Política e cultura, segundo uma opção democrática, constitucionalista, reformista, plural.
domingo, 21 de outubro de 2012
Quadrilha – Carlos Drummond de Andrade
João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou pra tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou pra tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.
sábado, 20 de outubro de 2012
OPINIÃO DO DIA – Camila Franco e Silva Velano: ‘o mensalão maculou a República’ (LXVII)
"a motivação do crime foi ganância de poder, aliada à
certeza de impunidade, além do ideal de sobreposição do Partido dos
Trabalhadores no cenário político da época".
Juíza Camila Franco e Silva Velano, da 4ª Vara da Justiça
Federal de Minas Gerais na condenação a José Genoino por falsidade ideológica
Manchetes dos principais jornais do Brasil
O GLOBO
A República dos netos BC liquida mais um banco, o BVA
Brasília tem 2º apagão no mês
Argentina persegue consultores privados
FOLHA DE S. PAULO
Número de eleitores sem candidato em SP é recorde
"Fui chamado de otário por falar a verdade", diz Duda
BC intervém no banco BVA após onda de saques e irregularidades
Brasil Grande Brasil Maior
O ESTADO DE S. PAULO
Na reta final, Dilma faz ofensiva por aliados
BC intervém no BVA, 7º banco a quebrar em 2 anos
Contra cotas, universidade muda vestibular
CORREIO BRAZILIENSE
A doce vida dos deputados
Preço dos alimentos acelera a inflação
Apagão
ESTADO DE MINAS
Deputado vai ganhar por dia útil R$ 3,2 mil
Encontro no Triângulo de olho em 2014
Vacina contra mal de Chagas premia UFMG
Conselho proíbe as terapias antienvelhecimento no país
ZERO HORA (RS)
O petróleo chegou
Justiça suspende benefício de servidora da Assembleia
JORNAL DO COMMERCIO (PE)
Horário de verão vai começar à 0h
A República dos netos BC liquida mais um banco, o BVA
Brasília tem 2º apagão no mês
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FOLHA DE S. PAULO
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O ESTADO DE S. PAULO
Na reta final, Dilma faz ofensiva por aliados
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Deputado vai ganhar por dia útil R$ 3,2 mil
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JORNAL DO COMMERCIO (PE)
Horário de verão vai começar à 0h
PT decide que só fala de mensalão depois das eleições
Catia Seabra
SÃO PAULO - O comando do PT determinou ontem que o partido só se manifeste
sobre o julgamento do mensalão depois das eleições. Reunida em São Paulo, a
Executiva Nacional do PT orientou os petistas a submergir durante o processo
eleitoral.
Para evitar que a eleição seja contaminada pelo mensalão, a ordem, segundo o
ex-ministro Nilmário Miranda, é "não entrar em provocações nem procurar
novos debates".
"A decisão da Executiva é esperar o julgamento para se
manifestar", disse Nilmário.
O secretário Nacional de Organização do PT, Paulo Frateschi, disse que
pretendia usar, na reunião, o desempenho do primeiro turno como prova de que o
impacto eleitoral do julgamento foi menor do que o propalado. Mas foi
desencorajado a falar.
A Executiva vetou declaração de apoio a candidatos do PSDB, como em São Luís
e Vitória. Mas, segundo o presidente do PT, Rui Falcão, não há aí predisposição
de "aniquilar o adversário".
Para Frateschi, basta "olhar o mapa" para concluir que o PSDB
encolheu. "Tudo que diziam que ele fariam com a gente, fizemos com
eles".
Fonte: Folha de S. Paulo
Marco Aurélio: Lula 'sensibilizou leigos' ao dizer que já foi julgado
Ministro diz não acreditar que Dilma conceda indulto aos condenados
Sérgio Roxo
Julgamento. Para o ministro Marco Aurélio Mello, acórdão não deixará margem
para recursos
GUARULHOS (SP) - O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal
(STF), disse ontem que "sensibiliza os leigos" a declaração do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que foi absolvido do escândalo do
mensalão pelas urnas, ao eleger a presidente Dilma Rousseff, em 2010.
- O presidente Lula não é acusado no processo (do mensalão). Evidentemente,
ele lança algo que sensibiliza, mas sensibiliza muito o leigo - afirmou Marco
Aurélio ontem, antes de dar palestra na Universidade Guarulhos, na Região
Metropolitana de São Paulo.
O ministro disse ainda não acreditar na possibilidade de a presidente Dilma
conceder indulto para beneficiar os condenados no processo.
- É cedo para pensarmos em qualquer medida que vise esvaziar o
pronunciamento judicial. Não acredito que a presidente, presente as
peculiaridades do caso, parta para a formalização de um indulto, sob pena de
nós esvaziarmos as nossas penitenciárias.
Ministro faz previsão otimista
Marco Aurélio se mostrou otimista sobre a possibilidade de o julgamento ser
encerrado na próxima semana, antes da viagem do relator, Joaquim Barbosa, para
a Alemanha, onde se submeterá a tratamento de saúde. O ministro disse acreditar
que, por causa da convocação de sessões extras, será possível até decidir a
dosimetria das penas. Por sua previsão, o acórdão do julgamento será publicado
em novembro.
Marco Aurélio lembrou que o tribunal precisa retornar a sua pauta normal,
porque outros 750 processos aguardam julgamento. Sobre o caminho a ser seguido
em caso de empate no julgamento, já que a Corte está com um ministro a menos,
Marco Aurélio se mostrou favorável à corrente de que deve do presidente do STF
tem o direito de desempatar:
- O tribunal aprovou norma regimental prevendo a prevalência da corrente em
que esteja o presidente.
Mas ele ressaltou que "não há consenso" sobre o tema. Defendeu que
os ministros que absolveram os réus não participem da decisão sobre o tamanho
das penas. E afirmou acreditar que o acórdão não dará margem para recursos:
- Ante o tempo consumido por esse julgamento, não acredito que saia um
acórdão contraditório ou obscuro.
Questionado sobre as queixas do ex-presidente do PT José Genoino, condenado
por corrupção ativa, de que foi injustiçado, lembrou a decisão de primeira
instância da Justiça Federal de Minas desta semana contra o petista.
- Aquele que é condenado, tende a se sentir injustiçado. Mas há pouco
tivemos um outro pronunciamento condenatório contra o réu José Genoino.
O ministro disse que a prisão dos condenados só pode acontecer depois da
publicação do acórdão e quando as possibilidades de recurso estiverem
esgotadas.
Fonte: O Globo
Tese sobre quadrilha tende a prevalecer
Ministros do STF entendem que, ao se definir que mensalão tinha uma cadeia
de comando, ficam claros papéis de Dirceu, Valério e Delúbio
Felipe Recondo, Mariângela Gallucci, Ricardo Brito e Fausto Macedo
BRASÍLIA - A ideia de que havia uma cadeia de comando organizando as ações
do mensalão, sedimentada pelos ministros do Supremo Tribunal Federal desde o
início do processo, em agosto, é tida por alguns desses ministros como forte
indicação de que o crime de quadrilha acabará sendo caracterizado. O
ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e outros dez réus correm alto risco de
serem condenados nessa sétima e última fatia do caso.
Em repetidas ocasiões Dirceu foi qualificado como mandante do esquema.
Marcos Valério, apontado como broker (corretor) do ex-ministro, e o
ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, como operador. Essa hierarquia, conforme
ministros, é típica da existência de uma quadrilha.
Alguns lembram que o mensalão foi montado para as eleições de 2002 e se
estendeu ao longo de 2004, como admitiram réus em seus depoimentos. Ou seja, os
crimes continuaram ocorrendo. O esquema só deixou de funcionar quando o
deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ) o delatou em 2005. Todos esses
pontos foram traçados pelo relator do processo, ministro Joaquim Barbosa, e
devem ter o apoio da maioria dos ministros.
Além dessa "arquitetura" do crime, a análise da jurisprudência do
STF, entendem eles, aponta para a condenação. Apesar dos argumentos contrários
do revisor do processo, Ricardo Lewandowski, decisões anteriores do STF sugerem
que esse tipo de associação ocorre quando há a participação de pelo menos três
pessoas para cometer um crime.
