende "se realizar" como gestor de São Paulo.

Isso deverá servir como uma vacina contra as especulações sobre outra possível saída da prefeitura para disputar a Presidência da República, em 2014.

Tido como trunfo da campanha, o jingle "Eu Quero Serra Já", versão do hit sertanejo "Eu Quero Tchu, Eu Quero Tchá", ganhou um clipe.

O programa foi todo gravado em full HD, com a resolução máxima existente na praça. Em 2010, o marqueteiro usou equipamentos de gravação menos sofisticados.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Prefeituráveis do Recife num "cara a cara" inédito no Portal NE10

Os quatro candidatos a prefeito mais bem colocados nas pesquisas vão se enfrentar, em debate pela internet, na quinta-feira(23)

O Portal NE10, em parceria com o UOL, promoverá, em vídeo e ao vivo, inédito debate eleitoral exclusivo pela internet com os mais bem posicionados nas pesquisas de intenção de voto para a Prefeitura do Recife, na próxima quinta-feira (23), das 15h às 17h.

Participam do encontro os candidatos Daniel Coelho (PSDB), Geraldo Julio (PSB), Humberto Costa (PT) e Mendonça (DEM). No debate, os candidatos também responderão a perguntas dos internautas, com tema livre. O debate será realizado em um dos estúdios da TV Jornal, no Bairro de Santo Amaro, e também terá transmissão pelo UOL.

Por respeito aos candidatos, não serão aceitas agressões verbais de cunho pessoal, que digam respeito à vida privada – pregressa ou atual – do candidato e/ou familiares, bem como palavras de baixo calão. Esses comentários serão excluídos da página.

O debate terá três blocos. No primeiro, candidato pergunta a candidato. No segundo, será a vez das perguntas dos internautas. Já no último bloco, os prefeituráveis respondem a perguntas dos jornalistas do Sistema Jornal do Commercio de Comunicação (Jamildo Melo do Blog de Jamildo; Sérgio Montenegro Filho, do Jornal do Commercio; Antônio Martins, da TV Jornal; e Mário Neto, das Rádios Jornal JC/CBN Recife.

Quem vai mediar o debate é a jornalista Inês Calado, do Portal NE10. “Nós temos o diferencial de contar com toda a estrutura do Sistema Jornal do Commercio de Comunicação (SJCC). Além disso, o debate será exibido pelo UOL, o que aumenta ainda mais sua visibilidade”, destaca Inês. O debate será o primeiro promovido pelo NE10 numa disputa eleitoral.

Além de assistir à transmissão em vídeo e contar com a cobertura completa e em tempo real do NE10, os internautas poderão interagir com a equipe do portal ao vivo através de uma página criada especialmente para o debate e pelas redes sociais, usando a hashtag #debatene10 no Twitter ou pela página do portal no Facebook (www.facebook.com/portalne10).

Para Rodolfo Tourinho, superintendente do SJCC, a iniciativa é bastante democrática. “Hoje a internet tem uma força muito grande, e, como temos o maior portal do Norte/Nordeste, promover esse debate online se torna um processo fundamental da democracia, pois a discussão precisa chegar a todos”, diz Rodolfo.

Números

Maior portal de comunicação do Norte/Nordeste, o NE10 tem audiência média mensal de 50 milhões de páginas vistas e 8 milhões de visitantes únicos.

O NE10 é um dos pioneiros da internet brasileira e soma 15 anos de vida. Parceiro do UOL desde sua criação, tem larga experiência em transmissões online e em tempo real, a exemplo do debate presidencial nas eleições de 2010 realizado pela TV Jornal.

Para o debate deste dia 23, o portal vai contar com toda estrutura de engenharia da TV Jornal e de streaming do UOL, além de servidores e tecnologia de redundância para garantir a excelência na transmissão

FONTE: JORNAL DO COMMERCIO (PE)

O que é isso, companheiro? - Celso Ming

Na semana passada, os comentaristas de Assuntos Econômicos chamaram a atenção para o fato de que, finalmente, a presidente Dilma Rousseff deixou de lado certos preconceitos e decidiu passar à iniciativa privada investimentos e administração de serviços públicos em operações de concessão – que a confraria petista há anos vêm denominando de privataria ou privatização disfarçada, como se esses processos fossem coisa do diabo.

Não são apenas parcerias desse tipo com o setor privado que vêm paralisando decisões de política econômica dos governos liderados pelo PT. Toda a atividade econômica se mantém eivada de preconceitos ideológicos partilhados pelos companheiros do Partido.

Esta Coluna, no dia 9 de agosto (Apesar de você), ao analisar o novo recorde de produção de grãos, denunciou algumas ambiguidades não resolvidas da administração do PT em relação ao desempenho da agropecuária. Para bom número deles, continua sendo uma atividade predadora liderada por latifundiários dedicados ao agronegócio que, além de explorar boias-frias e mão de obra semiescrava, praticam o desmatamento sistemático, destrói a agricultura familiar, trabalha para o avanço da monocultura da laranja, da cana-de-açúcar, do eucalipto e do pinus, promove o envenenamento do meio ambiente com agrotóxicos e espalha variedades artificiais transgênicas, na opinião deles, potencialmente nocivas para a saúde do homem, dos animais e para a biodiversidade.

As ambiguidades e a demonização ideológica que seguem paralisando a administração da política econômica não param por aí. Para essa gente, a “grande mídia” ou a “imprensa burguesa” não passa de instrumento pelo qual as classes dominantes dominam e empobrecem os demais brasileiros.

Os empresários são a “burguesia endinheirada” ou, então, o “patronato” sempre disposto a extorquir mais valia do proletariado. Os banqueiros que atuam no Brasil se dividem em dois grupos: a “banca nacional” e a “banca globalizada” que, no entanto, pouco se distinguem entre si quando se trata de impor o jogo do mercado financeiro, como se o mercado financeiro fosse constituído apenas de bancos e não, também, das aplicações feitas pelo assalariado e pelos fundos de pensão que sempre buscam a melhor rentabilidade.

A empresa estrangeira continua sendo o instrumento do imperialismo global, muitas vezes em versão mais moderna dos empreendimentos colonialistas.

As políticas destinadas ao desenvolvimento devem ser “verticais”, ou seja, devem eleger o segmento menos nocivo da “burguesia”, para receber benefícios em isenções fiscais, juros favorecidos e reservas de mercado. As melhores políticas devem ser “tiradas” em “câmaras setoriais tripartites”, às quais compareçam governo, empresários e sindicalistas.

Embora a solidariedade de classe deva ser internacional, as políticas devem favorecer preferencialmente o trabalhador da “empresa nacional”. Daí porque sempre se deve exigir participações variadas de “conteúdo local”, como nos tempos da substituição de importações, não importando o aumento do custo de produção e quantos prejuízos cause à competitividade das empresas, inclusive as controladas pelo Estado ou por capitais nacionais.

No mais, fora com o neoliberalismo, especialmente aquele que sempre foi inoculado pelo Fundo Monetário Internacional… Oooops! É preciso repensar isso, porque o governo Lula passou a prestigiar o Fundo, reforçou seu capital e quer participar mais de sua administração.

CONFIRA

Apesar da vacilação, o Índice Bovespa, que mede o comportamento das principais ações negociadas na bolsa, ensaia a segunda boa valorização mensal consecutiva. A alta de julho foi de 3,4%. Em agosto, até sexta, acumulou avanço de 5,3%.

E o tsunami? Nem a presidente Dilma voltou a falar no tsunami monetário nem o ministro Mantega voltou a falar na guerra cambial. E, no entanto, nenhum dos grandes bancos centrais enxugou a dinheirama despejada nos mercados nos últimos três anos. Ao contrário, sugere que vêm aí mais emissões de moeda.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Estilo Dilma de governar diz a que veio

Trato com a base aliada, diálogo com a iniciativa privada, apreço pela meritocracia e pragmatismo econômico são exemplos de que a presidente não é uma mera continuadora da gestão Lula

Essa moça está diferente ...

Dilma se distancia cada vez mais do jeito Lula de governar. Exemplos recentes não faltam, como a relação com o funcionalismo, a forma de lidar com o Congresso e a ocupação de cargos por aliados políticos

Paulo de Tarso Lyra

A presidente Dilma Rousseff está cada vez mais à vontade na cadeira presidencial para imprimir um ritmo próprio no governo, escapando da asa de seu mentor político, Luiz Inácio Lula da Silva, e da vigília ideológica de seu partido, o PT. O pacote de concessões de estradas e ferrovias anunciado na semana que passou é apenas um dos exemplos do distanciamento gerencial imposto pela presidente em relação ao seu antecessor. "Sentou naquela cadeira, é prestar contas para a sociedade, não para o PT ou para Lula", disse ao Correio um petista que integra a ala dilmista.

Não são poucos os pontos de divergências entre ambos. Cercada por ruidosos sindicalistas que comandam a maior greve do funcionalismo público em muitos anos, Dilma demonstra pouca paciência para uma conversa com os representantes dos trabalhadores, algo que sempre dava prazer em Lula, ele próprio oriundo desse meio. "Se dependesse da presidente, ela não daria reajuste para ninguém. Na cabeça dela, servidor público tem que ser premiado pela meritocracia, não por regras anacrônicas como tempo de serviço e aposentadoria integral", declarou um interlocutor da presidente.

Dilma tampouco vê problemas em estender as mãos para a iniciativa privada fazer investimentos nas áreas em que o governo federal está engessado. Quando ela lançou o plano de concessão para os aeroportos, no ano passado, petistas e sindicalistas chiaram, mas afirmavam que ela estava "sob a influência maléfica de Antonio Palocci", considerado o mais neoliberal e patrimonialista dos petistas.

