quarta-feira, 26 de outubro de 2022

Vera Magalhães - Marina, Simone e a frente ampla

O Globo

União de mulheres tão diferentes em torno de Lula sintetiza necessidade de superar divergências diante de uma sociedade profundamente dividida

Numa campanha marcada por ataques às mulheres e pela mais acentuada divergência de gênero na definição de voto, apontada por analistas de pesquisas como um dos fatores mais importantes na história desta eleição, é muito simbólico que duas mulheres tenham ganhado espaço na reta final do segundo turno e passado a encarnar o simbolismo da frente ampla que a campanha de Lula procurou construir para enfrentar Jair Bolsonaro.

Marina Silva e Simone Tebet têm trajetórias de vida e política em tudo distintas, representam setores em grande parte antagônicos no debate político-econômico e têm em comum o fato de, até há bem pouco tempo, terem carregado divergências profundas com Lula e o PT.

As reiteradas cenas das duas juntas em palanques, em viagens e no corpo a corpo da campanha petista sintetizam em grande medida a ideia de que será preciso compor com diferentes para superar a divisão da sociedade iniciada em 2013 e aprofundada de forma radical nos últimos quatro anos.

Marina foi das primeiras a entoar esse discurso, ainda no primeiro turno. Seu apoio decidido a Lula, mesmo depois de ter sido colocada no moedor de reputações pelo PT em 2014, mesmo depois do trauma de ter se visto obrigada a substituir o companheiro de chapa Eduardo Campos, morto num acidente aéreo, deu a medida da excepcionalidade do momento atual, em que as forças progressistas enxergam verdadeira ameaça de ruptura institucional e democrática em caso de vitória de Bolsonaro.

Bernardo Mello Franco - Sinais opostos na reta final

O Globo

Na semana decisiva, petistas tentam vender otimismo; governistas lançam factoides e estimulam arruaça

A convocação foi feita em tom solene, no fim da tarde de segunda-feira. Pelas redes sociais, o ministro Fábio Faria instou a imprensa a “acompanhar a exposição de um fato grave na frente do Palácio da Alvorada logo mais, às 19h30”.

No horário marcado, o ministro apareceu diante das câmeras. Contou a seguinte história: rádios do Nordeste teriam deixado de veicular milhares de inserções de Jair Bolsonaro. Não apresentou detalhes ou provas do suposto boicote.

A seu lado, o publicitário Fabio Wajngarten aproveitou para fazer propaganda. Disse que o capitão foi “censurado” e, sem ser perguntado, informou que a campanha continuava “firme, forte e unida”. “A gente está na frente das eleições. A gente virou a curva”, acrescentou, na contramão de todos os institutos de pesquisa.

O factoide durou pouco. Ainda na noite de segunda, o TSE constatou que a denúncia se baseava em relatório apócrifo, sem datas ou horários das tais inserções. “Os fatos narrados não foram acompanhados de qualquer prova e/ou documento sério”, resumiu o ministro Alexandre de Moraes.

Elio Gaspari - A cena de Jefferson não fecha

O Globo

Ao fim, ele acertou o pé de Bolsonaro

Algum dia Roberto Jefferson contará o que ele tinha na cabeça no domingo. Por enquanto, de certo só há uma coisa: uma semana antes da eleição ele acertou o pé de Jair Bolsonaro.

Em décadas de atividade nos tribunais, no Congresso e até mesmo na televisão, ele provou-se pessoa experiente. Nos vídeos das oito horas de tumulto, mostrou-se no completo controle dos nervos. Deu dezenas de tiros de fuzil e lançou três explosivos na direção dos agentes federais que foram capturá-lo. Jefferson controlou seu roteiro. Como advogado, ao insultar a ministra Cármen Lúcia, ele sabia que sua prisão domiciliar seria revogada. Mártir, ele nunca quis ser.

Obteve o descontrole de seus aliados. Bolsonaro demorou para dissociar-se dele. Quando o fez, cometeu a imprudência de dizer que nunca apareceu em fotografias ao seu lado. Bastaram alguns minutos para que aparecessem duas. Esse tipo de reação ilustra a capacidade do capitão de atravessar o espelho da realidade, quer dizendo que nunca foi fotografado com Jefferson, quer praticando sua medicina particular.

Luiz Carlos Azedo - A eleição pode ser decidida no debate da Globo entre Lula e Bolsonaro

Correio Braziliense

Não se deve fazer nada de inútil, tudo pode se decidir com base no condicionamento físico, na capacidade de discernimento, na verdade das coisas, no espírito e na vontade de fazer o certo. Num gesto e na força do olhar.