"No crime de quadrilha ou bando, pouco importa que seus componentes não
se conheçam reciprocamente, que haja um chefe ou líder ou que cada um
desempenhe uma tarefa específica, bastando que o fim almejado seja o
cometimento de crimes pelo grupo", decidiu o STF ao condenar há pouco mais
de um ano o deputado Asdrúbal Bentes (PMDB-PA).
O parlamentar foi acusado de cometer crimes antes das eleições de 2004,
quando era pré-candidato a prefeito de Marabá. Ele teria usado uma fundação
para recrutar eleitoras em troca do fornecimento gratuito de cirurgias de
laqueadura.
O STF o condenou, pelo crime de esterilização cirúrgica irregular, à pena de
reclusão de 3 anos, 1 mês e 10 dias. Os ministros concluíram que houve
quadrilha, mas o crime prescreveu. Bentes fez 72 anos no dia da sentença.
Outro caso. Em 2010, o STF condenou o deputado Natan Donadon (PMDB-RO) a 13
anos, 4 meses e 10 dias de reclusão por quadrilha e peculato. Na ocasião, a
ministra Cármen Lúcia disse que tinha ficado comprovado o envolvimento de pelo
menos quatro pessoas no esquema. Foram detectados ao menos 22 pagamentos
indevidos, num desvio total de R$ 1,6 milhão. "É atuação duradoura e
organizada", afirmou.
O ministro Marco Aurélio Mello disse que é será um eterno aprendiz. "Se
me convencerem, muito bem. Se não, vou manter minha posição. O Supremo não
estava acostumado com quadrilha em se tratando de crime do colarinho
branco."
Marco Aurélio discorda da interpretação de que o crime de quadrilha está
atrelado a tráfico, roubo e receptação. "Se a lei não faz distinção, não
cabe ao intérprete da lei distinguir. Surgiu a corrente (no STF) de que não haveria
a quadrilha, mas simplesmente coautoria na prática dos múltiplos crimes."
Caixa de surpresas. O ministro declarou que "colegiado é sempre uma
caixa de surpresas". Para ele, no plenário prevalece a espontaneidade.
"Eu componho o tribunal e não o teatro. Quadrilha é o que está no artigo
288 do Código Penal, associação de mais de 3 pessoas visando o cometimento de
crimes. É preciso que haja o entrosamento entre os partícipes desse crime, mas
ele independe, ao contrário da lavagem de dinheiro, por exemplo, da prática de
um crime posterior. Pode haver quadrilha sem que se tenha posteriormente a
prática de diversos crimes. O caso do mensalão é a regência do artigo
288."
Ante a sucessão de empates que marca o julgamento, Marco Aurélio invoca o
estatuto da corte que confere ao presidente o poder do desempate. "Por que
o tribunal aprovou a norma regimental prevendo a prevalência da corrente na
qual estiver o presidente? Nada surge sem uma causa."
Sobre as declarações do ex-presidente Lula que, na Argentina, disse que já
foi julgado nas urnas, em 2006, quando reelegeu-se, o ministro anotou: "O
presidente Lula não é acusado no processo. Evidentemente, ele lançou algo que
sensibiliza, mas sensibiliza muito o leigo".
Fonte: O Estado de S. Paulo
Julgamento ainda tem cinco questões em aberto
Últimos veredictos devem sair na segunda-feira. Empates e dosimetria podem
ficar para novembro
Diego Abreu
Com um cronograma apertado e ainda indefinido, o Supremo Tribunal Federal (STF)
vive a expectativa de encerrar o julgamento do processo do mensalão até a
próxima quinta-feira. Esse é o objetivo do relator da Ação Penal 470, Joaquim
Barbosa, e do presidente da Corte, Carlos Ayres Britto. Entre os ministros,
porém, não há consenso. Celso de Mello, o integrante mais antigo do STF, avalia
que “dificilmente” o julgamento será concluído na semana que vem. Embora tenham
firmado um acordo para agilizar a apresentação dos votos, os ministros ainda
terão de enfrentar pelo menos cinco questões pendentes, que demandarão tempo e
poderão gerar acalorados debates em plenário. A principal pendência é o cálculo
das penas dos réus. A chamada dosimetria é fundamental para a pretensão dos
condenados, pois definirá se eles irão ou não para a cadeia.
Por enquanto, 25 dos 37 réus foram condenados pela Suprema Corte. O empresário
Marcos Valério, por exemplo, já foi considerado culpado pelos crimes de
corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Na fase de
dosimetria, os ministros terão que se pronunciar sobre cada um dos condenados,
somar as penas e, ainda, avaliar se algum crime já está prescrito. Otimista, o
ministro Marco Aurélio Mello acredita que o julgamento será concluído até
quinta. “Eu espero que termine nesta semana. Ficamos com terça, quarta e quinta
para definir as penas e a questão do empate. Penso que três sessões são
suficientes”, disse Marco Aurélio, com a ressalva de que todos os colegas terão
que ser “ágeis”.
Caso as quatro sessões marcadas para a semana que vem não sejam suficientes
para o término do julgamento, a definição ficará apenas para o começo de
novembro, uma vez que Joaquim Barbosa tem viagem marcada para a Alemanha. Ele
deve embarcar dia 29 para Dusseldorf, onde fará tratamento médico, com previsão
de retorno ao Brasil em 3 de novembro. Joaquim sofre de um problema crônico no
quadril, que se reflete em fortes dores na coluna. Durante as sessões de
julgamento, o relator do mensalão usa três cadeiras diferentes (uma
ergométrica, uma de madeira e a poltrona tradicional) e costuma passar a maior
parte do tempo em pé, para amenizar a dor.
Interrupção necessária
Em entrevista na última quinta-feira, o ministro Ayres Britto disse que, na hipótese
de o julgamento não terminar até quinta-feira, haverá necessariamente uma
interrupção do processo. Nesse caso, os ministros julgarão outras ações durante
o período em que o relator estiver ausente e só retomarão a análise do mensalão
em 5 de novembro. Na avaliação de Celso de Mello, a tendência é que o resultado
final da Ação Penal 470 seja proclamado até 8 de novembro.
Entre as pendências que devem ser definidas a partir da próxima terça-feira
estão os empates ocorridos em relação a seis réus, a definição sobre o pedido
de prisão imediata dos acusados condenados e a dosimetria das penas. Antes,
porém, os ministros terão de concluir a análise do último dos sete capítulos da
denúncia. Oito magistrados ainda votarão sobre a acusação de formação de quadrilha
contra 13 réus. A tendência é que esse item seja encerrado na segunda-feira.
Por enquanto, o placar está empatado quanto à condenação do ex-ministro da Casa
Civil José Dirceu, do ex-presidente do PT José Genoino, do ex-tesoureiro do
partido Delúbio Soares e do empresário Marcos Valério, com um voto do relator a
favor da condenação e outro, do revisor, pela absolvição.
Após a conclusão dos sete itens da denúncia, os ministros iniciarão o debate
sobre os empates relativos a acusação contra seis réus. Nos bastidores do
Supremo, é dada como certa a definição de que o empate será em favor do réu.
"Ficamos com
terça, quarta e quinta para definir as penas e a questão do empate. Três
sessões são suficientes"
Marco Aurélio Mello,
ministro do STF
25
número de réus condenados
pelo STF desde o começo do julgamento do mensalão
O que falta ser
decidido
1 - Ministros devem
concluir na segunda-feira o julgamento do último dos sete capítulos da denúncia
da Procuradoria-Geral da República, que trata da acusação de formação de
quadrilha contra 13 réus. O relator, Joaquim Barbosa, votou pela condenação de
11 acusados. O revisor, Ricardo Lewandowski, absolveu todos os 13 réus
2 - Concluído o julgamento
dos sete capítulos, os ministros vão definir como desempatar o julgamento de
seis casos
3 - O STF analisará o
pedido do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, de prisão imediata dos
réus condenados. A tendência é que os réus fiquem em liberdade até o julgamento
dos últimos recursos.
4 - Os ministros ainda vão
definir como serão calculadas as penas. A tendência é que apenas os ministros
que votaram pela condenação do réu participem da fase da dosimetria (dosagem
das penas).
5 - Após proclamada a pena
de cada réu, os ministros terão que definir se os condenados perdem os direitos
políticos. Nesse caso, três deputados perderão os mandatos.
