terça-feira, 8 de abril de 2025

O que a mídia pensa | Editoriais / Opiniões

Anistia: bolsonaristas pressionam por urgência

O Povo (CE)

A consciência democrática e as instituições não podem deixar impunes aqueles que atentaram com o Estado Democrático de Direito

Depois do ato no Rio de Janeiro, que reuniu 18 mil pessoas, os bolsonaristas fizeram nova manifestação no domingo passado, em São Paulo. A principal reivindicação dos manifestantes é a anistia aos participantes do ataque e depredação da sede dos três poderes, em 8 de janeiro de 2023, com benefícios para o ex-presidente Jair Bolsonaro. Duas mil pessoas são investigadas e 371 (até janeiro) já foram condenadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado, entre outros crimes.

Organizado pelo pastor Silas Malafaia, o ato teve a participação de 45 mil pessoas, segundo o Monitor do Debate Político do Cebrap, que usa critérios científicos para calcular multidões. Em Fortaleza, houve uma manifestação reunindo um pequeno grupo de pessoas.

Recontagem política - Merval Pereira

O Globo

Chegamos a um ponto em que só Lula e Bolsonaro mobilizam os eleitores. Sem os dois no páreo, abre-se uma imensa gama de alternativas ao eleitor brasileiro

Levar milhões de pessoas às ruas ficou difícil depois que a moderna tecnologia possibilitou contar com exatidão as grandes manifestações. Os bolsonaristas dizem que 1 milhão estiveram presentes na manifestação da Avenida Paulista a favor da anistia, mas os números verdadeiros sugerem que havia entre 45 mil e 60 mil manifestantes. Pela visão dos vídeos do pico de presença, era gente que não acabava mais. Os números podem enganar, mas não é possível nem ao mais fanático petista negar que Bolsonaro é o único líder político hoje capaz de colocar tanta gente na rua, com a convocação pelas redes sociais.

Por que anistia para golpistas é inconstitucional - Lenio Luiz Streck*

O Globo

Que é proibido anistiar a quem comete crime de golpe de Estado já foi percebido na Argentina, pelos tribunais e pela doutrina

Está em discussão a concessão de anistia aos condenados e acusados pelos crimes de tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito. A pergunta de 1 milhão de leis é: se aprovada, o Supremo Tribunal Federal (STF) pode declarar a lei anistiante como inconstitucional?

A resposta é afirmativa. Por vários motivos. Em primeiro lugar, há que rejeitar argumentos (existem muitos divulgados na mídia) de que uma lei de anistia não seria inconstitucional porque a Constituição Federal (CF) não a proíbe. Esse parece ser o principal argumento a favor da tese da anistia. Trata-se de uma tese que no Direito chamamos de textualista, pela qual “o que a Constituição não proíbe, permite”. Isso quer dizer que o legislador, toda vez que a CF não estabelecer o contrário ou não disser algo sobre o tema, poderia aprovar qualquer tipo de lei. Ora, pensar assim é fazer pouco-caso da Constituição. É pensar que a CF é uma espécie de simples código.

Trump dobra a aposta contra a China e causa pânico nos mercados – Luiz Carlos Azedo

Correio Braziliense

Teme-se um período de recessão econômica sem que se saiba como e quando se sairá dela. A retaliação chinesa mirou as empresas de tecnologia dos Estados Unidos

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou a China com tarifas adicionais de 50%, se Pequim não retirar suas taxas retaliatórias de 34% sobre os EUA. A escalada da guerra tarifária entre os dois gigantes da economia mundial provocou queda generalizada nas bolsas de valores de todo o mundo, principalmente na Ásia e na Europa. No Brasil, o Ibovespa, principal índice de desempenho das ações, abriu o mercado em queda de 1,7%, encerrando o dia com perda de 1,38%, enquanto o dólar fechou em alta, sendo vendido a R$ 5,91.

Nos EUA, fecharam em queda o Dow Jones, de 0,91%, e o S&P 500, de 0,23%. O Nasdaq de alta tecnologia reagiu e registrou pequena alta de 0,10%, entretanto o S&P 500 VIX, o chamado "índice do medo", fechou com alta de 3,69%, em 46,98 pontos. Historicamente, os maiores patamares desse índice foram registrados na crise da Rússia, em agosto de 1998, quando fechou em 44,28; na crise financeira norte americana, em setembro de 2008, quando o tradicional banco de investimentos Lehman Brothers foi à falência e o índice fechou em 59,89; e na pandemia de covid-19, em março de 2020, quando chegou a 53,54.

