domingo, 15 de junho de 2014

Ferreira Gullar: Evocações de um perna de pau

• Antes de querer ser pintor e querer ser poeta, eu, conhecido como Periquito, quis ser jogador de futebol

- Folha de S. Paulo / Ilustrada

Como o futebol é no momento o assunto de quase todos --senão todos-- os brasileiros, aproveito a oportunidade para fazer uma revelação: antes de querer ser pintor e querer ser poeta, quis ser jogador de futebol...

Sim, eu --também conhecido como Periquito--, o Esmagado, o Espírito, o Carroca e os demais jogadores de pelada da rua do Coqueiro.

É que, diferentemente desses outros, pensava eu que trazia o futebol no sangue, já que meu pai, Newton Ferreira, antes de se tornar quitandeiro havia sido centroavante da seleção maranhense.

Já contei num poema que o trouxe ao Rio para tratar de um câncer e que ele, ao descer do avião, falou: "A única vez em que estive no Rio foi com a seleção maranhense de futebol, em 1929. Fomos até recebidos pelo presidente da República, Washington Luís. No dia seguinte, enfrentamos a seleção carioca e perdemos de nove a zero. Saímos de campo debaixo de vaia".

Pois. Mas, quando garoto, ele me levava para assistir aos jogos de futebol. E assim foi que, muito cedo, comecei a jogar bola em frente ao Mercado Novo, onde já ele tinha uma quitanda.

Dessas partidas participava a molecada do bairro, e nela se destacavam Canhoteiro e Esmagado. Canhoteiro, filho de um casal que vendia mingau de milho e de tapioca ali mesmo no mercado.

Esse Canhoteiro é o mesmo que veio a se tornar ponta-esquerda do São Paulo Futebol Clube e foi convocado para a seleção brasileira. Não por acaso, era o ídolo do menino Chico Buarque, que até hoje sonha inutilmente em jogar futebol como ele.

Quando estava no auge da fama, Armando Nogueira, que era meu colega no "Jornal do Brasil", falou com Canhoteiro a meu respeito.

Ele nunca ouvira falar em Ferreira Gullar, mas, quando Armando lhe explicou que se tratava do filho do quitandeiro Newton Ferreira que jogava pelada com ele no Mercado Novo, caiu em si: "Ah, é o Periquito! Mas o Periquito virou poeta?!".

Armando marcou com ele um encontro dos três para fazer uma entrevista, mas o encontro não houve.

Voltemos ao começo, isto é, ao tempo em que eu sonhava tornar-me um craque do futebol como havia sido meu pai.

Se jamais me passou pela mente que Canhoteiro ia se tornar um craque de prestígio nacional, já naquelas peladas ele impressionava a todos com a habilidade como driblava e chutava a bola de borracha pequena.

Para espanto geral, saía driblando os garotos todos, mantendo a bola sob seu pé esquerdo (já que era canhoto, claro), batendo-a contra o chão até chegar ao gol.

Já Esmagado não era apenas meu companheiro de peladas. Com Maninho --mais conhecido como Espírito da Garagem da Bosta-- formávamos um trio de ladrõezinhos que surrupiavam copos nos botequins e os vendiam para um quitandeiro da Camboa.

Mas enquanto Maninho era um perna de pau no futebol e eu, quase isso, Esmagado tinha o tino do craque e por isso mesmo fez carreira no futebol. Não chegou à seleção brasileira, como Canhoteiro, mas chegou à seleção maranhense.

Eu não me atrevia a sequer tentar imitá-lo naquilo. Nem eu nem os demais garotos, já que aquela habilidade estava fora de nosso alcance.

É que as coisas são assim mesmo: poeta, jogador de futebol, ladrão e outros profissionais já nascem com seus respectivos talentos.

Ser poeta jamais me passara pela cabeça, mesmo porque, até então, mal ouvira falar em poesia. Já o futebol, pelo contrário, estava na família, tanto que Dodô, meu irmão mais velho, jogava num time juvenil com camisa do clube e chuteira.

Foi assim que consegui realizar meu sonho: entrei para o time juvenil do Sampaio Corrêa Futebol Clube e passei a jogar também com camisa de jogador de futebol.

Mas o sonho durou pouco porque numa partida contra o juvenil do Luso Brasileiro, ao receber um passe para chutar no gol, um garoto do time adversário me deu uma rasteira tão violenta que me ergueu do chão e me fez cair de bunda.

Foi um baque tão forte que não consegui me levantar. Carregaram-me para fora do campo e ali fiquei, gemendo de dor. Durante uma semana, mal podia andar. Nunca mais quis vestir a camisa do Sampaio Corrêa nem de qualquer outro clube.

Tornei-me apenas torcedor e, mais tarde, poeta, que não corre esse tipo de risco.

Brasília-DF - Denise Rothenburg

- Correio Braziliense

Vacina geral
A convenção de ontem mostrou que o PSDB está prevenido contra aqueles que tentam colocar a juventude de Aécio Neves como um fator negativo para o exercício da Presidência da República. Todos os cardeais tucanos falaram que o ex-governador de Minas Gerais acumulou 30 anos de vida pública, é hábil em unir forças opostas na política e tem capacidade de montar equipe. Até José Serra ressaltou essas qualidades no senador.

BNB fatiado
Depois de entregar a presidência do Banco do Nordeste do Brasil a um afilhado do PT, o governo resolveu fazer um agrado ao PTB e ao PDT. Os dois partidos já anunciaram apoio à reeleição de Dilma.

Papo presidencial
O presidente do Tribunal de Contas da União, Augusto Nardes, conta que aproveitou o voo entre Brasília e São Paulo para conversar com a presidente Dilma Rousseff sobre o projeto de governança para o Brasil, que desenvolve em parceria com governos federais e estaduais. A ordem é criar mecanismos para retirar os gargalos para as obras públicas, que hoje atingem 43% dos projetos. Dilma gostou do que ouviu.

Conversa de domingo
O deputado Danilo Forte (PMDB-CE) fala das dificuldades de Dilma Rousseff dentro do partido. Ele diz categoricamente que "Dilma perderá a eleição". Confira no blog da Denise, no site www.correiobraziliense.com.br.

Curtidas
Mão Santa, o retorno/ O ex-senador Mão Santa, do Piauí, esteve ontem na convenção do PSC que lançou a candidatura de Pastor Everaldo a Presidente da República. À coluna, Mão Santa contou que seu projeto é concorrer ao governo do Estado.

Por onde andou/ O ex-senador voltou ao exercício da medicina. Dá consultas inclusive a pessoas que procuram a Santa Casa de Misericórdia. "Minha filha, adivinhe quanto que o SUS paga por uma consulta?", pergunta. "R$ 4,50. Isso mesmo! Quatro reais e cinquenta centavos. Depois, ninguém sabe por que o povo vai para a rua e quebra tudo!", diz ele.

Nem no ar.../ Após sair da cadeia, o ex-governador Paulo Octávio foi a São Paulo com a mulher, Anna Christina Kubitschek, e filhos. Ao embarcar, encontrou o senador Gim Argello. Os dois mal se cumprimentaram.

Te cuida, João Santana!/ Pela primeira vez, em uma convenção partidária, um discurso de lançamento de candidatura foi cortado no meio para dar lugar a um vídeo. O próprio Aécio, no meio da fala, apresentou as imagens com a carta do poeta Ferreira Gullar de Adeus a Tancredo Neves. Até políticos tarimbados ficaram com os olhos marejados. Mais uma prova de que, desta vez, a emoção— marca das convenções e de programas petistas — não será monopólio de ninguém.

O foco de Lula
Os últimos dias foram um ensaio geral daquilo que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretende fazer para ajudar a campanha de Dilma Rousseff à reeleição. Ele estabeleceu como meta centrar presença no Nordeste, onde a presidente tirou sua maior diferença em relação a José Serra em 2010. Tentará ali preservar e/ou recuperar esse eleitorado e, de quebra, ajudar o PT.

Nesse caminho, o ex-presidente atropelará o PMDB em estados como a Bahia e o Piauí, onde ele esteve na última quinta-feira. Por enquanto, Lula não se engajará na campanha no Ceará, mas, faz parte dos planos do petista eleger José Guimarães senador.

Painel - Bernardo Mello Franco (interino)

- Folha de S. Paulo

Cabo de guerra
A campanha petista está dividida sobre o tom que Dilma Rousseff deve adotar diante da queda nas pesquisas. A ala liderada pelo ex-ministro Franklin Martins quer que ela antecipe o embate político e assuma um tom ofensivo contra os adversários e a imprensa. Ele argumenta que o Planalto está na defensiva e tem se deixado pautar pela oposição. O marqueteiro João Santana defende que Dilma não deve cair no "bate-boca" e pede paciência até o início da propaganda na TV.

Clima quente Os dois grupos trocaram palavras ríspidas na última reunião no Palácio da Alvorada, dia 2. Segundo participantes, Dilma indicou concordar com a linha sugerida por Santana. Ao menos por enquanto.

