quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Entre a crise e a ineficiência - Rolf Kuntz

Mais uma vez o governo atribuiu aos fados, isto é, à crise internacional, o mau desempenho do Brasil no comércio exterior. No mês passado o País faturou com a exportação apenas US$ 22,4 bilhões, valor 14,4% menor que o de um ano antes. Em oito meses, a receita comercial ficou 4,8% abaixo da obtida entre janeiro e agosto do ano passado. Nesse período, o gasto com a importação recuou apenas 0,7%, pela média dos dias úteis. Ou seja, a crise externa afetou mais as vendas do que as compras do Brasil. Os deuses devem estar prejudicando mais o Brasil do que os concorrentes. O efeito da retração global é inegável, até pelo menor dinamismo da China, mas essa explicação conta apenas uma parte da história. Outra parte, provavelmente muito mais importante, aparece num documento divulgado um dia depois da balança comercial brasileira. Embora tenha avançado cinco posições, o Brasil ficou em 48.º lugar, entre 144 países, no Índice de Competitividade Global 2012-2013 do Fórum Econômico Mundial. Os principais entraves estão relacionados a instituições, ao seu funcionamento e a outros fatores vinculados à ação do governo, como a infraestrutura e a instrução. Fica mais difícil culpar os deuses, quando se examina o dia a dia de quem precisa de 13 procedimentos e 119 dias para iniciar a exploração de um negócio ou recebe a educação primária brasileira, classificada em 126.º lugar pelo critério de qualidade.

A maior parte da América Latina continua mal colocada na lista do Fórum Econômico Mundial. O Chile, na 33.ª posição, e o Panamá, na 40.ª, aparecem à frente do Brasil. A Argentina passou do 86.º para o 94.º lugar, principalmente por causa da piora das condições macroeconômicas (inflação alta e contas públicas em mau estado), das condições institucionais e do mau funcionamento dos mercados de bens e de mão de obra - óbvias consequências da contínua tentativa do governo de controlar preços, falsificar índices e intervir nos negócios. Nenhuma surpresa, portanto. A degradação do Mercosul reflete a devastação causada pelo governo na capacidade da indústria argentina de produzir e de competir. Poderia ser surpreendente a inclinação do governo brasileiro para imitar o vizinho, apelando para a centralização e para o protecionismo, mas nem isso parece estranho, depois de um ano e meio de mandato da presidente Dilma Rousseff.

Os autores do relatório atribuem o avanço do Brasil para o 48.º lugar a uma "relativa melhora nas condições macroeconômicas" e ao maior uso da tecnologia de informação e de comunicação (54.º posto). O País continua beneficiado, na avaliação dos pesquisadores, pela "sofisticação da comunidade empresarial" (33.ª posição) e pelo tamanho do mercado interno (7.º posto). Mas a capacidade brasileira de competir continua emperrada por fatores citados em várias edições do estudo.

Os pesquisadores destacam no texto a escassa confiança nos políticos (121.º lugar), a baixa eficiência do governo (111.º), o desperdício no gasto público (135.º), a má infraestrutura de transporte (79.º) e a lamentável qualidade da educação (116.º), além das dificuldades para abrir um negócio e das distorções causadas pela tributação (144.º).

Os fatores positivos e negativos são apresentados em duas páginas de tabelas detalhadas e gráficos. A análise e a classificação refletem dados estatísticos (números da produção e do mercado, carga tributária e contas fiscais, por exemplo) e avaliações coletadas entre executivos e especialistas. A relação dos "fatores mais problemáticos" para os negócios é ordenada de acordo com as preocupações indicadas pelos entrevistados. Nos cinco primeiros lugares aparecem os regulamentos tributários, a oferta inadequada de infraestrutura, as alíquotas dos impostos, a burocracia governamental e as normas trabalhistas, apontadas como restritivas. O acesso ao financiamento é citado em 8.º lugar, logo depois da corrupção (7.º) e da educação ruim da força de trabalho (6.º).

Antes da crise de 2008 os exportadores brasileiros já perdiam espaço no mercado internacional. Os entraves tornaram-se mais importantes nos anos seguintes, mas o governo preferiu atribuir as dificuldades ao desajuste cambial causado pela expansão monetária no mundo rico. O câmbio tem sido, em 2012, muito mais favorável que nos anos anteriores, mas a produção industrial diminuiu, apesar do crescimento do consumo.

A inundação de dólares foi interrompida, mas a de produtos estrangeiros continua. A exportação do agronegócio, no entanto, cresceu neste ano e produziu até julho um superávit de US$ 44,5 bilhões, apesar da crise global e dos entraves internos. Há, no setor, um excedente de competitividade - por enquanto. Alguma autoridade poderá, num momento de iluminação, inventar mais algum imposto sobre a exportação de alimentos e matérias-primas. Alguns economistas geniais já têm defendido essa ideia devastadora.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Os três trancos da doutora Dilma - Elio Gaspari

ANS, Anatel e Aneel mostra-ram a virtude da boa regra capitalista: quem não tem competência não se estabelece

Nos últimos meses, o governo da doutora Dilma tomou três medidas que podem resultar numa inédita contribuição ao desenvolvimento do capitalismo brasileiro e ao bem-estar da população.

A Agência Nacional de Saúde Suplementar fechou o guichê de vendas de 268 planos de saúde de 37 operadoras de medicina privada, a Anatel suspendeu planos de vendas de três das quatro maiores concessionárias de telefonia celular e a Agência Nacional de Energia Elétrica interveio em oito distribuidoras que vendem eletricidade em seis Estados.

Saúde, telefonia e eletricidade são coisas que afetam o cotidiano de todos os brasileiros. Os problemas das empresas tinham a mesma raiz: vendiam serviços que não estavam habilitadas para prestar.

As operadoras de medicina privada venderam coberturas que matematicamente não ficavam de pé, as teles expandiram suas vendas sem investir na infraestrutura e, em março, as elétricas deviam R$ 5,7 bilhões.

O tranco dado pelo governo nessas empresas é bem-vindo por dois motivos. Com ele o Estado impede que a infraestrutura das telecomunicações e da distribuição de energia seja sucateada, reabrindo-se um velho caderno dos ciclos da privataria nacional.

O concessionário, com o beneplácito do Estado, degrada os serviços, a população reclama e, aos poucos, ressurge o fantasma da estatização. (No século passado, a Light foi estatizada a pedido dos seus controladores, com argumentos técnicos y otras cositas más.) Feita a estatização, a Viúva recupera parcialmente a empresa, administra-a mal e, quando a economia entra numa fase de vacas magras, ressurge a bandeira da privatização.

No setor ferroviário, por exemplo, a dança do estatiza-privatiza fez com que a malha trocasse de dono quatro vezes em um século.

Quando o Estado cumpre seu papel, fiscalizando o cumprimento dos contratos, as concessionárias de maus serviços sofrem no bolso.

Depois do tranco, as ações das teles punidas caíram na Bolsa e operadoras de planos de saúde começaram a buscar sócios ou compradores. Concessionária bem administrada vale muito, mal administrada vale nada.

As iniciativas da Anatel e da Aneel, ainda que tardias e limitadas, terão o efeito de um freio de arrumação. Elas lidam com empresas cujas obrigações não podem ser transferidas para a Viúva, pois o Estado não opera teles nem concorre com as distribuidoras de energia.

No caso dos planos de saúde, o problema é mais complexo, pois uma operadora pode se organizar vendendo um plano barato (e inviável) sonhando com a transferência de seus clientes para a rede do SUS.

Apropriando-se da rede pública, vivem no melhor do mundos: o cliente paga, elas embolsam, e a conta vai para a Viúva, que fica com o tratamento do freguês. Com isso, as operadoras sérias são punidas num mercado poluído por concorrentes desleais.

Os três trancos da doutora Dilma ajudam o mercado, protegem a patuleia e fortalecem o Estado. Falta acrescentar a esse prato um gostinho de jiló, punindo as ilegalidades que estão na origem dessas malfeitorias. Se os agentes econômicos começarem a temer agências reguladoras e juízes que comem beringela crua, o capitalismo brasileiro entrará numa nova fase.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Inconsistências - Celso Ming

As fortes críticas à política energética dos dois governos do PT feitas no domingo pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em artigo publicado no Estadão, foram as primeiras manifestações consistentes da oposição sobre essa matéria.

A questão mais séria é a desorganização da produção de etanol (álcool), em consequência do tabelamento dos preços da gasolina, política que, de resto, "não é compatível com os esforços de capitalização da Petrobrás".

Nos primeiros anos de seu governo, o presidente Lula era um entusiasta dos biocombustíveis. Quando da visita do presidente Bush ao Brasil, em 2007, Lula fez questão de levá-lo a um posto de gasolina para sentir o que era abastecer o carro com o etanol mais competitivo do mundo.

Mas veio a descoberta do pré-sal e, sabe-se lá por que, o governo Lula se desinteressou tanto pelo etanol quanto pelo biodiesel. Hoje, o setor sucroalcooleiro é asfixiado pelos preços achatados da gasolina. A produção de etanol (veja gráfico) está sendo insuficiente para substituir a gasolina nos motores flex e para compor a mistura com a gasolina à proporção de 25%.