Mais um dia com Donald Trump - Míriam Leitão

O Globo

Trump está levando a um cenário de pânico, que relembra as crises financeiras do passado. E esse é só o começo do governo dele

O presidente Donald Trump está provocando uma colossal destruição de riqueza por um erro econômico grosseiro. O que está diante de nós é o risco de um colapso do comércio global, com desorganização das cadeias de suprimento, como houve na pandemia. Só que provocado pela decisão de um governante. As quedas de ontem na Ásia lembravam as que ocorreram na crise na região em 1997. A volatilidade e o ambiente tomado por rumores pareciam os da crise financeira de 2008. As más lembranças têm sido revisitadas nos últimos dias.

No mercado ainda circulam teses de que, talvez, o presidente Donald Trump recue e deixe de adotar as medidas que vem tomando. Ontem, ele deu ultimato à China. Trump se baseia no comportamento de alguns países do Sudeste Asiático que têm pedido para negociar, prometendo reduzir as próprias tarifas cobradas dos Estados Unidos. A China, contudo, tem força para não aceitar ultimatos.

A anistia está nas mãos do Centrão - Eliane Cantanhêde

O Estado de S. Paulo

Pressão da Paulista, do PL e em inglês fajuto? Que nada! Quem decide a anistia é o Centrão

Num domingo muito especial, Donald Trump, presidente da (ainda) maior potência, deliciava-se com o derretimento do multilateralismo, do comércio e das bolsas mundo afora, considerando tudo isso como “coisa linda de se ver”, enquanto Jair Bolsonaro, ex-presidente da maior economia da América Latina, lia com o jeitão dele um papelzinho em inglês ridicularizando a prisão de “Popcorn and ice cream sellers” que vandalizaram os três Poderes no fatídico 8/1.

O ato da Avenida Paulista, marcado para defender o projeto de anistia aos paus-mandados do 8/1, virou o que já se esperava: pró-Bolsonaro e uma demonstração de força dele na direita, com perto de 45 mil presenças, o dobro do que ele reuniu na Praia de Copacabana, mas só um quarto do que exibiu na mesma Paulista em fevereiro de 2024. Um copo meio cheio, meio vazio.

A união da direita e o candidato impossível - Carlos Andreazza

O Estado de S. Paulo

Cinquenta mil pessoas. Talvez um Maracanã (o de hoje) cheio. Havia muita gente na Paulista. Donde a pergunta: qual a diferença entre a manifestação do último domingo e o ato fracassado no Rio de Janeiro, menos de mês atrás, se a pauta-pretexto era a mesma, se tudo continuaria organizado-engessado em função de Jair Bolsonaro?

Qual? O julgamento de Débora Rodrigues dos Santos e a exposição que seu caso teve a partir do julgamento do ex-presidente. O efeito Débora foi decisivo. A injustiça mobiliza – a proposta de condenação desproporcional indignou a sociedade – e essa onda é surfada pelo bolsonarismo.

A violência banalizada - Jorge J. Okubaro

O Estado de S. Paulo

Armas são necessárias no combate à criminalidade, mas quando usadas por funcionários públicos adequadamente preparados para isso

Deu no jornal: Mortes de menores em ações policiais em SP mais do que dobram (Estadão, 4/4, A16). Mais do que espanto, um título desses deveria causar indignação, revolta. Mesmo num país em que a violência se tornou a maior preocupação da população, a informação de que não apenas a polícia de São Paulo mata crianças, meninos e adolescentes, mas de que passou a matar mais deveria levar-nos a refletir sobre o que estamos fazendo com os jovens, e sobretudo como permitimos que a ação policial chegasse a esse ponto.

Estatisticamente, o aumento de 120% no número de crianças e adolescentes que morreram em decorrência de intervenções policiais no Estado de São Paulo entre 2022 e 2024 resulta da comparação de números relativamente baixos (35 vítimas em 2022 e 77 em 2024). Estes números foram apurados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e fazem parte do estudo As câmeras corporais na Polícia Militar do Estado de São Paulo (2.ª edição): mudanças na política e impacto nas mortes de adolescentes. Não se trata, porém, de mera estatística. Nem se pode dizer que se trata, como se justifica em certas ações, de danos colaterais. Vidas em construção foram brutalmente interrompidas pela ação policial.

Ainda existem os empregos que Trump quer recuperar com sua pandemia tarifária? - Pedro Cafardo

Valor Econômico

Trump tenta recuperar postos de trabalho da América com sua metralhadora giratória, mas o mundo acha que vai dar errado

Dani Rodrik, professor de Harvard, é um dos mais conceituados economistas do mundo, autor de uma extensa obra sobre o desenvolvimento econômico e políticas públicas. Como muitos outros colegas, está indignado com o que ocorre nos Estados Unidos nestes primeiros meses do mandato de Donald Trump, principalmente com o relativo silêncio de muitos empresários e acadêmicos sobre a tresloucada “pandemia tarifária”, talvez mais letal do que a covid-19, que ameaça o comércio e até a paz mundial. “Quando as mentes mais brilhantes do país se calam por receio de perseguição, o custo econômico e institucional tende a ser profundo”, disse Rodrik em uma entrevista.