Fonte: Correio Braziliense
Marginais do poder - Merval Pereira
A definição do que seja crime de formação de quadrilha é a última discussão teórica
do plenário do STF antes da definição dos critérios para desempates e
dosimetria das penas. A Corte está dividida entre os ministros que tratam esse
crime dentro do estrito texto legal, e por isso não veem a existência de
quadrilha no caso em julgamento, e os que, como o decano Celso de Mello, se
permitem voos mais altos para chegar à conclusão oposta.
A paz pública, capítulo em que está inserido o crime de quadrilha, é o
"bem tutelado", isto é, o objeto que a legislação procura proteger.
As ministras Rosa Weber e Cármen Lúcia não viram nos fatos descritos na Ação
Penal 470 sinais de que havia uma ação criminosa desse tipo, mas apenas
coautores de diversas ilegalidades, em benefício próprio, no primeiro momento
em que esse crime foi julgado.
A legislação trata de crimes comuns perpetrados por quadrilhas, como roubos,
sequestros etc... Para Rosa Weber, "a indeterminação na prática de crimes
é a diferenciação de bandos e agentes pura e simples. (...) Entendo que houve
aqui crime de coautoria". Quadrilha, na sua concepção, "causa perigo
por si mesma na sociedade".
Quanto à ameaça à paz pública, a ministra considera que ela só se
caracteriza na "quebra de sossego e paz, na confiança da continuidade
normal da ordem jurídico-formal". E os membros da quadrilha têm a decisão
de "sobreviver à base dos produtos auferidos em ações criminosas
indistintas".
Cármen Lúcia fez um adendo às ponderações da ministra Rosa que pode ser
importante na sua distinção entre o caso já julgado e o que estará em
julgamento a partir de segunda-feira. Ela disse que a tese da Procuradoria
Geral da União de que havia uma "pequena quadrilha", formada pelos
políticos dos partidos aliados, dentro de outra quadrilha, esta a que vai ser
julgada, não a convenceu.
Já Luiz Fux se disse convencido de que, demonstrada a "congregação
estável entre os integrantes para o cometimento de crime, está caracterizado
também o crime de quadrilha". Foi nessa ocasião que o presidente do
Supremo, Ayres Britto, fez a observação que já ficou famosa no julgamento:
"A pergunta então seria: o réu podia deixar de não saber, nesse
contexto?" Marco Aurélio Mello, que inocentou o deputado Valdemar da Costa
Neto do crime de quadrilha, assim o fez por questões técnicas: considerou que
não estava configurada a reunião "de mais de três pessoas" como manda
a lei, pois um dos réus está sendo julgado em outro processo, na primeira
instância. No caso do núcleo político do PT, em associação com o núcleo
operacional e o financeiro, a situação é outra, e não é certo que o ministro continue
absolvendo os réus, inclusive porque já condenou outros pelo mesmo crime.
A definição mais abrangente em relação à ameaça à paz pública foi feita pelo
ministro Celso de Mello, num voto histórico em que comparou os réus a "uma
quadrilha de bandoleiros de estrada", definindo-os como "verdadeiros
assaltantes dos cofres públicos", preenchendo os requisitos legais com uma
aula de História.
Citou Cícero, que se referia à paz pública como sendo "a tranquilidade
da ordem (...), o sentimento de segurança das pessoas". Para o decano do
STF, "são esses os valores juridicamente protegidos ao incriminar o delito
de quadrilha".
Celso de Mello identificou um "quadro de anomalia" que revela as
"gravíssimas consequências desse gesto infiel e indigno de agentes corruptores,
tanto públicos quanto privados, devidamente comprovados, que só fazem
desqualificar e desautorizar a atuação desses marginais no poder".
Embora interfira no resultado do julgamento apenas de maneira remota, pois
pode aumentar a pena dos condenados, a definição do crime de quadrilha ganha
uma dimensão política relevante neste julgamento. Isso porque a interpretação
mais ampla de que a paz pública brasileira esteve ameaçada, pondo em risco o
estado democrático de Direito - assumida por Celso de Mello e pelo presidente
do Supremo, Ayres Britto, que chegou a falar em "golpe na democracia"
e depois reinterpretou as próprias palavras para amenizar seu sentido -, traz
consigo o entendimento de que o que houve foi uma conspiração institucional.
Fonte: O Globo
Esgotamento e inflexão - Cristovam Buarque
Nos últimos vinte anos de governos social-democratas, o Brasil melhorou
graças à continuidade de quatro pilares: a democracia, a responsabilidade fiscal,
a generosidade das bolsas e uma política econômica de crescimento. Estes
pilares estão se esgotando.
A democracia se esgota porque não foi capaz de fazer a reforma política; não
implantou um sistema ético para o financiamento de campanhas; e não barrou a
corrupção.
A responsabilidade fiscal se esgota porque a reforma do Estado não foi
feita, não houve controle dos gastos, nem mudança na gestão pública.
A generosidade social começou ainda no governo militar com a aposentadoria
rural. Mas foi o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em seu segundo
mandato, que adotou a concepção das bolsas, transferindo renda para quatro
milhões de beneficiários. Lula ampliou este número para 12 milhões e elevou o
valor do salário-mínimo em taxas superiores às da inflação. A presidente Dilma
Rousseff ampliou ainda mais os beneficiários. Mas os programas de pura
transferência de renda não estão sendo capazes de induzir a emancipação da
população pobre.
O crescimento econômico manteve-se com o mesmo padrão básico: ampliação de
produção, exportação de commodities agrícolas ou minerais e produção de bens
industriais para o mercado interno, sofrendo, no entanto, uma
desindustrialização em função da âncora cambial, da falta de competitividade,
do Custo Brasil e da falta de capacidade para inovação. Este modelo não foi
capaz de dar o salto para uma economia de alta tecnologia, com respeito ao meio
ambiente, estruturalmente distributiva e pelo qual o propósito não seja apenas
aumentar o PIB, mas aumentar o bem-estar da população.
Há um esgotamento nos quatro pilares da social-democracia brasileira, sendo
necessária uma inflexão que permita completar com uma reforma política, criando
mecanismos que tornem a corrupção impossível, eliminando a influência do poder
econômico nas eleições. A responsabilidade fiscal precisa ser completada por
reformas na gestão, na política fiscal e no controle dos gastos. A generosidade
das transferências de renda precisa ser substituída pela emancipação da
população para que nenhuma família brasileira precise de ajuda. E a economia
precisa incorporar o equilíbrio ecológico, a distribuição de renda, a produção
de bens distributivos e o salto para uma sociedade criadora de bens de alta
tecnologia, caminhando para aumentar o bem-estar social, não apenas o PIB.
O fim das eleições municipais deveria ser o ponto de partida para o debate.
Mas, aparentemente, este radicalismo não entrará nos debates. Vamos continuar
discutindo como avançar na mesma direção de um modelo em esgotamento, com a
mesma política de satisfazer os interesses imediatos de corporações, sem olhar
o longo prazo, sem fazer a necessária inflexão histórica.
Senador (PDT-DF)
Fonte: O Globo
Lula, a democracia e o progresso social - Marco Antônio Tavares Coelho
Luis Ignácio Lula da Silva é uma figura de
relevo na vida brasileira. Por duas vezes foi eleito para a presidência da
República. É a principal liderança do Partido dos Trabalhadores e desfruta de grande
prestígio no país, tendo reconhecido carisma, mesmo porque sabe utilizar bem os
meios de comunicação.
Assumiu a postura de fazer
pronunciamentos irresponsáveis que inclusive criam problemas para os próprios
petistas. Possui projeção internacional
e influencia a atividade política em outros países na América do Sul.
Foi líder sindical no setor metalúrgico no ABC,
em São Paulo. Após um papel destacado nas greves durante a ditadura militar
tornou-se uma personalidade nacional. Nunca fez um curso superior, mas tem um
bom diálogo com setores da intelectualidade. Na condição de líder sindical
entrosou-se com o grupo de intelectuais e com personagens progressistas da
Igreja Católica para organizar o Partido dos Trabalhadores.
Com um projeto de
renovação da luta política no Brasil, o PT em poucos anos tornou-se um partido de
relevo, pela conquista do poder federal, de alguns governos estaduais e muitas
prefeituras, além de possuir uma importante bancada nas duas casas do Congresso
Nacional, inclusive a presidência da Câmara dos Deputados.