A campanha eleitoral entrou na reta final, com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a um passo da vitória e o presidente Jair Bolsonaro, a dois. No universo das pesquisas eleitorais, pode-se dizer que é mais ou menos essa a distância da linha de chegada, considerando-se a margem de erro das pesquisas. Com certeza, será a decisão mais apertada da história de nossas eleições, mais até do que a vitória da presidente Dilma Rousseff (PT) contra Aécio Neves (PSDB) nas eleições de 2014.

A contestação do resultado da eleição de domingo será líquida e certa no caso de Lula vencer Bolsonaro, conforme sinalizam auxiliares do presidente da República, como o general Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), e o ministro das Comunicações, Fábio Faria, autor de uma denúncia de manipulação de inserções de propaganda eleitoral por rádios do Nordeste. A declaração de Bolsonaro, ontem, sobre a análise da segurança das urnas feita pelo Exército, ao dizer que não foram conclusivas, nesse aspecto, corrobora a narrativa golpista.

Temos uma crise contratada no horizonte imediato, que está se armando faz tempo, mas que foi fragilizada pelo episódio envolvendo o ex-deputado Roberto Jefferson, ao disparar 50 tiros de fuzil e três granadas contra policiais federais. Eleitoralmente, acertou no pé de Bolsonaro. Jefferson está preso em Bangu 8, por tentativa de homicídio dos policiais federais e ofensas à ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (TSE), e ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito das fake news, que cassou sua prisão domiciliar.

Guilherme Casarões* - Bolsonarismo e a americanização do Brasil

Folha de S. Paulo

Movimento importou da extrema direita estilo, gramática e substância

A poucos dias do segundo turno das eleições presidenciais, o cenário está mais incerto e a disputa está mais virulenta do que em qualquer outro pleito de nossa história. Estivéssemos em tempos tranquilos, o foco da conversa das últimas semanas seria sobre propostas concretas para os persistentes problemas brasileiros.

Mas nada está normal. Em meio ao clima de medo e ódio, inflamado por mentiras e difamações, a política brasileira foi tragada para o campo da disputa identitária, da qual supostamente depende a sobrevivência individual e coletiva.

Estamos diante da americanização do debate público nacional.

O conceito pluralista de democracia, que orienta nossa Constituição, está sendo substituído por uma ideia de democracia antiliberal, em que só a maioria deve se beneficiar do governo e as minorias não podem participar da formulação de políticas públicas. A identidade sincrética e multirracial do país, sempre tratada como nossa maior contribuição civilizatória, dá lugar a um tipo de supremacismo cristão, que exclui todo e qualquer cidadão que porta valores distintos.

Hélio Schwartsman - Após o cataclismo

Folha de S. Paulo

Legislação permite que cada cidadão doe até 10% dos rendimentos declarados no ano anterior

Daqui a dois meses ou quatro anos, quando tiver passado o cataclismo bolsonarista, seria importante rever vários pontos de várias legislações para robustecer as instituições democráticas. Alguns dos mais urgentes são a escolha do procurador-geral da República, os trâmites para a abertura do impeachment e a participação de militares em governos. No limite, a própria reeleição poderia ser repensada.

Hoje, porém, trato de uma proposta menos ambiciosa e, portanto, mais factível. São as doações eleitorais. Desde que o STF estabeleceu a inconstitucionalidade das doações empresariais, em 2015, o financiamento das campanhas ficou restrito a três fontes: o fundo eleitoral, que é dinheiro público e paga o grosso da conta, doações de pessoas físicas e recursos dos próprios candidatos.

Bruno Boghossian - Lula e a barreira de contenção

Folha de S. Paulo

Ex-presidente diz que não fará 'governo do PT' para frear sentimento contra o partido na última hora

Lula escolheu como vice um político de centro-direita, levou ao palanque uma senadora de um estado ruralista e recebeu o apoio de economistas que têm laços históricos com o PSDB. Apesar de todos os movimentos, a campanha petista entendeu que era necessário mais um passo nos dias finais do segundo turno.

O ex-presidente deu na segunda (24) sua declaração mais incisiva sobre as cores de uma eventual gestão liderada por ele. "Nosso governo não será um governo do PT", afirmou Lula, que se dirigiu à presidente do partido, Gleisi Hoffmann, para avisar que a sigla precisará ceder espaço caso chegue ao poder.

A companhia de Geraldo Alckmin e Simone Tebet pode ter facilitado a adesão de alguns segmentos a Lula, mas não anulou a rejeição ao PT como fator relevante na disputa. Explorado por Jair Bolsonaro, o fantasma da esquerda se manteve como um risco para o ex-presidente.

Mariliz Pereira Jorge - Bolsonaro nos rouba a vida

Folha de S. Paulo

Não há um dia de paz e até na madrugada esse desgraçado resolve fazer live para mentir

Leitor reclama que não me engajo politicamente e que só me preocupo com a mudança de casa e com o impacto que teria "no pet". Quem me dera. Não há outra coisa que eu faça nos últimos anos que não seja morrer um pouquinho todo dia de raiva e mostrar a tragédia do governo Bolsonaro.