Transportes. Palocci já é passado, e Dilma amplia as concessões para portos e rodovias, um ano e um mês depois do escândalo que defenestrou a cúpula do Ministério dos Transportes, reforçando que o ex-todo-poderoso chefe da Casa Civil apenas cumpria ordem de uma planilha gerencial. "É natural que essas atitudes provoquem enfrentamentos no partido e nos antigos parceiros de Lula", completou um aliado da presidente.

O ciúme existe. A começar pelo fato de tanto Lula quanto uma ala importante no PT jamais abandonar a possibilidade de o ex-presidente candidatar-se em 2014 para um novo mandato. Na semana que passou, a ex-primeira-dama Marisa Letícia descartou essa hipótese, afirmando que a vida pós-Planalto vai muito bem, obrigada. "Há alguns meses, ele falou brincando que, se a Dilma não quisesse, ele sairia, mas foi uma brincadeira. Dilma é quem deve disputar a reeleição", afirmou Dona Marisa, em entrevista ao jornal ABCD Maior, de São Bernardo do Campo (SP).

É preciso, antes, avisar a incautos filiados à legenda. "Eu não sei se a Dilma será candidata ou não. Se ela estiver mal nas pesquisas de intenção de voto em 2014, Lula passa a ser a nossa esperança para continuarmos no governo federal", afirmou ao Correio um parlamentar com certo grau de influência no PT e que jamais escondeu preferir Lula a Dilma. "Ela é muito mais estatizante que o Lula. Acabou de criar uma estatal para o trem-bala e outra para administrar as ferrovias e rodovias e todos estão louvando-a como alguém que pretende fazer parcerias com o setor privado", reclamou, enciumado.

Congresso. Habilidosa, Dilma não rompeu politicamente com Lula. Segundo relato de ministros próximos a ela, os dois ainda se falam praticamente dia sim, dia não. A presidente segue consultando-o nos momentos delicados, especialmente nas relações com os aliados no Congresso. Lula, contudo, por mais de uma vez, teve que defender o direito da presidente de tomar as atitudes que lhe aprouver.

Na primeira vez foi a crise com o Congresso que culminou com as substituições de Romero Jucá (PMDB-RR) e Cândido Vaccarezza (PT-SP), respectivamente, das lideranças do governo no Senado e na Câmara. Lula avisou que agiria diferente, mas não se envolveu. Na última semana, teve que vir a público defender o rompimento da presidente com as centrais sindicais. Afirmou que era importante negociar, mas lembrou que algumas categorias tinham recebido reajustes generosos ao longo dos oito anos de mandato em que esteve no Planalto.

Dilma teve habilidade para não começar se impondo. Gerente dura, mas neófita na política, ouviu críticas de que seu primeiro ministério, anunciado no final de 2010, era fraco, com muitos nomes repetidos da gestão Lula. Ancorava-se no discurso do governo de continuidade para justificar as escolhas, algo que não convenceu pessoas próximas a ela. "Os dois primeiros anos de governo terão uma gestão Dilma-Lula. A partir daí, teremos um governo Dilma puro", explicou um petista afinado com a presidente.

Vencida essa etapa, ela começa a preparar-se para 2014. Do ponto de vista administrativo, cercou-se de um núcleo duro composto por Bernardo Figueiredo, indicado para presidir a nova estatal criada para planejar e comandar os investimentos do setor de logística; Nelson Barbosa, secretário-executivo da Fazenda; e Nelson Hubner, presidente da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Do lado político, escolheu um núcleo duro composto por cinco ministros: Fernando Pimentel (Indústria e Comércio); Gleisi Hoffmann (Casa Civil); Paulo Bernardo (Comunicações); Aloizio Mercadante (Educação); e Alexandre Padilha (Saúde). Ocasionalmente, Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral) é agregado ao grupo.

Dilma definiu as marcas de sua gestão. Combate à pobreza — herdada de Lula mas aprofundada com o Brasil Carinhoso; defesa dos direitos do cidadão, refletido na pressão pela redução dos juros e por um serviço de qualidade na telefonia; e intransigência diante dos chamados malfeitos, que inclui desde relações políticas a contatos com setores da iniciativa privada, como a CBF. Tudo para ter o que mostrar daqui a dois anos. "Dilma é candidatíssima à reeleição, não tem outra opção", garantiu um integrante do primeiro escalão.

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE

Pacote não evita pibinho em 2102

Programa de concessões de rodovias e ferrovias ao setor privado sinaliza retomada mais firme dos investimentos, mas efeitos sobre a atividade só virão a longo prazo

Sílvio Ribas

O pacote de concessões federais de rodovias e ferrovias, anunciado na semana passada com um orçamento estimado de R$ 133 bilhões para um período de 30 anos, terá contribuição praticamente nula para a meta do governo de colocar a economia num ritmo de crescimento anual de 4% neste ano e no próximo. Empresários e especialistas, contudo, aplaudem o ousado plano de investimentos, sobretudo como reconhecimento da incapacidade estatal de tocar grandes empreendimentos com custo e velocidade razoáveis.

Mas eles também lamentam que a iniciativa tenha chegado tarde demais para impedir que 2012 se torne mais um ano, o segundo consecutivo, de fraco desempenho, com pouco impulso para 2013. Depois dos 2,7% de 2011, a economia dificilmente atingirá 2% neste ano, conforme ficará explícito no próximo dia 31, quando o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgar oficialmente a evolução da atividade no segundo trimestre.

A percepção realista da necessidade de fortalecer a produção e não apenas o consumo se distancia cada vez mais da euforia com a expansão de 7,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2010. Na nova postura também está presente a compreensão de que os obstáculos burocráticos e de gestão do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) precisavam ser driblados, injetando agilidade da iniciativa privada. Mas, mesmo assim, o pacote logístico será insuficiente para garantir que o PIB de 2013 apresente crescimento de 4%.

Competitividade. Outro ponto destacado foi o argumento explícito da presidente Dilma Rousseff de que os projetos visavam atacar, ao mesmo tempo, dois fatores estruturais de inibição da expansão do PIB: o nível de investimento ainda abaixo do ideal e os gargalos que retiram competitividade das empresas, o chamado Custo Brasil.

Segundo analistas, o principal resultado prático do pacote logístico acabou sendo a sinalização ao mercado de uma retomada mais firme do ritmo de investimentos, duramente afetado pelo adiamento de projetos de grandes empresas. Apesar de o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) apostar que a taxa de investimento vá crescer nos próximos meses acima do ritmo da economia, o fraco desempenho do primeiro semestre do ano, inclusive do PAC, impedirá recuperação frente a 2011, quando atingiu a marca de 19,3% do PIB.

Paulo Godoy, presidente da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), espera que o programa ajude o país a elevar a taxa de investimento na área de transportes para o percentual ideal de 1,6% do PIB, mais do dobro do atual (0,74%). Ele considerou acertada a aposta na parceria com o setor privado, torcendo para que o governo procure o equilíbrio entre realização rápida de projetos de qualidade, sem perder de vista o retorno financeiro aos investidores. "Não adianta fazer cálculos que apontem valores de pedágio nas estradas pouco atraentes ou que tornem investimentos inviáveis no longo prazo", sublinha.

Modelos diferentes. O pacote logístico do governo prevê impacto significativo na economia só depois de 2013. Serão leiloados ao setor privado 7,5 mil km de rodovias e 10 mil km de ferrovias. Cerca de 60% dos investimentos ocorrerão no período de cinco anos após a assinatura dos contratos. No modelo para rodovias, vai operar quem propuser menor pedágio, a ser cobrado só quando 10% das obras estiverem prontas. Nas ferrovias, o modelo de parceria público-privada (PPP) define que construção, manutenção e operação ficam em mãos privadas. Mas o governo vai comprar, por meio da Valec, toda a capacidade de transporte dos trechos, revendendo esse direito a terceiros.

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE

Inflação, seca e Petrobrás - José Roberto Mendonça de Barros

As perspectivas da inflação para este ano se alteraram bastante, devido a dois diferentes choques: um agrícola, resultado do clima conturbado deste ano, e outro referente ao curso futuro dos preços de combustíveis, decorrente da publicação do balanço do segundo trimestre da Petrobrás.

Comecemos com a questão agrícola. No final do ano passado, as cotações internacionais de alimentos apontavam para uma grande folga no abastecimento global, tendo caído algo como 15% entre agosto e dezembro de 2011, medido pelo índice CRB de produtos agrícolas. Com isso, os analistas e as autoridades esperavam uma folga no custo de alimentação, o que deu uma das bases para a queda na taxa básica de juros (Selic) fixada pelo Banco Central.

Entretanto, diz-se bem que o homem põe e Deus dispõe. Desde o início do ano problemas climáticos vêm cobrando um pesado tributo sobre a produção agrícola. No nosso verão forte, a seca quebrou a safra de milho e soja nos Estados do sul, no Paraguai e, especialmente, na Argentina.

Em seguida, a produção de trigo (o cereal com maior folga de oferta) na Ucrânia e na Rússia foi afetada tanto pelo frio como por uma seca forte, e o milho na França por seca e calor.

Até aí, o sistema ainda conseguiria se equilibrar apenas com altas moderadas de preços. Mas, a partir de meados de junho, e em curtos 45 dias, o mercado virou espetacularmente com a confirmação de uma devastadora onda de calor e seca nos Estados Unidos.

A estimativa mais recente do Departamento de Agricultura prevê uma quebra superior a 100 milhões de toneladas de milho, resultado irreversível a esta altura. A quebra da soja é da ordem de 15 milhões de toneladas, que pode ainda ser alterada, a depender das chuvas no resto deste mês.

O desastre poderia ser algo amenizado caso a mistura de etanol de milho na gasolina fosse temporariamente reduzida naquele país. Entretanto, isso parece muito pouco provável, uma vez que o presidente Obama não correria o risco de desagradar os produtores rurais do Meio-Oeste americano em ano de eleição.