Nós e eles O presidente do PT, Rui Falcão, atenua as divergências e diz que as comparações com o projeto do PSDB serão inevitáveis. "Vamos mostrar o que nós fizemos e o que nós faremos."

Venezuela Os petistas prometem não recuar no debate sobre o decreto que cria a política de participação social. A oposição diz que a medida é "chavista". O governo rejeita o adjetivo. "Será um teste. Vamos ver quem está de que lado", desafia Falcão.

Barrado no baile O senador Armando Monteiro (PTB), candidato ao governo de Pernambuco, foi barrado por seguranças da Presidência em seu próprio prédio, onde ofereceu jantar a Dilma e Lula na sexta-feira (13).

Libera o doutor O segurança pediu que o porteiro interfonasse para saber se o parlamentar podia subir. "A casa dele é aqui...", respondeu o funcionário.

Esquimó O ex-presidenciável Randolfe Rodrigues afirma que o PSOL errou ao encampar o discurso contra a Copa. Para ele, não se pode confundir a crítica aos gastos com o futebol. "Isso daria certo no Alasca, não no Brasil."

Cachimbo da paz O vice-presidente americano, Joe Biden, enviou sinais de que pretende tratar sua visita ao Brasil como um gesto de normalização das relações com o país, após as denúncias de espionagem dos EUA.

Eu acendo O Planalto deve ser receptivo ao "namoro", diz um auxiliar de Dilma. No início, a aproximação terá uma agenda mais leve. Serão evitados temas polêmicos, como disputas comerciais e tensões diplomáticas.

Queixa ao bispo As seis centrais sindicais do país fizeram reclamação contra o Brasil na OIT (Organização Internacional do Trabalho). As entidades protestam contra decisões da Justiça do Trabalho sobre o direito de greve.

Batalha do Metrô As centrais reclamam da concessão de liminares que obrigam os trabalhadores a manter serviços considerados essenciais ou impedem a realização de piquetes.

82º senador Parlamentares se dizem impressionados com a presença assídua de Paulo Schmidt, presidente da Anamatra (Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho), em gabinetes do Senado. Seu lobby por benefícios para juízes gera desconforto na Casa.

Eu explico Schmidt alega que as associações de juízes "sempre fizeram interlocução com o Congresso". Ele sustenta que a Anamatra defende, "além da pauta corporativa, assuntos sobre a estrutura do Judiciário".

Tipo exportação Luís Roberto Barroso, o ministro do STF, foi convidado a falar amanhã em evento das Nações Unidas, em Nova York. Vai abordar a inclusão da justiça como um dos objetivos de desenvolvimento do milênio.

Tiroteio
"Em vez de defender a civilidade e condenar as ofensas a Dilma, Aécio prefere pegar carona na deselegância e no preconceito."
DO PRESIDENTE DO PT-SP, EMIDIO DE SOUZA, sobre a afirmação do tucano de que as vaias na abertura da Copa do Mundo mostram uma presidente sitiada'.

Contraponto
Tamanho não é documento

Ao cumprimentar as autoridades no palanque de um evento do PT na última sexta-feira (13), no Recife, o ex-presidente Lula fez uma pausa após citar o nome do ministro da Educação, Henrique Paim.

--Paim, levanta para todo mundo ver! --pediu o petista, ao microfone.

O ministro, que não está entre os integrantes mais altos da Esplanada, se levantou prontamente.

--Quando você fala "ministro", as pessoas acham que é um homem grande... Se você ficar sentado, ninguém vai te ver! --brincou Lula.

Diário do Poder – Cláudio Humberto

-Jornal do Commercio (PE)

• Lava Jato: MPF ‘seguiu o dinheiro’ de campanhas
A operação Lava Jato é produto da estratégia do Ministério Público Federal de adotar o lema “siga o dinheiro”, para investigar a origem do financiamento eleitoral. A Lava Jato pôs na cadeia doleiros que atuam para grandes partidos, lavando dinheiro sujo da corrupção, e até o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, que a PF acredita ser um “banco central” de políticos que há anos comandam o Congresso.

• Resolvedor-geral
Investigadores acham que Paulo Roberto Costa seria “resolvedor-geral” de problemas para figurões da política, inclusive financiar campanhas.

• Mapeamento
Procuradores fazem um cruzamento de dados para mapear negócios obtidos no setor público por financiadores de campanhas eleitorais.

• Começa assim
No Brasil, é comum os políticos compensarem os financiadores de suas campanhas garantindo-lhes negócios com o Estado brasileiro.

• Prioridades
De um leitor indignado: “tantos helicópteros para a segurança da Copa, e quase nenhum para acudir as vítimas das enchentes no PR e SC”.

• Bolsa Família: R$ 8,4 bilhões na ‘veia’ do eleitor
Em pleno ano de eleição, o governo Dilma distribuiu R$ 8,45 bilhões diretamente a famílias “em condição de pobreza e extrema pobreza”, nos primeiros quatro meses do ano, através do Bolsa Família. Em 2010, último ano de governo, o ex-presidente Lula destinou R$ 14,4 bilhões ao Bolsa Família. Se continuar no mesmo ritmo, Dilma deve gastar, no seu último ano de governo, quase o dobro do antecessor.

• Ano eleitoral
Em 2013, o governo Dilma gastou R$ 24,8 bilhões com o programa Bolsa Família. Este ano a cifra pode ultrapassar os R$ 27 bilhões.

• Dez bi a mais
No primeiro ano de governo Dilma os gastos com o Bolsa Família foram de R$ 17,3 bilhões. Em 2013 gastou R$ 7,5 bilhões a mais.

• Monitoramento
A turma do “comitê popular da Copa” denunciou à Anistia Internacional e à OAB que tem sido monitorada e procurada em casa e no trabalho.

• Bateu, levou
O deputado Marco Maia (PT-RS), relator da CPMI da Petrobras, encontrou o colega Fernando Francischini (SDD), que levou uma pizza para a reunião da comissão, e alfinetou: “Lugar de palhaço é no circo”. O deputado oposicionista reagiu na bucha: “E o de ladrão, é na cadeia”.

• Missão impossível
Membros da CPMI da Petrobras defendem obstrução da votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias para impedir o recesso no Congresso e manter na ativa a comissão de inquérito. Difícil é os partidos aceitarem.

• Sem dinheiro no balcão
Deputados do PR dizem que o ministro César Borges (Transportes) quer a cabeça do diretor-geral do DNIT, mas eles já não têm o mesmo interesse de antes, porque, em ano eleitoral, o órgão fica “engessado”.

• Nem pensar
Pré-candidato ao governo do Amazonas, o líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB) já avisou ao governo que não vê hipótese de oferecer a vaga de vice para o desafeto Alfredo Nascimento (PR-AM).

• Jogou a toalha
O senador João Vicente Claudino (PTB) não aceitou as ponderações feitas pelo ex-presidente Lula em visita ao Piauí, na sexta-feira (13) e manteve a decisão de renunciar à reeleição. A preocupação do PT é que isso fragiliza a candidatura do senador Wellignton Dias ao governo.

• Fio da navalha
O senador Benedito Lira (PP-AL) acha “natural” apoiar Dilma (PT) em Brasília e Eduardo Campos (PSB) em Alagoas. Ele prefere um presidente “comprometido com o Nordeste”.

• Solução
O tucano Aécio Neves pressiona os correligionários Simão Jatene e Cássio Cunha Lima para lançar duas candidaturas ao Senado, no Pará e Paraíba. Aécio prefere a reeleição de Cícero Lucena e Mário Couto.

• Fera ferida
Assessores do Planalto se depararam com o nervosismo da presidenta Dilma após as sonoras vaias e xingamentos na abertura da Copa. “Ela soltou os cachorros com os assessores e ministros”, conta um deles.

• Ingratos
Comentários on-line do jornal Granma torceram pela Croácia, no jogo contra o Brasil. E dizem preferir Alemanha e Uruguai, na Copa.

Panorama político – Ilimar Franco

- O Globo

Suprapartidários
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e o presidenciável Eduardo Campos (PSB) acertaram a formação de 40 comitês no estado. Será instalado um em cada uma das 29 regiões administrativas, e os demais na capital. Os comitês “Edualdo” (Eduardo + Geraldo), conta um dos estrategistas do PSB, servirão como QGs, recebendo dissidentes de PSD, PTB e PDT com Dilma.

Caras novas
Dos 27 senadores que terminam seus mandatos este ano, pelo menos 12 não vão disputar a reeleição. Um grupo, do qual fazem parte Pedro Simon (PMDB-RS) e Ruben Figueiró (PSDB-MS), por exemplo, deixa a vida pública por conta da idade. José Sarney (PMDB-AC) ainda não decidiu. Outros perderam espaço nos seus partidos e terão de disputar cargos com menos prestígio. É o caso de Ana Rita (PT-ES), que cederá seu espaço a João Coser, ex-prefeito de Vitória, e terá de disputar a deputada estadual; e de Cyro Miranda (PSDB-GO), que deve perder a vaga para o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO).