Mas o que provoca reflexões nos meios acadêmicos desenvolvimentistas não é a posição crítica de Rodrik à política de Trump, embora ela seja relevante, mas sim a mudança em seu pensamento a respeito da importância da indústria como motor do desenvolvimento dos países.

O tema merece discussão porque, neste exato momento, o governo brasileiro adota políticas para promover a reindustrialização, e os EUA tentam, com seu tarifaço, recuperar empregos industriais perdidos.

As chances de Lula jogar parado no Master - Maria Cristina Fernandes

Valor Econômico

Presidente só ganha em se manter afastado do tema. A dúvida é se ele consegue

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem sido aconselhado a se manter a léguas de distância do banco Master. E não apenas porque fala o que lhe dá na telha. O caso tem potencial para ser, na definição de quem acompanha os balanços do banco há anos, o maior enrosco do mercado bancário brasileiro da história.

Os problemas do banco se encorparam ao longo da gestão Roberto Campos Neto, escolhido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro para presidir o Banco Central. Como, ao deixar o cargo, Campos Neto foi projetado como ministro da Fazenda de um eventual governo Tarcísio de Freitas, o potencial de desgaste está precificado. Restaria a Lula jogar parado. A ver se consegue.

Direita não se descola de Bolsonaro e aguarda definição de Tarcísio para 2026 - Joelmir Tavares

Valor Econômico

Movimentações do governador de São Paulo são acompanhadas atentamente; ele é visto como alguém com vantagem sobre os demais governadores cotados para a disputar a eleição presidencial

A possibilidade de uma candidatura unificada da direita para enfrentar o campo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na eleição presidencial de 2026 ganhou força nos últimos dias, mas também ficou evidente que qualquer definição passará pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O contexto foi ilustrado pela manifestação de domingo (6) na avenida Paulista, convocada por Bolsonaro em defesa de anistia para condenados pelos atos de 8 de janeiro. Na ocasião, ele atraiu para o palanque sete governadores aliados, sendo quatro deles potenciais presidenciáveis.

Inelegível até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Bolsonaro reafirmou no protesto a intenção de no ano que vem se registrar como candidato, mesmo com a expectativa de ser barrado. A saída seria elevar o vice, ainda incerto, à condição de cabeça de chapa.

Há uma pressão nos bastidores, contudo, para ele abrir mão da ideia e ungir ainda neste ano um sucessor, dando tempo para a formatação de uma campanha. Apesar da interdição imposta pelo ex-presidente, seu apoio é considerado fundamental pelos demais atores do campo para atrair os eleitores conservadores - o que faz com que descartem por ora um descolamento do ex-presidente.

PSD pretende lançar Ratinho Júnior à Presidência - Camila Zarur

Valor Econômico

Partido pretende usar pré-candidatura de governador do Paraná para aumentar capital político em negociações para 2026. Nome próprio na disputa também dá liberdade a membros da sigla em relação à polarização

O PSD quer construir a candidatura do governador do Paraná, Ratinho Júnior, à Presidência na eleição de 2026. O chefe do Executivo paranaense já expressou diversas vezes seu desejo de disputar o Planalto e seus apelos têm encontrado eco entre os membros da legenda - incluindo o presidente do partido, Gilberto Kassab.

A pré-candidatura de Ratinho foi discutida na sexta-feira (4), em evento do PSD no Rio de Janeiro. Parlamentares da sigla e Kassab avaliaram como positivo ter um nome próprio na corrida presidencial do ano que vem.

“É um debate que só vamos ter mais tarde neste ano. Mas se o PSD tiver candidato, será o Ratinho Júnior”, disse Kassab ao Valor.

A fala do dirigente converge com o discurso adotado pelo governador, de se colocar à disposição da disputa - da qual quer de fato participar - mas sem deixar de lado a gestão do Palácio Iguaçu.

Presidente do PP não vê espaço para 3ª via em 2026 -Andrea Jubé

Valor Econômico

Ciro Nogueira diz que eleição presidencial continuará polarizada e que seu campo político tem que se unir na disputa

Em um cenário de queda da popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, lideranças da oposição tentam afinar uma estratégia para derrotar o petista no pleito de 2026. O presidente do Progressistas (PP), senador Ciro Nogueira (PI), disse ao Valor que não vê espaço para uma terceira via na eleição presidencial, e exortou o seu campo político a se reunir em torno de uma única candidatura, que será a representante do bolsonarismo.

“Só tem espaço para Lula e [Jair] Bolsonaro, ou alguém com apoio dele”, afirmou Nogueira. A avaliação do líder oposicionista ocorre ao mesmo tempo em que o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), lançou sua pré-candidatura à Presidência em um evento em Salvador, na Bahia, na sexta-feira (4). União Brasil e PP negociam uma federação.