Com isso, os preços de grãos subiram muito, e atingiram nesta semana US$ 8 por bushel para o milho, US$ 16,30 para a soja e US$ 8,90 para o trigo. No final de março as cotações eram, respectivamente, US$ 6.40, US$ 14 e US$ 6,50 por bushel, provocando altas de 25% para o milho, 16% para a soja e impressionantes 37% para o trigo. A quebra dos grãos irá se refletir em toda a indústria de alimentação, especialmente no setor de óleos e carnes, aqui via elevação no custo das rações.

O choque dos preços de grãos imediatamente se transmitiu ao Brasil. O preço do milho em Campinas estava 24% maior que em março, e a soja em Paranaguá, 45%, afetando desde já os preços no atacado e o IGP-10, divulgado esta semana. Este último subiu 1,59% em agosto e 7,5% em 12 meses. A alta do custo das rações está destruindo valor na cadeia das carnes; o caso dos suínos é o mais agudo, uma vez que os produtores independentes estão liquidando seus plantéis com grande prejuízo.

Nos produtores integrados, o peso fica na indústria, pois é ela quem deve entregar a alimentação para os produtores. De qualquer forma, a produção de carne suína vai se reduzir até o Natal, o que elevará os preços, no momento de maior demanda aqui no Brasil.

O mesmo processo ocorrerá nas outras carnes. Isso significa que o índice do custo de vida, o IPCA, vai ser muito pressionado até o final do ano, com o custo da alimentação chegando próximo aos 10% e o índice geral na casa de 5,5%.

O segundo elemento novo no cenário decorre da publicação do resultado da Petrobrás no segundo trimestre. O prejuízo da companhia causou espanto a todos, mas a franqueza da presidente Graça Foster ao comentar o evento foi muito bem-vinda. Acredito que os seguintes pontos merecem ser destacados.

Em primeiro lugar, chamo a atenção para a fragilidade da gestão Gabrielli. Convenhamos que derrubar o caixa da Petrobrás exige muita aplicação. Entre outros exemplos, deve ser mencionada a queda na eficiência nos poços da Bacia de Campos para 70%, o que exigiu a montagem de um plano emergencial de ações e gastos para recolocá-la em 90%.

Dois bilhões de reais foram lançados como despesa na abertura de poços que se revelaram secos ou não comerciais. Embora tal fato seja normal nesse tipo de negócio, isso me faz lembrar a hipótese básica que suportou a mudança no regime de exploração do petróleo. Recordemos que o bem-sucedido sistema de licitação foi alterado para o esquema atual de partilha, que coloca toda a primazia da exploração nas mãos da Petrobrás, tendo por base um alardeado "risco zero" no pré-sal e, nesse caso, não se deveria entregar para estrangeiros qualquer tipo de prêmio.

Ora, fica agora ainda mais claro que o risco geológico existe de fato, algo que a Exxon já havia provado ao gastar US$ 500 milhões na perfuração de dois ou três postos secos, que a levou a abandonar a exploração no País. O fator risco e a queda de eficiência sem dúvida sugerem que os custos de exploração da companhia seguirão crescendo no futuro, e pressionando seu fluxo de caixa.

A companhia perdeu a bagatela de R$ 7 bilhões no trimestre com o subsídio à gasolina, um valor excepcionalmente alto e insustentável até para alguém do porte da Petrobrás. Recordemos que a importação de gasolina em larga escala é um fenômeno recente que remonta a março do ano passado, quando a capacidade de refino da Petrobrás atingiu o limite. Desde então, cada barril adicional de consumo de gasolina no Brasil é um barril adicional de produto importado.

Tal fenômeno continuará a ocorrer nos próximos anos, simplesmente porque as refinarias da Petrobrás ou não saíram ainda do papel (casos do Ceará e do Maranhão) ou estão com os projetos atrasados em vários anos e não se tem segurança de quando começarão a operar. Sabe-se apenas que não será antes de 2015.

O caso das refinarias em construção, Abreu de Lima em Pernambuco e o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro, é extraordinário. Seus orçamentos iniciais rondavam os US$ 2 bilhões. Alterações de projetos, ampliações e um enorme atraso na construção resultaram em números esperados da ordem de US$ 20 bilhões, muitas vezes maior que os custos de projetos similares no mundo.

Como disse a presidente Graça Foster, é um caso para ser analisado e nunca mais repetido. Afora a pressão sobre os recursos da Petrobrás é seguro que por vários anos a conta de importação da gasolina será elevada. Por isso, é imperativo que o preço da gasolina reflita mais diretamente o custo de importação e o produto não fique mais submetido a uma política populista de congelamento de preços, como ocorreu nos últimos anos. Espero, em consequência, uma elevação nos preços da gasolina antes do final do ano.

A Petrobrás agora, também precisa de uma expressiva elevação na produção de etanol, para que possa economizar também por aí sua conta de importação. Por isso, não será possível continuar apenas na estratégia de abaixar tributos para manter o preço da bomba inalterado. O setor de etanol, que está sendo destruído pela política populista de derivados de petróleo, deverá, finalmente, receber um estímulo de preços para retomar níveis maiores de produção na próxima safra.

Além da alimentação, parece-me inevitável que os combustíveis também pressionarão os índices de inflação.

Uma última observação acerca da Petrobrás. A companhia é vítima do excesso de ambição da política pública. O governo deseja produzir muito petróleo, muito rápido, com a melhor tecnologia, a custos razoáveis e com 60% de conteúdo nacional. Conseguir tudo isso, ao mesmo tempo, é simplesmente impossível.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Áurea Martins - Canção da volta (Ismael Neto e Antônio Maria)

Canção – Cecília Meireles

No desequilíbrio dos mares,
as proas giram sozinhas...
Numa das naves que afundaram
é que certamente tu vinhas.

Eu te esperei todos os séculos
sem desespero e sem desgosto,
e morri de infinitas mortes
guardando sempre o mesmo rosto

Quando as ondas te carregaram
meu olhos, entre águas e areias,
cegaram como os das estátuas,
a tudo quanto existe alheias.

Minhas mãos pararam sobre o ar
e endureceram junto ao vento,
e perderam a cor que tinham
e a lembrança do movimento.

E o sorriso que eu te levava
desprendeu-se e caiu de mim:
e só talvez ele ainda viva
dentro destas águas sem fim.

sábado, 18 de agosto de 2012

OPINIÃO DO DIA – Roberto Freire: ‘o mensalão maculou a República’ (XIV)

Do ponto de vista internacional, será de uma forma que Lula não imaginava que fosse ocorrer. No mundo, as pessoas estão vendo esse processo como o julgamento do governo dele, envolvendo ministros e seu partido; para a opinião pública internacional, é o julgamento de um governo.

Mesmo que não tenha sido colocado no rol dos acusados, fica entendido que o mensalão pertence ao governo dele. O que pode ser discutido é por que falta ele no processo.

Roberto Freire, deputado federal (SP) e presidente do PPS, Portal do PPS, 17/8/2012

Manchetes de alguns dos principais jornais do Brasil

O GLOBO
Greve de professor acaba em oito universidades
Para presidente do STF, paz voltou
Incentivos para poluir menos
Petrobras investe mais na cultura

FOLHA DE S. PAULO
PIB avança, mas deverá fechar o ano abaixo de 2%
Empresa sabia que venceria licitação para a Copa de 2014
Mensalão: Ministro tido como linha-dura pode não julgar José Dirceu

O ESTADO DE S. PAULO
Governo oferece 15,8% a servidores em greve
Com votação fatiada, mensalão deve ter dez minijulgamentos
Íídice do BC mostra alta na economia
Coquetel antiaids reduz transmissão mãe-filho
Aéreas reduzem rotas para o Nordeste

CORREIO BRAZILIENSE
UnB Encerra greve e volta às aulas dividida
Servidores rejeitam 15,8% e exigem ganho real
Ditadura: Nova versão para morte de Anísio Teixeira é investigada
PF apura compra de jazida de ouro por ex-chefão da Valec
Decisão de julgar mensalão em fatias apressa sentenças
Consumo das famílias lidera reação do PIB

ESTADO DE MINAS
Voto fatiado abre espaço para pronunciamentos das penas
Volta às aulas em 8 federais

ZERO HORA (RS)
Um ano e meio depois de inaugurada, BR-101 já tem buracos e remendos
Prévia do PIB reforça expectativa de reação
Deputado no Brasil tem 20 CCs a mais do que na França

JORNAL DO COMMERCIO (PE)
PF suspende fiscalização
Ministério do Trabalho vai agir em Suape
Novo currículo

O que pensa a mídia - editoriais dos principais jornais do Brasil

http://www2.pps.org.br/2005/index.asp?opcao=editoriais

A Ação Penal 470 e o Brasil que vem aí - Luiz Werneck Vianna

Talvez não seja assim tão abstruso em razão da História que temos, mas o fato é que o Brasil, nos dias que correm, se transformou num imenso tribunal. A terra de bacharéis - qualificação pejorativa de que parecíamos ter-nos livrado com nossos ciclos impetuosos de modernização - parece ter ganho vida nova, a se crer pelos rios de tinta derramados diariamente em nossa imprensa, com os comentaristas especializados nas artes da processualística e nas manhas das contendas judiciais já rivalizando em importância com o colunismo dedicado ao futebol. Jornalistas, alguns deles notoriamente jejunos no tema, brindam-nos pelas redes midiáticas com opiniões sobre o justo, sobre a validade das provas em matéria penal e até, os mais temerários, sobre papel a ser exercido pelo clamor popular em julgamentos de grande repercussão.

Com a política recalcada por uma cooptação sem freios dos movimentos sociais exercida pelo Estado e seus múltiplos aparelhos, e com o rebaixamento generalizado dos partidos políticos ao papel de despachantes de interesses privados, o Judiciário passou a ser conhecido pela sociedade como a alegoria da República que lhe falta, como presentemente nessa Ação Penal n.º 470, conhecida como o processo do mensalão, ora em julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF). Mas alegorias são figuras de linguagem que se prestam a revelar o que se oculta por detrás das aparências imediatas, como a da caverna de Platão, mobilizada pelo filósofo para demonstrar que os homens prisioneiros da caverna, na imagem que criou, somente podiam ver as sombras da realidade, e não ela própria.