Mais do que isso, o setor perdeu competitividade até em relação ao etanol de milho americano, de onde o Brasil vai importando perto de 2 bilhões de litros por ano (cerca de 18% do consumo interno).

A primeira impressão de quem olha a política de preços da Petrobrás, hoje cerca de 20% abaixo da paridade internacional, é de que há aí uma prática de dumping, cujo resultado seria alijar a concorrência do etanol do mercado.

E, no entanto, as coisas não são assim tão simples. A Petrobrás precisa dramaticamente de mais oferta de álcool no mercado interno porque não tem como produzir toda a gasolina que vem sendo queimada nos motores de ciclo Otto. Hoje, a Petrobrás vem importando cerca de 80 mil barris diários de gasolina a preços mais altos do que os autorizados a serem cobrados no mercado interno. Nos próximos dez anos, não poderá contar com aumento interno de produção de gasolina. Nenhum projeto de refinaria prevê esse perfil de craqueamento. Caso o etanol não seja reestimulado, a partir dos atuais níveis de consumo, a Petrobrás terá de aumentar em mais de 300% suas importações de gasolina nos próximos oito anos.

A política de preços dos combustíveis imposta pelo governo Lula e continuada pelo governo Dilma é tão irracional que não consegue viabilizar nenhum projeto de renovação dos canaviais. O BNDES colocou à disposição dos usineiros uma linha de crédito de nada menos que R$ 4 bilhões e, no entanto, à atual relação de preços, não é capaz de encontrar interessado por ela.

Fernando Henrique ainda criticou a disparada dos custos da Refinaria Abreu e Lima, de Pernambuco, que, orçada em US$ 2,3 bilhões em 2005, já ultrapassa hoje os US$ 20 bilhões. Mas nada disse sobre se convém ou não para o Brasil a parceria nesse projeto com a Venezuela, que aparentemente vem fazendo corpo mole no desembolso dos investimentos. Ele tampouco se manifestou sobre a capacidade da Petrobrás de dar conta de 30% de todos os novos investimentos que vierem a ser feitos no pré-sal. E é preciso que alguém reexamine essas decisões.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Profetas do passado - Zuenir Ventura

É difícil fazer previsões num país imprevisível como o Brasil; ainda mais que nós, jornalistas, somos uma espécie de profetas do passado. Adivinhamos o que aconteceu, raramente o que vai acontecer. Vejam o caso do mensalão. Embora ainda falte muito para encerrar seus trabalhos, e surpresas podem vir a acontecer, o julgamento já contrariou expectativas, balançou certezas, como a da impunidade, e quebrou tabus, a começar pela crença de que as decisões do STF não só não coincidiam com a vontade da opinião pública como pareciam ter a intenção de contrariá-la sempre. Ou seja, para os supremos juízes, indiferentes aos rumores da rua, a voz do povo não era a voz de Deus.

Eis que agora o ponto de vista popular e o culto estão de mãos dadas e em concordância, apesar de não se saber até quando. Uma pesquisa recente do Datafolha revelou, por exemplo, que no importante quesito caixa dois, quatro em cinco entrevistados rejeitavam os argumentos da defesa e apoiavam a tese defendida pelo Ministério Público e consagrada pelos ministros de que o que houve mesmo foi uso do dinheiro público para comprar apoio político, isto é, corrupção. Outra expectativa frustrada era a de que uma Corte cuja maioria absoluta dos onze membros tinha sido nomeada por Lula e por Dilma (seis por ele e dois por ela) não condenaria petistas envolvidos no escândalo. Pois, com exceção de Dias Toffoli (ex-advogado de José Dirceu), todos os outros condenaram o deputado petista João Paulo Cunha, votando com uma independência que, segundo amigos, teria decepcionado e irritado Lula (Dilma não se sabe).

Como se disse, ainda falta muito, e pelo menos dois tabus serão muito difíceis de serem derrubados para atender à vontade popular. Um deles foi apontado pelo mesmo levantamento do Datafolha: 73% dos ouvidos achavam que os acusados deviam ir para a cadeia, mas só 11% acreditavam que isso iria acontecer. Para 37%, os réus serão condenados, mas não presos; em lugar das grades como punição, eles receberão penas leves, como prestação de serviços. O outro é aquele, talvez mais difícil do que este de cair por terra, que reza: corrupto de colarinho branco no Brasil não devolve a grana roubada. Mas como acaba de ocorrer uma exceção - Luiz Estevão vai ter que restituir à União R$ 468 milhões desviados - quem sabe não será um exemplo? Vamos aguardar os próximos capítulos dessa novela que se desenrola não numa avenida, mas num laboratório chamado Brasil.

FONTE: O GLOBO

As mentiras deslavadas do PT

Pode parecer o maior pleonasmo da paróquia, mas não custa repetir: oposição existe para se opor. O que em qualquer democracia madura do mundo é tratado com naturalidade, no Brasil da era petista transformou-se em heresia. É espantoso como o partido que é réu no processo que investiga o maior escândalo de corrupção da história política do país reage às críticas: à base de muita lorota.

A função de quem, pela vontade das urnas, não foi escolhido para governar é fiscalizar, apontar equívocos e desacertos e sugerir alternativas. Até que a próxima eleição chegue, e o eleitor novamente se manifeste, é este o papel que cabe aos partidos de oposição. É esta a tarefa a que eles devem se dedicar, diuturnamente. Democraticamente.

Mas o exercício da crítica incomoda bastante o PT. O partido de Lula, Dilma e José Dirceu convive pessimamente com o contraditório, tem horror à contestação e lança-se com faca nos dentes a trucidar qualquer obstáculo que se interponha no caminho de sua busca pela hegemonia a qualquer preço. Excede-se numa luta que deveria respeitar, regiamente, os preceitos da democracia.

As armas que o PT maneja com incomparável maestria são a mentira e a mistificação. O partido dos mensaleiros é pródigo em transmutar-se de réu em vítima, de acusado em acusador. É o que está ocorrendo agora, por exemplo, quando a mais alta corte da Justiça brasileira tem sentados no banco dos réus dez petistas, alguns deles da linha de frente partidária nos seus mais de 30 anos de existência.

Qualquer partido decente deveria envergonhar-se da situação. Mas o PT dá-se até ao descaro de escalar o presidente da legenda para arrostar o Supremo Tribunal Federal e acusar os ministros de estarem sendo partícipes de um "golpe grande", como disseRui Falcão anteontem.

Onde foi feita a afirmação? Em Osasco. Em qual circunstância? Durante evento em que os petistas foram obrigados a lançar um novo candidato a prefeito depois que o original foi condenado a passar alguns anos na cadeia por corrupção, peculato e lavagem de dinheiro. É este partido que exibe os dentes e parte para cima de seus adversários, com a maior sem-cerimônia do mundo...

A esperteza não é utilizada pelo PT apenas como arma do embate eleitoral. O partido usa de muita fancaria também para transmudar péssimas realidades em feitos extraordinários, por meio de ilusionismos embalados em vistosas doses de marketing. O mundo petista é muito diferente do mundo real, do mundo que gente de carne e osso tem de enfrentar todos os dias.

Veja-se o que está ocorrendo agora no processo de privatização da infraestrutura viária do país. Foram anos de recusa petista a admitir a solução, ao mesmo tempo em que as condições logísticas do país iam para o buraco, não decolavam ou trafegavam em marcha lenta. Eis que, numa mágica, o PT alardeia agora que privatiza sem privatizar, apenas para dizer que não tisnou suas carcomidas bandeiras ideológicas.

Indo a fundo, ver-se-á que o PT não só privatiza, como o faz como nem o privatista mais renhido jamais ousou fazer. Pelos jornais de hoje, fica-se sabendo que a presidente Dilma Rousseff encontra-se num vai-e-vem infindo sobre o que fazer com a concessão dos aeroportos, principalmente Galeão e Confins, e que, para atrair os desejados operadores estrangeiros, tenciona entregar-lhes o negócio praticamente de bandeja.

"Para convencer as grandes operadoras, o governo oferece ao futuro sócio da Infraero total liberdade para administrar os dois aeroportos", informa a Folha de S.Paulo. Note-se que o lance desesperado é agora cogitado pelo governo porque o interesse dos investidores em serem sócios minoritários da Infraero, num modelo de Professor Pardal inventado pelo Planalto, é quase nulo.

N'O Globo, Ilimar Franco revela mais: as concessões serão entregues a preço de banana, como se estivessem sendo ofertadas na hora da xepa. "Para serem sócios na empreitada, os estrangeiros terão de entrar só com know-how para administrar os aeroportos. O investimento será mínimo". O modelo assemelha-se ao que foi usado cinco anos atrás por Lula na concessão de sete lotes de rodovias federais: tudo muito baratinho, tudo muito ordinário, com menos de 10% dos investimentosprevistos realizados até hoje.

Outro retumbante, ultraprofundo trololó é a dita autossuficiência brasileira em petróleo. Com o sucateamento imposto nos últimos anos pelo PT à Petrobras, o Brasil compra combustível como nunca no exterior e vê a produção interna e a produtividade da sua maior empresa mergulharem ao fundo do poço, como mostram várias reportagens publicadas hoje pela Folha.