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“O decreto dos conselhos populares cria um Poder Legislativo paralelo, cujos membros não são eleitos, mas nomeados pela presidente”
Francisco Dornelles
Senador (PP-RJ)
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Eu garanto
O PSD jura que não abandonará a candidatura da presidente Dilma à reeleição, independentemente das negociações com o PSDB, em São Paulo. Para estancar boatos, publicou no site dia da convenção (25) com uma foto de Dilma.

Camarote VIP
O presidenciável Eduardo Campos (PSB) foi convidado a assistir ao próximo jogo do Brasil, terça-feira, na casa de Romário, no Rio. O baixinho, pré-candidato ao Senado pelo partido, chamou um grupo de amigos e políticos para torcer pela seleção na partida Brasil x México. Campos ainda não respondeu ao convite.

Contra-ataque
Incomodados com o veto de tucanos à indicação de Gilberto Kassab como vice de Geraldo Alckmin ao governo de São Paulo, dirigentes do PSD ameaçam romper composições feitas com o PSDB nos estados

Desandou
O ambiente entre PSB e Rede já foi melhor. A proximidade das convenções, os desacertos entre o partido de Eduardo Campos e o grupo de Marina Silva e a estabilização nas pesquisas deixaram a chapa de mau humor. Pessebistas reclamam que os vetos de Marina estão segurando o crescimento de Eduardo.

Segurando as pontas
O PT delegou aos senadores que não são pré-candidatos a tarefa de acompanhar as matérias em tramitação e discussão no Senado. O restante já está cuidando de suas campanhas nos estados e só voltará depois da eleição.

Enquadrado
Depois de estrilar contra o apoio ao PMDB, sobrou ao PT do Maranhão a indicação do suplente de senador na chapa Lobão Filho ao governo e Gastão Vieira ao Senado. Será Raimundo Monteiro

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A CÚPULA DO PSB não engoliu ação do deputado Glauber Braga de detonar sem combinação a candidatura de Miro Teixeira (PROS) ao governo

Arlindo Cruz: Tatu bom de bola

Ferreira Gullar:O Gol

A esfera desce
do espaço
veloz
ele a apara
no peito
e a pára
no ar
depois
com o joelho
a dispõe a meia altura
onde
iluminada
a esfera
espera
o chute que
num relâmpago
a dispara
na direção
do nosso
coração.

sábado, 14 de junho de 2014

Opinião do dia: Dora Kramer

Impossibilitada de colher os louros de uma organização à altura das promessas feitas sete anos atrás pelo antecessor, Lula da Silva, Dilma opta por criminalizar o senso crítico da população em relação aos deveres do poder público e a consciência de que a realização da Copa do Mundo no Brasil não é uma dádiva merecedora de gratidão eterna.

Se alguém está misturando as estações - de propósito e convenientemente com sinal trocado - é a própria presidente, que vai à televisão dizer que há uma campanha contra a Copa que, na verdade, é uma campanha contra o governo. Só faltou dizer explicitamente, porque implicitamente deu a entender, que quem não vota nela não gosta do Brasil. Por esse raciocínio, sua queda nas pesquisas é grave crime de lesa-pátria.

Tudo fantasia, fruto de manipulação marqueteira. Na batata, como se dizia antigamente, agora todo mundo vai torcer. E, em outubro, votar como bem entender.

Dora Kramer, jornalista, no artigo “Mistura de estações”, O Estado de S. Paulo, 13 de junho de 2014.

Vaias a Dilma são reflexo da insatisfação com Copa, diz imprensa internacional

• Presidente evitou discursar na abertura do evento, mas isso não evitou a reação hostil dos torcedores

Carolina Lima – O Globo

SÃO PAULO — As vaias a presidente Dilma Rousseff e à Fifa durante o jogo de abertura da Copa do Mundo nesta quinta-feira entre Brasil e Croácia repercutiram nos jornais internacionais. A governante e o presidente da Fifa, Joseph Blatter, evitaram discursar durante a estreia, depois que foram hostilizados na Copa das Confederações no ano passado. No entanto, a torcida não deixou de mostrar o descontentamento durante a partida em que o anfitrião derrotou o adversário por 3 a 1.

O “New York Times” destacou que a reação da torcida é um reflexo da ansiedade e insatisfação com a desaceleração econômica no país, os gastos com os estádios e denúncias de corrupção envolvendo a própria federação de futebol. O jornal também citou os protestos que ocorreram antes do jogo em várias cidades brasileiras, como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre, e a repressão policial.

As manifestações de ruas pelo país também foram destaque no “Washington Post”. Para o jornal americano, os protestos foram motivados pela irritação dos brasileiros com os custos da Copa — entre US$ 11 e US$ 14 bilhões — enquanto o país ainda têm muitas deficiências em áreas como habitação, educação e saúde. “A raiva era evidente no estádio, dirigida tanto à Fifa como ao governo brasileiro. Cerca de uma hora antes do apito inicial, os fãs no estádio gritavam o nome da presidente com um palavrão”, ressaltou a reportagem.

O espanhol “El País” afirmou que a presidente não discursou na abertura para não correr o risco de ser vaiada, como ocorreu na Copa dos Confederações no ano passado. No entanto, o jornal ressalta que mesmo com a manobra, ela não conseguiu evitar o grito contrário dos torcedores minutos antes do jogo começar.

O misto de vaias e cantos no primeiro dia do torneio é apontado pela “Bloomberg”, como o reflexo do “sentimento contraditório de muitos brasileiros sobre o Brasil sediar o evento que teve os preparativos marcados por atrasos e estouros de orçamento”. A agência inglesa relaciona as críticas da torcida com a queda de Dilma nas pesquisas de intenção de voto. A “Reuters” comentou que a presidente tem defendido a Copa já pensando na tentativa de reeleição no pleito presidencial deste ano.

O “La Nación” ressaltou que as reações hostis foram maneira que os torcedores encontraram para expressar a raiva com o governo brasileiro. O jornal argentino destacou que as as vaias não foram esquecidas pelos espectadores durante a partida e voltaram em alguns momentos do jogo, apesar da alegria presente no estádio. “A Copa do Mundo no Brasil começou e o futebol é percebido em cada esquina. Mas não se engane: ele também respira política”.

Depois de mandar o povo ir de ‘jumento’ aos estádios, Lula chama de ‘moleques’ os que xingaram Dilma

• Ex-presidente volta ao Piauí depois de três anos para lançar candidatura de petista ao governo do estado

Efrém Ribeiro – O Globo

TERESINA — O ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva chamou de “moleques” os responsáveis pelos xingamentos à presidente Dilma Rousseff, ocorrido nesta quinta-feira durante a abertura dos jogos da Copa, em São Paulo. A afirmação foi feita por Lula durante discurso proferido na palestra no auditório do Teresina Hall, no lançamento da pré-candidatura do ex-prefeito teresinense Elmano Férrer (PTB) ao senado, e o lançamento da pré-candidatura do senador Wellington Dias (PT) ao governo do Piauí e da deputada estadual Margarete Coelho (PP) como sua vice.

— Os responsáveis por aqueles xingamentos contra uma mulher e uma presidente são moleques. Fiquei pensando em casa que não é dinheiro, nem escola, nem qualquer tipo de título que garante educação. A educação se aprende dentro de casa com o pai e com a mãe. Mesmo quando eu fazia oposição, nunca tive coragem de faltar com respeito a um presidente da República — disse o ex-presidente.

Lula declarou que assistiu ao jogo em casa, em São Paulo, reforçando que normalmente quem vai ao estádio durante a abertura do Mundial é o chefe de Estado, o que ele não é mais.

De volta ao Piauí depois de três anos, o ex-presidente lembrou que este era o período mais longo sem vir ao estado, e frisou que o país não pode mais retroceder e que a elite não aceita pobre:

— A elite não aceita um pobre chegar à Presidência. Mesmo assim, garanto que virei ao estado fazer campanha para o Wellington Dias. O que está em jogo aqui não é só eleição, mas o tipo de projeto que se quer para o país — defendeu.

'Imprensa fomentou xingamentos a Dilma', diz Lula

Ricardo Della Coletta e Angela Lacerda - Agência Estado

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta-feira, dia 13, durante encontro político do PT, que a imprensa fomentou os xingamentos feitos à presidente Dilma na abertura da Copa do Mundo, nesta quinta-feira (12). "Parte da imprensa incentivou o tempo inteiro essa reação da sociedade", afirmou Lula, sob aplausos de uma plateia de 2,5 mil pessoas, ao lado da presidente Dilma e dos pré-candidatos da chapa majoritária ao governo de Pernambuco - o senador Armando Monteiro Neto (PTB e o deputado federal João Paulo (PT).

Lula usou o evento para fazer "um desagravo" pela ofensa recebida pela presidente, o que considerou "um ato de cretinice". Para Lula, faltaram respeito e educação aos que gritaram palavrões (o coro dizia para Dilma tomar no c..) e lembrou que eles vieram da "parte bonita da sociedade". "Os que diziam que o Brasil ia passar vergonha na Copa deram o maior vexame", disse. "Respeito, educação, a gente aprende na casa da gente", observou. "Duvido que trabalhadores tivessem coragem de falar 1%" do que foi falado". "Nossa vitória será a nossa vingança", disse ele, depois de falar do seu temor de uma campanha eleitoral que corre o risco de ser "violenta". "A elite brasileira está conseguindo fazer o que nunca conseguimos: despertar o ódio de classes".