No caso do processo do mensalão, a sensação de que o Judiciário tomou para si o lugar da política é também filha de uma ilusão de perspectiva. O que está em julgamento são atos denunciados como ilícitos penais por quem detém a capacidade legítima para tal, o Ministério Público, uma instituição republicana, e as razões, no caso em tela, para a atribuição de culpas e penas ou de eventuais absolvições por parte dos juízes devem se circunscrever aos cânones legais e à tradição hermenêutica do nosso repertório jurídico, especialmente em matéria penal. Quem colocou o jabuti nos galhos do STF, porque ele não sobe em árvore, foram as novas instituições de nossa democracia, cunhadas pela Carta de 1988.

Mais que tudo, têm sido elas que vêm garantindo, ao menos até aqui, um transcurso ordenado para o andamento do processo, em que pese o fato de alguns réus serem lideranças influentes do partido hegemônico na coalizão governamental. Nesse sentido, não cabe travestir o STF do papel salvífico de herói institucional. O que cabe, e se espera dele, é que se ponha à altura da grave circunstância à sua frente e, no estrito cumprimento do seu mandato constitucional, ofereça à sociedade um julgamento sereno e justo, que deixe definitivamente para trás essa história mal-assombrada que vem toldando a percepção do efetivo estado de coisas da Nação, que não param de mudar.

Desanuviada do ambiente essa carga sombria, descerra-se um cenário novo com seus desafios, alguns deles prementes. A crise sistêmica do capitalismo como sistema mundial ronda as nossas portas em meio da segunda metade do governo Dilma, que procura responder a ela com um arsenal de medidas exóticas à tradicional orientação, em matéria econômica, do partido ao qual pertence, espinha dorsal da sua base de sustentação. A controvérsia semântica sobre a diferença entre política de concessões e de privatização não passa de uma chinesice que não engana o empresariado, que acorreu em revoada ao Palácio do Planalto para bater o martelo em grandes negócios. O Estado, até há pouco considerado como o demiurgo do que deveria ser nosso salto à frente, sai em surdina, porque a alavancagem para o crescimento econômico, por decisão presidencial, deve migrar para o setor privado, e não faltam aqueles que, em tom de falsete, rotulam a guinada de "choque de capitalismo".

O cenário ainda mais se complica com a movimentação massiva do sindicalismo dos funcionários públicos, um esteio seguro dos governos de Lula, e com a dissidência que se instala no sindicalismo em geral sobre a reforma da legislação trabalhista, simpática às hostes petistas e rechaçada pelas outras centrais sindicais. De outra parte, o processo eleitoral nas sucessões municipais, ora em curso, tem atuado no sentido de afetar a coalizão governamental, casos fortes o posicionamento do PSB no Recife e em Belo Horizonte, nesta última capital em aliança com o PSDB, acérrimo adversário do PT, a esta altura com seu candidato Aécio Neves já em trabalhos para disputar a Presidência da República.

Decerto ser improvável que Dilma, no enfrentamento com o sindicalismo do setor público, se deixe tentar pelo estilo draconiano de uma Margaret Thatcher e venha a enfrentá-lo com mão de ferro. Mas é igualmente improvável, diante da dura contingência a que está exposta, com a economia desencontrada do caminho para crescer, que reedite a política do seu antecessor, concedendo os aumentos na escala pleiteada a fim de devolvê-lo ao redil, missão tão difícil quanto a de devolver ao tubo a pasta de dente que se extraiu dela.

Não se pode acusar Dilma de infidelidade a seu mentor, ela é piloto de mar ignoto, a carta de navegação que serviu a Lula perdeu seus préstimos. E ela era datada, pouco venturosa, uma colagem de referências de tempos vividos na modernização de Vargas, na de JK e no regime militar de Geisel, deixadas para trás as que o serviram quando iniciou sua feliz trajetória. Para o bem ou para o mal, logo que chegue ao fim o processo do mensalão, essa também será a hora da plenitude da sua investidura presidencial.

Luiz Werneck Vianna, sociólogo, professor-pesquisador da PUC-Rio.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Para presidente do STF, paz voltou

O presidente do STF, Ayres Britto, disse que "as coisas entraram nos eixos" após a discussão entre os ministros Joaquim Barbosa e Ricardo Lewandowski. Ele confirmou que o julgamento será fatiado.

"Agora, as coisas entraram nos eixos"

Ayres Britto se mostra aliviado com acordo entre ministros do STF para votação fatiada

Juliana Castro, André de Souza

UM JULGAMENTO PARA A HISTÓRIA

RIO E BRASÍLIA Um dia depois da nova discussão entre os ministros Joaquim Barbosa e Ricardo Lewandowski em plenário, durante o julgamento do mensalão, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Carlos Ayres Britto, parecia um pouco mais aliviado ontem com o entendimento que obteve entre os ministros sobre o método de votação. Anteontem à noite, ficou decidido, após acordo com Lewandowski, que o julgamento será fatiado por itens da denúncia, como queria Barbosa. Os réus serão julgados aos poucos, por grupos.

- Agora, as coisas entraram nos eixos - disse Ayres Britto, ao chegar ao Rio para participar do I Congresso Internacional do Conselho Nacional dos Procuradores-Gerais do Ministério Público.

Ao chegar ontem à UniverCidade, no Rio, para uma palestra, Lewandowski, que chegou a ameaçar abandonar a função de revisor, deixou escapar:

- Quem me dera saber (como vai ser o julgamento na segunda-feira). Estou aqui apenas para um compromisso acadêmico. Não posso falar nada sobre esse assunto. Não quero misturar as coisas.

"Vai depender do andar da carruagem"

Segunda-feira, quando os ministros do STF retomarem o julgamento, a palavra deverá estar com o revisor do processo, Lewandowski. Ele lerá apenas a parte de seu voto que trata das acusações contra o deputado João Paulo Cunha. De início, Lewandoski queria que a votação fosse integral, com a análise geral da conduta de todos os réus, mas voltou atrás.

Em Brasília, indagado sobre se o fatiamento do julgamento impedirá a participação do ministro Cezar Peluso no julgamento de todos os réus, Ayres Britto foi evasivo. Peluso se aposenta no próximo dia 3, quando completa 70 anos, idade-limite para o exercício do cargo.

- Não sei. Vai depender do andar da carruagem - respondeu Ayres Britto.

Quanto ao bate-boca entre os ministros quinta-feira, ele declarou que "está tudo bem, tudo em paz".

À noite, ao sair do evento no Rio, Ayres Britto confirmou que ainda não é possível dizer se haverá atraso no cronograma por conta da opção de ler os votos de forma fatiada, nem como assegurar se Peluso poderá ou não votar em todos os casos antes de deixar o Supremo:

- Isso (de atrasar o cronograma) é meio uma incógnita, se vai estender, se não vai. Ao que eu soube, ontem à noite, o ministro Lewandowski anunciou que se adaptaria a essa metodologia do fatiamento na hora da votação do ministro Joaquim.

Ayres Britto disse que seria uma honra para qualquer tribunal contar com Peluso na votação, já que ele é "reconhecidamente um juiz técnico e dotado de excelentes conhecimentos teóricos", mas a participação do colega de plenário dependerá do andamento das sessões:

- Depende muito do tempo de coleta dos votos e debates proferidos em plenário. Ninguém tem condições de dizer se o cronograma será rigorosamente alcançado ou não. Hipoteticamente, se o cronograma for observado, se pudermos cumprir o calendário que está pré-fixado, vai dar tempo. Não tem como fazer uma previsão segura.

O presidente do Supremo disse ainda que não é possível ter certeza se o revisor já começará a ler sua parte na segunda-feira. Anteontem, o relator Joaquim Barbosa começou a leitura do relatório pelo item 3, pedindo a condenação do deputado João Paulo Cunha (PT) pelos crimes de lavagem de dinheiro, corrupção passiva e peculato. Barbosa também pediu a condenação de Marcos Valério, operador do mensalão, e de seus sócios Ramon Hollerbach e Cristiano Paz, por peculato e corrupção ativa, por terem oferecido vantagem indevida ao réu.

- Se o relator agregar algo ao terceiro item, a palavra ainda continua com ele. Se ele disser que o terceiro item da denúncia está exaurido com a votação dele, aí quem fala imediatamente é o revisor - disse Ayres Britto.

FONTE: O GLOBO

Relator do mensalão pode deixar destino de Dirceu para o fim do julgamento

Ao aceitar denúncia em 2007, Barbosa leu a decisão sobre ex-ministro após receber ação de todos os réus

Carolina Brígido

BRASÍLIA O voto que o relator do processo do mensalão, ministro Joaquim Barbosa, começou a apresentar na quinta-feira segue o mesmo modelo usado em 2007, quando o Supremo Tribunal Federal aceitou a denúncia do Ministério Público Federal de forma fatiada. Mas Joaquim mudou a ordem cronológica de analisar os réus em relação há cinco anos. Naquela época, Barbosa iniciou seu relatório analisando a gestão fraudulenta atribuída à diretoria do Banco Rural. Agora, focou inicialmente nos desvios de dinheiro público da Câmara dos Deputados.

Se seguir o roteiro de 2007 em relação ao ex-chefe da Casa Civil José Dirceu, o destino do suposto líder da quadrilha será traçado só no fim do julgamento. Na ocasião, Barbosa só pôs em votação a acusação de formação de quadrilha contra Dirceu depois que todo o plenário já concordara que havia indícios de prática do crime pelos demais integrantes da organização criminosa do mensalão.

