Reforma no ministério permite ‘assessores especiais’ que não sejam diplomatas de carreira
O Ministério das Relações Exteriores de Jair Bolsonaro, sob o comando de Ernesto Araújo, vai no rumo do que foi a pasta nos governos do PT, sendo até mais radical em alguns aspectos.
O PT, por exemplo, escolheu nos quadros do próprio Itamaraty pessoas com afinidades ideológicas para tocar o ministério, como Celso Amorim e Samuel Pinheiro Guimarães, e plantou no Planalto, na assessoria do presidente da República, o especialista em política externa e militante Marco Aurélio Garcia.
Já Bolsonaro e Araújo indicam desejar ir mais longe. É oques e entende da reforma do ministério baixada por decreto que, além de criar secretarias nos moldes do que os novos donos do poder pensam —por exemplo, a Secretaria de Assuntos de Soberania Nacional e Cidadania—abriu vagas para três “assessores especiais” de fora da carreira diplomática. Nada impede que abram outras mais. Foram mais ousados que o lulopetismo nesta nítida operação de aparelhamento, em uma carreira de Estado. Por certo, avançarão em mudanças curriculares na formação dos profissionais. Se Samuel Pinheiro Guimarães fazia listas de livros de autores de esquerda para leitura dos diplomatas, o governo Bolsonaro deve ir mais fundo, pelo visto.
Some-se a isso a defesa de bandeiras ultranacionalistas bema o gosto da extrema direi taque avança na Europa (Hungria, Polônia, Itália) e apoia Trump nos Estados Unidos.
Recorde-se que esteve na posse de Bolsonaro o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, grande dor de cabeça para a União Europeia, por avançar no seu país com um projeto autoritário de poder, contrário a vários princípios do bloco —imprensa livre, Justiça e Legislativo independentes etc.
Numa democracia que possa ser chamada pelo nome, cabem todas as ideologias, contanto que haja respeito à Constituição. Acontece que, junto com este nacionalismo, que se opõe ao “globalismo” — termo pejorativo para designar globalização, citado por Araújo no discurso de posse —, vem na bagagem o isolacionismo. Bem como a ressurreição de um alinhamento automático aos Estados Unidos importado da Guerra Fria, que bate de frente coma própria composição da pautado comércio exterior do país, em que a China—já citada deforma crítica por Bolsonaro antes da posse—lidera alista de parceiros do país.
Ao menos, a reforma baixada por decreto criou dois departamentos, um para a China, outro para os Estados Unidos. É certo não desconhecer o peso chinês para o Brasil. Resta esperar. Se o novo Itamaraty acerta ao atuar no bloco diplomático de repúdio ao governo ilegítimo de Nicolás Maduro, na Venezuela, os sinais de isolamento diplomático começam a ser emitidos coma saída do país do Pacto de Migração da ONU.
Damares Alves, pastora ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos tem se destacado por declarações conservadoras, mas é o Itamaraty que avança deforma objetiva nesta direção, em assuntos estratégicos para o Brasil.
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