Há dezenas de colunas, de vídeos, de tuítes meus sobre o assunto, mas agradeço ao leitor por me lembrar de mais um motivo para derrotar Bolsonaro: ele nos roubou o direito de viver. Não há um dia de paz, não tem domingo de descanso, até na madrugada esse desgraçado resolve fazer live para mentir.

Fernando Exman - A amizade tóxica que custa milhões de votos

Valor Econômico

Jefferson pode afastar de Bolsonaro mulheres e mineiros

Jair Bolsonaro acordou no domingo relativamente tranquilo. A sete dias do segundo turno, depois de gastar tempo se explicando sobre o caso das “meninas venezuelanas” e negando que reduziria o salário mínimo a partir do ano que vem, ele e seu grupo político confiavam na virada. Reconheciam que não seria fácil. Mas a estratégia era, basicamente, melhorar o desempenho em Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, onde o apoio dos governadores poderia fazer a diferença. E, sobretudo, reduzir a resistência do eleitorado feminino a seu nome. O ânimo mudou.

Àquela altura, ele ainda se preparava para retornar à “mega live” que já durava quase 20 horas e seria encerrada com a participação do astro sertanejo Gusttavo Lima, cuja plateia virtual contabiliza 44 milhões de seguidores. Até que o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) achou uma boa ideia resistir à prisão a tiros de fuzil e granadas. Bolsonaro não estava na cena do crime, mas o episódio pode ter ferido de morte sua campanha à reeleição.

Alvaro Gribel - Mercado faz leitura eleitoral míope

O Globo

Se o PT errou na economia, Bolsonaro erra também, e muito. E ameaça a democracia, gera conflito institucional e destrói a credibilidade do país na área ambiental.

O dia era 29 de setembro de 2008 e eu estava ao telefone com um investidor da bolsa: “Não existe a possibilidade de o governo dos EUA não socorrer os bancos, eles são grandes demais para quebrar”, disse ele, poucos segundos antes de a ligação ser interrompida de forma abrupta. “Ligue a TV”, afirmou e desligou. O motivo era que o Congresso americano acabara de derrubar o pacote de US$ 700 bilhões enviado por Bush para atenuar a crise financeira. A bolsa brasileira cairia 9% em seguida, depois de passar por um circuit breaker naquele pregão. A história é só para mostrar como aprendi cedo na carreira que o mercado financeiro se equivoca em algumas de suas análises políticas.

forte queda das ações da Petrobras e do Banco do Brasil nos últimos dois dias é exemplo disso. Primeiro, porque mostra o clima de ciranda que envolve as negociações das estatais, que oscilam sobre boatos e apostas políticas em uma disputa acirrada entre Lula e Bolsonaro. Segundo, porque se elas levaram esse tombo após o evento Roberto Jefferson é porque em algum momento os investidores precificaram como mais provável a vitória de Bolsonaro. Baseados em quê? Terceiro e mais importante, no caso da Petrobras: depois de quatro presidentes na empresa em quatro anos e intervenções que atropelaram leis e estatutos da companhia, o que leva o investidor a crer que a reeleição seria muito mais benéfica para a petrolífera?

Vinicius Torres Freire - A proposta de Arminio Fraga para Lula

Folha de S. Paulo

Economista faz conversa imaginária com petista; outros sugerem diálogo prático

Arminio Fraga publicou artigo muito importante nesta Folha, na semana passada: "Entrevista com Lula por telepatia". Na forma, era isso mesmo, uma conversa imaginária do economista com Lula da Silva (PT) a respeito de temas essenciais de política econômica e social. O texto ressaltava convergências possíveis e divergências.

Era uma proposta de diálogo, em sentido amplo. Políticos prestantes e espertos, do PT e de outros partidos, poderiam pensar em um diálogo em sentido estrito. Não se trata aqui de sugestão de convidar Arminio Fraga para ser ministro em caso de vitória de Lula, nada disso, que nem é assunto de jornalista. Mas de algo mais profundo.

Antes de mais nada e a fim de evitar mal-entendidos: este jornalista infelizmente é incapaz de ler mentes, não pode colocar palavras na boca de ninguém e não tem informação alguma de conversa de Fraga com Lula.

Daniel Rittner - E o porto de Mariel, e o metrô de Caracas?