Caso as acusações contra Dirceu fiquem mesmo para a conclusão do voto, a tendência é que o ministro Cezar Peluso fique mesmo de fora dessa votação. Na quinta-feira, o relator começou a votar pelo capítulo três da denúncia do MPF. O texto trata do suposto desvio de dinheiro público ocorrido na Câmara dos Deputados, no Banco do Brasil e no Fundo Visanet. O primeiro dia do voto foi todo dedicado à Câmara. A sessão de segunda-feira vai começar com o voto de Lewandowski sobre essa parte do processo. Depois, os outros nove ministros vão votar. Em seguida, Barbosa deve analisar supostos desvios de dinheiro do BB. O foco será o ex-diretor de Marketing do BB Henrique Pizzolato. Nesse ponto, Luiz Gushiken, ex-ministro da Secretaria de Comunicação, deverá ser absolvido, como pediu o MPF.

Núcleo político deve ficar para o final

Se seguir o rito de 2007, em seguida, Barbosa analisará o crime de lavagem de dinheiro atribuído a dirigentes do Banco Rural e ao chamado núcleo publicitário. Depois, analisará o item relativo à lavagem de dinheiro atribuída a políticos do PT. O próximo passo de Barbosa pode ser votar sobre práticas de políticos de partidos da base.

O penúltimo item examinado poderá ser os crimes imputados ao núcleo político, composto por Dirceu, o ex-presidente do PT José Genoino e o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares. Já o último poderá ser a decisão sobre Duda Mendonça e Zilmar Fernandes, acusados de evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Ainda, nesse item estão integrantes do Rural e sócios de Marcos Valério.

FONTE: O GLOBO

Com votação fatiada, mensalão deve ter dez minijulgamentos

A confirmação do modelo "fatiado" de votação sobre o mensalão feita pelo presidente do STF, Ayres Britto, deve levar os 11 ministros a realizarem cerca de dez minijulgamentos na ação que acusa 37 réus. A decisão de dividir o julgamento tornou inviável a participação de Cezar Peluso, que vai aposentar, até o fim do processo

STF confirma votação fatiada e mensalão poderá ter cerca de dez minijulgamentos

Horada sentença.Após ministros analisaremenvolvidos no contrato da Câmara dos Deputados, relator deve dar seu voto sobre os réus que participaram dos repasses do Banco do Brasil e do fundo Visanet para a agência DNA, de Marcos Valério Fernandes de Souza

Ricardo Brito, Eduardo Bresciani

BRASÍLIA - A confirmação do modelo "fatiado" de votação sobre o mensalão feita ontem pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, Ayres Britto, deve levar os 11 ministros da Corte a realizarem cerca de dez minijulgamentos baseados na ação da Procuradoria-Geral da República,que acusa 37 réus de integrarem um esquema de compra de votos no Congresso durante o governo Lula. Na sessão de anteontem,quando a proposta foi apresentada, o relator Joaquim Barbosa votou pela condenação dos envolvidos no contrato entre a agência SMPB e a Câmara dos Deputados, entre eles o deputado João Paulo Cunha(PT) e o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza. Segundo o Ministério Público,parte do dinheiro desse contrato foi desviada para pagar parlamentares da base do governo.

Banco. Pelo modelo de voto "fatiado", na segunda-feira será a vez de o revisor Ricardo Lewandowski dar seu voto sobre os réus envolvidos no contrato da Câmara dos Deputados. Depois será a vez dos nove ministros restantes.Barbosa, então, retomará seu voto analisando outro item. Barbosa deverá tratar do caso de Henrique Pizzolato, ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil. Pizzolato responde por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Nesse tópico será novamente analisada a ação dos sócios Marcos Valério, Ramon Hollerbache Cristiano Paz. Segundo a Procuradoria-Geral da República, Pizzolato atuou emfavor da DNA, empresa do grupo de Valério. A agência teria recebido irregularmente R$ 2,9 milhões do Banco do Brasil, além de ser beneficiada por antecipações de pagamentos de R$ 73 milhões relativas ao fundo Visanet, vinculado ao banco. O ex-diretor da instituição é beneficiário de um saque de R$ 326 mil do chamado valerioduto. Pizzolato nega as irregularidades e diz que nem sequer sabia haver dinheiro dentro de um pacote que recebeu, a pedido de Marcos Valério, e entregou a um emissário petista que nem conhecia.A defesa de Valério diz que os pagamentos são legais e seus sócios negam envolvimento na condução financeira da agência.

Exceção. O sistema de votação "fatiada" proposto por Barbosa segue a ordem da acusação, mas há uma exceção: na denúncia da Procuradoria-Geral,os réus acusados de formação de quadrilha – incluindo o chamado "núcleo político" do qual faz parte o ex-ministro José Dirceu – estão logo no começo. O relator, no entanto, deverá deixar para o fim seu voto sobre esse item. Pela lógica proposta, após Pizzolato,o julgamento seguiria para a análiseda acusação da montagem de um sistema de lavagem de dinheiro por diretores do Banco Rural em conluio com Valério. Na sequência, os ministros decidirão se houve gestão fraudulenta dos dirigentes do banco na concessão dos empréstimos que abasteceram o valerioduto.

O julgamento sobre se houve compra de apoio político aconteceria só depois.Nesse item,a Procuradoria-Geral separou a sua denúncia por partidos, PP, PTB, PL (atualPR) e PMDB.Resta saber se nessa fase Barbosa manterá a divisão. Depois, os ministros analisarão se os petistas que se beneficiaram do esquema e o ex-ministro dos Transportes e hoje prefeito de Uberlândia, Anderson Adauto, praticaram lavagem de dinheiro. Na sequência,decidirão o caso do publicitário Duda Mendonça, que disse ter recebido no exterior pela campanha de Lula de 2002.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Mensalão: Ministro tido como linha-dura pode não julgar José Dirceu

A decisão do Supremo de "fatiar" o julgamento do mensalão em temas pôs em risco a presença do ministro Cezar Peluso nas sessões que decidirão o futuro do ex-ministro José Dirceu.

Tido como linha-dura, Peluso tem de se aposentar em 3 de setembro, quando completa 70 anos. Se o relator, Joaquim Barbosa, seguir o roteiro que anunciou, oito assuntos ainda serão analisados antes das acusações contra o ex-ministro.

Mudança no rito do julgamento põe voto de Peluso em dúvida

Ministro considerado linha-dura por advogados pode ficar fora da etapa em que ex-ministro José Dirceu será julgado

Novo sistema adotado pelo STF aumenta poder que o relator Joaquim Barbosa terá para ditar andamento do processo

Felipe Seligman, Flávio Ferreira, Márcio Falcão e Rubens Valente

BRASÍLIA - O novo sistema adotado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para julgar o mensalão põe em risco a participação do ministro Cezar Peluso numa etapa decisiva do julgamento, em que será analisado o envolvimento do ex-ministro José Dirceu, o principal dos 37 réus do caso.

Considerado por advogados e observadores do processo como um voto certo pela condenação de Dirceu e de vários outros acusados, Peluso terá de se aposentar no dia 3, quando completa 70 anos.

Há apenas seis sessões previstas até o dia da sua aposentadoria. Se o rito estabelecido pelo STF para o julgamento for seguido sem nova mudança, dificilmente os ministros terão tempo de examinar o caso de Dirceu até lá.

A presença de Peluso no julgamento afastaria a possibilidade de empate no plenário, hipótese que tende a favorecer os réus. O Supremo é composto por 11 ministros. Sem Peluso, restariam dez.

O presidente do STF, Carlos Ayres Britto, disse ontem que o julgamento será retomado na segunda-feira de acordo com o novo rito estabelecido na quinta-feira, que fatia o processo em vários capítulos. Indagado sobre a participação de Peluso, Ayres Britto afirmou: "Vai depender do andar da carruagem".

O novo sistema adotado pelo STF aumenta de forma significativa o poder que o relator do caso, ministro Joaquim Barbosa, tem para ditar o ritmo do julgamento e tentar influenciar os colegas.

Em vez de cada ministro apresentar de uma vez seu voto, examinando todos os crimes apontados pela Procuradoria e a conduta de todos os réus, a análise agora será feita em capítulos, na ordem que Barbosa estabelecer.

Na quinta-feira, o relator informou aos colegas que seguirá a mesma ordem que adotou em 2007, quando a denúncia da Procuradoria-Geral da República foi aceita pelo STF. Mas nada impede que ele proponha outra ordem.

Se Barbosa seguir a mesma ordem, os crimes de que Dirceu é acusado só serão analisados perto do fim do julgamento, quando provavelmente Peluso estará fora do STF.

Na quinta-feira, Barbosa começou votando pela condenação do ex-deputado João Paulo Cunha, o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza e dois dos seus sócios.

Segunda-feira, será a vez do revisor do processo, Ricardo Lewandowski, se pronunciar sobre eles. Os demais ministros votarão depois dele.

Se não houver surpresas, os ministros entrarão depois nos outros capítulos, examinando os contratos das agências de propaganda de Valério com órgãos públicos, a participação do Banco Rural no mensalão e a conduta de vários deputados que receberam dinheiro do esquema.

Só depois disso é que chegará a vez de Dirceu ser julgado, se Barbosa seguir a ordem que indicou nesta semana. Embora o relator possa antecipar o exame do capítulo em que Dirceu é acusado, essa possibilidade era considerada remota ontem, porque geraria controvérsia.

Para ministros ouvidos pela Folha, da forma como ficou decidido, Peluso não participa da votação de Dirceu.

Existe também a hipótese de Peluso antecipar seu voto por inteiro na primeira chance que tiver de falar, indo além do capítulo que estiver em discussão e se pronunciando sobre todos os crimes antes do relator e do revisor.

A iniciativa também geraria polêmica, porque o regimento interno do tribunal diz que o relator e o revisor devem ser sempre os primeiros a se manifestar no julgamento de processos criminais.