O que vale apena reter de tudo isso é que o PT e suas lorotas devem ser contrapostos com destemor. Só numa situação em que as instituições vão sendo postas de pernas para o ar e os valores são corrompidos sob as bênçãos de quem se arvora ser líder máximo da nação, é que um partido com tamanha ficha corrida mete tanto medo. A cada mentira deslavada que os petistas contarem, serão rebatidos com verdades cada vez mais incômodas.

Fonte: Instituto Teotônio Vilela

Pétalas - Alceu Valença

Volta a Pernambuco – João Cabral de Melo Neto

Contemplando a maré baixa
nos mangues do Tijipió
lembro a baía de Dublin
que daqui já me lembrou.

Em meio à bacia negra
desta maré quando em cio,
eis a Albufera, Valência,
onde o Recife me surgiu.

As janelas do cais da Aurora,
olhos compridos, vadios,
incansáveis, como em Chelsea,
vêem rio substituir rio.

E essas várzeas de Tiuma
com seus estendais de cana
vêm devolver-me os trigais
de Guadalajara, Espanha.
Mas as lajes da cidade
não em devolvem só uma,
nem foi uma só cidade
que me lembrou destas ruas.

As cidades se parecem
nas pedras do calçamento
das ruas artérias regando
faces de vário cimento,

Por onde iguais procissões
do trabalho, sem andor,
vão levar o seu produto
aos mercados do suor.

Todas lembravam o Recife,
este em todas se situa,
em todas em que é um crime
para o povo estar na rua,

Em todas em que esse crime,
traço comum que surpreendo,
pôs nódoas de vida humana
nas pedras do pavimento.

(Paisagens com figuras, 1954/1955)

terça-feira, 4 de setembro de 2012

OPINIÃO DO DIA - Ricardo Lewandowski: ‘o mensalão maculou a República’ (XXXI)

As práticas delituosas dos dirigentes (do Banco Rural) restaram evidenciadas sobretudo pela relação promíscua que a cúpula da instituição financeira mantinha com os corréus Marcos Valério, Ramon Hollerbach e Cristiano Paz - especialmente com o primeiro deles. Marcos Valério agia como uma espécie de agente de negócios e de relações públicas do Banco Rural, encarregando-se de intermediar contatos entre a instituição financeira e alguns setores do governo

Ricardo Lewandowski, ministro do STF, em seu voto no processo do mensalão, 3/9/2012.

Manchetes de alguns dos principais jornais do Brasil

O GLOBO
Relator e revisor condenam o Rural
FH e Dilma têm primeira crise
PSB atropela PT em Recife
Rio pode ter mais R$ 7 bi para obras
Candidatos são a favor de remoção

FOLHA DE S. PAULO
Em defesa de Lula, Dilma ataca FHC por reeleição
Empréstimos foram 'de pai para filho', diz revisor
Candidatos atacam aliados incômodos em debate na TV
Russomanno e Haddad fugiram de armadilhas.
Parede fina leva governo a cancelar verba para presídio

O ESTADO DE S. PAULO
Ministros condenam cúpula do Banco Rural
Dilma diz que FHC quer ‘reescrever história’
Eleições 2012: No horário eleitoral, Serra diz que cumprirá mandato
Governo quer punir mesmo sem bafômetro
Vale terá de pagar multa de US$ 233 mi
Saúde admite erro no combate à gripe suína

VALOR ECONÔMICO
Governo avalia incentivos para o mercado de capitais
Proposta de Orçamento infla receitas
Barbosa condena os réus do Banco Rural

BRASIL ECONÔMICO
Governo quer elevar volume de exportações para União Europeia
Telefonia móvel se fortalece para a Copa
Meio ambiente terá licenças mais rápidas
Fabricantes de sucos reagem à nova exigência
Tempo de eleição

CORREIO BRAZILIENSE
Classe média sofre mais com Imposto de Renda
Brasil sob ataque
Mensalão: Relator dá sinais de que culpará núcleo político
Transporte: DF deve receber R$1,8 bilhão de recursos do PAC
Racismo: Um basta à intolerância

ESTADO DE MINAS
Vida normal nas universidades só em 2015
Piora situação de Delúbio e Genoino
Batata dobra de preço e puxa a alta da inflação
Defasagem da tabela eleva IR em até 44%

ZERO HORA (RS)
Ganho cai, mas poupança supera outras aplicações
Um furacão chamado Russomanno
Dilma rebate artigo de FH e defende Lula
O peso da Copa na eleição da capital

JORNAL DO COMMERCIO (PE)
UFPE entre as dez do País
Estado terá R$ 1 bilhão para investir
Ex-dirigentes do Banco Rural são condenados

O que pensa a mídia - editoriais dos principais jornais do Brasil

http://www.politicademocratica.com.br/editoriais.html

Relator e revisor condenam o Rural

Ex-diretores do banco culpados por empréstimos fictícios ao PT

Segundo Joaquim Barbosa, "grupo criminoso organizado" repassou fraudulentamente R$ 32 milhões ao partido e a Marcos Valério

Depois de divergirem abertamente sobre os crimes atribuídos ao petista João Paulo Cunha, o relator Joaquim Barbosa e o revisor Ricardo Lewandowski concordaram ontem em praticamente tudo. Ambos votaram pela condenação de ex-dirigentes do Banco Rural por gestão fraudulenta na concessão de empréstimos fictícios ao PT e a agências de publicidade de Marcos Valério. Lewandowski chegou a dizer que, da forma como foram feitos, os empréstimos "se assemelharam mais a negócio de pai para filho".

Voto de Lewandowski aponta elo de Valério com Banco Rural

Para revisor, operador exercia influência junto a setores do governo

Thiago Herdy

UM JULGAMENTO PARA A HISTÓRIA

BRASÍLIA Ao julgar os ex-dirigentes do Banco Rural, o ministro revisor Ricardo Lewandowski antecipou ontem más notícias para Marcos Valério, apontado pelo Ministério Público Federal como operador do mensalão. Em seu voto, o ministro já adiantou seu julgamento sobre a relação entre o Rural e Valério, atribuindo a ele o papel de "peça chave para exercer influência junto ao governo federal".

A menção reforça a tese do Ministério Público Federal, de que Valério fazia lobby do banco junto ao governo federal e, em troca, a instituição concedia empréstimos irregulares para alimentar o valerioduto. Esse vínculo é destaque na parte da denúncia do MPF que trata do crime de formação de quadrilha.

- As práticas delituosas dos dirigentes (do Banco Rural) restaram evidenciadas sobretudo pela relação promíscua que a cúpula da instituição financeira mantinha com os corréus Marcos Valério, Ramon Hollerbach e Cristiano Paz - especialmente com o primeiro deles. Marcos Valério agia como uma espécie de agente de negócios e de relações públicas do Banco Rural, encarregando-se de intermediar contatos entre a instituição financeira e alguns setores do governo - afirmou Lewandowski.

Bons contatos, bons serviços

O ministro citou depoimento de Kátia Rabello, ex-dirigente do Rural, no qual ela diz que Valério garantia ter bons contatos com o governo federal e, por isso, estaria apto a "prestar bons serviços" à instituição financeira.

- O relacionamento do Banco Rural com as agências de publicidade capitaneadas por Marcos Valério repassava, de longe, uma relação normal, bancária, porque haviam aí, aparentemente, alguns interesses não muito esclarecidos - disse o revisor.

Para reforçar seu argumento, Lewandowski fez referência a encontro intermediado por Valério entre representantes do Banco Rural e do Banco Central. Ofício enviado pelo Banco Central à CPMI dos Correios, que investigou o mensalão, atesta, inclusive, que Marcos Valério participou da reunião. Segundo informou o Banco Central na época, o encontro seria para tratar do interesse no Rural no processo de liquidação do Banco Mercantil de Pernambuco.

O revisor citou ainda outra reunião marcada por Valério nos Correios. Ele teria ido tratar do interesse do Rural na movimentação de recursos pela estatal.

- Inexiste no mercado instituição que atue da forma como a aqui observada. Os bancos não são instituições filantrópicas, cobram caro pelos serviços que prestam. Afigura-se evidente que os empréstimos só foram aprovados em virtude da troca de favores existente entre os dirigentes do Banco Rural e Marcos Valério - concluiu Lewandowski.

Marcos Valério e seus sócios já foram condenados por corrupção ativa e peculato. As penas ainda não estão definidas. Valério ainda poderá receber novas penas, se condenado pelas acusações de lavagem de dinheiro, evasão de divisas e formação de quadrilha.

FONTE: O GLOBO

Empréstimos foram 'de pai para filho', diz revisor

O revisor do mensalão no Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, votou ontem pela condenação de Kátia Rabello e José Roberto Salgado, ex-dirigentes do Banco Rural, e disse que os empréstimos ao PT e às empresas de Marcos Valério mais pareciam "doações", "negócio de pai para filho".

Assim como o relator do processo, Joaquim Barbosa, Lewandowski aceitou a tese de fraude. As decisões complicam o ex-presidente do PT José Genoino e o ex-tesoureiro Delúbio Soares, acusados de formação de quadrilha e corrupção ativa. Para as defesas, Barbosa "cometeu erros".

