segunda-feira, 24 de junho de 2024

O que a mídia pensa | Editoriais / Opiniões

Violência desigual exige ação do governo federal

O Globo

Homicídios caíram no Sul e Sudeste, mas índices pioraram nas demais regiões, revela estudo

O Brasil é desigual até nos índices de criminalidade. De acordo com o Atlas da Violência divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), enquanto Sul e Sudeste apresentavam em 2022 taxas de homicídio declinantes, Norte, Nordeste e Centro-Oeste registravam números ascendentes.

São Paulo mais uma vez ostenta a menor taxa de homicídios da Federação (6,8 por 100 mil habitantes). Em seguida, aparecem Santa Catarina (9,1), Distrito Federal (11,4), Minas Gerais (12,5), Rio Grande do Sul (17,1), Mato Grosso do Sul (19,7), Rio de Janeiro (21,4), Paraná (22,3), Goiás (23,1) e Piauí (24,1), todas abaixo ou pouco acima da média nacional (21,7).

No outro extremo figura a Bahia, estado que nos últimos anos tem enfrentado grave crise na segurança. Com 45,1 homicídios por 100 mil habitantes, concentra seis das dez cidades mais letais do país: Jequié — a mais violenta (88,8) —, Santo Antônio de Jesus, Simões Filho, Camaçari, Feira de Santana e Juazeiro. Completam a lista fatídica Cabo de Santo Agostinho (PE), Sorriso (MT), Altamira (PA) e Macapá (AP), todas com taxas acima de 68 por 100 mil, mais que o triplo da média nacional.

Fernando Gabeira - Limites da paciência popular

O Globo

O papel da sociedade poderia ser estendido a discussões mais áridas, como a qualidade dos gastos do governo

A reação social a dois projetos, sobre aborto e praias, abre caminho para alguns ensinamentos. O primeiro deles, e mais óbvio, revela que as pessoas não querem retrocesso, sobretudo os que podem nos fazer voltar à Idade Média, sem algumas qualidades daquela fase histórica.

Isso acende um sinal amarelo para as forças conservadoras, sobretudo as que investem contra o Estado laico e querem substituir a Constituição pela Bíblia.

Creio que o campo oposto, o governista, também tem material para refletir sobre o que se passou nas últimas semanas. Talvez tenha de rever a ideia de que o foco único de seu esforço seja a economia. Alguns especialistas em eleições repetem a frase: “É a economia, estúpido”. E muitos acreditaram que tudo realmente se resume à economia, ou que as pessoas são apenas fisiológicas, como alguns políticos que as representam.

Preto Zezé - Combate à crise exige união

O Globo

Entes federados e Poderes da República necessitam colaborar entre si para enfrentar os desafios

Boa parte da crise institucional brasileira advém da descrença na política e no Estado e da baixa qualidade de suas ações — mas também de como são elaboradas as políticas, sem participação social qualificada. A isso somam-se a desorganização e a desmobilização dos setores populares, diante da distância dos mecanismos de decisão. São fóruns e horas de debate com pouca eficácia e lentidão da burocracia estatal ante as agonias do povo. A distância se torna maior devido ao calendário de eleições bianual, gerando uma terrível distorção entre as necessidades reais e a retórica eleitoral.

Estive com gestores de diversas posições ideológicas, da direita à esquerda, em razão das tarefas institucionais que me conduzem a uma posição pragmática pelos interesses das favelas e à disposição de diálogo com todos. Encontrei governadores como Ronaldo Caiado, Elmano de Freitas, Tarcísio de FreitasFátima BezerraHelder BarbalhoCláudio Castro, com os ministros Renan Filho e Ricardo Lewandowski, para citar alguns. Há consenso de que os entes federados e os Poderes da República necessitam de colaboração entre si para enfrentar os grandes desafios nacionais, apesar das características locais.

Demétrio Magnoli - O mercado que nos sabota

O Globo

O tabu econômico lulista só admite ajuste pelo lado da receita, condenando qualquer tentativa de cortar despesas

‘O governo do presidente Lula está enfrentando forte campanha especulativa e de ataques ao programa de reconstrução do país com desenvolvimento e justiça social’, afirmou a nota da direção do PT publicada há uma semana. Como? Pela “escancarada sabotagem ao crédito, ao investimento e às contas públicas, movida pela direção bolsonarista do Banco Central com a manutenção da maior taxa de juros do planeta”. O BC seria uma ferramenta de “setores privilegiados” que, “valendo-se da mídia associada a seus interesses financeiros, fabricam uma inexistente crise fiscal”.

A economia de mercado é uma conspiração — eis o conceito de fundo que orienta o texto partidário. Fosse, apenas, expressão da ignorância econômica petista, isso não passaria de uma curiosidade. Só que não é: a nota reflete o pensamento econômico de Lula, raiz do atual impasse fiscal.