Após cumprir um segundo
mandato no Palácio do Planalto conseguiu eleger Dilma Rousseff para
substituí-lo. Há especulações de que ele, em 2014, disputará novamente a presidência
da República, ou poderá optar pela tentativa de reeleger Dilma.
Que fatores influíram para
explicar o prestígio de Lula? Como chegou a ser um líder no cenário nacional? Para
se entender esse fenômeno é indispensável analisar o quadro político e a
realidade da economia. No final do regime militar foram organizados alguns
partidos com uma plataforma de volta ao estado de direito democrático. Atualmente, há uma crítica generalizada à
atuação da maioria dos partidos e uma pressão irrefreável em favor de uma reforma
política.
O PT se destacou pelo fato
de defender os interesses dos trabalhadores e das camadas marginalizadas do
povo, em contraste com a maioria dos outros partidos que nunca defenderam os brasileiros
mais pobres. Apresentando-se dessa forma, o PT ganhou prestígio entre os
trabalhadores e as pessoas que defendem a causa de uma sociedade mais justa.
Ao mesmo tempo o PT se distinguiu por ser uma
organização diferente dos outros partidos, estimulando a atuação de seus militantes
de base e seguindo inicialmente normas de democracia interna dentro do partido.
Mas, para conquistar a presidência da
República, Lula e o PT resolveram conquistar setores conservadores da
sociedade. Assim, nasceu uma contradição entre o programa e a conduta do PT e a
prática de sua política de apoio a poderosos grupos, notadamente bancos e empresas
que realizam grandes obras no país.
Agora, na eleição de
prefeitos e vereadores o PT não obteve as vitórias que desejava. Teve ainda
nacionalmente, uma expressiva votação, mas perdeu eleições em importantes estados,
como em Minas Gerais e Pernambuco, apesar de neles ter havido uma interferência
direta de Lula e Dilma. Evidenciou-se um fato que é apontado pelos analistas –
o prestígio popular de Lula está em descenso e diversas correntes e
personalidades que antes apoiavam irrestritamente o PT não aceitam mais as decisões
de Lula. E no PT já surgem críticas ao fato do ex-presidente impor autoritariamente
sua vontade pessoal, na escolha dos candidatos nos pleitos eleitorais.
A realidade atual do Brasil
Do ponto de vista da
economia, que análise pode ser feita sobre a política e a conduta do Partido
dos Trabalhadores e de seu líder?
Lula e Dilma Rousseff
fazem loas sobre o panorama econômico de nosso país. Na verdade, em
nossa vida econômica há dados positivos. Nossa situação é melhor do que a de
outros países atingidos pela crise econômica. No
quadro mundial estamos colocados na categoria dos países em desenvolvimento.
Nem pobres e nem ricos. Nos últimos anos participamos ativamente no mercado internacional,
como grande exportador de commodities.
Dois fatores contribuíram
para esse desempenho. Em primeiro lugar, porque nos governos anteriores (de Fernando
Henrique Cardoso) houve uma reforma financeira que conseguiu controlar a
inflação, problema secular que dificultava o progresso do Brasil. Ao chegar ao Planalto,
Lula encontrou uma realidade que permitia avanços posteriores na economia, mas
jamais reconheceu essa realidade. Ao contrário, afirma haver recebido “uma
herança maldita” do governo de FHC.
Em segundo lugar, no período dos governos de
Lula, a situação internacional beneficiou a economia brasileira. Ainda não
havia começado a crise que atingiu todos os países, inclusive os mais
desenvolvidos. Cresceram nossas transações econômicas e financeiras no mercado
internacional e esse fato permitiu a considerável exportação de minério de
ferro e de soja a preços elevados, em consequência das enormes importações da
China.
Ficaram também evidentes
alguns fatores que contribuem para o nosso desenvolvimento. Por exemplo, a
existência de um amplo mercado interno e as possibilidades de termos uma grande
produção agropecuária. Além disso, contamos com expressivos recursos
hidráulicos e de petróleo. Os economistas também assinalam o crescimento do
crédito para pessoas e empresas, o que se reflete no aumento da capacidade da
indústria.
Todavia, certos dados demonstram a debilidade de nossa economia,
em comparação com outros países em desenvolvimento. Neste ano o crescimento do
PIB foi de pouco mais de 1,00%. O país enfrenta uma séria crise na
infra-estrutura da economia, que determina o elevado custo dos produtos que
exportamos. Assim os fatos assinalam a diminuição dos investimentos nos últimos
anos, como ocorreu com a importação e a produção de bens de capital.
Apesar dos incentivos governamentais para viabilizar os investimentos
o setor deverá receber este ano recursos de apenas 1,96% do Produto Interno
Bruto. Será o pior desempenho desde o início do lançamento do Programa de
Aceleração do Crescimento (PAC), peça-chave nas atividades e na propaganda
do governo federal.
Comprova esse dado a queda
dos investimentos em eletricidade, comunicações, transporte e saneamento,
comparando esses dados atuais com o sucedido nas últimas décadas, a partir dos
anos 70. Por isso, com razão afirma o
economista Mendonça de Barros que o governo diante dessa dificuldade... “corretamente acena com um grande pacote de
concessões, para atrair capital privado em investimentos em estrada de ferro,
portos, aeroportos, entre outros.” (“Folha de São Paulo”, 30/9/12)
Contudo, segundo o mesmo economista, o governo reage de forma
equivocada porque estimula a expansão do consumo ao custo do maior
endividamento das famílias e nas concessões ao capital privado estabelece condições
e regras que dificultam a participação de investidores. Assim, além de repetir
que não está realizando uma política de privatizações – tão criticada na ação
dos governos de FHC – sua atividade é contraditória, causando insegurança entre
os interessados.
O quadro se complica por alguns fatores. Foram agravadas as
dificuldades e insuficiências da Petrobrás, como acontece com os projetos das refinarias
do Rio de Janeiro e Recife e com a dependência da importação de diesel,
gasolina e etanol. A esses dados negativos deve-se acrescentar à queda na
produção de petróleo da Bacia de Campos, levando a empresa a perder receitas consideráveis,
pois foi obrigada a pagar quase o dobro pela importação de diesel e gasolina, comprados
no exterior a preços mais elevados do que os preços dos combustíveis vendidos aos
consumidores no Brasil.
Diversos outros fatores causam problemas para a administração
federal, como os sucedidos com a geração e transmissão de energia, assim como
dificuldades frequentes com projetos equivocados ou mal conduzidos, como o
projeto da usina de Belo Monte e o faraônico plano do “trem bala”.
Em resumo, pode-se dizer
aos economistas do governo – “estúpidos, apesar da propaganda, a economia só
nos dá péssimas notícias!”
Por que consideramos
nefasta a política de Lula?
Luiz Ignácio Lula da Silva,
apesar de sua formação de militante sindical, atua como um caudilho no velho
estilo latino americano, impondo sua vontade, passando por cima de normas, leis
e aspirações de diversos setores sociais.
Inteligente e sagaz contorna
suas deficiências culturais com o que vai aprendendo no diálogo com os intelectuais.
Desde jovem entendeu o que pode e o que
não pode fazer. Porém, dá voltas para obter o que deseja e diante das críticas
tem respostas inaceitáveis. Contudo, é sensível aos sentimentos dos
trabalhadores e muita habilidade na condução da massa operária, mas tem uma
noção clara da correlação de forças na luta política e paciência para galgar
posições. Busca com tenacidade um caminho para impor sua opinião, mesmo sabendo
que não está de acordo com as leis vigentes e com princípios republicanos. Em
resumo, sabe lutar pelo o que deseja sem se prender a normas estabelecidas.
Vários episódios
demonstram como Lula não tem como uma das normas de seu comportamento a luta
pela democracia e o zelo pelos princípios republicanos.
Seu posicionamento político fica evidenciado pela
posição que tomou na Assembleia Constituinte de 1988. Compreendia a importância
de elaboração das leis básicas do País, defendeu com firmeza as teses dos
trabalhadores e compreendeu que a obtenção de determinadas vitórias tinha
limites na Constituinte. Porém, estranhamente, não aprovou o texto
constitucional. Mas, afinal, resolveu assinar
a Constituição da República Federativa do Brasil.