Tese de fraude em empréstimo ganha força

Relator e revisor condenam dona e ex-vice-presidente do Banco Rural, que entregou dinheiro para Valério e para o PT

Os votos complicam as situações dos petistas José Genoino e Delúbio Soares, que tomaram R$ 3 mi para o partido

Felipe Seligman, Flávio Ferreira, Márcio Falcão, Nádia Guerlenda e Rubens Valente

BRASÍLIA - Ao votarem pela condenação de ex-dirigentes do Banco Rural, relator e revisor do processo do mensalão no Supremo deram respaldo a um ponto central da acusação: o de que os empréstimos ao PT e às empresas do publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza eram de fachada.

A condenação complica as situações do ex-presidente do PT José Genoino e do ex-tesoureiro da sigla Delúbio Soares, que tomaram R$ 3 milhões do Banco Rural para o PT em 2003. Acusados de formação de quadrilha e corrupção ativa, eles aguardam julgamento.

Segundo a acusação, o Rural ajudou a financiar o mensalão ao emprestar para o PT e outros R$ 29 milhões, também em 2003, para empresas de Valério, apontado como o operador do esquema.

O relator Joaquim Barbosa votou pela condenação por gestão fraudulenta de Kátia Rabello, dona do banco, José Roberto Salgado, ex-vice-presidente, e dos executivos Ayanna Tenório e Vinícius Samarane. O revisor, Ricardo Lewandowski, condenou Kátia e Salgado. Completará seu voto amanhã. Os demais devem seguir o voto de ambos.

Em seu voto, Barbosa disse que os réus "em divisão de tarefas típica de uma quadrilha" atuaram "na simulação de empréstimos bancários, bem como utilizaram mecanismos fraudulentos para encobrir o caráter simulado dessas operações de crédito".

Para os ministros e para a acusação, os empréstimos eram de "fachada" porque não seriam pagos. Quando liberava dinheiro, diz a acusação, o banco não cobrava garantias reais nem dívidas anteriormente contraídas.

As operações, diz a acusação, serviam de cortina de fumaça para dissimular o desvio de recursos públicos. Misturado com recursos de contratos que Valério tinha com o setor público, o dinheiro era então redistribuído, por orientação do PT, a parlamentares e partidos.

"Me parece que houve não um empréstimo, mas um negócio de pai para filho", afirmou Lewandowski. Para ele, as transações eram resultado de um "acerto" entre Valério e o Rural, numa relação "promíscua", para que o empresário fizesse "tráfico de influência" junto ao governo. "Alguns empréstimos eram tratados quase como doações."

Os ministros disseram que o banco cometeu fraude ao fazer uma classificação irreal dos riscos, violando normas do sistema financeiro. E citaram auditorias do Banco Central e laudos da Polícia Federal que afirmam que o Rural deixou de informar o real risco das operações.

O BC e a PF apontaram que os empréstimos eram renovados sem pagamento, outra evidência de fraudes, segundo os ministros.

Para ilustrar a tese, eles citaram o caso do mensalão mineiro, que envolveu o PSDB de Minas Gerais e também está no STF, no qual uma dívida original de R$ 13 milhões de uma empresa de Marcos Valério com o Rural foi quitada por R$ 2 milhões.

Barbosa também disse que os réus ligados ao Rural praticaram lavagem de dinheiro nas operações sob julgamento, adiantando que deverá condená-los por esse crime. A previsão é que a acusação de lavagem seja o próximo tema a entrar na pauta.

Os empréstimos do Rural são a segunda fonte de recursos do mensalão, conforme a denúncia. Há uma semana, o STF reconheceu que o esquema também usou recursos públicos Fundo Visanet, controlado pelo Banco do Brasil.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Ministros condenam cúpula do Banco Rural

Relator e revisor do processo do mensalão no STF concluíram que empréstimos ao PT foram fictícios

A cúpula do Banco Rural foi condenada pelos ministros Joaquim Barbosa e Ricardo Lewandowski, relator e revisor do processo do mensalão no STF, por conceder empréstimos considerados fictícios e irregulares ao PT e às empresas do operador do mensalão, Marcos Valério. A ex-presidente do banco Kátia Rabello e o ex-vice José Roberto Salgado foram condenados por gestão fraudulenta de instituição financeira. Com o voto coincidente dos ministros, a tendência é que os demais integrantes do tribunal julguem pela condenação dos réus. Barbosa condenou também Vinícius Samarane e Ayanna Tenório, de quem o revisor só analisará as condutas amanhã. A pena pelo crime de gestão fraudulenta varia de 3 a 12 anos de reclusão. O relator do processo também deve condenar os dirigentes do Rural por formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.

Ministros condenam cúpula do Rural

Relator e revisor entenderam que dirigentes e ex-dirigentes do banco concederam empréstimos "fictícios" ao PT e a Marcos Valério

Felipe Recondo, Ricardo Brito, Eduardo Bresciani e Mariângela Gallucci

BRASÍLIA - A cúpula do Banco Rural foi condenada pelo relator e pelo revisor do processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal por conceder empréstimos considerados fictícios e irregulares ao PT e às empresas do chamado "operador do mensalão", o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza.

A ex-presidente do banco Kátia Rabello e o ex-vice José Roberto Salgado foram condenados pelos ministros Joaquim Barbosa, relator, e Ricardo Lewandowski, revisor, por gestão fraudulenta de instituição financeira.

Com o voto coincidente dos ministros, dificilmente os outros dirigentes do Banco Rural se livrarão da condenação pelos demais integrantes do tribunal.

Barbosa votou também pela condenação de Vinícius Samarane e Ayanna Tenório, de quem o revisor só analisará as condutas amanhã. Samarane continua como dirigente da instituição, enquanto Ayanna saiu em 2006.

A pena pelo crime de gestão fraudulenta varia de 3 a 12 anos de reclusão. Mas a pena imposta à cúpula do banco poderá ser maior. O relator do processo adiantou que deve também condenar os dirigentes do Rural por outros dois crimes: formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. O julgamento será retomado amanhã, com o voto da ministra Rosa Weber.

Dissimulação. Os dirigentes concederam e renovaram empréstimos à época que os ministros consideraram simulados às empresas de Marcos Valério e ao PT no valor total de R$ 32 milhões. As operações de crédito, de acordo com Joaquim Barbosa, serviram para dissimular a origem dos recursos públicos que alimentaram o mensalão.

O banco ainda contribuiu, conforme o ministro, para distribuir os recursos, pois parlamentares sacavam o dinheiro nas agências do Rural, e buscou dissimular a existência do esquema ao deixar de informar os órgãos de controle, como o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e o Banco Central.

Para não comprometer suas contas, o Rural classificava o nível de risco dos empréstimos de forma "deliberadamente equivocada" e "artificiosa", conforme Lewandowski.

Nem os sócios de Marcos Valério, nem o ex-presidente do PT e o ex-tesoureiro da legenda Delúbio Soares teriam patrimônio para arcar com os empréstimos. Valério e seus sócios, disse Lewandowski, não teriam patrimônio para arcar com um décimo dos R$ 29 milhões que receberam.

Na semana passada, os minitros condenaram Marcos Valério, seus sócios, João Paulo Cunha e Henrique Pizzolato e absolveram Luiz Gushiken.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Um novo enredo - Merval Pereira

O ministro Ricardo Lewandowski abriu seu voto renegando a percepção de muitos de que não leva em conta os indícios e conexões dos fatos para construir sua convicção, atendo-se apenas à "verdade processual".

Ao tratar da responsabilidade dos dirigentes do Banco Rural, ele fez questão de ressaltar que votaria seguindo o relator Joaquim Barbosa porque, além de provas dos autos como relatórios internos do próprio banco e do Banco Central, havia muitos indícios demonstrando que os empréstimos ao PT e à agência publicitária SPM&B foram feitos com normas mínimas de segurança, revelando serem "de pai para filho", fora dos padrões normais dos bancos.

Aqui, abro um parêntesis para comentar a análise do advogado Márcio Thomaz Bastos, que defende o ex-diretor do Banco Rural José Roberto Salgado. Bastos lamentou com repórteres que os ministros estejam dando tanta importância aos relatórios internos do próprio banco; segundo ele, é "normal" que ao final a diretoria decida a conveniência ou não de empréstimos desse tipo. Assim, admite implicitamente o caráter "político" dos empréstimos. Voltando ao voto do revisor, os indícios não levaram Lewandowski a se convencer de que, como acusa o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, e endossa Joaquim Barbosa, os empréstimos foram fictícios, para encobrir o dinheiro desviado dos cofres públicos que foi distribuído por Marcos Valério a petistas e políticos aliados.

Para Lewandowski, houve gestão fraudulenta sim, mas para agradar o empresário que os diretores do Banco Rural consideravam que teria influência no governo petista, e poderia abrir as portas para bons negócios futuros. Pode estar aí a explicação do voto do revisor, que até agora não conseguiu ver nexo entre o desvio do dinheiro público e o mensalão. Ele está criando um novo enredo, não se sabe com que fim.

Ao condenar o diretor de marketing do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato, por desvio do fundo Visanet para a conta de Valério, o ministro Lewandowski tratou o assunto como se fosse um crime isolado, um mero trambique entre Pizzolato e Valério, sem nada a ver com o dinheiro que o então presidente da Câmara, João Paulo Cunha, recebeu do mesmo Valério, aceitando a tese da defesa de que o mandante do dinheiro fora o tesoureiro do PT Delúbio Soares.