Bruno Carazza - Benefício bilionário semicondutor de ineficiência

Valor Econômico

Na mesma semana que Lula critica renúncias fiscais, governo apoia prorrogação de incentivos por mais cinquenta anos

Na quarta (18/06), em entrevista à rádio CBN, o presidente Lula se declarou “perplexo” diante do volume de renúncias fiscais no Brasil, que passaria da casa dos R$ 546 bilhões, e anunciou seu compromisso de rever esses benefícios, para que o ajuste das contas públicas não seja aplicado somente sobre os pobres.

Nem bem a fala de Lula deixou de ecoar, a Câmara dos Deputados aprovou, com o apoio do PT e demais partidos da base do governo, o PL nº 13/2020 que amplia e estende renúncias fiscais para os setores de semicondutores e de tecnologia da informação até o ano de 2073, mesmo prazo de vigência da Zona Franca de Manaus.

Sergio Lamucci - Incertezas internas impulsionam o dólar

Valor Econômico

Fatores globais contribuem para a alta da moeda americana neste ano, mas riscos domésticos explicam a maior parte do movimento

O cenário para o câmbio mudou significativamente de figura ao longo do ano. No primeiro semestre, o real se enfraqueceu em relação à moeda americana, com o aumento dos riscos externos e principalmente dos internos, devido em grande parte às incertezas sobre as contas públicas, mas nos últimos dias também por causa das críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, e ao nível dos juros. Em 2024, o dólar já subiu quase 60 centavos, de R$ 4,86 para R$ 5,44, uma alta de 11,9%.

A força das contas externas, com saldo comercial perto de US$ 100 bilhões em 12 meses e reservas internacionais de US$ 355 bilhões, ajuda a amenizar, mas não impede o avanço do dólar, movimento que tende a causar impacto desfavorável sobre a inflação. A pressão sobre o câmbio e a maior volatilidade da moeda podem ainda atrapalhar o planejamento das empresas, encarecendo a importação de bens de capital, por exemplo, o que prejudica o investimento.

Entrevista | Pedro Malan: Brasileiro não aceita mais que hiperinflação volte

Por  Lu Aiko Otta / Valor Econômico

Nos 30 anos do Plano Real, ex-ministro da Fazenda alerta que nova reforma da Previdência Social pode ser necessária ainda nesta década

Prestes a completar 30 anos no próximo dia 1º, a estabilização de preços proporcionada pelo Plano Real foi apenas um primeiro passo de um projeto de transformação da economia brasileira, disse ao Valor o ex-ministro da Fazenda Pedro Malan, que comandou a área econômica do governo nos dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).

Após domar a inflação, havia toda uma agenda de reformas econômicas a ser implementada. Muitas delas ainda estão sobre a mesa. É o caso do debate sobre a estrutura das despesas obrigatórias do governo, tema que foi levado na semana passada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelos ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Simone Tebet (Planejamento).

Documentos elaborados antes do lançamento do Real continuam atuais nesse debate, ressaltou o ex-ministro, que nesta terça-feira (25) lança em São Paulo, o livro “30 Anos do Real - Crônicas no Calor do Momento”, pela editora Intrínseca.

A publicação reúne artigos publicados por Malan e outros dois “pais” do plano de estabilização, Edmar Bacha e Gustavo Franco (organizador), além de um artigo escrito por Fernando Henrique Cardoso em 2019. O livro é dedicado ao ex-presidente, cuja liderança política é apontada como peça fundamental do sucesso do plano de estabilização.

O propósito do livro não é trazer bastidores sobre a elaboração do plano, e sim discutir a tentativa de consolidação do projeto do Real ao longo dos últimos 30 anos, além de contribuir para o debate atual, explicou o ex-ministro.

Organizado em seis partes - primeiros anos, dez anos, 15 anos, 20 anos, 25 anos e 30 anos -, mostra a batalha da construção do tripé macroeconômico que persiste até hoje e como o projeto resistiu à alternância do poder, com a eleição de Lula em 2002.

O Real completou 20 anos em meio ao experimento da Nova Matriz Macroeconômica e, na definição de Franco à época, o momento “mais cercado de dúvidas sobre a coisa conquistada”.

Também hoje há o debate em torno da adoção de uma política keynesiana, apesar dos resultados da tentativa anterior. Ao mesmo tempo, outros integrantes do governo se esforçam para colocar em debate a estrutura do orçamento - algo que deve ser intensificado, na visão do ex-ministro.

“Acredito que a história é um diálogo infindável entre o passado e o futuro”, afirmou ele, a respeito do livro. “O objetivo é mostrar como essas coisas estão ligadas: o passado estabelece certas restrições, mas também certas oportunidades e possibilidades que o futuro sempre encerra.” 