Ele destacou aos militantes que "se ofender a Dilma, estará ofendendo a cada um de nós". Não é uma briga dele, é uma briga de projeto", afirmou, referindo-se a um projeto de busca de igualdade e ascensão social. "Dilma é apenas a nossa porta-voz, que estará à frente da campanha". Ao falar sobre os avanços dos governos do PT, Lula disse ter dado o pontapé inicial para o Nordeste "deixar de ser tratado como a latrina desse País". A presidente recebeu flores e disse que Lula lhe aconselhou a não levar desaforo pra casa. Dilma também afirmou que a campanha será dura, mas que ela estará nas "boas mãos" da militância petista.

Vaia a presidente era esperada, diz Gilberto Carvalho

• Ministro da Secretaria-Geral da Presidência lembrou de outros políticos hostilizados em estádios, mas se disse surpreendido com um ‘certo rancor’ a Dilma

Germano Oliveira – O Globo

SÃO PAULO - O ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, afirmou na noite desta sexta-feira em entrevista à “Globonews” que o governo não se surpreendeu com a vaia, tida como esperada. Segundo Carvalho, motivo de espanto foi o “rancor” dos cidadãos que assistiam ao jogo. Para o ministro, desde as manifestações de junho do ano passado, há uma “pregação ideológica” raivosa, que busca dividir o país.

- Nelson Rodrigues já dizia que em estádio de futebol se vaiava até minuto de silêncio. Sabemos que vaia em estádio é normal. Lula foi vaiado no Pan, Aécio Neves foi vaiado em Minas no jogo Brasil e Argentina. É muito comum essa história de político ser vaiado. Já estava precificado que ela seria vaiada, nós não estranhamos. O que estranhamos um tanto foi a persistência e um certo rancor que se manifestou em alguns momentos durante o jogo. Há na sociedade brasileira um clima muito complexo nesse sentido, de desrespeito, que vai muito além do debate político, da divergência, que nos preocupa a todos, não apenas quem está no governo e a presidenta, e temos de cuidar desse processo – disse.

Para Carvalho, a vaia não foi dirigida a Dilma, mas sim à presidente do país, e seria feita a qualquer um que estivesse no cargo.

- Há, a partir de junho, uma contestação de qualquer padrão de autoridade, que tem de um lado um aspecto positivo, que é uma insurgência contra injustiças, um reclamo muito mais efetivo por serviços públicos de qualidade. Mas junto com isso há uma carga de uma certa pregação, que eu acho ideológica, de raiva, de demarcação de posições que levam a um processo que me preocupa muito, de uma espécie de divisão do país.

Líderes do PSDB e do DEM consideram que houve exagero nos xingamentos à presidente Dilma Rousseff, durante o jogo de abertura da Copa do Mundo, mas avaliam que a irritação dos torcedores é o sinal da desaprovação do governo petista. Para a oposição, há uma insatisfação com a condução do governo, já evidenciada pela queda nas pesquisas de opinião.

O líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes Ferreira, esteve no estádio na quinta-feira e disse que as vaias surgiram assim que a imagem da presidente Dilma apareceu no telão. Para ele, houve exagero nas palavras utilizadas para hostilizar a presidente, mas ressaltou que o mais surpreendente foi a reação do público por apenas alguns segundos de exibição da imagem da presidente.

- Já se diz que em campos de futebol se vaia até minuto de silêncio. Mas os xingamentos são inaceitáveis. 

Os xingamentos foram constrangedores. Mas bastou a simples imagem da presidente, numa fração de segundo, para que o estádio passasse da euforia para uma vaia estrepitosa. Isso mostra o grau de irritação que os brasileiros estão com o governo do PT. É um sinal de que a desaprovação ao governo já atingiu o nível da irritação - disse Aloysio Nunes Ferreira.

Na mesma linha, o líder do DEM na Câmara, deputado Mendonça Filho (PE), disse que o tom foi inadequado, mas que há ima insatisfação em especial da classe média - que era a maioria no estádio - com os rumos do governo petista. Para ele, a classe média é sempre hostilizada nos discursos de petistas e encontrou uma forma de reagir.

- A vaia é um princípio democrático, mas não vou comemorar o vocabulário usado. Não é aceitável. Mas há um sentimento de revolta muito grande da população. A classe média se sente atingida porque trabalha, é quem mais paga imposto e leva tapa na cara com o superfaturamento dos estádios, os serviços públicos de má qualidade. O problema é que o PT costuma dividir o país entre o bem e o mal e fazem da classe média um Satanás - disse Mendonça Filho.

PT diz que xingamentos foram baixaria
O presidente nacional do PT, deputado Rui Falcão, classificou nesta sexta-feira de "baixaria" os xingamentos e vaias proferidas pelos torcedores brasileiros contra a presidente Dilma Rousseff na abertura da Copa, no Itaquerão. Para ele, as vaias partiram "sintomaticamente" dos setores das numeradas, onde os ingressos são mais caros, não expressando o comportamento da grande maioria do brasileiro, que é bem educado e cordial.

— Os xingamentos começaram nas numeradas quando pediram para que os torcedores aplaudissem os operários que morreram nas obras dos estádios. Sintomaticamente as vaias começaram nas numeradas, cujos ingressos são mais caros e partindo de gente mal educada, que não expressa o comportamento da grande maioria do povo brasileiro, que é educado. A presidenta não estava no estádio como candidata, mas como presidente do país e como tal deveria ter sido respeitada. O que fizeram foi um mau exemplo e não reflete o povo brasileiro, que além de educado é cordial e carinhoso, que sempre recebe bem os visitantes —disse Falcão, que é coordenador da campanha de Dilma à reeleição.

Ele criticou também o "oportunismo" do candidato do PSDB à presidência, Aécio Neves, para quem Dilma está sitiada e que só vai a eventos públicos protegida por seguranças.

— Isso não é verdade. Dilma tem ida a todos os cantos deste país e tem sido bem recepcionada. Mas o próprio Aécio já foi vitima de vaias e xingamentos num estádio em Minas Gerais quando a multidão dizia que ele cheirava mais que Maradona. Eu não gostaria nem de reproduzir isso, mas mostra que ele foi igualmente desrespeitado. Dilma não está sitiada coisa nenhuma e na campanha vamos mostrar o que eles são ocultar, que é uma comparação com o que fizemos e com o que eles fizeram no governo — disse Falcão ao GLOBO.

O presidente do PT diz que os xingamentos e vaias não afastarão Dilma dos estádios ou de qualquer outro evento com multidões.

— Desde o início estava previsto que ela iria apenas à abertura e ao encerramento da Copa e os fatos de ontem (abertura no Itaquerão) não mudarão sua programação. Esses xingamentos não não estão sendo apoiados por ninguém. Nem pelos jornalistas que estão cobrindo a Copa e que tem posições mais críticas estão apoiando. Eu não estava no estádio, mas amigos me ligaram de lá relatando o que aconteceu e fiquei indignado — disse Falcão.

Campos diz ‘a gente colhe o que planta’; para Aécio manifestações não devem ‘ultrapassar limites’

• Presidenciáveis se posicionam sobre hostilização à presidente Dilma durante a abertura da Copa; tucano muda de opinião

Sérgio Roxo e Juliana Castro

SÃO PAULO e SÃO JOÃO DEL REI — Os presidenciáveis Aécio Neves e Eduardo Campos repercutiram nesta sexta-feira as vaias e xingamentos sofridos pela presidente à presidente Dilma Rousseff na abertura dos jogos da Copa do Mundo. O pré-candidato do PSB Eduardo Campos afirmou que a hostilização da torcida à Dilma, durante a partida de abertura da Copa no estádio do Itaquerão, em São Paulo, é consequência de insatisfação da população com o governo federal.

— Quanto às manifestações dentro do estádio, a gente sabe que há na sociedade um mau humor, uma insatisfação, que se revela nesses momentos — afirmou o presidenciável, em entrevista à Rádio CBN Cascável.

Campos fez ressalvas à forma usada pela torcida para protestar:

— Talvez a forma possa não ter sido a melhor de expressar esse mau humor, essa discordância, mas o fato é que vale o ditado: na vida a gente colhe o que a gente planta — completou o pré-candidato do PSB.

No fim da tarde de hoje, o pré-candidato do PSDB Aécio Neves postou em sua página no Facebook afirmando que as manifestações não devem “ultrapassar os limites do respeito pessoal”. No texto ele afirma: 

“Ninguém mais do que eu tem criticado o governo da presidente Dilma. Uma crítica política de quem não concorda com os rumos que o governo vem dando ao país. Mas, por mais compreensível que seja o sentimento dos brasileiros, acredito que a sua manifestação deve se dar no campo político sem ultrapassar os limites do respeito pessoal. No que depender de mim, o debate eleitoral se dará de forma democrática e respeitosa”, finaliza o post. Mais cedo, em São João Del Rei, no interior de Minas, o tucano disse que as vaias e xingamentos são um sinal de que Dilma estaria sitiada e que ‘colhe o que plantou’.