Cometeu um erro político
que é sempre lembrado: combateu a reforma financeira que instituiu a nova moeda
- o real - simplesmente porque foi lançada pelo governo de FHC, quando era uma
providência básica para reduzir drasticamente a inflação, tormento que
prejudicava especialmente os trabalhadores.
Um traço marcante de Lula
é seu desprezo pelas instituições e organizações políticas e sociais criadas ao
longo dos anos, quando são elas que garantem e impulsionam o progresso social,
sendo mais importantes que os planos e projetos dos governos transitórios. Para deixar claro vejamos alguns exemplos:
Vargas tornou-se imortal pela instituição da Justiça do Trabalho e das leis
trabalhistas, além da criação de algumas empresas, como a Petrobras; Kubitschek
tornou-se inesquecível pela criação de Brasília e do impulso dado à
industrialização do país; líderes políticos como Ulisses Guimarães e Tancredo
Neves, se conceituaram eternamente pelo fato de conduzirem a batalha pela
redemocratização e o restabelecimento do Estado de Direito no país.
A lição é, portanto, clara
– governantes passam para a História se construírem ou fortalecerem instituições
ou adotarem políticas fundamentais e se não cometerem erros políticos
essenciais. Por isso, nada sobra de positivo na atuação dos presidentes da
República durante o regime militar.
Não será esquecida a
política de Lula para desmoralizar organizações sociais. A CUT se tornou uma
agência mantida por verbas oficiais a fim de aplaudir o governo e o movimento
sindical deixou de ser uma poderosa arma usada pelos trabalhadores. O mesmo
aconteceu com a gloriosa União Nacional dos Estudantes. São um marco em seu
governo os projetos irrealizáveis, como a transposição do rio São Francisco, o
“trem bala” e paralisou diversas obras do PAC. Também está destruindo até o
Partido dos Trabalhadores, com o arquivamento de seu projeto de reformas
sociais e de sua estrutura interna democrática, impondo nas eleições candidatos
afinados com o ex-presidente.
Nas relações
internacionais dissipou totalmente a tradição de respeito à soberania e à
amizade com os países vizinhos e de busca de uma colaboração com todos os
países. Sob a inspiração de Lula, o Itamaraty abandonou a política de
negociações na Rodada de Doha na Organização Mundial do Comércio. Deixando de
enfatizar a busca de soluções no diálogo multilateral, o Brasil perdeu sua
capacidade de negociar acordos comerciais. Assumiu posições equivocadas na
América do Sul, pelo apoio à política aventureira de Chávez, na Venezuela,
criando uma desavença com o Paraguai e desarticulando o Mercosul.
Ao lado disso, Lula
interfere diretamente na política externa desmoralizando o Itamaraty com
declarações contraditórias na defesa dos direitos humanos. Daí suas afirmações como
a de comparar presos políticos em Cuba com os criminosos no Carandiru, como de negar
o apoio a adversários do governo do Irã, além de não protestar contra os
massacres na Síria. Depreende-se desse comportamento de Lula um dado objetivo:
ele leva para a política internacional seu menosprezo pela causa da democracia
e pela defesa dos direitos do homem.
Outro traço indelével da atuação
de Lula reside no fato de, seguindo a trajetória de todos seus predecessores no
Palácio do Planalto, não ter como princípio exigir de todas as esferas da
administração pública o zelo permanente pelo meio ambiente. Um exemplo
demonstra bem a adoção de medidas que deveriam ser evitadas – os benefícios constantes
dados às montadoras de automóveis (todas elas poderosas empresas estrangeiras),
quando são evidentes os malefícios dos automóveis particulares para o meio
ambiente, notadamente nas grandes cidades. Esses benefícios são dados porque o
governo se preocupa em manter os empregos nessa indústria, não considerando que
soluções alternativas existem para se transferir essa mão de obra para outros
empreendimentos.
Podemos acrescentar ainda
outro comportamento equivocado da política de Lula, continuada por Dilma
Rousseff - a violação dos dispositivos constitucionais que garantem os direitos
das comunidades indígenas de serem consultadas sempre que obras sejam projetadas
em terras por elas ocupadas. Um exemplo dessa violação ocorre com o projeto da
construção da usina de Belo Monte, no Estado do Pará.
Então, já se pode perguntar: qual será o legado de Lula?
Além de se preocupar positivamente com algumas reivindicações dos trabalhadores ele não adotou uma política para diminuir a desigualdade social existente no Brasil.
Então, já se pode perguntar: qual será o legado de Lula?
Além de se preocupar positivamente com algumas reivindicações dos trabalhadores ele não adotou uma política para diminuir a desigualdade social existente no Brasil.
Assumindo a presidência da
República, Lula entendeu que necessitava de maior apoio no Congresso Nacional e
nos meios de comunicação com o objetivo de manter-se no poder por muitos e
muitos anos. Para tanto um grupo de seus
dirigentes criou o “mensalão”, a fim de garantir a aprovação de projetos de
leis encaminhados pelo governo. Estrutura alicerçada em recursos públicos e de
empresas privadas a fim de obter o apoio de parlamentares de outros partidos.
Mas deixará um legado
fundamental: a organização no Palácio do Planalto do chamado “mensalão”, grupo encarregado
de usar recursos financeiros públicos e de empresas privadas para aliciar o apoio
de parlamentares à tramitação de projetos de interesse do governo. Essa atuação criminosa foi denunciada pela Procuradoria
Geral de República ao Supremo Tribunal Federal.
Pela primeira vez no
Brasil as inúmeras sessões do Supremo Tribunal Federal foram transmitidas na
totalidade pela televisão e a imprensa acompanhou o desenrolar do julgamento. E
um fato se tornou indiscutível – esse julgamento foi conduzido respeitando-se
rigorosamente todas as normas jurídicas, notadamente os direitos dos acusados
de se defenderam.
O ministro Celso de Mello,
no julgamento, fez o seguinte pronunciamento: “Entendo que o Ministério Público expôs na peça acusatória eventos
delituosos revestidos de extrema gravidade e imputou aos réus ora em julgamento,
ações moralmente inescrupulosas e penalmente ilícitas que culminaram, a partir
de um projeto criminoso por eles concebido e executado, em verdadeiro assalto à
Administração Pública, com graves e irreversíveis danos ao princípio
ético-jurídico da probidade administrativa e com sério comprometimento da
dignidade da função pública, além de lesão a valores outros, como a integridade
do sistema financeiro nacional, a paz pública, a credibilidade e a estabilidade
da ordem econômico-financeira do País, postos sob a imediata tutela jurídica do
ordenamento penal.”
A divulgação desse julgamento
pela primeira vez mostrou alguns aspectos da trajetória do PT para tentar conseguir
o total controle do país. Esse processo
pós a nu as táticas de Lula para introduzir aqui a estratégia de Chávez, na
Venezuela, de ficar indefinitivamente no poder, esmagando a resistência da
maioria de nosso povo.
O julgamento do “mensalão”
é a condenação mais vigorosa da atuação criminosa do PT, formulada pelos
ministros do STF. Lula tentou de várias
maneiras adiar esse julgamento iniciado sete anos atrás. Depois afirmou ser uma
farsa. Mas, agora, quando os dados concretos da trama vieram à tona, na
divulgação do julgamento, Lula e o PT declaram que o “mensalão” é um conluio
golpista da oposição e dos meios de comunicação para derrubar o governo.
Essa resposta de Lula e do
PT indica claramente que eles consideram justo prosseguir no mesmo caminho
iniciado pelo “mensalão”, pois seu objetivo é liquidar a democracia, enterrando
para sempre a Constituição de 88 e os princípios republicanos.
Mas a Lula e seus
companheiros nessa atividade serão derrotados por uma oposição contra seus
projetos. Por isso, em boa hora, procede a observação de uma pessoa isenta, como
cientista que acompanha de perto a América Latina. Eliana Cardoso, professora
titular da FGV da São Paulo, afirmou: “Teremos
sorte se o julgamento do mensalão vier a livrar a sociedade brasileira do
lulismo.” (“O Estado de S. Paulo, 10/10).
São Paulo, outubro de
2012
Marco Antonio
Coelho é advogado, jornalista, ex-dirigente nacional do PCB, ex-editor
executivo da revista Estudos Avançados da Universidade de São Paulo, autor dos
livros Herança de um sonho – memórias de um comunista (Editora Record) e Rio
das Velhas – memória e desafios, (Editora Paz e Terra) e atual editor da
revista Política Democrática.