Valor Econômico

O BNDEs (o país) teve lucro ao financiar obras de engenharia no exterior

“Olha o BNDES, Lula. Por que a Venezuela tem metrô e Belo Horizonte não tem metrô?”, perguntou um confiante Jair Bolsonaro ao petista, que se atrapalhou todo para responder, no debate da Band. “O dinheiro do BNDES para fazer o porto de Mariel, Cuba se comprometeu, não pagando o empréstimo, a nos ressarcir em charutos. Isso é um deboche”, disse o candidato à reeleição na sabatina feita pela Record. Nas redes sociais e em comentários de analistas na TV, o calote de latino-americanos no banco de desenvolvimento, que financiou grandes obras executadas por construtoras da Lava-Jato, virou mácula das administrações do PT e ataque fácil em campanhas eleitorais. Como se pôde liberar tanto dinheiro a projetos no exterior se metade dos brasileiros não têm sequer o esgoto tratado?

Predomina o lugar-comum e a análise preguiçosa. É preciso conhecer, antes de criticar com orgulhosa ignorância, números da política de crédito e fomento à exportação de serviços de engenharia. Até hoje, o BNDES fez desembolsos de US$ 10,5 bilhões. Recebeu de volta US$ 12,7 bilhões. Mesmo com a inadimplência em uma série de operações, houve lucro. De US$ 2,2 bilhões. Convertendo para a moeda nacional, pouco mais de R$ 11 bilhões. Primeira lição: o banco não perdeu, mas ganhou dinheiro, com o financiamento para países da América Latina e da África. Não são dados da Fundação Perseu Abramo ou do Dieese. Estão no site do BNDES.

Marcelo Godoy – Feche o nariz e vote

O Estado de S. Paulo

Eleitor vai definir no domingo qual sentimento é maior: o antipetismo ou o antibolsonarismo

A reunião na casa do banqueiro Cândido Bracher estava chegando ao fim quando o advogado Luiz Fernando Crestana e o empresário Henrique Schreurs se aproximaram da mesa onde estavam dois jornalistas. Queriam contar que haviam decidido mudar seu voto. Pensavam em anular, mas, depois de participar ali do encontro com a senadora Simone Tebet (MDB), decidiram pela primeira vez na vida votar em Lula. Não pelo petista, mas em razão do risco que viam em um segundo mandato presidencial para Jair Bolsonaro (PL).

A lógica dos dois deve definir a eleição de domingo, quando o sentimento contrário a Lula e ao petismo vai se chocar com o antibolsonarismo. É a rejeição ao outro lado e ao seu projeto para o País que moverá os votos decisivos no dia 30. Crestana e Schreurs são exemplos das recentes reviravoltas políticas.

Nicolau da Rocha Cavalcanti - Um azar digno de revolta

O Estado de S. Paulo

Não faria mal um pouco de realismo – e menos condescendência com nossa realidade particular – para notar desigualdades e privilégios vigentes.

Imaginemos a seguinte situação. Nossos filhos vão a um acampamento de férias extraordinário. Há aulas de música, desenho e teatro, cursos de inglês e francês, palestras com profissionais apaixonados por seu trabalho. A alimentação é balanceada. O local dispõe de áreas verdes, cinema, quadras esportivas, piscina e uma biblioteca incrível. Não era barato, exigiu sacrifício, mas achamos que valia a pena.

Ao buscarmos os nossos filhos, descobrimos que o acampamento proporcionou tudo o que havia prometido, mas não a todas as crianças. No primeiro dia, houve um sorteio e metade dos participantes não teve acesso a nenhuma das atividades previstas, a nenhum dos lugares espetaculares, a nenhuma comida saudável. Essas crianças dormiram noutro pavilhão e, durante o dia, ajudaram a organizar as atividades, a cozinhar, a arrumar as camas, a limpar os banheiros. No final do dia, tinham um tempo de descanso, no qual podiam ver televisão.

Ficamos indignados. “Meus filhos não assistiram às aulas? Não tiveram acesso aos locais das atividades? Dormiram numa casa diferente daquela das fotos do folheto do acampamento? E ainda tiveram de trabalhar?”

“Sim”, confirma o coordenador do acampamento. “Foi o que ocorreu”, diz. “Além disso, no último dia, houve uma prova com todas as crianças e seus filhos não foram bem. Eles ficaram entre os 25% piores de todo o acampamento.”

O governo Bolsonaro retratado em 5 livros de charges

Cinco livros eletrônicos retratam com humor o governo de Jair Bolsonaro, em seleção de charges publicadas originalmente no extinto Agora São Paulo e na Folha de São Paulo, jornais do Grupo Folha. Todos os rolos do presidente é o título da coleção que traz desenhos desde o primeiro ano de mandato, passando pela crise do coronavírus, o caso das rachadinhas e a compra de imóveis com dinheiro vivo.

A coleção estará disponível nas plataformas de livros digitais, inicialmente na Amazon. O autor, o jornalista e cartunista Cláudio de Oliveira, colabora com a Folha e mantém na Folha Online o blog de humor Cláudio Hebdô (folha.com/claudiohebdo).