— Ela (Dilma) colhe o que plantou ao longo dos últimos anos. (Ela é) Alguém que governou com um mau humor permanente, com enorme arrogância, sem dialogar com a sociedade, de costas para a sociedade brasileira, achando que ter a caneta na mão tudo pode, sem se preocupar com o que virou o governo do ponto de vista ético, com essas sucessivas denúncias de corrupção, querendo vender um Brasil que não existe, um país virtual, onde, na propaganda oficial a Petrobras é a melhor das empresa, a mais bem gerida do mundo, onde a saúde é de alta qualidade, onde não existe inflação — afirmou Aécio, dizendo que esse Brasil que a presidente mostra “não é real”.

PSDB lança Aécio e mira ‘territórios’ governistas

• Senador será aclamado em convenção; tática é investir no Nordeste e nas classes C e D

Débora Bergamasco e Pedro Venceslau - O Estado de S. Paulo

SÃO JOÃO DEL REY - O presidente do PSDB e senador Aécio Neves (MG) será referendado hoje como candidato à Presidência da República de seu partido convencido de que precisa investir suas fichas em dois territórios majoritariamente petistas para ser eleito: o Nordeste e as classes C e D. O nome de Aécio será aclamado na convenção nacional do PSDB, em São Paulo.

O mote interno daqui para a frente na seara tucana é “subir geograficamente e baixar socialmente”. Os operadores políticos do PSDB investirão a partir de agora na desconstrução do discurso do medo, que já foi usado pelo PT. Prevendo que a campanha será marcada por uma espiral de rumores sobre o fim de programas sociais criados no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em caso de uma vitória do PSDB, Aécio produziu um estoque de “vacinas”.

No Senado, o senador tucano apresentou dois projetos de lei para “fortalecer” o programa Bolsa Família. Um deles pretende ampliar o pagamento por mais seis meses ao beneficiário que conseguir um emprego.

A avaliação do partido é que Aécio entra oficialmente na disputa com o melhor cenário possível: unificou a sigla em torno do seu projeto, ultrapassou o patamar de 20 pontos nas pesquisas de intenções de votos, consolidou-se em segundo lugar na disputa e está à frente dos adversários no Estado de São Paulo.

Prevendo que a campanha será marcada por uma espiral de rumores sobre o fim de programas sociais criados no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em caso de uma vitória do PSDB, Aécio produziu um estoque de “vacinas”.

Discurso. No discurso que vai fazer neste sábado na capital paulista para um público estimado em 5 mil pessoas, Aécio baterá na tecla de que é novo, mas não novato. Um vídeo com forte tom emocional contará sua trajetória e reforçará os laços com o avô, Tancredo Neves. Em sua fala, ele vai reforçar a defesa e o aperfeiçoamento dos programas sociais petistas. A economia e a infraestrutura serão os ganchos para criticar Dilma.

Além dele, falarão o ex-governador José Serra, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o governador Geraldo Alckmin.

No fim da manhã desta sexta, Aécio percorreu ruas de São João del Rey cercado por moradores e integrantes do PSDB mineiro. Ele recebeu a bênção na Capela de Santo Antônio, próxima à residência da família, e visitou o túmulo de Tancredo no cemitério nos fundos da Igreja de São Francisco.

Antes de iniciar a caminhada, o senador apareceu em uma das sacadas do Solar dos Neves ao lado de Maristela Kubitschek, filha do ex-presidente Juscelino Kubitschek, que leu uma carta declarando apoio ao tucano.

Aécio disse que acompanha as “dissidências” regionais de partidos da base aliada ao governo federal para definir o nome do vice em sua chapa.

PSDB lança hoje Aécio à Presidência como a 'mudança confiável'

• Na convenção em SP, tucano criticará o governo Dilma e defenderá uma gestão econômica 'firme e transparente'

• Antigo desafeto, Serra terá espaço destacado para seu discurso e dirá que senador é opção contra 'atraso' petista

Daniela Lima - Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - O senador mineiro Aécio Neves será indicado oficialmente pelo PSDB neste sábado (14) como candidato à Presidência da República, numa convenção partidária em que se apresentará como opção de "mudança confiável" para os eleitores insatisfeitos com a presidente Dilma Rousseff.

A convenção tucana será realizada em São Paulo, maior colégio eleitoral do país, Estado governado pelos tucanos há quase duas décadas e onde a rejeição a Dilma é maior que em outras regiões do país.

Em seu discurso, Aécio planeja defender uma gestão "firme e transparente" da economia, fazendo ao mesmo tempo uma crítica à presidente e um aceno ao mercado financeiro e ao meio empresarial.

Aécio decidiu falar de improviso, mas as linhas gerais de seu pronunciamento indicam que ele se comprometerá com a manutenção e o fortalecimento de programas sociais que viraram marca registrada dos governos petistas, como o Bolsa Família.

A convenção terá pronunciamentos de vários líderes do PSDB, incluindo o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, principal fiador político de Aécio, e o ex-governador paulista José Serra, que por vários anos foi o principal desafeto de Aécio no partido.

O senador mineiro fez questão de reservar espaço de destaque para a fala de Serra na programação da convenção. Segundo a Folha apurou, o ex-governador abordará lateralmente os desentendimentos públicos que teve com Aécio no passado.

Ele dirá que o partido precisa estar unido para por fim ao ciclo petista --que representaria o "atraso"-- e inaugurar uma nova era de "confiança". Serra enfatizará que a sigla pode contar com ele na caminhada, "cujo ponto alto será eleger Aécio Neves".

Sertanejo
A programação da convenção, coordenada pelo publicitário Paulo Vasconcelos, que chefia a equipe de comunicação de Aécio, alternará discursos e momentos emotivos. O evento será realizado no ExpoCenter Norte, onde houve um ensaio geral na sexta (13).

O hino nacional foi gravado com a participação do cantor sertanejo Zezé de Camargo, que participou da campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2002. Zezé declarou recentemente que neste ano votará em Aécio, que é amigo do seu genro.

Haverá durante a convenção diversas homenagens ao avô do senador, Tancredo Neves (1910-1985), o presidente eleito pelo Congresso Nacional no fim da ditadura militar e que morreu antes da posse.

O poeta Ferreira Gullar, colunista da Folha, lerá poema que escreveu após a morte de Tancredo, "Palavra Gasta", escrito em forma de carta endereçada ao político mineiro.

Serão exibidos ainda diversos depoimentos colhidos pelo Brasil, em que eleitores dizem o que esperam do país. O slogan da convenção --"Aécio, a gente quer você"-- será destacado num filme, em que dezenas de pessoas repetem a frase no meio de jingle.

Segundo a pesquisa mais recente do Datafolha, concluída no dia 5, Aécio está em segundo lugar na corrida presidencial, com 19% das intenções de voto. Dilma tem 34% e o ex-governador Eduardo Campos (PSB) está com 7%.

Randolfe Rodrigues desiste de candidatura ao Palácio do Planalto

• Senador do PSOL deve se candidatar ao governo do Amapá; Luciana Genro (RS), que era cotada para vice, deve ser a substituta

João Villaverde - O Estado de S. Paulo

O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) não é mais pré-candidato à Presidência da República e deve se candidatar ao governo do Amapá. Em seu lugar, o PSOL decidiu lançar Luciana Genro (RS), filha do governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT). Inicialmente, Luciana seria candidata à vice na chapa "puro sangue".

Em nota oficial, o presidente nacional do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), Luiz Araújo, assinala que a desistência de Randolfe está "vinculada à necessidade de construir uma alternativa política contra o retorno das forças conservadoras no Estado do Amapá".

A decisão começou a ser costurada na quinta-feira, em reunião de lideranças nacionais do PSOL, como Marcelo Freixo (RJ), o deputado Ivan Valente (SP), o presidente Araújo e a própria Luciana Genro. Ficou decidido, então, que Luciana seria a indicada pela direção nacional do partido para a convenção nacional, que ocorre em Brasília nos dias 21 e 22.

"Agindo assim, o PSOL manterá a campanha no mesmo rumo que vínhamos trilhando e permitirá ao povo brasileiro o direito de escolher uma real alternativa de esquerda e socialista nestas eleições", afirmou o partido, em nota.

PT ignora pressão do PMDB sobre o Rio

Raymundo Costa – Valor Econômico

BRASÍLIA - O PT não vai abrir mão de candidaturas como a do senador Lindbergh Farias ao governo do Rio a fim de ajudar o vice-presidente Michel Temer a ampliar a maioria pró-Dilma Rousseff no PMDB. "O que a gente puder ajudar nessa direção, sem prejudicar o PT, nós faremos, juntos com a presidenta", disse o presidente petista, Rui Falcão, "mas não vamos retirar a candidatura de Lindbergh de jeito nenhum".