Chegou a entusiasmar o advogado Márcio Thomaz Bastos, que considerou seu voto a vitória da tese do caixa 2 eleitoral. Uma maioria de 9 ministros não aceitou a tese do revisor, à qual apenas o ministro Dias Toffoli aderiu. Já agora, ao condenar o Banco Rural por gestão fraudulenta para agradar a um empresário que teria bom trânsito com o PT, o ministro Lewandowski está entrando por outra senda, diferente da explorada pelo relator, mas que vai dar igualmente no conluio de um empresário corrupto com o partido do governo. Se o dinheiro que Valério distribuiu para o PT e seus aliados era do "empréstimo" do Rural, pelo menos Delúbio Soares e José Genoino, que o assinaram, teriam cometido peculato, pois para isso não é necessário fazer nenhum ato ilegal, mas apenas sugerir a possibilidade. E não é necessário que o dinheiro seja público ou privado. Mas eles não estão acusados desse crime. Vai ser difícil então inocentá-los da acusação de corrupção ativa.

Provavelmente, Lewandowski vai dizer que havia dinheiro legal e ilegal na distribuição feita por Valério. Mas se o empréstimo do PT foi real, por que o dinheiro distribuído aos políticos, por ordem de Delúbio, tinha que sair do bolso de Valério, através da SMP&B? E por que só foi pago muitos anos depois de tomado?

Entender que os empréstimos eram verdadeiros, mas dados através de métodos fraudulentos, torna a história mais complicada e menos verossímil que a do procurador-geral da República, assumida pelo relator Joaquim Barbosa. Resta ver para onde a maioria do plenário do Supremo seguirá desta vez.

************************************
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso é o único político da oposição que consegue tirar o ex-presidente Lula do sério. A cada artigo mensal com críticas ao PT e a Lula, o ex-presidente sai de seus cuidados para atacar o inimigo íntimo. Desta vez, colocou a a presidente Dilma em situação delicada, exigindo dela um posicionamento oficial, quando deveria ter sido ele a se defender dos ataques de Fernando Henrique. Dilma voltou a comportar-se como subordinada de Lula. A hieraquia petista falou mais alto.

FONTE: O GLOBO

Três balizas - Tereza Cruvinel

"Se a coerência imperar, como é da práxis judiciária, o resultado final deve ser massacrante"

As premissas fixadas pelos ministros do Supremo durante a apreciação do item 3, e os votos dados ontem pelo relator e pelo revisor na análise do item 5, condenando os dirigentes do Banco Rural por gestão fraudulenta, instalaram o pessimismo entre os réus e seus advogados: se a coerência imperar, como é da práxis judiciária, o resultado final deve ser massacrante. Formou-se uma maioria, unificada por este revisionismo. O revisor, que absolveu João Paulo, formou com ela ontem, mas isso pode não ser definitivo.

No julgamento do item 3, foram afetadas três premissas que historicamente sempre orientaram as decisões do STF. A exigência de ato de ofício (favorecimento concedido em troca da propina) para a condenação por corrupção passiva foi dispensada no caso do deputado João Paulo, mas sempre era observada como pedra angular. Sustentou, por exemplo, a absolvição de Collor em 1994. Agora, para a maioria dos ministros, basta ter o recebimento da vantagem indevida para a condenação. Mantida esta premissa, é razoável supor que, no próximo item, de número 6, todos os deputados e ex-deputados que receberam recursos do valerioduto por ordem de Delúbio Soares sejam condenados por corrupção passiva. Entre eles há três petistas (Paulo Rocha, João Magno e Professor Luizinho) que, supostamente, não cobrariam propina para apoiar o governo do próprio partido. A defesa de Paulo Rocha, por exemplo, apresentou um rol de notas fiscais que corresponderiam a dívidas de campanha pagas com o dinheiro recebido.

Não se nota, porém, entre os ministros, a menor abertura à alegação de que os recursos tinham esta finalidade, devendo prevalecer o primado da vantagem indevida, dispensada a contrapartida, o ato de ofício. A premissa certamente valerá para os petistas; para os sete políticos do PL e do PP; para Roberto Jefferson, do PTB; e para os funcionários que, mesmo tendo ido ao banco a mando de seus chefes, acabaram acusados de corrupção passiva. É verdade que nem todos sacadores foram processados, a exemplo da própria mulher de João Paulo. E como ao polo passivo corresponde o polo ativo, dispensado o ato de ofício devem também ser condenados por corrupção ativa os réus Delúbio, Genoino, Dirceu e, mais uma vez, Marcos Valério.

Caiu também por terra a relativização das provas colhidas em inquérito policial ou CPI. O mais atingido por isso pode ser Dirceu. Embora inexistam provas materiais contra ele, há quem tenha afirmado, na CPI dos Correios, que ele sabia das traficâncias da dupla Valério-Delúbio. E, por fim, uma dúvida quanto a uma velha máxima, a de que as declarações do corréu só podem ser consideradas quando ele mesmo se incrimina. Os ministros absolveram Luis Gushinken alegando ausência de provas. Desconsideraram a afirmação de um corréu, Henrique Pizzolato, de que recebeu ordens do então ministro da Secom para suas ações no Banco do Brasil. A pergunta que fica: as acusações de Roberto Jefferson contra José Dirceu terão valor ou também serão desconsideradas? O procurador, já se sabe, deu-lhes crédito.

Não por acaso, na montagem do plano de trabalho, o relator Joaquim Barbosa deixou como último item o que envolve Dirceu e a acusação de formação de quadrilha. O próprio procurador-geral reconheceu a fragilidade de provas contra o ex-ministro. Já a tipificação do crime não é juridicamente pacífica. Não era, pois como disse o ministro Marco Aurélio, está havendo "uma virada importante" no Supremo. Uma virada que permitiu até ao ministro Luiz Fux afirmar, para espanto dos constitucionalistas, que cabe ao acusado provar sua inocência, contrariando o artigo segundo o qual o ônus da prova cabe ao acusador.

Está decidido (I)

A defesa de João Paulo Cunha apresentará recurso contra a condenação por lavagem de dinheiro, com base no artigo 33 do regimento do Supremo, que admite a reconsideração quando pelo menos quatro ministros divergem da maioria. Foi o caso. O advogado Alberto Toron está cuidando do recurso.

Está decidido (II)

A Secretaria de Assuntos Jurídicos do Gabinete Civil e a Advocacia-Geral da União (AGU) já trabalham no esboço do projeto de lei de greve para o funcionalismo público. Trata-se de lei complementar prevista pelo artigo 37, que ninguém nunca ousou propor ou fazer tramitar, em função da forte oposição dos sindicatos da categoria. O texto fixará condições para o exercício do direito de greve, assegurando, sobretudo, o atendimento às necessidades da população e da segurança nacional. Operações-padrão com exibição de armas e abandono das fronteiras, como fez a Polícia Federal, serão tratadas como abuso.

Dilma, Lula e FH

A dura resposta que deu ontem ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso deve ter tido, para a presidente Dilma, um gosto de jiló, para usar a imagem do ministro Ayres Brito ao falar em condenações. Não consta, nos relatos palacianos, que Lula tenha feito qualquer gestão para obter a manifestação de defesa. Dilma teria avaliado que a hora recomendava, em função do antagonismo nascente entre petistas lulistas e dilmistas. Se ficasse calada, estaria dando pretexto a mais intrigas e especulações.

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE

FH e Dilma têm primeira crise

A boa relação entre Dilma e FH parece ter acabado. Em reação a artigo de domingo do antecessor, que critica a gestão Lula, ela, em nota, atacou o governo do tucano.

Dilma rebate FH e defende Lula

Em resposta a artigo, presidente destaca "herança bendita" de "um exemplo de estadista"

Luiza Damé

BRASÍLIA A lua de mel entre a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso parece ter chegado ao fim. Ontem, ao sair em defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma rebateu, de forma dura, críticas feitas por Fernando Henrique em seu artigo mensal, publicado no último domingo no GLOBO e no jornal "O Estado de S. Paulo". Em nota oficial, a presidente disse que recebeu de Lula uma herança bendita. "Não recebi um país sob intervenção do FMI ou sob a ameaça de apagão", afirmou Dilma, em referência direta ao governo do tucano, que precisou recorrer ao Fundo Monetário Internacional e enfrentou racionamento de energia. A presidente destacou ainda que "Lula é um exemplo de estadista".

Fernando Henrique abriu seu artigo afirmando que a presidente "recebeu uma herança pesada de seu antecessor". Contemporizou, dizendo que nem Lula nem Dilma são responsáveis "pela maré negativa da economia internacional", mas apontou a "crise moral" como um dos principais problemas dos governos petistas. Lembrou que, no primeiro ano de Dilma, caíram oito ministros, "sete dos quais por suspeitas de corrupção", e ligados a Lula. Citou o mensalão, aliviando Dilma, mas responsabilizando o PT.

Nota fez referência à reeleição

Em tom duro, Dilma fez referência à aprovação da emenda da reeleição, no governo Fernando Henrique, beneficiando o próprio tucano, e chamou Lula de estadista e democrata: "Um democrata que não caiu na tentação de uma mudança constitucional que o beneficiasse". A presidente destacou que, com Lula, o Brasil se tornou mais respeitado no exterior, "graças às posições firmes do ex-presidente Lula no cenário internacional".