TODOS OS ROLOS DO PRESIDENTE -1 - Antes do coronavírus

O primeiro ano do governo Bolsonaro. Entre outros temas, estão as queimadas no Pantanal, o desmatamento na Amazônia, um novo partido que não saiu do papel, o aumento de preços e o pibinho de 1,1% em 2019.

https://www.amazon.com.br/dp/B09KCKZBCY

TODOS OS ROLOS DO PRESIDENTE – 2 - Na pandemia do coronavírus

Cartuns sobre a atuação de Bolsonaro durante a pandemia do coronavírus: negacionismo, ações contra o isolamento e uso de máscara; campanha pela cloroquina, demissões dos ministros Luiz Henrique Mandetta, Nelson Teich e gestão do general Pazuello na pasta; atraso na vacinação; falta de oxigênio no Amazonas, entre outros.

https://www.amazon.com.br/dp/B09PHN7BSJ

TODOS OS ROLOS DO PRESIDENTE – 3 - Na CPI do coronavírus

Charges da CPI da Covid-19: as revelações da comissão, como a negligência na compra de vacina da Pfizer, suspeitas de irregularidades no contrato da Covaxin, a ação do governo com base em teses como imunidade de rebanho e uso de cloroquina.

https://www.amazon.com.br/dp/B09Q29861T

TODOS OS ROLOS DO PRESIDENTE – 4 - E as rachadinhas dos bananinhas também

Os rolos do presidente Jair Bolsonaro, seus filhos e familiares, com foco nas suspeitas de rachadinhas e compra de imóveis com dinheiro vivo.

https://www.amazon.com.br/dp/B0BFFV2VBM

TODOS OS ROLOS DO PRESIDENTE – 5 - Jair Pedalada

Manobras para furar o teto de gastos e permitir o pagamento do orçamento secreto aos aliados do Centrão, além da criação do Auxílio Brasil, em permanente campanha pela reeleição, com ameaças golpistas e tentativas de desmoralização do sistema eleitoral.

https://www.amazon.com.br/dp/B0BGCSH898

O que a mídia pensa - Editoriais / Opiniões

Leniência incentiva o assédio eleitoral nas empresas

O Globo

Denúncias sobre empresários coagindo funcionários a votar em seus candidatos quintuplicaram

É escandaloso o nível atingido pelo assédio eleitoral nestas eleições. Em nenhuma outra houve tantas denúncias sobre empresários obrigando seus funcionários a votar em seu candidato, como se o Brasil ainda estivesse na República Velha e as empresas fossem currais eleitorais. Até o último final de semana, o Ministério Público do Trabalho (MPT) havia recebido 1.155 denúncias, o quíntuplo das recebidas em 2018. De acordo com o procurador-geral do trabalho, José de Lima Ramos Pereira, a tentativa de se assenhorear do voto do funcionário, quase sempre os de menor qualificação, é uma violência comparável ao assédio moral ou mesmo ao sexual.

O Sudeste, maior colégio eleitoral, contribui para a estatística de degradação institucional com 461 denúncias, relativas a 378 empresas. O Sul fica em segundo lugar, com respectivamente 335 e 273. Quase todas envolvem assédio para funcionários votarem no candidato Jair Bolsonaro (PL). É o caso da acusação contra a Altenburg, maior fabricante de travesseiros do Brasil, com 1.700 funcionários em Blumenau, Santa Catarina.

Poesia | José Saramago - Não me peçam razões

 

Música | Cristovão Bastos e Mauro Senise - Para um amor no Recife (Paulinho da Viola / Homenagem aos 80 anos do autor)

 

terça-feira, 25 de outubro de 2022

Elimar Pinheiro do Nascimento* - Voto pelo Brasil

Não voto em Lula porque goste do Lula.

Voto nele porque quero ver o salário mínimo aumentar mais do que a inflação a cada ano, ver a fome desaparecendo de nosso mapa e as pessoas conseguindo comer, ter emprego e seus filhos irem à Universidade. Porque não me conformo que, no país de maior produção agrícola, 33 milhões de pessoas passem fome. Voto em Lula porque quero ver meu País voltar a crescer, como em 2010, quando cresceu 7,5% do PIB.

Não voto em Lula porque goste dele.

Voto em Lula porque julgo a educação como a primeira prioridade de qualquer governo, e defendo que lugar de criança é em escola de boa qualidade, e não na cadeia; porque defendo que a ciência e tecnologia são essenciais ao desenvolvimento de meu País, e quero manter e aumentar a verba para estes setores e não para as emendas parlamentares do “orçamento secreto”, a maior corrupção institucional do mundo.