Segundo o vice-presidente Michel Temer, a ajuda do PT seria "extremamente útil" para a recomposição do partido em torno da reeleição da presidente da República. Falcão não quis entrar em detalhes sobre as conversas que terá com o PMDB. Em tratamento fisioterápico devido a um pinçamento entre as vértebras da coluna, o presidente do PT passou os últimos dias isolado, sem acompanhar os desdobramentos da convenção do PMDB na terça-feira.

Segundo apurou o Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor, no entanto, o PT e o comando da campanha da presidente avaliam que já fizeram as concessões necessárias para ganhar a convenção do PMDB, que assegurou a coligação e o tempo de rádio e de televisão do partido. No máximo, agora, as duas siglas podem conversar sobre um acordo de procedimentos.

Esse acordo seria especialmente necessário no Rio, a fim de evitar o agravamento dos ataques entre PT e PMDB. As queixas são mútuas. O PT não considera a hipótese de retirada da candidatura Lindbergh porque avalia que o senador pelo Rio tem tanta chance de vitória quando o governador pemedebista Luiz Fernando Pezão, além dos outros candidatos de partidos aliados competitivos.

Nas contas feitas nos comandos do PT e da campanha da presidente da República, os principais candidatos ao governo do Rio, no momento, estão todos abaixo dos 20% e acima dos 10% nas pesquisas eleitorais. Qualquer um pode ganhar. E a prioridade do PT é vencer em pelo menos um dos três maiores colégios eleitorais do país - São Paulo, Rio e Minas Gerais -, o chamado "Triângulo das Bermudas".

O PT cedeu a primazia ao PMDB nos Estados em que os eventuais candidatos do partido tinham "densidade eleitoral baixa", como Paraíba, Alagoas, Sergipe, Pará, Amazonas, Maranhão e Espírito Santos, entre outros. Segundo fontes da campanha da presidente, ainda há chances de entendimento em Rondônia e Tocantins.

No Ceará, outro caso citado por Temer, o apoio à candidatura do senador pemedebista Eunício Oliveira passa necessariamente - exigência de Dilma - por um entendimento com o governador Cid Gomes (Pros). Cid e Ciro, seu irmão, foram importantes para a presidente rachar o PSB de Eduardo Campos no Nordeste e no esforço para manter o Pros nacional na órbita governista.

O PT também se ofereceu para apoiar o ex-governador Iris Rezende em Goiás, mas os pemedebistas lançaram a candidatura do empresário Júnior Friboi. Depois voltaram atrás, mas então o PT já estava com uma candidatura própria na rua.

O PT, segundo seus dirigentes, se dispunha a apoiar um nome do PMDB para o governo do Estado de Santa Catarina, se o partido lançasse candidato próprio, o que não foi o caso. "O que estava ao nosso alcance nós fizemos", disse um integrante do comando da campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff. "Mais ajuda do que nós já demos é impossível", disse a mesma fonte.

No Espírito Santo, onde já está acertado o apoio do PT à candidatura do ex-governador Paulo Hartung, pelo PMDB, mas a situação pode mudar se o pemedebista rever a decisão de disputar novamente o governo estadual.

A cúpula do PT e o comando da campanha da presidente avaliam "de maneira pragmática" que não há volta para as seções do PMDB ou parte delas que já declararam apoio a outras candidaturas presidenciais, casos do Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Pernambuco e Bahia. Em São Paulo, onde os dois partidos disputam a cadeira de Geraldo Alckmin (PSDB), PT e PMDB mantêm abertos os canais de comunicação. Pelo menos até agora.

Apoio a tucanos em oito Estados gera tensão na aliança do PSD com Dilma

Raphael Di Cunto – Vallor Econômico

BRASÍLIA - A pressão para que o PSD abandone a presidente Dilma Rousseff e abra formalmente negociações para indicar o vice do senador Aécio Neves (PSDB-MG) na corrida presidencial tem crescido na medida em que são fechados os palanques regionais. Levantamento do Valor PRO , serviço de notícias em tempo real do Valor, mostra o porquê: o PSD está praticamente fechado com candidatos tucanos em oito Estados, enquanto vai apoiar apenas um dos 13 petistas que pretendem disputar governos estaduais.

A diferença pode crescer mais ainda se o vice-governador da Paraíba, Rômulo Gouveia, decidir romper com o governador Ricardo Coutinho (PSB) para se lançar ao Senado na chapa do senador Cássio Cunha Lima (PSDB), e se for considerado o apoio do PSD do Rio de Janeiro ao governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) - que, apesar de dizer em público apoiar a presidente, vê sua base declarar voto em Aécio.

A pressão fez com que o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, marcasse a convenção do partido para o dia 25, em Brasília, já com convite para a presidente Dilma participar. Kassab, fiador do apoio à presidente, tenta acabar com os rumores de que o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles (PSD) poderia ser indicado a vice do PSDB.

O PSD foi o primeiro partido a declarar apoio à Dilma, ainda em 2013, como retribuição à ajuda do governo para aumentar a bancada de deputados federais, que virou a terceira maior da Câmara. O número de deputados é um ativo importante por ser a base de distribuição do fundo partidário e do tempo de propaganda eleitoral na TV.

Mas a formação dos diretórios estaduais teve forte influência de partidos conservadores como o DEM, do qual saiu o próprio Kassab, e do PP, que perdeu parte de sua bancada - e principalmente lideranças locais, como prefeitos e vereadores. A maioria era adversária do PT nas disputas regionais e assim permaneceu quando se filiou ao PSD.

"Na maioria dos Estados PSD e PT são como água e óleo, não se misturam", diz o secretário-geral do PSD, Saulo Queiroz, ex-deputado pelo DEM que é um dos defensores do rompimento com Dilma dentro do partido. "É a história política de cada um, não tem como mudar", afirma.

A única exceção mais clara nesta relação é a Bahia, onde o governador Jaques Wagner (PT) foi o responsável por construir o PSD com apoio de seu vice, Otto Alencar, que se filiou à nova legenda. E é justamente neste Estado que está o único apoio certo do PSD ao PT, com o deputado federal Rui Costa (PT) ao governo e Alencar ao Senado.

Os petistas, por sua vez, vão inverter essa chapa no Rio Grande do Norte, ao dar apoio à candidatura do vice-governador Robinson Faria (PSD) em troca da deputada Fátima Bezerra (PT) concorrer ao Senado. Os dois partidos também discutiram se aliar em Santa Catarina em torno do governador Raimundo Colombo (PSD), mas, embora ainda seja possível de ocorrer, o histórico de enfrentamentos tornou essa coligação pouco provável.

Há, ainda, chance pequena do PSD apoiar a reeleição do governador Agnelo Queiroz (PT) no Distrito Federal. Contudo, o partido está mais próximo de fechar com o senador Rodrigo Rollemberg, correligionário do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB), outro adversário de Dilma em outubro. Aliados de Campos ainda vão coligar com o PSD em dois Estados em que o PT tem candidato próprio.

O PSDB, por sua vez, tem acordos bem encaminhados para receber o apoio do PSD a seus candidatos no Acre, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, Rondônia e São Paulo. Nem todos estão fechados e em alguns casos dependem da definição de outras candidaturas, mas em seis desses Estados o PSD deve ter espaço na chapa majoritária dos tucanos, com o candidato ao Senado ou a vice.

"Quando o partido foi fundado, isso já estava dito. Ninguém foi eleito pelo PSD e, por isso, não haveria obrigação de seguir o posicionamento nacional nesta eleição. Cada diretório está livre para fazer as composições que melhor ajudarem o partido a crescer e eleger deputados", afirma o presidente do PSD no Paraná, deputado Eduardo Sciarra.

Se parte dos integrantes do PSD defende "pular o muro" e Aécio Neves estimula a traição, o PSDB não tem, entretanto, mostrado reciprocidade. Os tucanos vão lançar o senador Paulo Bauer contra Colombo em Santa Catarina e só discutem coligar com o PSD no Amapá, a despeito da vontade do diretório local do PSDB pedir votos para o PTdoB.

Oposição unida contra o PT no maior Estado do Nordeste

• O Ex-governador Paulo Souto (DEM) lidera pesquisas com folga na Bahia; ‘escudeiro’ de Jaques Wagner será o candidato petista

• Na mais recente pesquisa IBOPE sobre a eleição estadual, divulgada em 27 de maio, Souto lidera com 42% das intenções de voto. Lídice tem 11%, em empate técnico com Costa, que tem 9% das intenções de voto.

Tiago Décimo – O Estado de S. Paulo

Na Bahia, Estado onde a presidente Dilma Rousseff obteve sua maior vantagem de votos em 2010 (2,8 milhões), caberá a um neófito em disputas majoritárias tentar manter o domínio do PT no maior colégio eleitoral do Nordeste - com 10,1 milhões de eleitores - diante de uma oposição reforçada.