Embora as críticas de Fernando Henrique estejam mais focadas no governo Lula, sobraram farpas para Dilma. E numa área que é cara à presidente: o setor energético. "O que mais pesa como herança é a desorientação da política energética", escreveu o ex-presidente. Dilma foi ministra de Minas e Energia, além de presidente do Conselho Administrativo da Petrobras no governo Lula, e costuma ser apresentada como a mulher que organizou o sistema elétrico no país. Por isso, a resposta sobre não ter recebido o "país do apagão".

Na nota, Dilma disse que foi "citada de modo incorreto pelo ex-presidente" e, por isso, pretendia "recolocar os fatos em seus devidos lugares". Segundo ela, Lula deixou-lhe "uma economia sólida, com crescimento robusto, inflação sob controle, investimentos consistentes em infraestrutura e reservas cambiais recordes". Dilma afirmou ter recebido "um país mais justo e menos desigual, com 40 milhões de pessoas ascendendo à classe média, pleno emprego e oportunidade de acesso à universidade a centenas de milhares de estudantes".

Por fim, Dilma afirma que "não reconhecer os avanços que o país obteve nos últimos dez anos é uma tentativa menor de reescrever a História". Para a presidente, "o passado deve nos servir de contraponto, de lição, de visão crítica, não de ressentimento". A presidente diz ter aprendido com os erros e os acertos de todas as administrações anteriores, mas que governa "com os olhos no futuro".

FONTE: O GLOBO

Dilma critica FHC para defender Lula

Em nota oficial divulgada pelo Planalto, presidente rebate as acusações do tucano, que, em artigo, acusou o sucessor dele de deixar uma "herança pesada"

Juliana Braga

O clima amistoso que imperava na relação entre a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso dá sinais de que chegou ao fim. Em dura nota publicada ontem, Dilma rebate as críticas de FHC, destacando as principais crises do antecessor do PT no Palácio do Planalto. No domingo, Fernando Henrique atacou o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, e o classificou como "herança pesada" para Dilma.

Em seu artigo publicados nos jornais O Globo e O Estado de S. Paulo, FHC se refere às quedas de ministros como "crise moral". "Pode-se alegar que quem nomeia ministros deve saber o que faz", disse. "No entanto, como o antecessor jogou papel eleitoral decisivo, seria difícil recusar de plano seus afilhados", completou. Ele atribuiu à "obsessão por formar maiorias hegemônicas, enfermidade petista incurável", o fato de terem relevado as suspeitas contra os ministros que caíram.

Em outro trecho, critica a política energética, tema que Dilma, ex-ministra de Minas e Energia na gestão Lula, conhece com profundidade. "Calemos sobre as usinas movidas "a fio d"água", cuja eletricidade para viabilizar o empreendimento terá de ser vendida como se a produção fosse firme o ano inteiro e não sazonal. Foi preciso substituir o companheiro que dirigia a Petrobras para que o país descobrisse o que o mercado já sabia, havendo reduzido quase pela metade o valor da empresa", alfinetou.

Apesar de ter feito ressalvas em seu artigo, isentando a presidente de responsabilidade sobre a tal "herança pesada", Dilma não poupou FHC e subiu o tom. "Recebi do ex-presidente Lula uma herança bendita. Não recebi um país sob intervenção do FMI ou sob a ameaça de apagão", rebateu, referindo-se ao empréstimo contraído perante o Fundo Monetário Internacional e à crise energética de 2001, quando brasileiros tiveram de reduzir o consumo para evitar um colapso.

A presidente também destacou os programas sociais de Lula e a ampliação ao acesso à educação. "Recebi um país mais justo e menos desigual, com 40 milhões de pessoas ascendendo à classe média, pleno emprego e oportunidade de acesso à universidade a centenas de milhares de estudantes", pontuou. Referindo-se a Lula, alfinetou ainda a mudança na Constituição que permitiu Fernando Henrique concorrer ao segundo mandato. "Um democrata que não caiu na tentação de uma mudança constitucional que o beneficiasse. O ex-presidente Lula é um exemplo de estadista", disse.

Por fim, Dilma afirmou que "não reconhecer os avanços que o país obteve nos últimos anos é uma tentativa menor de reescrever a história". "O passado deve nos servir de contraponto, de lição, de visão crítica, não de ressentimento", defendeu. Para concluir, disse que aprendeu com "os erros e, principalmente, com os acertos de todas as administrações" que a antecederam, mas que governa "com os olhos no futuro".

Desde que a presidente Dilma assumiu, os dois mantinham uma boa relação. A atual chefe do Executivo convidou FHC para o almoço que ofereceu ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, quando ele esteve no Brasil. Na instalação da Comissão da Verdade, o ex-presidente fez elogios à Dilma. A discussão repercutiu no Twitter. Os termos "Lula" e "FHC" chegaram à lista dos mais comentados, e petistas e tucanos saíram em defesa de seus correligionários, retuitando o artigo ou a nota.

"Recebi do ex-presidente Lula uma herança bendita. Não recebi um país sob intervenção do FMI ou sob a ameaça de apagão" (Dilma Rousseff, presidente da República, em nota oficial)

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE

Dilma diz que FHC quer ‘reescrever história’

Presidente rebate críticas do artigo "Herança Pesada", publicado domingo no "Estado", e afirma que FHC tem ressentimento

A presidente Dilma Rousseff reagiu ontem ao artigo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso intitulado "Herança Pesada", publicado no domingo pelo Estado, no qual ele afirma que Luiz Inácio Lula da Silva promoveu uma crise moral no País e cita o escândalo do mensalão. Em nota oficial, cujo teor foi mostrado para Lula antes da divulgação, Dilma afirmou que recebeu uma "herança bendita" e não "um país sob intervenção do FMI". Num tom duro, disse ela que "Lula é um exemplo de estadista" e "um democrata que não caiu na tentação de uma mudança constitucional que o beneficiasse"- referência à emenda que permitiu a reeleição e FHC, em 1998.

Dilma reage a artigo e diz que FHC quer "reescrever história" com "ressentimento"

Tânia Monteiro, Lisandra Paraguassu, Vera Rosa

BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff reagiu ontem ao artigo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso intitulado "Herança Pesada", publicado no domingo pelo Estado, no qual ele afirma que Luiz Inácio Lula da Silva, seu sucessor, promoveu uma "crise moral" no País por causa do mensalão.

Em nota oficial, cujo teor foi mostrado a Lula antes da divulgação, Dilma afirmou que recebeu uma "herança bendita" e não "um país sob intervenção do FMI ou sob a ameaça de apagão", numa referência à dívida com o Fundo Monetário Internacional deixada pelo tucano e ao período de racionamento de energia na gestão do adversário político.

Num tom duro, a presidente partiu para o confronto dizendo que não reconhecer os avanços que o País obteve nos últimos dez anos "é uma tentativa de menor de reescrever a história". "O passado deve nos servir de contraponto, de lição, de visão crítica, não de ressentimento", disse.

Afirmou, ainda, que "Lula é um exemplo de estadista" e "um democrata que não caiu na tentação de uma mudança constitucional que o beneficiasse", em referência à aprovação da emenda constitucional que permitiu a reeleição de FHC, em 1998.

Coordenação. A reação de Dilma fez parte de uma ação coordenada com Lula. Ao tomar conhecimento do artigo de Fernando Henrique, o ex-presidente teria soltado um palavrão. "Eu é que me f... com a herança maldita que recebi dele", teria dito Lula.

Embora Lula não tenha pedido para Dilma redigir a nota, ele foi informado de seu teor ontem pela manhã, em conversa telefônica com o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, e aprovou o conteúdo duro do texto.

A nota foi uma forma, segundo fontes do Planalto, de mostrar sintonia entre os dois, dizer que ambos estão do mesmo lado. O que mais teria irritado Lula e Dilma foi o fato de FHC falar em "crise moral" do governo, citar o escândalo do mensalão e bater na tecla da falta de eficiência da administração petista, que demitiu oito ministros "nem bem completado um ano de governo (...) por suspeitas de corrupção".

No Planalto, a avaliação é a de que, ao agir assim, FHC cumpre uma estratégia eleitoral para tentar grudar o escândalo do mensalão em Lula e no PT. O objetivo seria ajudar o PSDB nas eleições municipais, principalmente em São Paulo, onde o candidato tucano José Serra enfrenta dificuldades. Ele divide tecnicamente a segunda posição nas pesquisas com Fernando Haddad (PT).

Até a publicação do artigo de Fernando Henrique, no domingo, a relação entre Dilma e ele era muito boa. Em maio, FHC esteve no Palácio do Planalto, a convite de Dilma, para a instalação da Comissão da Verdade.

Lula também estava lá. Em janeiro do ano passado, FHC participou de almoço com o presidente norte-americano, Barack Obama. Também no ano passado, em junho, Dilma mandou carta cumprimentando FHC pelos 80 anos e chamando- o de "acadêmico inovador", "político habilidoso", "ministro-arquiteto de um plano duradouro de saída da hiperinflação". A carta provocou ciúmes no PT.

Ainda no fim do ano passado, Dilma convidou Fernando Henrique para um jantar com o grupo The Elders, no Palácio da Alvorada, do qual o ex-presidente faz parte. Recentemente, Fernando Henrique chegou a defender Dilma dos grevistas, antes mesmo que Lula o fizesse.