A seguir, os principais trechos da entrevista.

Jeffrey Sachs - A Cúpula do Futuro

Valor Econômico

Reunião é um convite a uma intensa troca global de ideias sobre como tornar nosso mundo apto para o desenvolvimento sustentável

O sistema geopolítico mundial não está proporcionando o que queremos ou precisamos. O desenvolvimento sustentável é nosso objetivo declarado, significando prosperidade econômica, justiça social, sustentabilidade ambiental e paz. No entanto, nossa realidade é de continuidade da pobreza em meio à abundância, a desigualdades crescentes, a crises ambientais cada vez mais graves e à guerra. Para voltar aos trilhos, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, sensatamente, convocou uma Cúpula do Futuro (SOTF, na sigla em inglês) para os dias 22 e 23 de setembro, uma convocação que foi endossada pelos 193 Estados-Membros da ONU.

A ideia central da Cúpula do Futuro é que a humanidade se depara com um conjunto de desafios sem precedentes que só podem ser resolvidos por meio da cooperação internacional. A crise das mudanças climáticas induzidas pelo homem (em especial o aquecimento do planeta) não pode ser resolvida por um único país. Nem as crises de guerras (como na Ucrânia e na Faixa de Gaza) ou as tensões geopolíticas (entre Estados Unidos e China) podem ser resolvidas por um ou dois países sozinhos. Cada país, mesmo as grandes potências, como EUA, China, Rússia, Índia e outros, faz parte de uma complexa estrutura global de poder, economia e política que requer soluções genuinamente globais.

Carlos Pereira - Escudo contra populistas

O Estado de S. Paulo

No populismo, seja de direita ou de esquerda, sempre existe a necessidade de confrontar instituições

“Aí resolveram entender que era importante que tivesse um Banco Central independente e com autonomia. Ora, autonomia de quem? Autonomia para servir e atender a quem?” A reposta a essas perguntas proferidas pelo presidente Lula na semana passada seria a seguinte: do senhor mesmo, presidente!!!

Políticos eleitos, em qualquer democracia do mundo, têm muitas dificuldades para lidar com agências e organizações reguladoras autônomas com prerrogativa de decidir políticas públicas e potencial de contrariar as suas preferências de curto prazo.

Ana Cristina Rosa - Caça aos livros

Folha de S. Paulo

A perseguição restringe-se a obras que promovem debate e reflexão antirracista

Está aberta a temporada de caça aos livros no Brasil! Mas atenção. A perseguição restringe-se à indicação pedagógica de certas obras capazes de promover o debate e a reflexão antirracista no país mais negro fora da África.

Este poderia ser o preâmbulo de uma publicação sobre uma distopia, um "lugar ruim" qualquer. Tragicamente é a síntese da reação adversa desencadeada pela adoção curricular de alguns livros que abordam a temática racial —a despeito da obrigação legal (lei 10.639/2003) do ensino da história e da cultura afro-brasileira em nossas escolas.

Camila Rocha - Nunes se submete a Bolsonaro

Folha de S. Paulo

Prescindindo de qualquer autonomia, Nunes optou por delegar a indicação da vice de sua chapa

Caso Ricardo Nunes ganhe as eleiçõesSão Paulo será governada pelo bolsonarismo. Com Nunes na prefeitura, e Tarcísio de Freitas no governo do estado, os mais de 44 milhões de paulistas ficarão sob a batuta da extrema direita. Da mesma forma que Tarcísio não conseguiu ter qualquer independência em relação a seu padrinho político, agora é a vez de Nunes se curvar de vez a Jair Bolsonaro.

Prescindindo de qualquer autonomia, Nunes optou por delegar a indicação da vice de sua chapa ao governador do estado. Tarcísio, que encontrou seu lugar ao sol na extrema direita posando de paladino contra o crime organizado, achou por bem escolher o coronel da PM Melo Araújo, ex-comandante da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), conhecida por ser a tropa mais letal da Polícia Militar paulista.

Marcus André Melo - O dilema institucional

Folha de S. Paulo

Por que Lula 3 está malogrando?

Os impasses atuais nas relações do presidente Lula com o Congresso evocam —mas como veremos apenas superficialmente— o padrão identificado por Celso Furtado em "Obstáculos Políticos ao Desenvolvimento Econômico" (1965). Nele, Furtado reflete sobre a crise de 64 e sua estrutura mais profunda: um executivo eleito pelo eleitorado urbano que se confrontava com um Congresso que obstaculizava uma agenda de reformas "de base". O resultado era um confronto paralisante cujo desenlace foi a ruptura da ordem constitucional. Já examinei o argumento aqui.