Após a celebrada vitória nas eleições municipais de 2012, nas quais conquistou o comando das duas maiores cidades do Estado, Salvador (com Antônio Carlos Magalhães Neto, o ACM Neto) e Feira de Santana (com José Ronaldo), o DEM aposta na experiência e no amplo conhecimento do eleitorado sobre o ex-governador Paulo Souto, que parte para a quarta eleição consecutiva ao governo - ele venceu em 2002 e perdeu em 2006 e 2010.

Escolhido pelo governador Jaques Wagner (PT), o pré-candidato petista, Rui Costa, tem o desafio de se fazer conhecido e ainda patina nas pesquisas eleitorais, lideradas com folga por Souto.

O PSB terá como candidata a ex-prefeita de Salvador Lídice da Mata (PSB). Influenciada pela direção nacional de seu partido, a senadora deixou a base do governo baiano, apesar de ser aliada histórica do PT no Estado, para garantir palanque na Bahia ao presidenciável do partido Eduardo Campos.

‘União das oposições’. O bloco de apoio ao pré-candidato do DEM terá o reforço do PMDB. Rompido com o governo Wagner desde 2008, o partido lançou candidatura própria em 2010, com o ex-ministro da Integração Nacional Geddel Vieira Lima. O líder local da legenda, porém, abriu mão de disputar o cargo novamente em prol da chamada “união das oposições”.

Geddel será o candidato ao Senado pela coligação, que dará palanque no Estado ao presidenciável tucano Aécio Neves. O PSDB vai ocupar a vice na chapa com Joaci Góes. A aliança ainda conta com o Solidariedade, PV, PPS, PRP, PSDC, PT do B, PPL, PTC, PMN, PEN e PHS. ACM Neto segue negociando, pessoalmente, os apoios de PRB e PSC à candidatura de Souto. “Existe um desejo de mudança na população e as condições desta campanha são melhores que as que tive, em 2010”, disse o prefeito de Salvador.

A principal diferença, de acordo com ele, está na divisão do tempo da propaganda eleitoral em rádio e TV. Na eleição de 2010, ACM Neto contava com cinco minutos para as inserções, enquanto seu principal adversário, o deputado Nelson Pellegrino (PT), tinha aproximadamente 14 minutos. As projeções indicam que, este ano, Souto terá em torno de seis minutos e Rui Costa, dez minutos.

O PSB tenta articular apoios no Estado - a vaga de vice segue aberta -, mas tende a ser um voo solo. A candidata ao Senado pelo partido é a ex-corregedora nacional de Justiça Eliana Calmon.

A Bahia garantiu a Dilma uma vantagem de cerca de 2,8 milhões de votos sobre o tucano José Serra em 2010, a maior entre todos os Estados. Mas causou desconforto em parte do PT e em partidos aliados no Estado a escolha de Jaques Wagner. O governador, que completa seu segundo mandato, fez valer sua ascendência local sobre a legenda para impor o nome de Rui Costa, seu ex-secretário da Casa Civil.

Também disputavam a indicação o ex-presidente da Petrobrás José Sergio Gabrielli, o preferido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e o senador Walter Pinheiro. O Solidariedade deixou a coligação após a definição pelo nome de Rui Costa.

Escudeiro de Wagner desde os tempos em que o governador liderava o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Petroquímica da Bahia (Sindipetro), na década de 1980, Rui Costa, de 51 anos, goza de sua total confiança. O jeito introvertido e os problemas de dicção não o auxiliam na missão de cativar a população. Para tentar driblá-los, o pré-candidato petista está recorrendo a sessões de fonoaudiologia e treinos de oratória - além disso, os até então inseparáveis óculos de grau foram tirados de seu figurino.

‘Pai do PAC na Bahia’. Deputado federal pelo PT que mais recebeu votos na última eleição (212 mil), Rui Costa tem assegurado o apoio de sete partidos (PSD, PP, PDT, PTB, PC do B, PRB e PSL) e está presente em praticamente todos os eventos oficiais do Estado desde meados do ano passado. Para vitaminar a candidatura petista, o governo tenta atribuir a Costa algumas das grandes obras realizadas na Bahia nos últimos anos, como a tão esperada inauguração do primeiro trecho do metrô de Salvador, realizada na quarta-feira passada, após 14 anos de construção. “Foi ele o principal responsável por destravar a obra”, garante Wagner. Durante o evento, Dilma reforçou o coro, e chamou Costa de “pai do PAC na Bahia”.

A mesma pesquisa, porém, dá ampla vantagem à candidatura de Dilma no Estado. A presidente, de acordo com o estudo, tem 50% das intenções de voto na Bahia, enquanto o tucano Aécio Neves tem 12% e Eduardo Campos, 7%. “Queremos aumentar a diferença de votos a favor da Dilma nesta eleição, para 4 milhões”, afirma Rui Costa.

“Metade da população ainda não conhece o Rui e essa taxa de desconhecimento é positiva em qualquer campanha”, argumenta o governador Jaques Wagner, que enfrentou um segundo governo conturbado - com direito a duas rumorosas greves da Polícia Militar, em 2012 e neste ano -, e fez malabarismos para tentar manter a base praticamente inalterada para a eleição. Entre outras articulações, ele abriu mão da disputa por uma vaga no Senado para acomodar o ex-vice-governador Otto Alencar (PSD). Quem ficou com a indicação para vice na chapa foi o PP, com o deputado João Leão.

Também apresentaram pré-candidaturas ao governo baiano Rogério da Luz (PRTB) e Marcos Mendes (PSOL). Segundo o Ibope, eles têm, respectivamente, 2% e 1% de intenções de voto. A pesquisa foi registrada sob o número 00130/2014 no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Aécio aposta em dissidências da base aliada de Dilma nos estados para fortalecer sua campanha

• Tucano repete tradição do avô e visita São João Del Rei antes de convenção do PSDB, que acontece neste sábado

Juliana Castro – O Globo

SÃO JOÃO DEL REI — Às vésperas da convenção nacional do PSDB que confirmará o senador Aécio Neves como candidato à presidência, o tucano, viveu clima de campanha em sua visita, na manhã desta sexta-feira, à cidade São João Del Rei, a 184 km de Belo Horizonte. Em entrevista, ele disse que sua caminhada rumo ao Planalto se fortalecerá com as dissidências nos estados de partidos aliados à presidente Dilma Rousseff em nível nacional.

— No âmbito regional, a maioria dessas forças (PP, PMDB e PSD) estão se somando ao nosso lado. Elas querem mudanças. A presidente da República, com um esforço enorme com a oferta de cargos públicos a rodo hoje no Brasil, consegue ficar com mais tempo de TV, mas não ficará com o trabalho e com a crença desses partidos no seu projeto. Portanto, podem esperar que vamos ter dissidências cada vez mais amplas. Essas dissidências fortalecem a oposição porque elas representam o sentimento do Brasil, de uma mudança profunda — afirmou Aécio.

No Rio, por exemplo, Aécio conquistou o apoio da maior parte do PMDB, já que o partido não engoliu a pré-candidatura do senador Lindbergh Farias. Aécio vai para a convenção do partido sem escolher o vice para sua chapa, embora muitos nomes sejam cotados, como o do senador Aloysio Nunes (PSDB). O tucano lembrou que a data para o fechamento dos nomes da aliança é o dia 30 de junho.

— Temos o tempo. Felizmente, nosso caso é de abundância de nomes qualificados. Como a legislação permite que até o dia 30 essa decisão possa ocorrer, como ainda existem instabilidades em outras forças políticas, nós estamos aguardando que o cenário se desenhe de forma mais clara para vermos qual é o perfil mais adequado — declarou o senador, afirmando que o PSDB nunca esteve tão unido em torno de uma candidatura.

Dilma colhe o que plantou, diz Aécio sobre vaias
Depois de falar ontem que as vaias e xingamentos à presidente Dilma ontem no Itaquerão são um sinal de que ela está sitiada, o tucano voltou a usar a mesma expressão e completou:

— Ela (Dilma) colhe o que plantou ao longo dos últimos anos. (Ela é) Alguém que governou com um mau humor permanente, com enorme arrogância, sem dialogar com a sociedade, de costas para a sociedade brasileira, achando que ter a caneta na mão tudo pode, sem se preocupar com o que virou o governo do ponto de vista ético, com essas sucessivas denúncias de corrupção, querendo vender um Brasil que não existe, um país virtual, onde, na propaganda oficial a Petrobras é a melhor das empresa, a mais bem gerida do mundo, onde a saúde é de alta qualidade, onde não existe inflação — afirmou Aécio, dizendo que esse Brasil que a presidente mostra "não é real".

Aécio lembrou que, ao longo do governo Dilma, sete ministros foram demitidos por denúncias de corrupção, e o governo não concluiu as investigações. E aproveitou o tema para falar novamente dos escândalos na Petrobras.

— Estamos vendo aí os sete ministros que foram afastados por denúncias de corrupção no início do governo. Estamos caminhando para o final e o que aconteceu? O que foi apurado pelo governo? Qual as consequências daquelas demissões? Estão aí as denúncias em relação à Petrobras que aviltam, trazem indignação para todos nós brasileiros. A nossa principal empresa pública hoje vale metade do que valia quando ela (Dilma) assumiu — declarou o candidato à presidência.