No contexto da fragmentação da direita, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), também já colocou o seu nome sobre a mesa como alternativa da direita contra Lula no ano que vem. Caiado e Zema flertam com o apoio de Bolsonaro.

Trump não está jogando Xadrez 4D - Joel Pinheiro da Fonseca

Folha de S. Paulo

Não há genialidade tática prestes a nos surpreender; americano defende tarifas desde os anos 1980

O trabalho do colunista —ou do comentarista— é, em boa medida, revelar alguma ordem na torrente de fatos e dados em que estamos imersos diariamente. É fácil se afogar na multiplicidade. Precisamos daquilo que organiza: relações causais, narrativas que deem sentido, conhecimento das intenções e planos dos envolvidos, ainda que ocultos. O dia a dia do comentarista consiste em incorporar novos fatos às narrativas possíveis, sempre reavaliando quais delas ainda fazem sentido e quais estão ruindo diante da realidade.

A tentativa de encontrar ordem, porém, parte da nossa mente. A realidade nem sempre colabora. Aleatoriedade, incompetência, erro; tudo isso também existe. E tudo indica que é o caso do tarifaço de Trump.

Agente Laranja devasta a América - Hélio Schwartsman

Folha de S. Paulo

Medidas de Trump mostram que EUA são menos confiáveis do que se supunha, o que compromete posição de liderança do país

Mesmo que Donald Trump desfaça amanhã todas as medidas tresloucadas que baixou (o que não vai acontecer), ele já causou aos EUA danos difíceis de reverter. Muito do poderio americano derivava do fato de o país ser visto como porto seguro, na economia, na geopolítica, na estabilidade democrática e na capacidade de produzir inovação. Não é mais.

A fase mais aguda do tumulto econômico das tarifas deverá passar em dias, mas o mundo se deu conta de que os EUA são um parceiro comercial menos confiável do que se supunha. Vários países procurarão colocar-se em posição de menor dependência, desacoplando suas economias da americana.

Os donos da segurança - Alvaro Costa e Silva

Folha de S. Paulo

Lucros eleitorais inviabilizam combate ao crime de forma unificada

Em março, a Polícia Federal desbaratou uma quadrilha acusada de ter enviado mais de 2.000 fuzis de Miami para comunidades do Rio dominadas pelo Comando Vermelho. Uma ação com resultados práticos e que não disparou um tiro nem trouxe riscos à população que vive em áreas conflagradas. Inteligência, tecnologia e legalidade, três fundamentos que faltam às polícias militares sob comando dos estados.

As frias flores de abril - Ricardo Marinho

Na Roma antiga, havia celebrações de bons presságios que aconteciam em março. Elas tinham um caráter festivo, cultural e de observância religiosa. Eles eram chamados de Idos de Março.

Mas foi durante um desses festivais, no ano 44 a.C., que Júlio César foi assassinado. Os Idos de Março adquiriram uma conotação ambígua e séria a partir de então, e finalmente marcaram a transição da República para o Império.

Plutarco nos conta que um vidente alertou Júlio César sobre o perigo que o ameaçava, mas ele o ignorou e até mesmo ressaltou que os Idos já haviam começado. O vidente respondeu: “Sim, mas eles não estão terminados”.

É melhor então seguir o conselho de Shakespeare em sua peça Júlio César, quando ele diz “Cuidado com os idos de março!”

Ele nos legou As Frias Flores de Abril e com elas mês difícil. O outono está começando, e o recesso momesco acabou, o ano letivo está recomeçando, é hora de pagar as contas geradas e, ao mesmo tempo, projetos são iniciados e desafios da vida precisam ser enfrentados.

Que China é essa? – Ivan Alves Filho*

É preciso prosseguir nas reflexões sobre os rumos da economia e do mundo do trabalho, fugindo, por exemplo, da falsa dicotomia estatal x privado. Afinal, a contradição se dá entre o capital e o interesse social ou público, se eu extraí alguma coisa das leituras que fiz de Marx.

Com efeito, essa questão estatal x privado está no mínimo mal colocada, uma vez que a empresa estatal corresponde à fase do Capitalismo Monopolista de Estado, quando o capital público financia a atividade privada, penetrando em setores no qual o capital privado tem poucas possibilidades de realização de lucros ou então não possui recursos suficientes para investir em determinada área de produção. A burguesia simplesmente não tem como existir fora da ordem do Capitalismo Monopolista de Estado.