Entrevista | Márcio França: Pós-eleição exigirá rearranjo para ver quais partidos ficarão com Lula

Jennifer Gularte / O Globo

Conhecido por articular palanques, ex-governador de SP avalia que reforma ministerial vai se impor quando siglas da base precisarem escolher de que lado estarão em 2026: do presidente ou do bolsonarismo

O senhor é do PSB, mas há ministros de outros partidos não alinhados ao governo. O modelo de coalizão está funcionando?

É difícil ser engenheiro de obra pronta. Nós chegamos até aqui com 95% de tudo o que mandamos aprovado. Então, não dá para dizer que não foi bem-sucedido. Mas a nossa angústia coletiva, dos políticos e jornalistas, se encerrará no final desse ano. Quando acaba a eleição de prefeito, começa a de governador e presidente. As nuvens vão se adensar para dois campos específicos: um liderado pelo governo de São Paulo (de Tarcísio de Freitas) e talvez a prefeitura de São Paulo (com a possível reeleição de Ricardo Nunes), contra o campo nacional (do governo Lula). Então, vários partidos que têm posições importantíssimas dentro do governo vão ter que tomar uma decisão difícil. Se o parlamentar vai mudar de partido e ficar com o governo federal ou se irá se embarcar na aventura paulista.

São Paulo será o contraponto? Como será esse jogo?

É muito difícil imaginar que alguém tiraria uma eleição do Lula. Depois de preso, todo arrebentado, todo chamuscado, ele ganhou uma eleição... Essa é a sensação, ainda mais em condições plenas, com poder na mão e sem o principal concorrente (Jair Bolsonaro) na disputa. A pessoa escolhida para disputar a eleição contra o Lula, mesmo sabendo que provavelmente vai perder, naturalmente se transformará no próximo candidato a presidente mais forte do país. Acho meio inevitável o Tarcísio ser candidato. Ele será empurrado para essa disputa. Querendo ou não, é o nome mais forte, um moço educado, não tem aquela coisa mais dura, bruta do Bolsonaro.

Poesia | Dos Engenhos de minha Terra, de Ascenso Ferreira

 

Música | Chico César, Mônica Salmaso e Alceu Valença - Prêmio da Música Brasileira

 

domingo, 23 de junho de 2024

O que a mídia pensa | Editoriais / Opiniões

Produtividade baixa é raiz da pobreza brasileira

O Globo

Crescimento de apenas 0,3% ao ano desde 2010 é insuficiente para aumentar renda da população

Há cinco anos o Brasil está entre as dez piores posições no ranking de competitividade do International Institute for Management Development (IMD), da Suíça. Na última edição, ocupa a 62ª posição num total de 67 países, à frente apenas de economias desajustadas como Nigéria ou Venezuela. Um olhar sobre o histórico recente da produtividade mostra onde estão as deficiências. Em 1980, eram necessários dois brasileiros para produzir tanta riqueza quanto um americano. Hoje é preciso quatro.

Quando se discute a pobreza persistente no Brasil, muito se fala na necessidade de ampliar e aprimorar programas sociais. Eles são necessários no presente, mas insuficientes para o futuro. Pouco se discute o principal indicador que traduz o atraso da nossa economia: a produtividade. Desde 2010, ela cresceu 0,3% ao ano, acima apenas da década perdida nos anos 1980. Nos últimos 13 anos, o investimento na produção aumentou pouco, e a alocação de recursos perdeu eficiência.

Luiz Sérgio Henriques - A bússola que resta

O Estado de S. Paulo

Circunstâncias críticas tornam especialmente claro o lugar que cabe à esquerda na defesa das instituições e na busca das alianças que tal defesa requer

As democracias típicas da “onda” que se espraiou nas décadas finais do século 20 resistem mais do que se supõe. Essa é a boa notícia que estudiosos respeitados, a exemplo de Steven Levitsky, têm buscado ressaltar, ainda que com todas as cautelas que o argumento requer. A hora permanece difícil, mas a ideia básica desses autores é de que a modernização das sociedades implica a constituição de uma ordem política plural e o surgimento de contrapoderes sociais que diminuem as possibilidades de generalização das autocracias, ao contrário do que aconteceu há cerca de cem anos.

O quadro daí decorrente seria, portanto, mais compatível com uma árdua e continuada guerra de posições entre regimes democráticos e autoritários em escala global. Choques duros de absorver, como a posição “central” que adquiriram movimentos antes marginais, como o Reagrupamento Nacional na França e a Alternativa para a Alemanha, são de certo modo compensados com a relativa frustração eleitoral de Narendra Modi, na Índia, ou do partido governante na África do Sul, hoje distante do legado conciliador de Nelson Mandela. Ou então, tomando o caso italiano, a primazia de Giorgia Meloni e seus Fratelli d’Italia, de equívoca raiz neofascista, não deixa de ter como contraponto o Partido Democrático, no qual, com contida nostalgia, é possível recolher fragmentos do mais criativo dos antigos partidos comunistas.