Caberia ao plenário do tribunal avaliar a legalidade da antecipação do voto de Peluso. Ele poderia ser liberado pelos colegas em caso de acordo prévio ou poderia votar com autorização de Ayrres Britto, hipótese prevista pelo regimento do Supremo.

A mudança no rito do julgamento levou a um embate entre os ministros na quinta-feira. Lewandowski disse que não concordava com o fatiamento proposto por Barbosa, mas no fim do dia recuou.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Quebra-cabeça - Merval Pereira

A estratégia do relator do mensalão, ministro Joaquim Barbosa, ficou clara a partir da decisão de manter a mesma estrutura de votação de quando do acolhimento da denúncia. Vai montar, peça por peça, um quebra-cabeça.

Ele pretende permanecer no centro dos debates até o fim do julgamento, mantendo a atenção de seus pares e também (ou sobretudo) da opinião pública para cada um dos elos da cadeia de corrupção que detectou no esquema montado a partir da chefia da Casa Civil da primeira presidência de Lula. Por isso, como fez da primeira vez, deixará para o final seu veredicto sobre o crime de quadrilha, onde aparece o ex-ministro José Dirceu como chefe do esquema.

Espera assim o relator demonstrar que os fatos se sobrepõem e estão concatenados, numa operação orquestrada de cima. Dentro desse raciocínio, tem sentido o relator ter começado seu voto pelo item "desvio do dinheiro público", pois, se aceita pela maioria do Supremo sua tese de que houve dinheiro público para os financiamentos ilegais, estará provado que o mensalão não foi apenas o uso de caixa dois como quer a defesa.

Teria sido por essa razão que o ministro Ricardo Lewandowski tentou mudar a metodologia de votação, pondo-se mais uma vez como contraponto do relator. A primeira sessão de votação começou na quinta-feira com uma hora de atraso justamente porque, nos bastidores, a maioria tentou que o revisor Lewandowski aceitasse a divisão por itens do processo, o que ele não queria, provavelmente por intuir que a maneira de encaminhar a votação leva a uma compreensão dos fatos mais próxima da acusação do procurador-geral da República.

Lewandowski, ao contrário, queria quebrar a ligação entre si dos fatos ocorridos, tanto que anunciou que seu voto seria nominal e por ordem alfabética dos réus. Ora, relacionar os réus não pelos crimes cometidos, mas pela primeira letra de seus nomes, esterilizaria completamente o julgamento.

O "espírito público" de Lewandowski, que registrei ontem, parece ter sido estimulado pelo isolamento em que se viu após tentar diante das câmeras de TV mudar procedimento que já havia sido acatado pela maioria de seus pares antes de a sessão começar. Superada a definição do procedimento de votação fatiada, de um modo tumultuado que seria dispensável para a boa imagem do Supremo, a ser mantido o calendário atual, o julgamento do mensalão entrará pelo mês de outubro.

Dessa maneira, o ministro Cezar Peluso só terá tempo de se pronunciar no máximo em um dos oito itens do voto do relator, justamente o que teve início na semana passada, o do desvio de dinheiro público.

Nesta segunda-feira Lewandowski dará seu voto sobre o caso do ex-presidente petista da Câmara João Paulo Cunha e suas ligações com o lobista Marcos Valério e seus sócios nas empresas de propaganda. Supondo-se que levará também uma sessão para dar sua posição, só na quarta-feira teremos a votação dos demais ministros. Se cada um levar entre uma e duas horas para dar seu voto, serão necessárias duas sessões para que os 11 ministros votem. Esse item sobre o desvio de dinheiro público tem mais três partes (o contrato do Banco do Brasil; o caso Visanet; o Ministério do Esporte, Correios e Eletronorte), que devem ser tratadas em outra sessão por Barbosa.

Peluso é o sétimo a votar. Provavelmente terá condições de votar na segunda parte desse item e, se o prazo estiver muito apertado, poderá sempre pedir para antecipar seu voto, mas só quanto a esse item. Não poderá antecipar todo o seu voto, pois estaria se pronunciando antes do relator em muitos casos, o que é vedado pelo regimento interno.

Os próximos itens da pauta abordarão os diversos temas pela ordem definida pelo relator - lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta do Banco Rural -, sendo que José Dirceu só aparecerá no julgamento em meados de setembro, respondendo por corrupção ativa em relação aos integrantes dos quatro partidos aliados do governo envolvidos no caso (PL, hoje PR; PMDB; PP; e PTB). O último item do julgamento será a formação de quadrilha praticada pelo que foi definido pelo procurador-geral da República de "núcleo político", composto por Dirceu, José Genoíno e Delúbio Soares.

Muito antes disso, porém, já saberemos em que direção vai a maioria do plenário do Supremo.

FONTE: O GLOBO

Governo oferece 15,8% a servidores em greve

O governo apresentou pacote de aumento de 15,8% para 18 categorias de servidores públicos e as paralisações começaram a ser esvaziadas. Após uma semana com negociações em ritmo lento, a nova proposta atende 50% das 36 categorias paradas. Uma nova reunião, hoje, vai decidir como o reajuste será aplicado a cada categoria.

Os delegados da Polícia Federal não gostaram da proposta. Eles pedem 30% de reajuste. Em outro nível de negociação, professores da Universidade de Brasília (UnB) e da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) decidiram pela volta das aulas, mas a greve permanece em 53 das 59 federais do País

Planalto faz proposta para esvaziar greve

Aumentos de 15,8% atingema metade das 36 categorias paradas; Polícia Federal, insatisfeita, promete agora a ‘operação sem padrão’

Débora Álvares

BRASÍLIA - O governo apresentou um pacote de aumento de 15,8% para 18 categorias de servidores públicos a fim de esvaziar as paralisações. Após uma semana com negociações em marcha lenta, a nova proposta atende 50% das 36 categorias paradas–consideradas as carreiras de base,o chamado “carreirão”. Em outro nível de negociação, professores da Universidade de Brasília (UnB) e da Universidade Federal de Santa Catarina(UFSC) decidiram pela volta das aulas.

Embora o governo considere encerradas as negociações com as universidades, a greve permanece em 53 das 59 federais do País. Outras instituições anunciaram ao longo da semana que deixaram o movimento: as Universidades de São Carlos (UFSCar), do Rio Grande do Sul (UFRGS),o Instituto Federal de Educação Profissional e Tecnológica do Paraná (IFPR) e a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) em Guarulhos.

A Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal(Condsef),que representa as 18 carreiras que negociaram com o governo na manhã de ontem,destacaque as paralisações serão mantidas até que a proposta do governo esteja finalizada. Hoje,uma nova reunião vai decidir como o reajuste oferecido será aplicado a cada categoria.“Vamos trabalhar uma proposta que tira o peso da gratificação de desempenho, jogue para o vencimento básico o valor nomi-nal de aumento ainda não definido”,destacou o coordenador geral da Confederação, Josemiltom Costa.O resultado do encontro será levado às bases e só então haverá uma decisão sobre a continuidade da greve.

Polícia Federal.Os delegados da Polícia Federal, que não estão em greve – eles pararam as atividades por 24 horas na semana passada –, mas pedem 30% de reajuste salarial, também se reuniram ontem com o secretário de relações do Trabalho do Planejamento, Sérgio Mendonça. Eles, no entanto, saíram insatisfeitos.Os delegados também receberama proposta de 15,8%, mas destacaram que esse índice não corrige nem a inflação. A proposta será analisada pelas entidades e uma resposta será dada na próxima semana.

Em resposta à determinação do Superior Tribunal de Justiça, que proibiu a realização de operações-padrão após transtornos em aeroportos do País, policiais federais em greve há quase duas semanas prometem rigor zero nas fiscalizações no início da próxima semana. Em vez de fiscalizar todas as bagagens e cargas, causando lentidão nos portos, aeroportos e fronteiras, a categoria deverá protestar permitindo até mesmo a passagem de pessoas sem vistoria, no que chamaram de “operação sem padrão”, como disse vice-presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais, Paulo Polônio. De acordo com dados do Ministério do Planejamento, os agentes da Polícia Federal reivindicam reajustes de R$ 7,5 mil para R$ 18,8 mil nos salários iniciais e de R$ 11,8 mil para R$ 24,8 mil nos salários dos delegados de fim de carreira

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Greve de professor acaba em oito universidades

Governo propõe reajuste de 15,8% a 600 mil servidores para conter paralisações

Percentual médio oferecido a docentes, no entanto, ficou entre 25% e 40%. Mas, para a volta às aulas, estudantes ainda dependem do retorno ao trabalho de servidores técnicos e administrativos.

O governo ofereceu ontem reajuste de 15,8%, parcelado em três anos, para mais de 600 mil servidores de 25 categorias do Executivo, incluindo saúde e educação. A proposta ainda vai ser submetida aos trabalhadores em assembléias nos estados, na próxima semana. O percentual, no entanto, é bem abaixo do reivindicado pelas categorias. No caso das universidades, a proposta de voltar ao trabalho foi aceita na UnB e em alguns campi de universidades no Rio Grande do Sul, no Paraná e em São Paulo (Unifesp e São Carlos), Santa Catarina e no Acre.

Professores de oito universidades federais vão voltar ao trabalho

Retorno às aulas continua incerto com greve de outros servidores

Demétrio Weber

Serviços parados

BRASÍLIA e SÃO PAULO Os professores da Universidade de Brasília (UnB), uma das maiores instituições federais do país, decidiram ontem encerrar a greve iniciada em maio. Por 130 votos a 115 e três abstenções, eles aprovaram em assembleia o fim da paralisação, com volta às aulas a partir da próxima segunda-feira. Assim, chega a oito o número de instituições federais que encerraram o movimento grevista, quatro delas apenas parcialmente, conforme balanço do Ministério da Educação. A volta às aulas ainda depende do retorno ao trabalho de servidores técnico-administrativos.