Tradição do avô
O pré-candidato esteve em São João Del Rei para seguir uma tradição do avô, Tancredo Neves, que visitava o município antes de suas grandes decisões. Neste sábado vai acontecer em São Paulo a convenção do PSDB que proclamará Aécio Neves candidato à Presidência da República.

O senador tem mantido as tradições do avô: participa da Procissão do Enterro, em que carrega a lanterna de prata que foi de Tancredo, visita São João Del Rei em datas simbólicas e vai ao santuário da Serra da Piedade.

No Largo do Rosário, onde fica a residência da família do tucano em São João Del Rei, mineiros se concentraram para ver Aécio. O tucano apareceu na sacada ao lado de Maristela Kubitschek, filha do ex-presidente Juscelino. Ela leu uma mensagem para Aécio.

— Hoje, Aécio, depositamos em suas mãos limpas nossa confiança e nossa esperança, de que finalmente, poderemos realizar o Brasil que tantas vezes foi sonhado pelos nossos e que ainda permanece intocado — afirmou Maristela, num trecho da mensagem.

Em seguida, o pré-candidato falou brevemente aos mineiros na sacada e disse que, em respeito à legislação eleitoral, não discursaria.

— Esse é um dos momentos mais emocionantes da minha história — afirmou ele. — Saio a partir de hoje para caminhar pelo Brasil levando Minas Gerais sempre.

Ao fim, os presentes ao Largo do Rosário gritaram "Aécio, guerreiro, orgulho dos mineiros". Nas casas e comércios em frente à residência da família Neves, haviam várias faixas de apoio, como: "Aécio é coragem para mudar o Brasil", "Aécio com Minas pelo Brasil" e "Aécio, o coração de Minas bate pelo Brasil". Moradores dos imóveis disseram ao GLOBO que a equipe que organizou o evento pediu autorização para colocar as faixas nas paredes.

Dois pequenos palcos foram montados no Largo e músicos tocaram algumas canções. Depois de fazer um breve discurso da sacada de sua casa, Aécio seguiu para a Igreja de Santo Antônio. Como faz em campanha, abraçou moradores e pegou crianças no colo. Na igreja, ganhou a bênção do padre. Depois, ele foi à Igreja de São Francisco e, em seguida, ao Teatro Municipal, onde encontrou amigos rapidamente.

De Minas, Aécio segue para São Paulo onde irá participar da convenção que legitimará sua candidatura.

Roberto Freire: Decreto de Dilma afronta a democracia representativa

- Brasil Econômico

Sob o pretexto de promover uma maior participação da "sociedade civil" em "todos os órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta", o decreto assinado por Dilma afronta o fundamento básico da igualdade perante a lei e cria uma casta de cidadãos de primeira classe — os membros dos movimentos sociais — que estariam acima dos demais.

O texto define como sociedade civil "o cidadão, os coletivos, os movimentos sociais institucionalizados ou não institucionalizados, suas redes e suas organizações". Diante de tamanha subjetividade e imprecisão caberá exclusivamente ao governo estabelecer o que é institucional e, portanto, parte integrante da "sociedade civil", e o que não é. A dedução lógica é de que todos aqueles que porventura não pertençam a movimentos sociais não poderão participar da " democracia direta" defendida pelo PT.

O decreto 8.243 não cria uma nova forma de participação, mas um sistema de tutela sobre os cidadãos ou movimentos organizados que poderão atuar em conjunto com o governo na administração do Estado. A Constituição brasileira já garante o direito à livre manifestação e consagra a democracia representativa com eleições livres em que a sociedade escolhe seus representantes no Parlamento. O grande mérito desse modelo é que todos os brasileiros têm exatamente a mesma importância no momento do voto, independentemente de suas condições econômicas ou sociais, de sua origem, da preferência partidária ou do grau de envolvimento com a política.

Além do viés profundamente antidemocrático do decreto, trata-se de uma clara tentativa de manipulação política. O texto constitucional de 1988 também incorporou o princípio da participação popular direta na administração pública graças a uma série de mecanismos — audiências públicas, referendos, plebiscitos e iniciativas de leis em prol da cidadania —, mas nenhum deles engessa o Poder Legislativo e subjuga os representantes eleitos pela sociedade.

Alguns defensores do decreto 8.243 parecem alimentar uma ilusão revolucionária da dualidade de poder, mas tal entendimento não se ampara na realidade atual. O intuito do PT é estabelecer um hegemonismo político no país, exercendo controle absoluto sobre os movimentos sociais e subalternizando o Congresso, o que fere de morte a democracia representativa. Infelizmente, nada que surpreenda vindo de um partido que se especializou em afrontar o Poder Judiciário e atacar a imprensa independente.

As forças democráticas não podem permitir mais este arroubo totalitário do governo petista. Os brasileiros esperam que o Parlamento, alvejado por um decreto indecoroso que mais parece um arremedo, reaja de forma altiva para impedir o descalabro institucional.

Deputado federal por São Paulo e presidente nacional do PPS

Merval Pereira: O sentido das coisas

- O Globo

Sem dúvida, é uma boa sacada de marketing atribuir os xingamentos à presidente Dilma no Itaquerão, na estreia do Brasil na Copa, a uma “elite intolerante”. E melhor ainda fazer-se de vítima, como tentou a presidente, misturando alhos com bugalhos ao lembrar as torturas que teria sofrido quando presa no regime militar.

Não havia apenas membros das elites brasileiras no estádio, não foram apenas as alas VIPs que xingaram a presidente, e não é nada desprezível o significado político do que aconteceu naquela tarde em São Paulo. A presidente Dilma tem um problema sério pela frente, pois é evidente a má vontade dos paulistas com seu governo e com o PT, provavelmente turbinado pela gestão medíocre do prefeito Fernando Haddad na capital paulista.

As pesquisas estão aí para mostrar que ela perde em São Paulo num hipotético segundo turno, tanto para Aécio Neves quanto para Eduardo Campos.

Os xingamentos à presidente tem um lado lamentável relacionado muito mais à nossa civilidade como sociedade do que com o respeito que se deve ter a um presidente da República.

Os xingamentos tornaram-se a maneira corriqueira de expressar desagrados nos campos de futebol do país inteiro, e está longe o dia em que chamar o juiz de ladrão, ou mesmo xingar sua mãe, eram maneiras de protestar. Hoje, qualquer criança, de qualquer nível social ou econômico, tem no xingamento mais vulgar a maneira corriqueira de expressar seu descontentamento nos campos de futebol.

A banalização dos xingamentos, uma violência verbal, juntamente com a violência física, são pragas do nosso futebol que precisam ser extirpadas, e a presidente Dilma foi vítima desse hábito nada educado e rigorosamente condenável. Mas os excessos da multidão, formada por pessoas de todos os níveis sociais, não eximem a presidente de ser merecedora do repúdio expresso pelas vaias e pelos xingamentos.

Claro que o melhor seria se esses excessos verbais não tivessem existido, e que as vaias, como na abertura da Copa das Confederações do ano passado, fossem o instrumento para exprimir o sentimento que domina parcela cada vez maior da população.

Dias antes, a presidente Dilma havia se aproveitado de seu cargo para, em cadeia nacional de rádio e televisão, num abuso de poder, defender- se das críticas a seu governo, sem que houvesse possibilidade de contestação. A conta chegou no jogo de estreia do Brasil, quando a multidão presente ao estádio soube distinguir perfeitamente o que é nacionalismo real daquele patriotismo forçado pelos políticos
que fez o escritor e pensador inglês do século XVIII Samuel Johnson dizer que “o patriotismo é o último refúgio dos canalhas”.

A presidente Dilma havia mandado que sua imagem não aparecesse no telão do estádio, para não ficar exposta à ira dos torcedores. Mas, num gesto demagógico, colocaram-na no telão ao comemorar o gol de empate do Brasil, ao lado do vice Michel Temer. Foram impiedosamente vaiados.

O torcedor presente ao Itaquerão aplaudiu a bandeira do Brasil sempre que ela surgiu em campo, fosse na cerimônia de abertura ou na entrada dos times, cantou o Hino Nacional à capela num emocionante e espontâneo rasgo de patriotismo, e entoou cânticos populares exaltando o fato de ser brasileiro.

Com relação à presidente da República, autoemudecida pela previsão de que receberia uma imensa vaia caso sua presença fosse anunciada, o estádio inteiro demonstrou sua insatisfação com ela de maneira grosseira, porém sincera.

A grosseria é um problema nosso, de uma sociedade que precisa encontrar novamente o caminho da civilidade e da convivência pacífica entre os contrários.

Essa exacerbação dos sentidos não ajuda a democracia, mas é preciso salientar que esse clima de guerra permanente foi instalado pelo PT, que não sabe fazer política sem radicalização e que precisa de um inimigo para combater. A prática do “nós contra eles” acaba levando a radicalizações como a de quinta-feira.

A vaia é um problema da presidente Dilma e do PT. l