Os mesmos erros - Carlos Melo
Melhor seria que fosse diferente. Mas a história mostra que segundo turno
não permite nada mais sofisticado que a força bruta, a passionalidade e a
desqualificação do oponente. Quem está atrás força passagem e agride com as
armas de que julga dispor; quem está à frente fecha o caminho, administra a
vantagem defendendo-se com o ataque. No foco dos estrategistas, está a
imobilização do adversário; impedir que o outro amplie demais os votos de
primeiro turno.
A diminuição de alternativas, a paixão nas ruas e a virulência na TV são
elementos para que o eleitor entre no jogo emocional, pouco ponderado. A
disputa assume ares de uma final de campeonato cheia de fúria, visceral:
torcedores manifestam-se de um modo tão rude quanto explosivo. Pingo vira
letra! O eleitor observa tudo e fará sua escolha pelo "menos ruim",
não exatamente pelo melhor. Perde-se qualidade no já escasso debate
programático. Bom? Ruim? Simplesmente assim!
Mas é preciso ter o sentido de medida das coisas: não se pode passar do
ponto, confinar a si mesmo, tornar-se refém da ousadia; coragem é uma coisa,
temeridade é outra. Indiscutível que segundo turno é batalha que busca aumentar
a rejeição do rival. Contudo, mesmo nesse afã, deve-se cuidar para não aumentar
a própria rejeição. Sobretudo, é arriscado investir em temas morais, pois podem
despertar reações contrárias e se voltar contra quem os mobilizou.
Ninguém, por exemplo, parece favorável ao aborto - pode-se ser a favor de
sua descriminalização, mas não há quem o defenda como desejável. É uma
contingência eticamente aceitável ou não; depende de crenças e valores. Colocá-lo
sobre a mesa da eleição tangencia obscurantismos e retrocessos, enfraquece sua
importância como assunto de saúde pública. Desperta embates cujo oportunismo
pode suscitar revolta.
Igualmente, isso serve para questões relacionadas às opções sexuais. Majoritariamente,
a sociedade não enxerga o tema como questão pública e, naturalmente, não admite
a apologia das escolhas íntimas de cada um. Mas tampouco aprova ou é
indiferente à homofobia: a intolerância não condiz com nosso caráter. Ela
sempre foi punida pelo eleitor - o PT dos velhos tempos, de outras
intolerâncias, por exemplo, confinava-se ao gueto.
Mais razoável, então, é circunscrever questões desse tipo ao campo dos
direitos individuais, garantindo a natural diversidade social e a liberdade dos
indivíduos. Temáticas assim delicadas exigem uma sofisticadíssima compreensão
por parte do eleitor, mas sua percepção não captura nuances, nem considera
detalhes. É um risco colocá-las no contexto emocional da disputa política, de
modo passional.
A decisão, desde sempre discutível, de fazê-lo exigiria engenho e arte
comunicativos; perspicácia política. Expressar com perfeição a crítica que se
faz, quando ela de fato existir. Imaginar que não transborde de um público
específico a quem se quer atrair - evangélicos, no caso - para outro mais amplo
e, desse modo, que não assuma sentido diverso do pretendido é abrir a porta
para que a esperteza coma o esperto.
Este parece ser o principal erro de José Serra: assemelhar-se aos equívocos
da eleição presidencial - da qual, imaginava-se, tiraria lições. Passou do
ponto, e isso o prejudica. Ao sentir o prejuízo, tentou se descolar do enredo
mas já era tarde: sua campanha se contaminou, tornando-se presa de uma
armadilha que, se não foi tramada por ele, tinha como premissa favorecê-lo.
Em vista disso, deu recibo, perdeu elegância e humor: enfrentou jornalistas
e de forma estapafúrdia passou a apontar o vulto de José Dirceu como
responsável por tudo de ruim que o cerca. Malha, hoje, o Judas que morreu
ontem. Paradoxalmente, favorece o adversário. Em política, explicar-se é perder
terreno. É extraordinário que, sozinho, candidato tão experiente consiga se
complicar assim. Os erros de Serra têm sido os maiores aliados de Fernando
Haddad.
Fonte: O Estado de S Paulo
A República dos netos
Inflados pelas vitórias
em Belo Horizonte e Recife, Aécio Neves (PSDB), neto de Tancredo Neves, e
Eduardo Campos (PSB), neto de Miguel Arraes, se uniram para medir forças com
Lula e Dilma Rousseff no 2º turno, já de olho em 2014. Ontem Aécio e Campos pediram
votos para o PSB em Uberaba
Aproximação de olho em 2014
Aécio Neves e Eduardo Campos se unem em campanha com vistas à sucessão de
Dilma
Maria Lima
Simbolismo. Aécio e Campos estiveram juntos em Uberaba para a campanha de
candidato do PSB e evitaram dar maiores significados à atuação conjunta neste
segundo turno
BRASÍLIA e UBERABA - Inflados pelas vitórias no primeiro turno de Marcio
Lacerda, em Belo Horizonte, e de Geraldo Júlio, em Recife, os padrinhos das
duas candidaturas, respectivamente Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB),
prováveis adversários do PT em 2014, unem-se para medir forças com a dupla Lula
e Dilma Rousseff neste segundo turno em capitais e grandes cidades. Mostrando
um distanciamento cada dia maior de partidos da base aliada do governo e se
firmando como terceira via, o presidente do PSB e governador de Pernambuco
Eduardo Campos usou ontem um ato de campanha em Uberaba, cidade importante do
Triângulo Mineiro, para estrear na campanha ao lado de Aécio, que também
comemora o fato de ter conseguido polarizar com Dilma no primeiro turno em Belo
Horizonte.
Tucanos dizem que a disputa em Uberaba entre Antonio Lerin (PSB) e Paulo
Piau (PMDB) é o que menos conta na aparição da dupla ontem, e que o mais
importante é o simbolismo dos dois juntos. Isso porque essa parceria entre os
dois netos de políticos famosos -Aécio, do ex-presidente Tancredo Neves, e
Campos, do ex-governador Miguel Arraes - está deixando o PT de cabelo em pé. A
eleição municipal deste ano, para o PSB, tem funcionado como o passaporte para
o partido alcançar independência dentro da base e se firmar como alternativa em
2014. Ou negociar com o aliado histórico, o PT, protagonismo para 2018.
- Esse encontro de Aécio e Eduardo Campos em Uberaba tem repercussão
nacional. Aécio mostra sua ampla circulação e Eduardo Campos reforça que não
será sublegenda do PT, muito menos tutelado e patrulhado! Aécio e Eduardo são
os dois maiores lideres da nova geração política - comemora o presidente do
PSDB mineiro, deputado Marcus Pestana.
A aparição pública dos dois ontem em Uberaba foi mais modesta do que o
esperado, mas ficou registrada a foto do momento. Campos e Aécio também
apoiaram o candidato do PSB em Belo Horizonte, o prefeito reeleito Marcio
Lacerda, mas o governador pernambucano não esteve na capital mineira.
Declarações cuidadosas
Aécio Neves chegou a Uberaba no meio da tarde de ontem e ficou na casa de um
amigo, enquanto aguardava a chegada de Eduardo Campos, que aterrissou na cidade
mineira por volta das 18h30m.
Os dois concederam uma breve entrevista no aeroporto, e evitaram dar maior
significado à atuação política conjunta, principalmente no que se refere à
sucessão de Dilma Rousseff, em 2014. Questionado sobre a presença no município
mineiro, junto com Aécio, Campos disse que se limitava ao apoio ao candidato de
seu partido.
- O único significado que tem aqui é o de eleger o candidato Lerin em 2012.
Nossa energia está voltada para apoiá-lo. Ainda não há resultados nem mesmo da
eleição, e vocês já estão falando em 2014 - desconversou Campos.
Aécio também limitou suas respostas à disputa eleitoral para as prefeituras.
- O PSDB tem muitas alianças. Todas elas para uma melhoria de políticas
públicas, visando a uma qualidade de vida melhor para o povo - afirmou.
Além de Fortaleza, onde o PSDB apoia Roberto Cláudio (PSB), e Manaus, onde o
PSB apoia Arthur Virgílio (PSDB) contra Lula, Dilma e a candidata Vanessa
Graziottin (PCdoB), os partidos de Aécio e Campos fazem dobradinha em outras
capitais e cidades importantes, como Campinas, neste segundo turno das eleições
municipais.