Merval Pereira - Tiro pela culatra

O Globo

Simone Tebet, Michele, Cármen Lucia, Marina Silva, Damares, as mulheres que mais têm influenciado a campanha no segundo turno

Entre as peculiaridades desta campanha eleitoral está o fato de as mulheres terem sido fundamentais para os candidatos que disputam o segundo turno. Bolsonaro levou à ribalta a primeira-dama Michelle e sua ex-ministra Damares. A primeira tem tido uma ação eficaz para a campanha do marido, em que pesem seus transes religiosos, mas Damares só tem trazido problemas quando se mete a denunciar aberrações sexuais com bebês, uma lenda urbana que não conseguiu provar, mostrando-se irresponsável.

Para Lula, entre as mulheres, destaca-se a ex-senadora e candidata derrotada à Presidência Simone Tebet. Ela tem dominado a campanha, influindo decisivamente e obscurecendo a presença do candidato a vice Geraldo Alckmin, considerado até então o grande trunfo de Lula para levar sua candidatura ao centro político. Pois Simone Tebet está lembrando aos eleitores desencantados que eles tinham uma boa candidata no primeiro turno.

Míriam Leitão - Jefferson é flagrante da farra das armas

O Globo

Jefferson jogou um holofote sobre o que é o governo Bolsonaro, que liberou a compra de armas de guerra e nesse caso a vítima foi a PF

caso Roberto Jefferson jogou um holofote sobre uma parte tenebrosa do governo Bolsonaro. O incentivo a que seus aliados se armem levou o Brasil a uma situação explosiva. Há um milhão de armas nas mãos dos integrantes dos clubes de trio. O total de pessoas nos CACs é mais do que o efetivo de todas as PMs somadas. O arsenal que estava na casa do réu Roberto Jefferson é uma radiografia das falhas sequenciais. Por que o Exército não cassou a licença CAC dele, seguindo suas normas? A Polícia Federal sai do episódio com dois feridos e a reputação atingida. Ela não seguiu seus próprios padrões de segurança e abordagem por causa da interferência política no caso.

O Brasil tinha 120 mil integrantes dos Clubes de Tiros, os CACs no governo Temer, agora tem 700 mil pessoas. Além disso, aumentou muito o número de armas e munições que cada pessoa pode ter. Não são para defesa pessoal. Bolsonaro permitiu o acesso a armas de guerra. Esse submundo da loucura armamentista teve em Roberto Jefferson um exemplo. Ele não poderia ter aquelas armas todas, dos fuzis com mira a laser a granadas, nem poderia sequer ser CAC. Pelas normas da sua regulamentação, o Exército teria que ter cassado a licença de Jefferson. Falhou a polícia que permitiu aquele arsenal e falhou o Exército que não tirou a licença.

Carlos Andreazza - Lula contra o antipetismo

O Globo

Muita gente ainda surpresa com a competitividade de Bolsonaro. Subestima-se o antipetismo; o principal motor a promover o candidato. Outros motores: o bolsolão, também chamado orçamento secreto, e a derrama de bilhões, na forma da PEC Kamikaze, que o bolsolão comprou no Parlamento e que ora resulta em que a população financie o esforço concentrado pela reeleição.

Subestima-se o antipetismo a ponto de o PT haver aprovado essa emenda constitucional; que autorizou o governo a distribuir assistências bilionárias em plena campanha.

Subestima-se o antipetismo a ponto de o PT não ter acionado o TSE contra o pacotão de bondades por meio do qual o governo, formalizando os abusos de poder político e econômico, extinguiu qualquer paridade de armas. A subestimação que chancela a covardia; o medo de uma ação contra os benefícios eleitoreiros ser explorada pelo zap profundo bolsonarista como gesto petista de hostilidade aos mais pobres.

Tudo será — tudo é — explorado. Mas qual o pior risco? Denunciar o atentado à lei eleitoral e barrar abusos empilhadores de votos, e então ir defender o lance em termos narrativos, ou deixar correr uma disputa desequilibrada pelo jorro dos bilhões?

Luiz Carlos Azedo - Para Lula e Bolsonaro, o tempo não para na corrida eleitoral

Correio Braziliense

A ofensiva de Bolsonaro no segundo turno, ameaçando ultrapassar Lula, foi contida até aqui. Um fato que já pode ter influenciado as pesquisas é o caso Roberto Jefferson

A pesquisa Ipec, divulgada ontem, não foi nada boa para o presidente Jair Bolsonaro, que vinha em uma exitosa ofensiva para encurtar a distância em relação ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na semana passada. Realizado entre sábado e ontem, com margem de erro de dois pontos para mais ou para menos, o levantamento mostra uma estabilização da campanha em relação à pesquisa anterior, de 17 de outubro, mantendo-se em 50% dos votos totais para Lula e 43% para Bolsonaro. Ou seja, o chefe do Executivo não conseguiu reduzir a diferença em uma semana de campanha. O gráfico de chegada no dia da eleição, a chamada "boca de jacaré", mostra linhas paralelas.