Merval Pereira - A direita mostra sua cara

O Globo

Seria preciso uma vitória econômica vigorosa para que o eleitor acreditasse que o PT, sem Lula, terá vida própria

A careta que a primeira-ministra da Itália Geórgia Meloni fez ao ser cumprimentada pelo presidente francês Macron, e a conversa amistosa que ela teve com o presidente argentino Javier Milei, que por sua vez declarou ter amizade pelos Bolsonaro, mostra como a direita internacional sente-se à vontade no atual confronto com as forças do centro, e da esquerda, no mundo.

O ex-presidente brasileiro não hesitou em impor um candidato de extrema direita ao prefeito paulistano Ricardo Nunes, que tentou até o fim um companheiro de chapa menos bandeiroso, mas teve que ceder à força de Bolsonaro, que parece estar disposto a acelerar a polarização com Lula. Ricardo de Mello Araújo (PL), ex-coronel da Polícia Militar e ex-presidente da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), será seu companheiro de chapa, mesmo que sua escolha tenha irritado parte do MDB, partido do prefeito, e outros partidos da coligação.

Dorrit Harazim - Cara ou coroa

O Globo

Tanto o ocupante da Casa Branca quanto seu antecessor parecem convencidos de que a comparação direta lhes será favorável

Vale acertar os relógios e calcular fusos horários. Na próxima quinta-feira, 9 da noite pelo horário local, Joe Biden e Donald Trump se enfrentarão no Q.G. da CNN em Atlanta, capital da Georgia. Será o primeiro debate eleitoral da História entre dois presidentes dos Estados Unidos — um titular e um ex —, ambos em busca de uma nova eleição. No cara ou coroa para definir o lugar de cada um no pódio, deu “coroa”, e Biden optou por ficar à direta do adversário. Em compensação, Trump ganhou o direito de ter a última palavra. Serão dele as conclusões finais do embate.

Míriam Leitão - A inútil briga com o Banco Central

O Globo

Se Lula propuser o fim da autonomia do BC terá duas derrotas: no Congresso e com aumento de preços da economia real

Banco Central autônomo não é de esquerda, nem de direita. O Partido Trabalhista aprovou a independência do Banco da Inglaterra, no governo Tony Blair, em 1997, e agora os conservadores é que falam em rever a lei. Donald Trump brigou ferozmente com o presidente do FED, Jerome Powell, e chegou a postar nas redes: “minha única dúvida é: quem é o maior inimigo, Powell ou o presidente Xi”. Já o presidente Joe Biden manteve o indicado por Trump. Não é exclusividade do presidente Lula escolher como alvo o Banco Central. Mas o PT tem uma curiosa história com o BC.

Bernardo Mello Franco - O homem que assinou o real

O Globo

Em memórias, ex-ministro da Fazenda relembra a relação com Itamar, o escândalo da parabólica e a tensão antes do lançamento da moeda

Às vésperas do lançamento do real, o presidente Itamar Franco mandou chamar o ministro da Fazenda, Rubens Ricupero. Tinha uma notícia inesperada: contrariando o combinado, ia decretar um congelamento dos preços.

Surpreso, o embaixador usou a diplomacia para tentar desarmar a bomba. Com cuidado para não melindrar o chefe, lembrou que o tabelamento já havia levado à derrocada de outros planos econômicos, como o Cruzado.

“Minhas razões não bastaram. Ele não se sentia seguro”, lembra Ricupero, 30 anos depois. Ao fim da conversa, o presidente devolveu o problema: “Não estou convencido. A responsabilidade é do senhor”. O ministro manteve a palavra com sua equipe, salvando a nova moeda da morte prematura.

Elio Gaspari - Juízes estimulam ações impróprias das PMs

O Globo

Contam-se às centenas os casos em que magistrados deferem pedidos de busca e apreensão solicitados pelas corporações

Em outubro do ano passado o advogado Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, representando a Associação de Delegados do Estado de São Paulo, pediu ao corregedor nacional de Justiça que recomende aos magistrados o respeito ao dispositivo constitucional que delimitou as jurisdições das polícias Civis e Militares.

O artigo 144 da Constituição é claro:

“Às polícias Civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de Polícia Judiciária e a apuração de infrações penais, exceto a militares.”

“Às polícias Militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos Corpos de Bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil”.

Cacá Diegues - As diferenças não somem assim com facilidade

O Globo

Uma mesa na Rua do Comércio, em Maceió, foi um pilar do modernismo nordestino

Em 1930, a escritora Rachel de Queiroz, uma menina, mal saída do curso superior e tendo recém-lançado “O Quinze”, abriu fogo contra um tal “manifesto” formulado e assinado pelo que havia de mais reacionário no governo de então. Da noite pro dia, Rachel se tornou musa, estrela que iluminava nosso curto céu democrático.