O secretário nacional de Comunicação do PT, deputado André Vargas (PR),
ironiza declarações de Eduardo Campos de que o PSB continua na base de Dilma,
mas não será satélite do PT:
- A preocupação do PSB, do Eduardo Campos, é não ser satélite do PT. Mas ele
tem que ter a mesma preocupação em não ser satélite do PSDB.
De uma forma ou de outra, fortalecido nas urnas, com PT ou PSDB, Eduardo
Campos já avisou que o PSB estará no jogo em 2014:
- Esse movimento do PSB só deve preocupar o PT, porque representa uma
fissura grande dentro da base. Nós, da oposição, vamos apresentar um projeto
alternativo de poder em 2014. Se amanhã forças que hoje estão com o governo
quiserem apoiar esse projeto serão muito bem vindas - disse Aécio ao GLOBO.
Queixas de candidatos da base
Derrotado no primeiro turno em Manaus, Serafim Corrêa, do PSB, diz que o
atropelamento do PT aos aliados está aproximando o PSB do PSDB. Ele conta que
no primeiro turno procurou apoio de Dilma e do PT, mas foi informado que a
cúpula já tinha se decidido por Vanessa Graziotin, do PCdoB, que pode ser
derrotada pelo tucano, segundo as pesquisas.
- Eu era ou não era também candidato da base? O apoio que deram a Vanessa
foi desproporcional. Foi uma sacanagem Lula e Dilma já fazerem uma opção no
primeiro turno pela Vanessa! Agora, (o líder do governo no Senado) Eduardo
Braga, que acha que é rei em Manaus, está colocando Lula e Dilma numa gelada.
Estão trazendo a presidente aqui para ser sócia de uma derrota - disse Serafim
Corrêa, lembrando que em 2008, quando o PSB ficou isolado, o PSDB apoiou o
partido.
Serafim Corrêa conseguiu formalizar o apoio do PSB local ao tucano Arthur
Virgílio, apesar das tentativas de Vanessa Graziotin de impedir. A presidente
Dilma deve ir a Manaus na segunda feita, embora tenha dito, durante a campanha,
que não entraria em eleição disputada por dois partidos aliados. Tática que foi
deixada no primeiro turno.
Diante das ofensivas de Campos e da proximidade com o principal partido de
oposição, o ex-presidente Lula também resolveu ignorar isenção em cidades onde
aliados estão em disputa. Na próxima semana ele irá reforçar o palanque de
Elmano Freitas em Fortaleza, onde o petista está empatado com o candidato do
PSB, Roberto Cláudio.
Colaborou Thereza Cristina Gonçalves Ferreira
Fonte: O Globo
Aécio e Campos trocam elogios em ato por aliado em Minas
Senador tucano insinua intenção de aliança com o PSB em 2014
Leandro Martins
UBERABA (MG) - No primeiro ato público de campanha em que participaram
juntos na eleição deste ano, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o governador
Eduardo Campos (PSB) trocaram elogios.
Aécio e Campos estiveram ontem em Uberaba, no Triângulo Mineiro, para ato de
apoio ao candidato a prefeito Antonio Lerin (PSB). Ele concorre no segundo
turno contra o deputado federal Paulo Piau (PMDB), que, hoje, deve receber
apoio oficial do PT no segundo turno.
Em discurso na associação comercial, Aécio insinuou seu desejo de uma
aliança com o PSB em 2014.
"Quem sabe no futuro Deus permita que esses laços sejam mais fortes
pelo bem do país", disse o senador.
Campos fez menção ao que chamou de importância do governo Lula para o país e
elogiou os tucanos: "Sou testemunha de posições que o PSDB teve [como
oposição] de olhar os interesses do país acima das condições políticas
conjunturais".
Antes, em entrevista, Alécio, ex-governador de Minas Gerais, elogiou a
administração pernambucana: "Precisamos fortalecer a gestão de qualidade
no país. Essa é a marca que talvez mais me aproxime do Eduardo [Campos]".
Fonte: Folha de S. Paulo
Lula e Dilma vão a Campinas combater Eduardo Campos
Candidato do PSB, partido do governador de Pernambuco, lidera disputa na
cidade
Daniel Carvalho, Marília Rocha
SÃO PAULO / CAMPINAS - A presidente Dilma e o ex-presidente Lula vão hoje a
Campinas (SP) reforçar a campanha de Marcio Pochmann (PT) e tentar evitar uma
dupla derrota na cidade.
Eles participam de um comício do candidato petista, que disputa a prefeitura
contra Jonas Donizette (PSB).
Segundo a última pesquisa Ibope, há um empate técnico nas intenções de voto:
45% para Donizette e 39% para Pochmann (cuja pronúncia é "póchimam").
A margem de erro é de quatro pontos percentuais para mais ou para menos.
Perder para Donizette significa permitir a entrada do governador de
Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), em São Paulo e dar força a trajetória dele
rumo à disputa presidencial de 2014 e ao projeto de reeleição de Geraldo
Alckmin (PSDB). No Estado, o PSB é aliado dos tucanos.
"Eduardo Campos mencionou que a disputa em Campinas tem mais peso para
o PSB do que algumas capitais", afirmou Donizette à Folha.
"[É] Fundamental para a estratégia do PSB a nossa presença no Sul e
Sudeste, principalmente São Paulo. Campinas é uma grande porta de
entrada", disse o vice-presidente do PSB, Roberto Amaral.
Uma vitória petista diminui ainda a base de Alckmin para a disputa pela
reeleição.
O PSDB paulista tem hoje 200 prefeituras. No primeiro turno elegeu 173
prefeitos e agora pode eleger apenas mais sete. Em Campinas, o vice da chapa
socialista é o tucano Henrique Teixeira.
O secretário-geral do PSDB, Rodrigo Castro, afirmou que vencer a disputa em
Campinas é um "ativo político" para uma futura disputa.
Para Pochmann, não há relação entre as duas disputas. Mas ele diz acreditar
que a aliança entre PSB e PSDB esteja entre as motivações da vinda de Dilma à
cidade.
"Essa eleição ganha relevo porque é a disputa entre dois modelos: a
forma do governo federal para reduzir pobreza e uma alternativa oposta."
Pochmann, 50, era pouco conhecido na cidade até o início da campanha.
Ex-presidente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e
ex-secretário de Desenvolvimento da gestão Marta Suplicy (PT) em São Paulo, ele
foi uma indicação de Lula.
O comício em Campinas será o primeiro a reunir no palanque, no segundo
turno, os dois nomes mais fortes do PT.
Fonte: Folha de S. Paulo
Lula faz campanha onde PT e PSB estão em confronto direto
Ex-presidente vai a Campinas, com Dilma, Cuiabá e Fortaleza
Tatiana Farah, Gustavo Uribe
SÃO PAULO - A crise entre o PT e o PSB promete se acirrar na reta final da eleição
municipal. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva começa hoje uma
peregrinação pelas cidades onde seu partido disputa com os socialistas:
Campinas (SP), Fortaleza (CE) e Cuiabá (MT). Em dois desses municípios, o
presidente nacional do PSB, o governador Eduardo Campos, já subiu ao palanque
de seus candidatos sem poupar críticas ao PT. O dirigente do PSB só não deve ir
ao Ceará, estado governado pelo também socialista Cid Gomes.
Hoje, o ex-presidente petista e a sua sucessora, Dilma Rousseff, fazem
comício em Campinas, onde o petista Márcio Pochmann está empatado tecnicamente
com Jonas Donizette, do PSB. Na terça-feira, o líder do PT vai a Fortaleza
reforçar a campanha de Elmano de Freitas, que disputa, em cenário de empate
técnico, com Roberto Claudio, indicado pelo governador do Ceará. Na
quinta-feira, o ex-presidente participa do comício de Lúdio Cabral, em Cuiabá.
Ontem, foi a vez de Campos fazer campanha para Mauro Mendes (PSB) na capital de
Mato Grosso.