Poesia | Cartilha de Guerra, de Bertolt Brecht

 

Música | Carlos Lyra - "Tem dó de mim" com Wanda Sá e Roberto Menescal

 

segunda-feira, 7 de abril de 2025

O que a mídia pensa| Editoriais / Opiniões

STF faz bem em ampliar exigências sobre emendas

O Globo

Universidades, projetos culturais e eventos também precisam de transparência no uso dos recursos

Diante das sucessivas manobras do Legislativo, as emendas parlamentares continuam a exigir a ação do Judiciário. Na última decisão, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STFFlávio Dino determinou a estados e municípios beneficiados, entre 2020 e 2023, por transferências diretas ao próprio caixa sem projeto nem controle — modalidade conhecida como “emenda Pix” — que prestem conta do uso das verbas num prazo de 90 dias perante os ministérios de origem dos recursos. Ao mesmo tempo, e pelo mesmo motivo, Dino suspendeu novos repasses a universidades federais, estaduais e suas fundações.

No ano passado, ele sustou a liberação de emendas até que Legislativo e Executivo estabelecessem regras que atendessem às exigências constitucionais de transparência e rastreabilidade. Determinou que toda emenda deveria indicar origem do repasse, destinatário e comprovasse os gastos. No mês passado, o Congresso aprovou medidas para atender às exigências. Infelizmente, insuficientes. Continuou opaca a destinação de emendas por bancadas partidárias e comissões temáticas.

Insegurança eleitoreira - Irapuã Santana

O Globo

A postura de Tarcísio passa uma mensagem a seus subordinados, gerando o total descontrole social a que assistimos com medo

Quando política pública é feita com finalidade eleitoreira, sem analisar os dados empíricos nem respeito à ciência, o resultado é invariavelmente desastroso. E esse é exatamente o caso da segurança pública do Estado de São Paulo.

Em estudo realizado pelo Unicef, constatou-se que 77 crianças e adolescentes entre 10 e 19 anos morreram em intervenções policiais no estado em 2024, segundo ano do governo Tarcísio de Freitas. Enquanto em 2022, na gestão Rodrigo Garcia, foram 35 vítimas — houve aumento de 120%. Depurando as informações, verifica-se que crianças e adolescentes negros são 3,7 vezes mais vítimas de intervenções letais da PM do que brancos.

A saga do cinema brasileiro – Fernando Gabeira

O Globo

O Oscar tem sido o critério com que julgamos nossos êxitos. Mas temos, há muitos anos, excelente desempenho nos festivais europeus

O sucesso de “Ainda estou aqui” foi um grande momento: festa na mídia, nas redes e até no carnaval. Agora, vale a pena perguntar como encaramos o filme. Um relâmpago em céu azul ou sinal de maturação do nosso cinema? Se optarmos pela segunda hipótese, é necessário ir adiante: o que fazer para explorar a oportunidade aberta pelo Oscar? Não creio que o tema tenha entrado na pauta.

O Oscar tem sido o critério com que julgamos nossos êxitos. Mas o cinema brasileiro, há muitos anos, tem excelente desempenho nos festivais europeus. A importância de um bom cinema é indiscutível. Ele fortalece nossa identidade, projeta nossa cultura e até ajuda nossos produtos. O domínio cultural americano surgiu também na esteira de Hollywood (turismo, paisagem, blue jeans, comida, fast-food, sonho americano, idioma inglês). O cinema é uma ferramenta do soft power.

A arte sem batom – Miguel de Almeida

O Globo

Quis o destino que os deuses das artes criassem a coincidência de colocar ‘Ainda estou aqui’ e ‘Não me entrego, não’ em temporadas simultâneas

Quis o destino que os deuses das artes criassem a coincidência de colocar “Ainda estou aqui”, filme de Walter Salles, e “Não me entrego, não”, espécie de autobiografia artística de Othon Bastos, em temporadas simultâneas. No teatro e no cinema, o público é levado a um mergulho nos infortúnios provocados pela ditadura militar, com seus assassinatos e sua ignorante censura à cultura.

“Ainda estou aqui” bate recordes de público e prêmios com a história do desaparecimento do ex-deputado Rubens Paiva. Em relato direto, exibe a entrada do arbítrio no interior de uma família de classe média. Paiva é levado por algozes do regime sem nenhuma ordem judicial, apenas pela força da violência, para um interrogatório de que não sairá vivo. Pior: seu corpo jamais será encontrado. Caso semelhante ocorreria se os celerados bolsonaristas tivessem levado a cabo um golpe de Estado em 2022 e 2023. Pelas ameaças que recebi, por certo não estaria mais aqui escrevendo tais linhas. Nem Lula, Alckmin ou Xandão, entre outros alvos dos ex-militares de pijama.

Nikolas e a matemática contra o STF - Bruno Carazza

Valor Econômico

Direita bolsonarista mira maioria no Senado para ter impeachment como arma a partir de 2027

Com mais de 6.500 ingressos vendidos, as cadeiras do auditório não comportaram a multidão, que se acumulou em pé nas laterais e no fundo do salão. Dois telões imensos ao lado do palco reproduziam em close a principal estrela do dia. Com frases de efeito que combinavam a irresponsável irreverência dos jovens e as apuradas técnicas de comunicação de pastores experientes, o deputado mais votado do Brasil era interrompido por aplausos entusiasmados. Ao final, foi aclamado de pé e levou vários minutos para se desvencilhar de milhares de fãs ávidos por uma selfie.