Hélio Schwartsman - Caso Jefferson prova que Bolsonaro é mal maior

Folha de S. Paulo

Bolsonarista jogando granadas contra a polícia é algo que assusta o eleitor moderado

O ataque do ex-deputado federal Roberto Jefferson à Polícia Federal é tudo o que Bolsonaro não precisava neste final de campanha eleitoral. Os obstáculos que o presidente teria de superar para reeleger-se nunca foram pequenos.

Na prática, ele precisaria não apenas atrair para si a maior parte dos eleitores que ficaram órfãos dos candidatos eliminados no primeiro turno como também tirar alguns votos do petista, o que é infrequente, ainda que não impossível. As cenas protagonizadas pelo manda-chuva do PTB recentemente convertido num aliado paroxístico de Bolsonaro atrapalham bastante essa tarefa.

Cristina Serra - Bolsonaro e a campanha do terror

Folha de S. Paulo

O plano da extrema direita é, e sempre foi, a banalização da brutalidade

A cidade de Comendador Levy Gasparian, no interior do Rio de Janeiro, entrou no mapa do terrorismo e da violência política. Um criminoso, com ordem de prisão expedida pela Justiça, resistiu e atirou contra agentes do Estado, ferindo dois deles.

É muito claro o roteiro da insanidade, traçado para desafiar as autoridades e inflamar extremistas. Enquanto Roberto Jefferson, o bandido, atiçava cães raivosos, montado sobre arsenal de guerra, o jornalista Rogério de Paula era agredido e hospitalizado.

Com o bandido decidido a se entregar, deu-se conversa amistosa entre ele e o policial encarregado de prendê-lo, quase a pedir desculpas pelo incômodo. O policial ainda fez pilhéria dos colegas feridos horas atrás pelo bandido. "São burocráticos, (...) não são operacionais", disse, entre sorrisos.

Joel Pinheiro da Fonseca - Bolsonaro: terra arrasada

Folha de S. Paulo

Se vencer, terá autorização popular para ir ainda mais fundo na destruição institucional

Quando Roberto Jefferson atirou contra os policiais federais que foram prendê-lo, tivemos um exemplo vivo de como é o discurso bolsonarista trazido à prática. Usou de seu sagrado direito de possuir armas à vontade para resistir contra uma autoridade que ele considera injusta e ditatorial.

Um jornalista que cobria a prisão de Roberto Jefferson foi agredido e teve que ir para o hospital. Não é a primeira vez e não será a última: quando a imprensa é demonizada, a violência popular é sua consequência natural. O próprio Bolsonaro não se furtou de insultar jornalistas e até espalhar calúnias graves, como a de que uma jornalista teria se prostituído para conseguir material contra ele.

Faltam cinco longos dias para a eleição. Quais surpresas sujas podem estar guardadas para esta reta final? Que operações de WhatsApp, que fake news espetaculares, que chamados à ação?

Alvaro Costa e Silva - O arrocho de Paulo Guedes

Folha de S. Paulo

Fim da correção do valor mínimo do salário e da aposentadoria é só o trailer do empobrecimento

Considerado o principal tema de debate e fator decisivo para a escolha do voto no início da campanha, a situação econômica do país foi perdendo espaço para a guerra digital e a guerra santa — duas imposições do bolsonarismo com as quais a frente democrática em torno de Lula teve de lidar nem sempre com bons resultados.

Depois de passar oito anos no poder e nada ter feito para prejudicar a fé dos brasileiros — ao contrário, pastores que hoje o demonizam aliaram-se aos governos petistas —, Lula viu-se obrigado a se defender de duas das maiores mentiras da temporada: não irá fechar igrejas, tampouco implantar banheiros
unissex nas escolas
.

Eliane Cantanhêde – Granadas e tiros de canhão

O Estado de S. Paulo

As granadas de Roberto Jefferson atingiram em cheio a campanha de Bolsonaro, a uma semana das urnas

Que o ex-deputado Roberto Jefferson vem enlouquecendo, todo mundo sabia, o que ainda não se sabe é o que, exatamente, ele pretendia ao reagir à volta à prisão com granadas e 50 tiros de fuzil contra policiais federais. Mais do que coisa de maluco, é ação de criminoso de alta periculosidade, a uma semana das eleições, e ele tem candidato: o presidente Jair Bolsonaro.