Desde domingo, porém, quando leu o artigo, a presidente se sentiu atingida. Além de citar a crise moral do governo, FHC falou em falta de eficiência. Dilma queria responder o ex-presidente no mesmo dia, mas foi aconselhada a deixar a atitude para segunda-feira, pois teria mais repercussão.

Em conversas reservadas, Dilma disse que Fernando Henrique "passou muito do limite". Na resposta, ela fez questão de ressaltar que precisava "recolocar os fatos em seus devidos lugares". Em nenhum momento, porém, citou o mensalão.

Dois trechos do artigo de Fernando Henrique aborreceram particularmente Dilma. O primeiro, quando ele diz que "é pesada como chumbo a herança desse estilo bombástico de governar que esconde males morais e prejuízos materiais sensíveis para o futuro da Nação". Mais adiante, quando o ex-presidente ataca afirma que "o que mais pesa como herança é a desorientação da política energética. Calemos sobre as usinas movidas "a fio d"água", cuja eletricidade para viabilizar o empreendimento terá de ser vendida como se a produção fosse firme o ano inteiro, e não sazonal" . Dilma foi ministra das Minas e Energia e sempre comandou diretamente este setor, com mão de ferro.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Em defesa de Lula, Dilma ataca FHC por reeleição

Presidente rebate artigo no qual tucano diz que ela recebeu "herança pesada"

A presidente Dilma Rousseff rompeu ontem o clima amistoso com o antecessor Fernando Henrique Cardoso e rebateu, em nota, as críticas feitas no final de semana pelo tucano ao ex-presidente Lula e ao PT.

"[Lula é] um democrata que não caiu na tentação de uma mudança constitucional que o beneficiasse", disse em referência à mudança feita pelo Congresso que deu a FHC o direito de concorrer a um segundo mandato.

Dilma defende Lula e diz que FHC tenta reescrever história

Presidente afirma ter recebido "herança bendita", não país sob ameaça de apagão

Na declaração, que rompe clima amistoso, Dilma também critica alteração que permitiu 2º mandato a tucano

Flávia Foreque e Natuza Nery

BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff rompeu ontem o clima amistoso com o antecessor Fernando Henrique Cardoso e, em nota, rebateu as críticas feitas pelo tucano ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao PT.

Em artigo publicado anteontem nos jornais "O Estado de S. Paulo" e "O Globo", FHC chamou de "herança pesada" o legado deixado por Lula para a sucessora.

Dilma respondeu em uma nota inusual em sua gestão, afirmando que o tucano, ao não reconhecer avanços da gestão do PT, tenta reescrever a história.

"O passado deve nos servir de contraponto, de lição, de visão crítica, não de ressentimento", disse Dilma.

Na nota ela afirma ter recebido do antecessor uma "herança bendita". "Não recebi um país sob intervenção do FMI [Fundo Monetário Internacional] ou sob a ameaça de apagão", numa referência ao discurso do PT sobre como Lula recebeu o governo das mãos de FHC em 2003.

E foi além. Disse que Lula é "exemplo de democrata" que "não caiu na tentação de uma mudança constitucional que o beneficiasse."

A presidente se refere aos rumores de que Lula tentaria alterar a Constituição para ter um terceiro mandato e à mudança feita pelo Congresso, patrocinada por FHC em 1997, que garantiu ao tucano o direito de concorrer a um segundo mandato.

Relação

A nota destoa do clima amigável demonstrado entre o tucano, que governou o país entre 1995 e 2002, e a presidente, que assumiu em 2011 após oito anos de gestão Lula (2003-2010).

Em junho do ano passado, por exemplo, Dilma chamou FHC de "político habilidoso" e "arquiteto" do fim da hiperinflação. Meses depois, FHC chamou Dilma de "generosa" quando recebeu dela carta elogiosa pelos seus 80 anos.

Já no artigo de anteontem, FHC apontou como falhas da gestão Lula a "desorientação da política energética", em especial a gestão da Petrobras, e o atraso em projetos de grande impacto, como a transposição do rio São Francisco. Também falou de "crise moral", citando o escândalo do mensalão e a troca de ministros egressos do governo Lula, sob suspeita de corrupção.

"Houve mesmo busca de hegemonia a peso de ouro alheio", afirmou FHC sobre o mensalão.

O tucano também fez críticas ao PT ao atribuir à legenda parte da responsabilidade pelas demissões de ministros.

O Palácio do Planalto interpretou o artigo de FHC como uma tentativa de explorar uma divisão entre Dilma e Lula. Na avaliação interna, ou o governo respondia ou subscreveria as críticas do tucano. O PT gostou do gesto.

Segundo a Folha apurou com interlocutores do ex-presidente, Dilma telefonou a Lula e disse ter ficado irritada com o artigo de FHC.

Antes de saber que a sucessora divulgaria nota, Lula se preparava para responder. Só desistiu ao ser informado dos planos de Dilma, a quem agradeceu depois.

A presidente afirmou ter sido "citada de modo incorreto" por FHC. Nos seis parágrafos que compõem a nota, Dilma intercalou elogios a Lula e alfinetadas no tucano.

A presidente afirmou ter recebido um país "mais justo e menos desigual" e elogiou as "posições firmes" de Lula na política externa.

Em resposta, o presidente do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), afirmou que o PT "vai muito mal nestas eleições" e que "o ex-presidente Lula está correndo atrás do prejuízo." A Folha não conseguiu falar ontem com FHC.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Ibope: afilhado de Campos lidera em Recife com 33%

Campanha de petista atribui problemas ao mensalão e espera Lula

Letícia Lins

RECIFE O candidato do PSB, Geraldo Júlio, assumiu a liderança da corrida pela prefeitura de Recife e pela primeira vez aparece como vencedor num eventual segundo turno, como mostra a quarta rodada de pesquisa Ibope, divulgada ontem. O socialista tem 33% das intenções de voto, 28 pontos a mais do que na primeira apuração, feita em julho. O senador Humberto Costa (PT), que liderava a primeira enquete com 40%, perdeu 15 pontos e agora está com 25%. Os números foram divulgados pela TV Globo, que encomendou a pesquisa com o jornal "Folha de Pernambuco". De acordo com o Ibope, Geraldo Júlio teria, ainda, 44% dos votos num segundo turno, contra 39% do petista. A ascensão do socialista também se refletiu na pesquisa DataFolha/TV Globo, na semana passada, em que ele havia subido 22 pontos, empatando em 29% com Humberto Costa.

Em julho, o socialista aparecia com 5% no Ibope. Subiu depois para 12% (em 3 de agosto), 16% (16 de agosto)e chegou agora a 33%. Duas semanas após a divulgação na TV de suas propostas de governo e da presença do governador Eduardo Campos (PSB) - seu padrinho político, come popularidade que chega a 71%, segundo o Ibope - nos programas do partido, e passou a liderar.

Humberto Costa estava à frente na primeira avaliação do Ibope, com 40%. Caiu para 35%, depois para 32% e está agora com 25%. Na TV, sequer cita o prefeito do Recife, João da Costa, de seu partido. A expectativa do PT, agora, é a presença de Lula em Recife, prevista para o próximo dia 13.

Coordenador financeiro da campanha do petista, o ex-deputado Dílson Peixoto disse, em entrevista à CBN, que o mensalão atrapalha:

- Estamos pagando um preço alto com o julgamento do mensalão. Quando acontece um problema com qualquer partido é Fulano de Tal. Quando ocorre conosco é o PT.

Campos apareceu ontem no programa eleitoral de seu candidato: "Escolhi um goleador, um artilheiro, alguém que sabe comandar tarefas, formar equipe, liderar e que só larga o trabalho quando termina". Humberto Costa afirmou que tem 30 dias para reverter as pesquisas, enquanto Geraldo Júlio atribuiu a ascensão às suas propostas.

A pesquisa revelou a queda de Mendonça Filho (DEM), que, em julho, tinha 20% e estava em segundo. Já o ex-verde e hoje tucano Daniel Coelho subiu de 9% para 15%. Votos em branco e nulos somaram 8%. A pesquisa, feita entre 31 de agosto e 1º de setembro, ouviu 805 pessoas e foi registrada no TRE sob o número 00094/2012.A margem de erro é de 3 pontos.

FONTE: O GLOBO

Em Recife, PT municipal pede socorro a Lula para reverter situação

João Domingos

O PT do Recife decidiu pedir socorro ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva depois da divulgação da pesquisa do Ibope que registrou o vertiginoso crescimento do candidato do PSB, Geraldo Júlio, e a queda do senador petista Humberto Costa. A presença de Lula no Recife passou a ser exigida com urgência.

A assessoria do ex-presidente informou que ele não deverá fazer nenhuma viagem nesta semana. Mas, no Recife, há uma intensa movimentação nos bastidores da campanha de Humberto Costa para que Lula desembarque na cidade até a próxima semana para se encontrar com o senador. Para o deputado José Nobre Guimarães (CE), um dos coordenadores do grupo que cuida das eleições municipais no PT nacional, a situação no Recife preocupa, apesar da confiança numa virada pró-Humberto Costa, pois resta ainda mais de um mês para a eleição. "Recife é um dos nossos alvos estratégicos e vencer a eleição lá é muito importante."