A proposta apresentada aos professores universitários em julho foi de reajustes entre 25% e 40% sobre os salários de março, a serem pagos em 2013, 2014 e 2015, na proporção de 50%, 30% e 20%.

Na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS), a greve dos professores também foi encerrada, mas os servidores da universidade continuam parados e, portanto, não há uma decisão de quando os estudantes podem retornar. Situação parecida ocorre em quatro campi da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Em São Paulo, os docentes da Unifesp no campus de Guarulhos também votaram pelo fim da greve.

O MEC informou que o fim da greve e o retorno ao trabalho já foi aprovado também na Universidade de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA); Universidade de São Carlos (Ufscar) no campus de Sorocaba; 12 campi do Instituto Federal do Paraná (IFPR) e três do Instituto Federal do Acre (IFAC). De acordo com o ministério, caberá aos respectivos conselhos de cada instituição definir o novo calendário de aulas.

O professor Josevaldo Cunha, diretor do Andes-Sindicato Nacional e representante do comando nacional de greve, disse que uma nova rodada de assembleias em cada universidade será realizada na semana que vem. Segundo ele, a orientação do comando é favorável à continuação da greve, embora as assembleias tenham autonomia, a exemplo do que ocorreu ontem na UnB.

Para Cunha, a categoria deve insistir em reabrir as negociações com o governo, já que o prazo final para o envio de projeto de lei ao Congresso com mudanças na carreira docente vai até o próximo dia 31 de agosto.

- O comando está recomendando a continuação da greve - disse Cunha.

FONTE: O GLOBO

UnB Encerra greve e volta às aulas dividida

A princípio seria uma reunião para tratar da eleição de reitor. Mas acabou em confusão e na tumultuada assembleia que suspendeu a paralisação de 89 dias na Universidade de Brasília. Houve boicote no sistema de som, ameaças de agressão, gritos, luzes apagadas, troca de ofensas. No fim, por 130 votos contra 115, os professores aceitaram o reajuste de até 40% oferecido pelo governo e encerraram a greve. Dirigentes da Associação dos Docentes (AdUnB) foram acusados de golpe. Um novo calendário para o ano letivo, que deve se estender até março, será aprovado semana que vem.

Após racha, UnB põe fim à greve

Em assembleia, professores da Universidade de Brasília encerram paralisação, mas parte da categoria questiona a manobra que levou à decisão. Aulas serão retomadas na próxima segunda

Manoela Alcântara

As aulas na Universidade de Brasília serão retomadas na próxima segunda-feira. Depois de 89 dias de paralisação, os professores decidiram encerrar a greve em assembleia realizada na tarde de ontem. A votação foi apertada, 130 docentes levantaram as mãos para aprovar o fim da paralisação e 115 queriam a continuidade das negociações. Um novo calendário para o ano letivo deve ser aprovado três dias após a retomada das atividades. A decisão aconteceu em meio à confusão, com direito a boicote nos sistemas de iluminação e de som e gritos que acusavam a organização da reunião de ter aplicado um golpe no movimento grevista. O presidente da Associação dos Docentes da Universidade de Brasília (AdUnB), Rafael Morgado, chegou a ser ameaçado de agressão.

Os problemas começaram quando um grupo pediu para deliberar sobre a greve na reunião. A princípio, os professores haviam sido convocados para uma Assembleia Extraordinária de Pauta Única, com a previsão de discussão da possibilidade de adiamento da data das eleições. Isso mudou logo no início do encontro, quando a inclusão do assunto na pauta foi votada e aceita por ampla maioria. "Um grupo assaltou a assembleia, mudou com o apoio da diretoria da AdUnB. Tinha um encontro marcado para 21 de agosto sobre o assunto. Lá seria o momento oportuno para discutirmos a greve", afirmou o integrante do Comando Local de Greve (CLG) Perci Coelho. "Não considero a legitimidade política dessa decisão, isso é diferente de legalidade. Os professores agiram como um grupo de golpistas, deram um péssimo exemplo para os estudantes", atacou Coelho.

O presidente da AdUnB, no entanto, lembrou que a assembleia é soberana. "Há legitimidade, a paralisação está encerrada. Todos os votos foram contados utilizando a soberania do evento", disse. Cada voto foi somado um a um, com direito a boicote do microfone. Na hora de contabilizar a opinião de quem era favorável ao encerramento imediato da paralisação, a luz do Anfiteatro 17, no ICC Norte, foi desligada. A energia só voltou no momento em que os docentes contrários ao fim do movimento se manifestaram.

Após a segunda proposta do governo de conceder um aumento de 25% a 40%, além dos 4% já oferecidos pelo Executivo federal em uma medida provisória, parte dos professores já estava satisfeita e defendia a suspensão da greve. Isso porque a proposta da União criava um plano de carreira para a categoria, diferenciando as faixas salariais e valorizando a progressão funcional dos docentes. O grupo ligado ao Andes era contra a proposta e defendia uma progressão linear de carreira para todos os professores (Veja no Entenda o caso). A divisão de opiniões ficou clara na reunião realizada em 30 de julho, quando foi registrado outro desentendimento. Na ocasião, Rafael Morgado queria fazer a consulta sobre a paralisação por meio de urna, mas o pedido foi negado. Somente após discussões acaloradas, o movimento foi mantido.

A retomada das aulas é imediata e já há um calendário previsto para a reposição dos dias parados. O decano de Graduação, José Américo, elaborou o documento com a previsão das datas dos próximos quatro semestres (Veja quadro). "A sugestão de reposição será submetida à votação no Conselho de Ensino, Pesquisa e Graduação na quinta-feira", explicou.

O Diretório Central dos Estudantes (DCE) reconhece a votação feita em assembleia e diz que convocará as instâncias cabíveis para deliberar sobre a greve estudantil. No entanto, ainda ontem havia começado nas redes sociais uma mobilização de professores dissidentes, alunos e funcionários — estes ainda em greve — contra o fim da paralisação dos docentes. O movimento organiza um protesto no câmpus, marcado para a próxima segunda-feira.

Primeira derrota

As reivindicações para melhoria na carreira dos professores das universidades federais são nacionais. A UnB é a primeira instituição da base do Andes a por um ponto final no movimento. O sindicato só havia perdido espaço no câmpus de Guarulhos da Unifesp. Até ontem, somente instituições na base da Federação de Sindicatos de Professores de Instituições Federais de Ensino Superior (Proifes) haviam decidido pelo fim da paralisação. Mesmo assim, 53 das 59 universidades federais continuam paradas. Na quinta-feira, parte dos professores da Universidade Federal de Santa Catarina decidiu retomar as aulas. Os docentes das Universidade Federal de São Carlos, do Rio Grande do Sul e do Instituto Federal de Educação Profissional e Tecnológica do Paraná também voltaram às salas de aula.

Propostas rejeitadas

A greve nacional dos professores universitários começou em 17 de maio. A Universidade de Brasília, no entanto, só aderiu ao movimento quatro dias depois. Desde então, a categoria recebeu duas propostas do governo federal. A primeira, recusada por toda a categoria, dava um reajuste mínimo de 12% e o máximo de 40%. A segunda, aumentou o mínimo para 25% e manteve o máximo com a garantia de não cortar os 4% concedidos por meio de medida provisória, publicada recentemente no Diário Oficial.

O impasse, no entanto, deu-se na progressão de carreira exigida pelos professores. Embora o governo tenha concordado em reduzir os níveis de ascensão de 17 para 13, os docentes mantinham a paralisação porque exigiam uma progressão de carreira linear, na qual aqueles que não realizam pesquisa ou publicam artigos científicos, por exemplo, consigam chegar ao cargo máximo das instituições. A exigência da categoria era que houvesse um degrau de 5% entre um nível e outro.

Os docentes a favor do fim da paralisação, no entanto, consideraram a proposta do Executivo interessante e de grande avanço. Boa parte era contra o pedido pela Associação Nacional dos Docentes do Ensino Superior, pois considerava que esse tipo de progressão não valoriza a produção além das salas de aula. O governo deu as discussões por encerradas depois de apresentar a última proposta, mas o Comando Nacional de Greve pretendia que as negociações fossem reabertas.

Os servidores técnicos administrativos pedem reajuste salarial do piso de pelo menos 22,08%. O governo propôs 15,8%, valor até agora considerado insuficientes pela categoria.

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE

MST e grevistas protestam em AL na visita de Dilma

Rafael Moraes Moura, Marechal Deodoro

Integrantes dos movimentos dos Sem-Terra (MST), do Terra, Trabalho e Liberdade (MTL) e de Libertação dos Sem-Terra (MLST) atacaram ontem veículos de autoridades alagoanas que se dirigiam a uma nova unidade da fábrica da Braskem, onde se aguardava a visita da presidente Dilma Rousseff.

Os manifestantes obstruíram uma das principais rodovias de acesso à fábrica, localizada no município de Marechal Deodoro, a 30 quilômetros de Maceió. Para dispersar a manifestação, a Polícia Militar usou bombas de efeito moral. Os sem-terra atacaram veículos que passavam pela estrada com paus e pedras.

Segundo o Estado apurou, pelo menos quatro automóveis foram danificados - um de uma equipe de um jornal local, dois do governo de Alagoas e o carro oficial do presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas, o desembargador Sebastião Costa Filho. Segundo a PM, não houve feridos. "Foi um ato consciente de total falta de respeito às autoridades. Ninguém está se colocando contra os direitos deles de reivindicação", criticou a vice-presidente do TJ-AL, a desembargadora Nelma Torres Padilha, que estava no carro de Costa Filho.

A cerimônia de inauguração da fábrica teve a presença permitida apenas para convidados e para a imprensa. Como Dilma chegou e saiu do local de helicóptero, evitou a manifestação.