A ação de Jefferson comporta inúmeras análises e projeções e reforça a coluna de domingo, sobre o país e o mundo que queremos. Ele saiu das profundezas e das trevas para enfrentar a PF à bala, ameaçar o Supremo Tribunal Federal, o TSE, as eleições e, assim, a própria democracia. E até onde quer chegar?

Policiais federais experientes, como Jorge Pontes, ex-Interpol, consideram a ação para prender Jefferson “o episódio mais vergonhoso da história da PF” e se dizem aliviados porque os agentes não reagiram à altura. E se eles matassem Jefferson em legítima defesa? Ele viraria mártir, o TSE seria o vilão e o ministro Alexandre de Moraes, o carrasco. O potencial para virar o jogo da eleição seria enorme.

Vera Rosa - Bolsonaro procura um ‘bode na sala’ para se livrar de Roberto Jefferson

O Estado de S. Paulo

Campanha diz que rádios do Norte e do Nordeste surrupiaram comerciais do presidente para favorecer Lula, mas não apresenta provas; Centrão atua para aumentar abstenção de eleitores do petista

A campanha de Jair Bolsonaro (PL) está à procura de um escândalo para desviar a atenção do caso Roberto Jefferson, o ex-deputado que até ontem era aliado número um do presidente, mas virou elemento tóxico para o Palácio do Planalto. Diante do terremoto que desnorteou a equipe de Bolsonaro, o ‘bode na sala’ da vez é uma acusação de que rádios do Norte e do Nordeste teriam surrupiado a propaganda do candidato à reeleição para beneficiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A “coincidência” é que o comitê do PL só decidiu divulgar essa denúncia agora, um dia após o ataque de Jefferson a agentes da Polícia Federal. E também depois de pesquisas encomendadas pela campanha indicarem que os tiros de fuzil e as granadas disparadas pelo dono do PTB contra os policiais atingiram Bolsonaro nesta última semana da corrida eleitoral.

Era tudo que o ocupante do Planalto não precisava num momento em que não pode mais errar. Além disso, Bolsonaro demorou a condenar os xingamentos de Jefferson à ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF). Só o fez depois que o ex-deputado entrincheirado atirou ao tentar resistir à ordem de prisão, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, integrante do STF e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Andrea Jubé - ‘Nervos de aço’ é a música da eleição

Valor Econômico

Jefferson tem histórico de reagir ao sentir-se traído

O ex-deputado Roberto Jefferson entrará para a história como o homem-bomba de dois governos. Nunca o adjetivo “explosivo” foi tão adequado para qualificar um político, que no auge de seus arroubos, lançou granadas e atirou com um fuzil contra agentes da Polícia Federal.

Quando exercia mandato de deputado federal pelo PTB e ganhou os holofotes como delator do mensalão em 2005, Jefferson aparecia na crônica política como um líder influente e folclórico.

Cassado pelos colegas da Câmara e condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a sete anos de prisão, o líder petebista apregoava que se tornaria cantor, enquanto ensaiava árias de ópera em casa.

Em uma das cenas mais lembradas da CPI dos Correios, o deputado Roberto Jefferson apareceu para depor com o olho roxo. No depoimento, alegou que a estante de discos despencou sobre o seu rosto, enquanto ele procurava uma coleção de LPs de Lupicínio Rodrigues. Questionado sobre qual música queria ouvir, ele soltou uma gargalhada e citou “Nervos de aço”. A zombaria fez tanto sucesso no meio político, que ele cantou a faixa no “Programa do Jô”.

Pedro Cafardo - SUS perde R$ 70 bi e está pedindo socorro

Valor Econômico

Copa do Mundo e sucesso econômico caminham juntos

O Sistema Único de Saúde (SUS), conquista civilizatória dos brasileiros e um dos mais importantes programas de assistência universal à saúde do mundo, está pedindo socorro. O sistema foi atingido por subfinanciamento crônico durante o atual governo e acumula mais de 1 milhão de pessoas na fila de procedimentos.

Alguns números sustentam essa informação. A “engenhosa” Emenda Constitucional 95, também conhecida como PEC do Teto de Gastos, retirou R$ 37 bilhões do SUS entre 2018 e 2022. As perdas, somadas às previstas no Orçamento de 2023, alcançam R$ 59,6 bilhões. Além disso, os royalties do petróleo estão sendo desvinculados do setor da saúde e utilizados para amortização da dívida pública desde a EC 109, de 2021. Isso dá uma perda de outros R$ 11 bilhões para o SUS no período, totalizando R$ 70,6 bilhões.

Olhando para esses números, compilados no estudo denominado “Nova Política de Financiamento do SUS”, feito na UFRJ para a Associação Brasileira de Economia da Saúde (ABrES), e ao mesmo tempo observando os resultados do primeiro turno das eleições, só é possível chegar a uma conclusão: o brasileiro tem memória curtíssima.