A participação de Nikolas Ferreira (PL-MG) no Fórum da Liberdade, tradicional evento criado por empresários gaúchos há 38 anos, contou com mensagens de exortação à livre iniciativa, principal agenda da organização anfitriã. O que sobressaiu, porém, foi seu discurso político contra a esquerda e, sobretudo, as ações do Supremo Tribunal Federal.

BC assumiu um risco calculado com o FGC - Alex Ribeiro

Valor Econômico

Banco Central dava como certo, desde o princípio, que surgiriam distorções

O Banco Master não teria assumido tantos riscos se não fossem os flancos de uma regra que permitiu captações sem limites com o seguro do Fundo Garantidor de Crédito (FGC). Mas essa mesma regra permitiu a entrada de competidores num mercado fortemente concentrado. Valeu a pena?

Pelas informações disponíveis, sim. O Banco Central já ajustou a regra para corrigir os excessos, de forma gradual. Caso se mostre insuficiente ou exagerado, sempre é possível calibrar.

Valor apurou que os dirigentes do Banco Central tinham consciência de que a regra de acesso ao FGC criava uma vantagem regulatória aos bancos médios. Foi um risco calculado e ajudou a criar alguns bancos digitais.

Estudo mostra que, com guerra comercial, no Brasil só a soja ganha - Assis Moreira

Valor Econômico

Economistas da UFMG calcularam impacto da alta de tarifas de Trump e da retaliação da China

Uma simulação feita por economistas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) conclui que o Brasil teria um modesto ganho de US$ 428 milhões (R$ 2,497 bilhões) no rastro do tarifaço imposto por Donald Trump e da retaliação anunciada pela China. O resultado aponta a soja como único ganhador. A indústria perderia significativamente.

(Após tarifas nos EUA e retaliação da China)

EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS US$

1.Agricultura................... 4.296

1.1Soja ............................ 4.883

1.2Demais agropecuária.. -587

2.Indústria....................... -3.494

3.Serviços........................ -375

TOTAL................................... 428

Fonte: UFMG/Cedeplar/valores em 2017

Putin: eurasiano e antiocidental - Denis Lerrer Rosenfield

O Estado de S. Paulo

Nessa ‘cruzada’, seus companheiros de luta seriam Irã, Venezuela, Síria, Nicarágua, Coreia do Norte, Bielorrússia e, de maneira mais cautelosa, a China

Qual seria o limite de Putin, uma vez estabelecido um cessar-fogo, patrocinado pelos EUA? Contentar-se-ia ele com a conquista de 20% do território ucraniano ou com o compromisso de que esse país não ingressaria na Otan?

Considerando a história russa, os comprometimentos de Putin e a ideologia eurasiana à qual adere, a resposta talvez fosse: acordos diplomáticos, por si sós, não limitam um país que se baseia numa concepção de mundo, e europeia em particular, expansionista. Uma conquista territorial, por mais importante que seja, não é suficiente, embora uma contenção possa surgir do fato de que a força militar russa se mostrou incapaz de uma vitória total – conquistando toda a Ucrânia, como era o seu projeto geopolítico. A sua aparência e narrativa não corresponderam à sua atuação no campo de batalha.

Trumpismo dá sinais de desgaste - Oliver Stuenkel

O Estado de S. Paulo

A aposta de Trump nas tarifas como estratégia eleitoral pode se revelar um tiro no pé

Quem observa a retórica confiante de Donald Trump e o desânimo da oposição pode acreditar que o presidente americano governará com força imbatível nos próximos quatro anos. De fato, o que mais impressionou até agora foi a incapacidade do Partido Democrata de encontrar uma fórmula para, pelo menos temporariamente, pautar a agenda do debate público. No entanto, alguns acontecimentos recentes sugerem que os primeiros dois meses da administração Trump poderão parecer, em retrospectiva, os mais confortáveis para o presidente, que tem gozado de total controle do discurso público.

As eleições em Wisconsin e na Flórida, no dia 1.º de abril, trouxeram sinais claros de que a maré pode virar. Em Wisconsin, a candidata progressista a um assento na Suprema Corte do Estado venceu com ampla margem a eleição mais cara da história desse órgão do Judiciário estadual. Já na Flórida, embora os republicanos tenham vencido duas eleições legislativas especiais para deputado federal, as grandes margens obtidas em novembro diminuíram de forma expressiva em ambos os distritos. O temor de perder cadeiras na Câmara é tão real que Trump abortou a indicação da deputada Elise Stefanik para embaixadora na ONU, pois seria necessária uma eleição especial em seu distrito para eleger seu sucessor – um reconhecimento implícito da vulnerabilidade eleitoral dos republicanos.