Mas não foi apenas a ação intempestiva dela que influenciou. Rachel começou a escrever artigos sobre liberdade de expressão que mandava publicar nos jornais mais à mão.

Na mesma época, numa mesa da Rua do Comércio, em Maceió, se reunia um grupo de amigos que, embora não se expressasse de um só modo, tinha algumas ideias em comum. E uma dessas era a ideia de liberdade. Eles achavam que sem liberdade não era possível construir alguma coisa que valesse à pena, sobretudo no campo cultural.

Eliane Cantanhêde - De bandeja para a oposição

O Estado de S. Paulo

Lula sobre Juscelino Filho, vacina escondida, licitação de arroz, BC, Petrobras e cultura

Não há dúvidas de que o governo tem muito o que mostrar, como na economia e na área social, mas é impressionante a capacidade do presidente Lula de dar munição para a oposição, principalmente para Jair Bolsonaro. Os casos se acumulam, deixando a sensação de que, no seu terceiro mandato, Lula está se sentindo acima do bem e do mal, imunizado contra críticas e pode cometer erros à vontade.

Por que raios Lula esperou nove dias para se manifestar sobre o indiciamento do ministro Juscelino Filho (Comunicações) pela PF, por corrupção passiva, fraude em licitações e organização criminosa? Pior: para, no fim, aparecer num evento ao lado do ministro, dizer que tem “muito orgulho” da sua equipe e está “feliz” com Juscelino, alvo de uma lista de suspeitas desde o primeiro mês de governo. Lula aguarda a PGR e o STF para ver o óbvio.

Rolf Kuntz - 30 anos do real, uma celebração necessária

O Estado de S. Paulo

Um presidente mais preocupado com a dignidade de seu cargo tornaria mais fácil a comemoração do início da recuperação econômica do Brasil

Terremoto na economia: o dólar sobe, o mercado se agita e o presidente Lula briga com o Banco Central num momento de inflação em alta e temor de um buraco maior nas contas públicas. As projeções hoje inquietantes – inflação próxima de 4% e rombo fiscal de 0,7% do PIB neste ano – seriam festejadas há 30 anos. Naquele momento, o governo implantava um novo plano para tentar, mais uma vez, conter os preços disparados e arrumar a bagunça nos mercados. Em 1993 o aumento do custo de vida havia batido em 2.477%. Era urgente deter a onda inflacionária. Mas um sucesso duradouro dependeria de uma reordenação financeira em todos os níveis da administração pública. A grande mudança, no entanto, havia começado. Um programa de ajuste e reconstrução seria implantado sem mágicas, sem grandes truques e sem tentativas de contornar a realidade. Uma economia renovada poderia surgir a partir de 1994.

Luiz Carlos Azedo - O supremacismo branco disfarçado na política

Correio Braziliense

A baixa representatividade de negros na política é um problema para toda a população e impede um desenvolvimento social necessário a todos

A baixa representatividade de negros na política é um problema para toda a população e impede um desenvolvimento social necessário a todos. Por isso mesmo, a anistia às multas impostas aos partidos por não cumprirem as cotas destinadas ao financiamento das candidaturas de mulheres e de negros autodeclarados (pretos e pardos) seria um desserviço do Congresso à democracia brasileira. A proposta foi aprovada na Câmara, por iniciativa de seu presidente, Arthur Lira (PP-AL), cujo legado legislativo, se insistir nas pautas que vem apresentando, será um dos mais reacionários da história da Casa. Felizmente, o projeto de anistia das multas subiu no telhado do Senado, depois da insurgência do senador Renan Calheiros (MDB-AL), que apontou o caráter regressivo da proposta.

Celso Rocha de Barros - Ajuste de meio de governo

Folha de S. Paulo

Turbulências devem obrigar equipe econômica de Lula a antecipar discussão sobre gastos públicos

A vida da equipe econômica de Lula está mais difícil. As derrotas no Congresso, os juros nos Estados Unidos e a turbulência no mercado financeiro devem obrigar a equipe econômica a antecipar, ao menos em parte, a discussão sobre gastos públicos que só pretendia fazer em 2025.

As medidas mais controversas, que ainda não sabemos se serão mesmo apresentadas, seriam a desvinculação do piso da previdência do salário-mínimo e a revisão dos mínimos constitucionais de gasto com saúde e educação.

O economista Bráulio Borges, que já teve suas propostas elogiadas por Haddad, defende que o piso da previdência seja reajustado pelo índice de inflação da terceira idade (IPC3-i) calculado pela Fundação Getúlio Vargas, e que os mínimos para saúde e educação sejam substituídos por pisos de gasto per capita que poderiam subir com o tempo.