Nas proximidades da nova fábrica, servidores federais em greve também realizaram protestos. Um panfleto distribuído por docentes da Universidade Federal de Alagoas afirma que "Dilma parou o Brasil". "Ela foi eleita prometendo dar prioridade à educação e à saúde pública e agora o que vemos é mais sucateamento e privilégios para os grandes capitalistas." A professora de biblioteconomia Dalgiza Andrade reclamou que o governo está "inflexível nas negociações, passando para a opinião pública a impressão de que a proposta (de reajuste) atende aos interesses dos professores". Como os sem-terra, os servidores também foram impedidos de chegar perto da fábrica.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Eleições 2012

O que o PT quer esconder em Minas

Justiça libera ao PSB o uso de imagens em que Dilma elogia a gestão do prefeito de Belo Horizonte. Petistas prometem recorrer

Marcelo da Fonseca

BELO HORIZONTE — O rompimento da aliança com o PSB para a eleição municipal de Belo Horizonte criou um problema para o principal cabo eleitoral do PT: a presidente Dilma Rousseff. Com alto índice de aprovação de seu governo e considerada peça fundamental na campanha de Patrus Ananias (PT), a presidente pode ficar em uma encruzilhada caso seja chamada para pedir votos para o ex-ministro de Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Isso porque, nas últimas visitas à capital, quando a continuação da parceria entre os dois partidos era tida como certa para o pleito de outubro, Dilma não economizou elogios a Marcio Lacerda (PSB), chegando até a considerá-lo "um dos melhores prefeitos deste país".

Na tentativa de desarmar o adversário, a coligação de Patrus tentou impedir na Justiça que as legendas que apoiam a reeleição de Lacerda usem imagens da presidente durante o horário eleitoral, mas o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MG) indeferiu o pedido, garantindo mais munição para a campanha do prefeito. Na ação protocolada segunda-feira pela Coligação Frente BH Popular (PT/PMDB), foi pedido ao tribunal que impedisse o uso de qualquer imagem ou áudio de Dilma e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em propagandas eleitorais de rádio e televisão nas campanhas de Marcio Lacerda. Na noite de quinta, o juiz Luiz Carlos de Azevedo Corrêa Junior, da 331ª Zona Eleitoral, negou o pedido, destacando que a legislação não proíbe o uso e que "a transmissão de imagens de evento oficial em que o presidente da República e o candidato aparecem juntos não significa participação ou apoio". Como foi uma decisão em primeira instância, os petistas já decidiram recorrer.

A disputa pelo uso da imagem de Dilma nas campanhas municipais que envolvem candidatos aliados do governo federal foi discutida em encontro de lideranças nacionais do PT, na semana passada, em Recife. O presidente da legenda, Rui Falcão, ressaltou que somente os partidos coligados poderiam usar o nome e a imagem da presidente. Segundo ele, o assunto seria discutido com a própria Dilma, e as formas para impedir que a imagem dela seja utilizada em campanhas ainda serão avaliadas pela assessoria jurídica do PT.

Lacerda não confirmou ontem se usará as imagens com Dilma. "Queremos mostrar a figura central da campanha, que é o prefeito disputando a reeleição, e o prefeito tem muita coisa para mostrar."

No Rio, Lula dá força a Paes

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou das gravações do programa eleitoral do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), que concorre à reeleição. O governador do estado, Sérgio Cabral (PMDB), também participou das filmagens, realizadas em um hotel de Copacabana. Foi a primeira vez que Lula cumpriu agenda eleitoral a favor de aliados fora de São Paulo desde que foi liberado pelos médicos, no início do mês, para fazer campanha pelo país. No fim de fevereiro, ele finalizou tratamento contra câncer na laringe e, nas semanas seguintes, ainda se ressentia das pesadas sessões de radioterapia.

No metrô, Serra é cobrado por eleitores

O candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo, José Serra, fez corpo a corpo com os eleitores no metrô da capital paulista ontem, e foi cobrado pelos usuários do sistema público de transporte. Após entrar em um trem na Estação Berrini, na Zona Sul, ao lado do governador Geraldo Alckmin (PSDB), por volta das 13h, o tucano ouviu de um grupo por que não fazia campanha no horário de pico. "Vem aqui às 18h para ver como a gente fica", berrou um passageiro. Outros criticaram Serra, alegando que a visita era "puro marketing eleitoral". Após descer na Estação Faria Lima, o candidato disse que as cobranças eram "naturais".

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE

Subida de Haddad anima petistas, mas Nordeste e BH preocupam

Partido teme perder em cidades que hoje administra, como Fortaleza e Recife

Paulo Celso Pereira

BRASÍLIA e BELO HORIZONTE. A série de pesquisas do Ibope desta semana traz várias notícias ruins para o PT, mas os petistas apostam que a boa, em São Paulo, pode redimir as demais. Na maior cidade do país, o partido viu enfim seu candidato, Fernando Haddad, sair do imobilismo nas pesquisas e se consolidar na terceira colocação, chegando a 9% das intenções de voto, ante os 6% de duas semanas atrás. Já no resto do país, a situação do PT é delicada. Os casos que mais preocupam a direção nacional do partido são Recife e Fortaleza, cidades hoje governadas pelo partido e nas quais o risco de derrota é real.

Em São Paulo, embora Haddad esteja distante dos que lideram a disputa, a leitura positiva do PT é que, enquanto ele sobe, seu principal adversário, José Serra (PSDB), mantém os mesmos 26% da pesquisa anterior, com projeções de segundo turno indicando que pode perder para Celso Russomanno (PRB), com os mesmos 26%. O PT aposta no alto índice de rejeição de Serra, 37%. Haddad tem 14% de rejeição.

- O dado relevante é a subida de Haddad. É um sinal de que tem chance de haver segundo turno entre o Russomanno e Haddad, sem o Serra. A Marta (Suplicy), no auge de sua rejeição, tinha 35%. Na hora em que Haddad se consolidar como candidato do Lula e do PT ,chegará facilmente a 25% e estará no segundo turno - diz o vice-presidente nacional do PT, José Guimarães.

Lula seria "diferencial para vencer"

Guimarães não tem o que comemorar, porém, em sua terra, Fortaleza. A prefeita petista Luiziane Lins enfrenta alta rejeição, e seu candidato, Elmano de Freitas, está em sexto, com 6% das intenções de voto. A disputa é liderada por Moroni Torgan (DEM), com 31%. O senador Inácio Arruda (PCdoB) está em segundo, com 13%.

- A direção nacional precisa levar o ex-presidente Lula a Fortaleza, Recife e Salvador. Será o diferencial para vencer - afirma Guimarães.

Em Recife

Em Recife, o senador Humberto Costa (PT) se mantém na liderança, mas vem perdendo a vantagem. Há um mês, tinha 40%, contra 20% de Mendonça Filho (DEM) e 5% do candidato do governador Eduardo Campos, Geraldo Júlio (PSB). Agora, o petista caiu para 32%, e Mendonça, para 16%. Geraldo Júlio alcançou 16%.

Em BH

A situação preocupa o PT em Belo Horizonte, onde o prefeito Márcio Lacerda (PSB) mantém o dobro de intenções de voto de Patrus Ananias, 46% a 23%. A expectativa é que Patrus possa subir com Lula e Dilma na propaganda eleitoral. Ontem, vereadores da capital mineira protocolaram acusação no Ministério Público Eleitoral contra o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, por improbidade administrativa ao falar de recursos do governo federal para Belo Horizonte numa eventual gestão de Patrus.

FONTE: O GLOBO

'Processo do mensalão já passou', diz prefeito do Rio

Ex-integrante da CPI que investigou escândalo, Paes recebe apoio de Lula

RIO - O ex-presidente Lula gravou ontem mensagem de apoio à candidatura do prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), que tenta a reeleição. Ele exaltou a aliança entre os governos federal, estadual e municipal.

Também participaram do encontro o governador Sérgio Cabral (PMDB), o senador Lindbergh Farias (PT) e o candidato a vice da chapa de Paes, Adilson Pires (PT). Lula também gravou para o candidato a prefeito em Niterói Rodrigo Neves (PT).

"Na primeira eleição [em 2008], ele [Paes] era uma esperança. Agora é uma realidade", disse Lula. Para Cabral, a aliança política no Rio "é um modelo para o país".

Ex-secretário-geral do PSDB e integrante da CPI dos Correios, Paes afirmou que eles não falaram sobre o julgamento do mensalão.

"O processo político do mensalão já passou, lá em 2005, 2006. Agora é o processo judicial", disse o prefeito.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Daniel: PT e PSB na “parceria do descaso”

O candidato do PSDB a prefeitura do Recife, Daniel Coelho, esteve no Centro Social Unificado (CSU) do Alto Santa Terezinha, Zona Norte do Recife, na manhã de ontem com um objetivo em mente: atacar o que chamou de “parceria do abandono” do PT e PSB, dos seus adversários Humberto Costa (PT) e Geraldo Julio (PSB). Discurso esse que tem compartilhado e afinado nos últimos dias com o seu também adversário, Mendonça Filho (DEM).

“É um escândalo você ter a parceria do abandono do PSB e PT que se juntaram para abandonar esses espaços de convivência, esporte, lazer e cultura”, disparou o tucano. A acusação da parceria vai além da esfera municipal. Daniel crítica também a gestão estadual, que é corresponsável pela administração dos CSU. O tucano prometeu reestruturar os centros como parte da sua política de assistência social, com o objetivo de auxiliar na redução da criminalidade.

SÓ GUIA

A forte chuva que caiu no Recife durante todo o dia de ontem, obrigou o candidato do DEM, Mendonça Filho, a cancelar as caminhadas que tinha programado, uma à tarde no Centro do Recife e outra, à noite, no Alto do Caetés, em Nova Descoberta. O candidato aproveitou para gravar para o guia e fazer reuniões para discutir o programa de governo.

FONTE: JORNAL DO COMMERCIO