Estratégia de pré-condenado - Diogo Schelp

O Estado de S. Paulo.

Ex-presidente quer que sua condenação e sua prisão despertem um grande clamor popular

A manifestação deste domingo, na Avenida Paulista, em São Paulo, ganhou a maquiagem, carregada no batom, de um ato a favor da anistia aos condenados de 8 de janeiro. Mas, por baixo da camada de tinta, a mensagem central dos discursos, principalmente os de Jair Bolsonaro e de sua esposa, Michelle, foi outra: preparem-se para o sacrifício do seu líder e lembremse de que vocês também estão ameaçados.

O círculo próximo do expresidente está convencido de que a condenação e a prisão são favas contadas. Sóstenes Cavalcante, líder do PL na Câmara dos Deputados, chegou a dizer, antes mesmo da aceitação, pelo STF, da denúncia por tentativa de golpe de Estado, que Bolsonaro “já é um pré-condenado”. Os discursos deste domingo serviram ao propósito de preparar o terreno para a reação à condenação de Bolsonaro.

Ato pró-anistia na Paulista foi demonstração de força da direita - Denise Rothenburg

Correio Braziliense

Ficou claro para muitos presentes à manifestação — e, inclusive, para quem não foi e nem apoia Bolsonaro — que o ato foi uma demonstração de força da direita brasileira que, se conseguir praticar a união que promoveu ontem, dificultará e muito a vida de Lula na campanha reeleitoral

A manifestação na Avenida Paulista nesse domingo (6/4) serviu para que os bolsonaristas começassem a alinhavar um acordo de cavalheiros com os governadores interessados em concorrer ao Planalto nos seguintes termos: vocês, gestores estaduais, ajudam a levar adiante a proposta de anistia aos acusados pelo quebra-quebra de 8 de janeiro de 2023, reforçando o discurso de que não houve golpe de Estado, e, lá na frente, se continuar inelegível, o ex-presidente Jair Bolsonaro apoiará quem estiver mais condições de vencer Luiz Inácio Lula da Silva. E mais: ficou claro para muitos presentes ao ato — e, inclusive, para quem não foi e nem apoia Bolsonaro — que o ato foi uma demonstração de força da direita brasileira que, se conseguir praticar a união que promoveu ontem, dificultará e muito a vida de Lula na campanha reeleitoral.

Direita esboça frente ampla e se pinta de batom para a batalha das eleições - Fábio Zanini

Folha de S. Paulo

Unidade de pré-candidatos trouxe alento para ato pouco numeroso, mas com peso do bolsonarismo e novo slogan

O velho ditado de que a esquerda só se une na prisão já pode se aplicar também à direita, a julgar pela presença dos seus principais representantes no ato de domingo, na avenida Paulista.

A prisão à espreita, claro, é a de Jair Bolsonaro, que, se ainda não ocorreu, já está precificada. Esse cenário para o futuro próximo formou um espírito de corpo entre os muitos pré-candidatos direitistas ao Planalto, que se deslocaram para São Paulo em apoio ao ex-presidente.

Até figuras que raramente participam desse tipo de ato deram as caras, como os governadores Ronaldo Caiado (União Brasil) e Ratinho Jr. (PSD).

Mais amor, por favor - Ana Cristina Rosa

Folha de S. Paulo

Cenário global truculento foi o gatilho que me fez pensar no amor como antídoto contra a ambição desenfreada por poder

É preciso falar de amor. Não o amor romântico, mas o amor atitude, coisa que envolve "cuidado, compromisso, confiança, responsabilidade, respeito e conhecimento", como escreveu bell hooks em "Tudo Sobre o Amor – Novas Perspectivas", onde destaca que pensar o amor como ação pode despertar maior responsabilidade e comprometimento.

Sei que pode soar algo piegas, inocente e até infantil. Mas o mundo tem acompanhado o recrudescimento da imposição truculenta do poder econômico sobre praticamente todas as coisas. E esse cenário global foi o gatilho que me fez pensar no amor como antídoto potente contra a ambição desenfreada por poder e riqueza.

O foro privilegiado muda mais uma vez - Marcus André Melo

Folha de S. Paulo

Analisar o foro revela porque ele é crucial para o exercício da competência penal do Supremo Tribunal Federal

As mudanças nas regras do foro privilegiado, ao longo do tempo, refletem um jogo cujo equilíbrio se altera devido a choques produzidos por eventos como escândalos e/ou alterações radicais no ambiente institucional. O conflito gira em termos de quem tem foro; quem detém poder de iniciativa e veto; e, quem se beneficia com a restrição/ampliação do foro ao mandato e à função, tornando-o temporário ou perpétuo (perdeu o cargo, o foro permanece).