Vinicius Torres Freire - O que Lula disse sobre o futuro do governo

Folha de S. Paulo

Presidente não falava tanto desde março, quando começou onda de azares, crises e erros

Luiz Inácio Lula não dava entrevistas exclusivas desde março. Foi quando o caldo engrossou. No Congresso, ainda mais. Também na inflação e nos juros dos EUA, o que teve efeito ruim sobre juros e dólar no Brasil, piorado pela mudança de metas fiscais. Sobreveio a catástrofe no Rio Grande do Sul. Discursos e decisão desastrada do Banco Central azedaram o caldo grosso.

Foi um trimestre de inversão de expectativas na finança, embora menos em relação a PIB e emprego neste ano.

Na semana que passou, talvez o pico da crise recente, o presidente deu entrevistas exclusivas às rádios CBN (São Paulo), Verdinha (Ceará), Meio (Piauí) e Mirante (Maranhão) e ao jornal "O Imparcial" (Maranhão).

Bruno Boghossian - As farsas da operação antiaborto

Folha de S. Paulo

Operação cheia de oportunismo político pôs proposta na boca de uma votação no Congresso

A operação que levou adiante o projeto de lei Antiaborto por Estupro tomou impulso numa sequência de farsas. Para chegar até a boca de uma votação no Congresso, os defensores da proposta lançaram mão de abusos, artimanhas e uma boa dose de malandragem política.

A primeira trapaça foi armada pelo Conselho Federal de Medicina. Em março, o órgão aprovou uma resolução que impedia médicos de usarem a assistolia fetal para o aborto em gestações acima de 22 semanas, mesmo em casos de estupro. Os doutores devem ter achado que estavam acima da lei, que não proíbe a interrupção da gravidez nesse estágio e não veda o uso da técnica, recomendada pela OMS.

Hélio Schwartsman - Liberalismo como modo de vida

Folha de S. Paulo

Livro prega transformação de liberalismo numa religião civil, que preencha necessidades metafísicas do homem

Pelo menos no Ocidente, nós respiramos liberalismo —não apenas as instituições políticas que nos acostumamos a associar a essa corrente de pensamento, como eleições livres, império da lei e livre mercado, mas também seu sistema de valores, que inclui noções como igualdade, equidade e respeito.

Esses elementos estão tão entranhados na cultura que nossa tendência é tomá-los como dados da natureza, não como resultado de um movimento filosófico. E, por estarmos tão imersos no liberalismo, deixamos de apreciar quanto ele molda nossa psicologia e influencia os mais diversos aspectos de nossa sociedade, da moral à estética.

Muniz Sodré - Direita, volver

Folha de S. Paulo

Extremistas se apoiam no anonimato da desinformação das redes e na blindagem parlamentar

Repercutiu uma discussão sobre se a universidade deveria abrir-se mais para o pensamento de direita. Houve quem enxergasse no argumento laivos de "Sobre a Liberdade", de John Stuart Mill, com sua ênfase no valor inerente da individualidade e da liberdade de expressão. Para o influente filósofo inglês oitocentista, uma opinião silenciada pode conter boa parte de verdade. Logo, diversidade e debate são eticamente saudáveis numa democracia, onde a razão estaria sempre com o povo, suposta expressão da vontade coletiva.

Mas argumento como intervenção racional no pensamento político precisa ser validado por prova prática. Isso ganha urgência nas mutações da experiência concreta, em que razão e percepção podem deixar de coincidir. São, portanto, viáveis alguns reparos empíricos à alegada ausência de direita no campo universitário.

Aldo Fornazieri - O baixo clero no poder

CartaCapital

O “PL do Estupro” e a PEC que criminaliza os usuários de drogas são reveladores da degradação moral e política do Congresso

Dois episódios maiores, um na Câmara dos ­Deputados e outro no Senado, e vários menores são reveladores da degradação moral e política do Congresso Nacional como um todo. São reveladores também do oportunismo e da mediocridade política dos presidentes das duas Casas Legislativas. Explicitam claramente a perda de significado e de sentido da representação política, que deveria guiar-se por critérios de prioridade dos interesses da sociedade e do País, diante de tantas urgências e necessidades que a maioria dos brasileiros padece.

Poesia | Graziela Melo - Poema para o filho morto

(José de Moura Cavalcanti de Melo, falecido em 23/6/1972, no exílio, em Santiago, Chile)

O Filho
perdido
na noite
da eternidade
estranha
sem
que possa
guardá-lo
no colo

vive,
no meu
desconsolo

como um
condor
desgarrado
no alto
de uma
montanha

Voa
à noite
as estrelas
são
ternas
brilhantes
e belas!!!