Humberto Costa tornou-se candidato graças a uma intervenção feita pelo PT nacional no diretório local do partido. O atual prefeito, João da Costa (PT), foi acusado de fraudar a convenção que o escolheu candidato à reeleição.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

'O PT vai mal nestas eleições', afirma Guerra

Denise Madueño, Eugênia Lopes

BRASÍLIA - O presidente nacional do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), atribuiu às dificuldades eleitorais do PT a reação da presidente Dilma Rousseff ao artigo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso no domingo, no Estado. O PT comemorou a nota de Dilma, pois a associação de programas adotados por ela com a política econômica do ex-presidente FHC sempre incomodou os petistas. "A situação é clara. O PT vai muito mal nestas eleições. O ex-presidente Lula está correndo atrás do prejuízo e a presidente deixa claro que não tem nada a ver com esse prejuízo", diz Guerra, em nota. Para ele, Dilma adotou comportamento bem distinto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"Apesar de ter demitido quase metade dos ministros, de ter chacoalhado a Petrobrás, ela (Dilma) faz de conta que não houve nada, que os ministros que vieram do governo passado eram bons e as práticas de antes eram limpas, e que foi a força da gravidade que a fez mudar a diretoria da Petrobrás, não a constatação de que a empresa ia e continua muito mal. Nós entendemos a presidente. O importante é que a senhora trabalhe direito e não fique só nas palavras."

As manifestações de consideração e apreço de Dilma com FHC sempre causaram irritação aos petistas. "A presidente mostrou que tem um lado e é de Lula. A nota é para deixar claro que o projeto dela de desenvolvimento do Brasil é o mesmo do presidente Lula e não o de Fernando Henrique", disse o líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP). "O ex-presidente FHC tentou desconstruir Lula e obrigou a presidente a se posicionar, a um mês da eleição."

Ex-presidente do PT, José Dirceu usou pontos citados por FHC para rebater as críticas do artigo. "O ex-presidente tucano fala grosso e se assanha no que pretende ser um "julgamento" dos dois mandatos de Lula. Mas as pesquisas e as urnas continuam não lhe dando razão. Faz críticas totalmente sem sentido e autoridade."

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Em BH, Aécio contesta peso de Lula

Senador considera que se candidatura petista crescer um pouco será pelo capital político do partido em BH e não devido ao apoio do ex-presidente

Bertha Maakaroun

Marcio Lacerda fez corpo a corpo na Região do Barreiro na companhia do governador Antonio Anastasia e do senador Aécio Neves

O senador Aécio Neves (PSDB) procurou minimizar ontem o peso político do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o eleitorado de BH. Depois de considerar "natural" que a candidatura do PT "cresça um pouco mais", Aécio atribuiu essa possibilidade não à presença do cacique petista na campanha de Patrus Ananias, mas a "um patamar de votos" que a legenda teria na cidade. "Lula é especial, meu amigo inclusive. Mas acredito que, na hora de decidir o voto, o mineiro tem tradição secular de construir o seu destino, de buscar as suas opções. Isso as pesquisas estão refletindo", argumentou.

Mesmo sem citar nominalmente ministros que estiveram na capital, como o da Saúde, Alexandre Padilha, e a da Secretaria Especial de Política para as Mulheres, Eleonora Menicucci, Aécio afirmou: "Por mais que ministros de estado e outras lideranças venham a BH, e serão sempre por nós muito bem recebidos, a decisão caberá ao eleitor mineiro. Como ocorreu em relação ao governador Anastasia, onde essas mesmas lideranças nacionais aqui vieram pedir voto ao nosso adversário e o Anastasia venceu a eleição no primeiro turno", observou Aécio Neves.

O governador Antonio Anastasia (PSDB) rebateu também a crítica de Lula durante comício na Praça da Estação, de que o estado estaria quebrado. "Vou me limitar a informar que há menos de um mês a agência internacional Standard & Poors, a mais respeitada do mundo, analisou as finanças de Minas e subiu a nossa avaliação", disse, repetindo o que Aécio havia dito anteontem.

As declarações do presidente nacional do PT, Rui Falcão, de que o partido percebe sinais de um eventual rompimento com o PSB para as eleições presidenciais de 2014, foram negadas pelo prefeito Marcio Lacerda (PSB). "Não acho que seja verdade. Ele está procurando acirrar a militância do PT aqui, em Recife, em Fortaleza e em outros lugares contra o PSB. Mas isso é de certa forma terrorismo político, que acho que não cola, pois, até onde sei, o PSB tem compromisso com a presidente Dilma, o que ficou claro no encontro que os governadores do Nordeste tiveram com ela recentemente", ponderou.

Samba - Aécio e Anastasia participaram ontem, ao lado de Marcio Lacerda, de ato de campanha no Barreiro, onde visitaram as obras do Hospital Metropolitano. O prefeito justificou o atraso nas obras pela falência de uma das empresas vencedoras da concorrência e respondeu às críticas dos adversários pela demora na conclusão. "O importante é que vai ser entregue. Houve um pequeno atraso motivado por uma empresa que faliu, mas a obra está a todo vapor, com 150 operários. Já a partir de dezembro a segunda empresa que fará a finalização entra em paralelo com a que está trabalhando agora", informou.

Depois da visita ao hospital, Lacerda, Anastasia e Aécio fizeram corpo a corpo na Avenida Sinfrônio Brochado, onde cerca de 200 militantes o aguardavam. Lacerda chegou a sambar, ao lado vice, Délio Malheiros (PV), com eleitores.

Jingle - Lacerda comentou a decisão liminar da Justiça Eleitoral que suspendeu o jingle de sua campanha por repetir melodia já usada pela Prefeitura de Belo Horizonte. "É uma liminar que o juiz concedeu, contrariando decisões de outros dois juízes, também em nível de liminar. Vamos apelar, já mudamos o jingle, mas deixa o "Marcio trabalhar" continuará", afirmouw.

Debate - Foi tenso o debate entre os candidatos a prefeito de BH, ontem à noite, no Centro Universitário UNA. O prefeito Marcio Lacerda (PSB), que disputa a reeleição, foi o principal alvo dos adversários e reclamou dos ataques. O maior crítico não foi o candidato do PT, Patrus Ananias, que polariza a disputa com o socialista, mas Tadeu Martins (PPL). As torcidas dos candidatos ficaram exaltadas e foram contidas pelos coordenadores do debate, que ameaçaram retirar do auditório quem continuasse interrompendo e atacando a fala do adversário.

FONTE: ESTADO DE MINAS

DEM perde força na corrida em Fortaleza

Governistas sobem em pesquisa e ameaçam Moroni Torgan

Maria Lima

BRASÍLIa Sem padrinho para sustentar sua liderança nas pesquisas de intenção de votos, o ex-deputado Moroni Torgan, esperança de vitória para o DEM no Nordeste, está sendo ameaçado pelo rápido crescimento dos dois candidatos governistas Roberto Cláudio (PSB) e Elmano de Freitas (PT), na disputa pela prefeitura de Fortaleza. O petista cresceu após explorar apoio de Lula. Líderes da base que já davam a eleição como perdida, por causa do racha entre PT e PSB, agora apostam na polarização dos nomes do governador Cid Gomes (PSB) e da prefeita Luiziane Lins (PT).

Na pesquisa Datafolha/TV Globo do final da semana, Moroni, que chegou a ter 35% das intenções de votos, ainda está com uma boa vantagem mas vem perdendo pontos e caiu para 25%. Roberto Cláudio ganhou 11 pontos, saltando dos 5% para 16%; e Elmano de Freitas ganhou 12 pontos, pulando de 3% para 15%, passando de quinto colocado para a terceiro na disputa.

No caso do candidato petista, seu crescimento após duas semanas de campanha na TV é atribuído à vinculação maciça ao ex-presidente Lula, e não à prefeita, que tem rejeição superando a casa dos 70%.

- Elmano mostra Lula 24 horas por dia conversando com ele e dizendo como tem que governar. Lula neutraliza a rejeição de Luiziane. Elmano e Roberto Cláudio devem ir para o segundo turno - avalia o senador Eunício Oliveira (PMDB-CE), que apoia a candidatura do PSB.

A pesquisa Ibope de 30 de agosto repete o DataFolha. Comparando com a pesquisa dos dias 9 e 11, Torgan perdeu sete pontos percentuais, caindo de 31% para 24%. Roberto Cláudio dobrou sua intenção de voto, que foi de 8% para 16%. E Elmano ganhou oito pontos, foi de 6% para 14%.

Empate em Porto Alegre

Em Porto Alegre, pesquisa do Ibope divulgada no último sábado dá empate técnico entre a comunista Manuela D"Ávila (PCdoB) e o atual prefeito José Fortunati (PDT), com 37% e 35% das intenções de voto, respectivamente. Em terceiro, aparece o petista Adão Villaverde, com 5%. Roberto Robaina (PSOL) está com 1%. Os demais candidatos, Wambert di Lorenzo (PSDB), Érico Corrêa (PSTU) e Jocelin Azambuja (PSL), não pontuaram. Votos em branco ou nulos são 5% e não sabem ou não responderam, 15%. Num segundo turno, o Ibope mostra vantagem, dentro da margem de erro, da deputada: 42% contra 39% das intenções de voto. Brancos e nulos são 6% e não sabem ou não responderam, 12%.

FONTE: O GLOBO