Comício do candidato do PT, em São Paulo, terá Dilma
Rousseff, Lula e muitos ministros. No PSDB, a estratégia de ligar o adversário
à Ação Penal 470 não deu certo e rejeição de José Serra já ultrapassa a marca
de 50%
Paulo de Tarso Lyra, Felipe Seffrin
SÃO PAULO E BRASÍLIA — A presidente
Dilma Rousseff participa hoje do maior comício de Fernando Haddad no segundo
turno das eleições municipais. Depois de ter sido considerada pela cúpula
partidária e pelo comando de campanha petista como um reforço “crucial”, Dilma
retorna ao palanque ao lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Existe
a expectativa da presença de vários ministros, como Miriam Belchior
(Planejamento), Aloizio Mercadante (Educação) e Marta Suplicy (Cultura).
“Precisamos ganhar São Paulo por que (a cidade) tem um significado nacional
importantíssimo”, disse o presidente nacional do PT, Rui Falcão.
Perguntado se a derrota de Serra significaria o fim da carreira política do
tucano, que já está com 70 anos, Falcão respondeu: “Não cabe a mim decretar o
fim de ninguém. O que importa é que nós temos uma candidatura com ótima
aprovação. Não escolhemos adversários.”
A pedido do ex-presidente Lula, Dilma ampliou a sua agenda de participações nas
disputas incluindo Campinas, onde participará de um ato público ao lado do
candidato petista Márcio Pocchmann. O adversário do PT é Jonas Donizete, do
PSB. Mas, nesse caso, Dilma não considera que esteja interferindo em uma
disputa entre dois representantes da base aliada. O PSB paulista é mais próximo
do PSDB de Geraldo Alckmin do que do PT. A presidente esteve ontem em Salvador,
no palanque de Nelson Pelegrino, e estará segunda-feira em Manaus, para apoiar
a comunista Vanessa Grazziotin.
A presença de Lula e Dilma acontece um dia depois da divulgação da pesquisa
Datafolha, que mostra Haddad cada vez mais consolidado na liderança do segundo
turno. O candidato aparece com 49% das intenções de voto contra 32% do
candidato do PSDB, José Serra. O que mais chamou a atenção dos analistas foi o
altíssimo índice de rejeição do tucano: 52%.
Mensalão não colou
Nos últimos dias, os estrategistas do PSDB se dedicaram ao desarme de dois
temas explosivos: o rótulo de conservador que colou em Serra após o apoio do
pastor evangélico Silas Malafaia e a má repercussão dos ataques ao “kit gay” do
Ministério da Educação.
O PSDB tentou aproveitar o julgamento do mensalão no STF para vincular Haddad
aos condenados José Genoíno, Delúbio Soares e, sobretudo, José Dirceu. Mas a
tática não deu certo. Pesquisas qualitativas feitas pelo PSDB mostraram que o
eleitorado não aceitou bem essa estratégia. O próprio ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso demonstrou incômodo com o fato de o ex-ministro da Saúde estar
“flertando com o conservadorismo”. O comando de campanha não gostou das
críticas, mas, para evitar mais ruídos nessa reta final de campanha, tenta
convencer FHC a participar de um evento de rua, ao lado da militância
social-democrata.
Se está de olho em São Paulo, o PT não se descuida das outras disputas que
ainda enfrenta. A Executiva Nacional do partido reuniu-se ontem em São Paulo
para avaliar os resultados do primeiro turno das eleições municipais e traçar
estratégias para o segundo turno. De acordo com o presidente Rui Falcão, a
expectativa é que o PT saia vitorioso na maioria das 22 prefeituras em que a
legenda tem candidato próprios ou está coligada. “Vamos ganhar em mais da
metade”, projetou. “As eleições parecem definidas em João Pessoa, Santo André e
São Paulo. Em São Paulo estamos em voo de cruzeiro”, comemorou o petista que,
mesmo sem disfarçar o otimismo.
Fonte: Correio Braziliense
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