Voa,
Pequeno
Condor!!!

Na infinita
eternidade,
nas asas
da minha
saudade,

nas nuvens
do meu amor
nas pedras
da minha dor!!!

Graziela Melo
Santiago, ago./1972

Música | Alceu Valença - Meu querido São João (Ao Vivo na Fundição Progresso)

 

sábado, 22 de junho de 2024

O que a mídia pensa | Editoriais / Opiniões

Corte de verbas em meteorologia deixa país vulnerável

O Globo

Catástrofe gaúcha mostra que, enquanto governo gasta onde não é preciso, corta o indispensável

As chuvas que devastaram o Rio Grande do Sul no mês passado impuseram uma lição contundente: União, estados e municípios precisam se preparar melhor para lidar com fenômenos climáticos extremos, que, em razão do aquecimento global, se tornaram e se tornarão mais frequentes e mais intensos. Para isso, previsões meteorológicas são críticas. Paradoxalmente, neste momento de demanda crescente, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) vem sendo esvaziado.

Como mostrou reportagem do GLOBO, o orçamento empenhado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária ao Inmet vem caindo. Foram R$ 29,1 milhões em 2020, R$ 27,6 milhões em 2021, R$ 22,1 milhões em 2022, R$ 16,1 milhões no ano passado e R$ 11,5 milhões no primeiro semestre. Quando observados os valores para a área de meteorologia (e não apenas para o Inmet), também houve queda. Em 2022, foram empenhados R$ 24,7 milhões e pagos R$ 22,7 milhões. Em 2023, R$ 18,4 milhões e R$ 18,3 milhões. Neste ano, R$ 15,5 milhões e R$ 12 milhões até agora.

Fareed Zakaria - Lição dos trabalhistas aos democratas

O Estado de S. Paulo

Iminente derrota dos conservadores britânicos não se deve à preferência pelas ideias da esquerda

Ao ocupar o centro, o líder do Partido Trabalhista forçou os conservadores a irem mais à direita

Em junho de 2016, o referendo do Brexit alertou a todos sobre o poder crescente do populismo e sinalizou que Donald Trump tinha uma chance real de vencer. Ao visitar o Reino Unido agora, às vésperas da eleição geral, tive outro vislumbre do rumo que a política está tomando nas democracias avançadas. Os democratas, que enfrentarão um Trump ressurgente, devem prestar muita atenção.

Independentemente da pesquisa que você analisar, o Partido Conservador, no poder, caminha para uma derrota catastrófica. Uma pesquisa em particular chamou a atenção de todos. Conduzida pela Savanta para o Telegraph, ela prevê que os trabalhistas vencerão os conservadores (também conhecidos como Tories) por 21 pontos. A análise da empresa de pesquisa sugere que os trabalhistas poderão conquistar mais de 500 cadeiras (de 650 na Câmara dos Comuns), com os conservadores obtendo apenas 50.

Pablo Ortellado – França em alerta

O Globo

Bardella é um símbolo perfeito para a nova imagem desejada pela Reunião Nacional

Depois que a extrema direita elegeu o maior número de deputados franceses nas eleições para o Parlamento Europeu, no começo de junho, o presidente Emmanuel Macron dissolveu a Assembleia Nacional e convocou novas eleições parlamentares para o fim deste mês. Em seu discurso ao anunciar a medida, afirmou que a vitória dos “demagogos” e “populistas” da “extrema direita” representa um “perigo para a nação” e que era necessário “esclarecer” a vontade do povo.

Analistas divergem sobre a motivação de Macron para dissolver a Assembleia: se apostou que o voto na extrema direita nas eleições europeias foi um voto pontual de protesto, se espera que o sistema eleitoral distrital em dois turnos favoreça o centro ou se pretende que o exercício do poder desgaste o partido de extrema direita Reunião Nacional (RN). Se espera que as novas eleições reforcem seu apoio parlamentar, a manobra parece estar dando errado: as pesquisas de opinião apontam vitória do RN.

Eduardo Affonso - À deriva

O Globo

‘A gente não vai permitir que nos roubem a criação da inteligência artificial, assim como foi roubada a criação do avião’

‘Eu desafiei os nossos cientistas’:

— Vamos criar vergonha. Vai ter uma conferência nacional em julho, e vocês tratem de me apresentar um produto de inteligência artificial em língua portuguesa, criado pelos brasileiros. Porque a gente não vai permitir que nos roubem a criação da inteligência artificial, assim como foi roubada a criação do avião. (11/6/24)

— Se o Zelensky diz que não tem conversa com o Putin, e o Putin diz que não tem conversa com o Zelensky, ou seja, é porque eles estão gostando da guerra, porque senão já tinham sentado para conversar e tentar encontrar uma solução pacífica. (13/6/24)