O governador socialista deu ontem mais uma mostra de atrito com o PT: depois
de rejeitar o palanque do petista Fernando Haddad, em São Paulo, recebeu o
apoio do senador tucano Aécio Neves em Uberaba (MG). Ainda que haja confrontos
locais, as lideranças nacionais das duas siglas têm tentado impor limites à
crise para que ela não contamine a aliança nacional, tornando Eduardo Campos
adversário do PT em 2014.
Dilma Rousseff deve ir apenas a Campinas, dentre as três cidades que mais
simbolizam o conflito entre os dois partidos no segundo turno. Em Campinas, os
petistas dizem ter sido "provocados" pelos socialistas, que levaram à
cidade não só Eduardo Campos, mas também o governador de São Paulo, Geraldo
Alckmin, do PSDB. Na próxima semana, Lula ainda fará comícios em João Pessoa,
Salvador e Taubaté.
- Eduardo Campos tem dito que não será candidato em 2014. Prefiro acreditar
na palavra dele do que dar curso a especulações em outro sentido - disse o
presidente nacional do PT, Rui Falcão.
O vice-presidente nacional do PSB, Roberto Amaral, nega que haja contaminação
na aliança nacional e diz que o comando do partido tenta apaziguar os ânimos.
- Pelo menos o PSB trabalha para que as questões municipais sejam apenas
municipais. Nós não acreditamos que possam contaminar o clima nacional -
afirmou.
Ontem, Lula participou de uma carreata e um minicomício em Santo André (SP),
ao lado do candidato petista Carlos Grana, e de um comício em Mauá (SP), com o
candidato petista Donisete Braga. Em Santo André, Lula ressaltou que, nessa
etapa das eleições, o PT "não pode ficar de salto alto, achando que já
ganhou". O ex-presidente brincou com os presentes e admitiu que falou
pouco nos dois comícios por causa do último capítulo da novela "Avenida
Brasil".
Fonte: O Globo
ACM amplia vantagem sobre PT
Paulo de Tarso Lyra
O Ibope divulgou a primeira pesquisa de opinião pública para o segundo turno
das eleições à prefeitura de Salvador no mesmo dia em que a presidente Dilma
Rousseff desembarcou na capital baiana para participar do comício do candidato
petista, Nelson Pellegrino. De acordo com o instituto, o candidato do DEM, ACM
Neto, ampliou a vantagem em relação ao adversário. O demista aparece com 47%
das intenções de voto, contra 39% de Pellegrino. Levando-se em conta apenas os
votos válidos, ACM Neto tem 54% e Pellegrino, 46%. A pesquisa foi realizada
entre 17 e 19 de outubro, com margem de erro de 3 pontos percentuais, para mais
ou para menos.
No comício de ontem, o governador da Bahia, Jaques Wagner, agradeceu a presença
da população apesar do último capítulo da novela Avenida Brasil. “Vocês vieram
aqui para ver a nossa presidente. E Pellegrino faz parte desse projeto. Ele, eu
e Dilma vamos concluir o metrô de Salvador e a linha vai chegar até aqui, em
Cajazeiras”, prometeu o governador aos moradores do bairro, que é um dos mais
carentes da periferia da capital baiana.
Wagner não demostrou preocupação com os números divulgados ontem pelo Ibope.
Segundo ele, é o mesmo instituto que, em 2006, dizia que ele seria derrotado
pelo então candidato do DEM, Paulo Souto. E que oscilou ao longo de todo o
primeiro turno, ora mostrando o demista na frente, ora mostrando o petista.
“Vocês sabem quem matou o Max? Eu não. Mas eu sei quem vai ganhar a eleição em
Salvador: Pellegrino”, completou o governador.
O candidato derrotado do PMDB à prefeitura de Salvador, Mário Kértesz, aliado
do vice-presidente da Caixa Econômica Federal Geddel Vieira Lima, compareceu ao
comício. O segundo turno levou-o ao rompimento com seu padrinho. Geddel apoia
ACM Neto. “Do outro lado, é só malvadeza”, declarou, referindo-se a um antigo
apelido dado pelos adversários políticos ao senador Antonio Carlos Magalhães,
que morreu em 2007.
Dilma, que teve dificuldades para pronunciar o nome Cajazeiras, pediu para os
baianos “considerarem Pellegrino” e afirmou que ele será um grande parceiro do
governo federal. “Nós somos republicanos, não perseguimos nem discriminamos
ninguém. Mas isso não significa que eu não saiba quem está no meu projeto e
quem faz parte da minha família. E a minha família é o 13”, finalizou a
presidente.
Fonte: Correio Braziliense
Haddad em clima de "já ganhou"
Comício do candidato do PT, em São Paulo, terá Dilma
Rousseff, Lula e muitos ministros. No PSDB, a estratégia de ligar o adversário
à Ação Penal 470 não deu certo e rejeição de José Serra já ultrapassa a marca
de 50%
Paulo de Tarso Lyra, Felipe Seffrin
SÃO PAULO E BRASÍLIA — A presidente
Dilma Rousseff participa hoje do maior comício de Fernando Haddad no segundo
turno das eleições municipais. Depois de ter sido considerada pela cúpula
partidária e pelo comando de campanha petista como um reforço “crucial”, Dilma
retorna ao palanque ao lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Existe
a expectativa da presença de vários ministros, como Miriam Belchior
(Planejamento), Aloizio Mercadante (Educação) e Marta Suplicy (Cultura).
“Precisamos ganhar São Paulo por que (a cidade) tem um significado nacional
importantíssimo”, disse o presidente nacional do PT, Rui Falcão.
Perguntado se a derrota de Serra significaria o fim da carreira política do
tucano, que já está com 70 anos, Falcão respondeu: “Não cabe a mim decretar o
fim de ninguém. O que importa é que nós temos uma candidatura com ótima
aprovação. Não escolhemos adversários.”
A pedido do ex-presidente Lula, Dilma ampliou a sua agenda de participações nas
disputas incluindo Campinas, onde participará de um ato público ao lado do
candidato petista Márcio Pocchmann. O adversário do PT é Jonas Donizete, do
PSB. Mas, nesse caso, Dilma não considera que esteja interferindo em uma
disputa entre dois representantes da base aliada. O PSB paulista é mais próximo
do PSDB de Geraldo Alckmin do que do PT. A presidente esteve ontem em Salvador,
no palanque de Nelson Pelegrino, e estará segunda-feira em Manaus, para apoiar
a comunista Vanessa Grazziotin.
A presença de Lula e Dilma acontece um dia depois da divulgação da pesquisa
Datafolha, que mostra Haddad cada vez mais consolidado na liderança do segundo
turno. O candidato aparece com 49% das intenções de voto contra 32% do
candidato do PSDB, José Serra. O que mais chamou a atenção dos analistas foi o
altíssimo índice de rejeição do tucano: 52%.
Mensalão não colou
Nos últimos dias, os estrategistas do PSDB se dedicaram ao desarme de dois
temas explosivos: o rótulo de conservador que colou em Serra após o apoio do
pastor evangélico Silas Malafaia e a má repercussão dos ataques ao “kit gay” do
Ministério da Educação.
O PSDB tentou aproveitar o julgamento do mensalão no STF para vincular Haddad
aos condenados José Genoíno, Delúbio Soares e, sobretudo, José Dirceu. Mas a
tática não deu certo. Pesquisas qualitativas feitas pelo PSDB mostraram que o
eleitorado não aceitou bem essa estratégia. O próprio ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso demonstrou incômodo com o fato de o ex-ministro da Saúde estar
“flertando com o conservadorismo”. O comando de campanha não gostou das
críticas, mas, para evitar mais ruídos nessa reta final de campanha, tenta
convencer FHC a participar de um evento de rua, ao lado da militância
social-democrata.
Se está de olho em São Paulo, o PT não se descuida das outras disputas que
ainda enfrenta. A Executiva Nacional do partido reuniu-se ontem em São Paulo
para avaliar os resultados do primeiro turno das eleições municipais e traçar
estratégias para o segundo turno. De acordo com o presidente Rui Falcão, a
expectativa é que o PT saia vitorioso na maioria das 22 prefeituras em que a
legenda tem candidato próprios ou está coligada. “Vamos ganhar em mais da
metade”, projetou. “As eleições parecem definidas em João Pessoa, Santo André e
São Paulo. Em São Paulo estamos em voo de cruzeiro”, comemorou o petista que,
mesmo sem disfarçar o otimismo.
Fonte: Correio Braziliense
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