Embora entre 1964 e 1999, o foro tenha passado a ser perpétuo, aumentando o poder do STF, só em 1969 foi estendido a parlamentares (e não só titulares de alguns cargos executivos e magistrados). Entretanto, o impacto foi muito limitado porque a abertura de processo exigia licença prévia da casa legislativa de origem —que nunca a concedia. O Legislativo detinha poderes de gatekeeper —o poder de vetar a iniciativa—, o que só veio a mudar com a EC 35/2001, que dispensou a licença. O STF passou a ter controle pleno sobre sua jurisdição criminal. A mudança deveu-se ao caso Hildebrando Paschoal e, na sequência, Mensalão e Lava Jato. No Mensalão, ficou claro que o foro privilegiado no Supremo não era garantia de impunidade.

O marxismo neoliberal da USP - Luiz Carlos Bresser-Pereira

Folha de S. Paulo

[RESUMOAutor, ministro no primeiro governo FHC, qualifica como marxistas neoliberais os líderes do seminário de "O Capital", objeto de estudo do sociólogo Fábio Mascaro Querido em livro recente. Para Bresser-Pereira, FHC e intelectuais de seu entorno elegeram o desenvolvimentismo como adversário e abandonaram o marxismo ainda nos anos 1970 para, na década de 1990, se tornarem neoliberais, se associarem ao império e levarem a economia brasileira ao estado de quase estagnação.

Fábio Mascaro Querido acaba de publicar "Lugar Periférico, Ideias Modernas", no qual estuda o que denomina marxismo acadêmico da USP —um grupo de sociólogos que, nos anos 1960, se aproximou do marxismo, que havia emergido com força na Europa no pós-guerra e alcançado o Brasil.

Esses sociólogos, sob a liderança de Fernando Henrique Cardoso, criaram um seminário para estudar Marx e "O Capital". Quando Cardoso assumiu a Presidência em 1995, o seminário se tornou célebre, sempre citado pela imprensa conservadora de maneira simpática porque os autores envolvidos já haviam abandonado havia tempos o marxismo. Querido afirma que esse foi o mito fundador do grupo.

O núcleo do grupo —aqueles que proponho chamar de marxistas neoliberais— foi constituído por Fernando Henrique Cardoso, José Arthur Giannotti e Francisco Weffort.

Trata-se de um oximoro que se aplica bem a eles, que se encantaram com o marxismo nos anos 1960, quando ainda estava viva a esperança na revolução socialista, tornaram esse marxismo menos contraditório e revolucionário, definiram o desenvolvimentismo como o adversário e abandonaram o marxismo já nos anos 1970, enquanto Cardoso desenvolvia a teoria da dependência associada, que implicou a subordinação do Brasil ao império. Em síntese, nos anos 1960, eles supunham ser marxistas mas já eram liberais; nos anos 1990, se tornaram neoliberais.

Partido, sociedade e Estado – Ivan Alves Filho*

Penso que não cabe a um partido político buscar soluções técnicas para os problemas que afligem uma sociedade como a brasileira. Isso é tarefa para planejadores, urbanistas, especialistas em meio ambiente e forças de segurança, por exemplo. Cabe ao partido, aí sim, dar o norte, traçando as linhas democráticas gerais e estudando as causas dos problemas. E, no nosso entendimento, essas causas refletem a ausência hoje angustiante de um projeto de nação entre nós. Eis o que abre a via para todo tipo de aventura - da corrupção ao populismo fascisante e deste à formação de uma burguesia do crime, nascida dos escombros do desmoronamento social em curso em muitos setores do país.

Poesia | O Elogio da Dialética, de Bertolt Brecht

 

Música | Gal Costa - Corcovado

 

domingo, 6 de abril de 2025

O que a mídia pensa | Editoriais / Opiniões

Rejeição de Lula para de subir, mas não dissipa incerteza

Folha de S. Paulo

Presidente fica na frente em intenções de voto, mas sem a larga vantagem de antes; eleição será plebiscito sobre mandato

Foi estancada a queda da popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que havia sido detectada pelo Datafolha no início de fevereiro. Mas, de acordo com a pesquisa do instituto que foi a campo nesta primeira semana de abril, não há motivo para comemoração nas hostes situacionistas.

A cada 100 entrevistados, 38 consideram que Lula faz um governo ruim ou péssimo (ante 41 na rodada anterior), 29 avaliam como ótima ou boa a sua administração (24 em fevereiro) e os mesmos 32 entendem que o seu desempenho é regular. O quadro pouco variou, considerada a margem de dois pontos de erro.

Questionados diretamente sobre se aprovam ou desaprovam a gestão petista, os brasileiros se dividem em duas metades iguais. A expectativa em relação ao restante do mandato presidencial é menos otimista e mais pessimista do que há um ano.