segunda-feira, 28 de julho de 2025

Opinião do dia – Montesquieu* (liberalismo forte)

“O amor pela república, numa democracia, é o amor pela democracia; o amor pela democracia é o amor pela igualdade.

O amor pela democracia é também o amor pela frugalidade.

Nesse regime, devendo todos gozar da mesma felicidade e das mesmas regalias, devem fruir dos mesmos prazeres e acalentar as mesmas esperanças, coisa que só se pode esperar da frugalidade geral.

O amor pela igualdade, numa democracia, limita a ambição unicamente ao desejo, à felicidade prestar à sua pátria serviços maiores que os outros cidadãos. Todos não podem prestar-lhe serviços iguais; mas todos devem igualmente prestar-lhos. Ao nascer contraímos para com ela uma imensa divida da qual nunca podemos desobrigar-nos.

Assim, nas democracias, as distinções nascem do princípio da igualdade, mesmo quando essa parece destruída por serviços excepcionais ou por talentos superiores.”

*Montesquieu (1689-1755), foi um político, filósofo e escritor francês. Ficou famoso pela sua teoria da separação dos poderes, atualmente consagrada em muitas das modernas constituições internacionais; ‘Do Espírito das Leis’ p. 84. Editora Nova Cultura, 2005 (tradução de Fernando Henrique Cardoso e Leôncio Martins Rodrigues

 

O que a mídia pensa | Editoriais / Opiniões

Brasil pode tirar proveito de crise com Trump

O Globo

Abertura comercial tem o potencial de colocar a economia brasileira numa trajetória de crescimento rápido

Autoridades brasileiras na busca por soluções para a crise com os Estados Unidos devem lembrar que podem existir vantagens para o país se Donald Trump der início a negociações com ênfase em questões comerciais. Confirmado esse cenário, o fato de os americanos serem superavitários nas trocas com o Brasil não deve ser usado para encerrar a questão. O governo Lula precisa aproveitar a oportunidade para promover a abertura da economia brasileira, uma das mais fechadas do mundo. O ganho imediato será encerrar a celeuma com Trump. Mas é essencial lembrar que ceder, neste caso, não significa perder. Pelo contrário. Ao facilitar a entrada de produtos importados, o Brasil poderá destravar o potencial de crescimento.

Os brasileiros conhecem como poucos as consequências nefastas do protecionismo. Há décadas, a economia cresce num ritmo medíocre. Na corrida global, o país não para de ser ultrapassado. Como revelou o jornal Valor Econômico, o Brasil ocupava em 1980 o 48º lugar no ranking do Produto Interno Bruto (PIB) per capita calculado levando em conta o poder de compra. No ano passado, ficou na 85ª posição. Pelas projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI), chegará à 89ª até 2030. A cada ano que passa, está mais próximo da metade mais pobre do planeta.

Brasil pós-tarifaço fica diferente – Fernando Gabeira

O Globo

Donald Trump fortaleceu Lula, afundou o bolsonarismo, parece que não tem noção do efeito de seus atos

Não exporto nada para os Estados Unidos, exceto algumas perguntas. Uma delas é esta: por que o país não tem um embaixador no Brasil? Somos o maior país da América do Sul, a décima economia do mundo, compramos mais do que vendemos para eles. A resposta razoável não pode apontar para diferenças ideológicas. Nesse caso, os Estados Unidos não teriam embaixada na China.

O interessante é que estão construindo uma nova embaixada em Brasília num terreno de 50 mil metros quadrados ao custo de R$ 3,5 bilhões. O prédio será inaugurado em 2030. Será que vão esperar que Lula deixe o poder? Estão cavando o solo para construir instalações subterrâneas. Será que cavarão infinitamente e buscarão o embaixador no Japão?

Trump vive um momento especial, e isso pode jogar a nosso favor. O escândalo Jeffrey Epstein chegou a ele. O milionário que se suicidou na cadeia e gostava de menininhas deixou um rastro que envolve várias personalidades. O príncipe Andrew já pagou a sua cota.

Bolsonarismo alimenta separatismo – Miguel de Almeida

O Globo

O fracionamento do país é uma velha arma na política brasileira, sacada desde os primórdios, ali pelo Império

Depois da tentativa de golpe, o bolsonarismo namora a divisão do país. Vídeos nas redes exaltam estados fanatizados pelo ex-capitão, com autoelogios e provocações, espécie de preparação para uma guerra vizinha. Sedição em marcha. “Brasil acima de tudo”, como pensamento político, é um patriotismo vago e tosco, daqueles que não conseguem viver no mesmo espaço de seus adversários. Daí o ódio contra os nordestinos, de uma região não cooptada e descrita sob preconceito. Ordem do dia: “Rachar para reinar”.

Transporte no Brasil está no buraco - Irapuã Santana

O Globo

Quem depende do ônibus, do metrô ou do trem não enxerga eficiência: vê o tempo escorrer na fila

Trump, Bolsonaro, Lula, STF… tudo isso está tomando a nossa atenção ultimamente, mas os problemas de sempre seguem sem solução alguma. Pela primeira vez na História, a cobertura de saneamento básico da Índia ultrapassou a do Brasil. Nas últimas semanas, cidades como Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo escancararam, mais uma vez, o colapso do transporte público brasileiro.

O trabalhador segue refém de um sistema repleto de atrasos, superlotação, greves, janelas quebradas, redução de frotas e caos tarifário.

Precisamos de um Observatório Nacional dos Supersalários - Bruno Carazza

Valor Econômico

Precisamos de um completo raio-X das folhas de pagamento em todos os níveis e Poderes da República

Neste país dos privilégios, cansa repisar o mesmo tópico semana a semana, mas, diante da relutância dos políticos de incluírem a temática dos supersalários nas discussões da reforma administrativa, peço licença ao leitor para voltar com o meu samba de uma nota só.

Os dados mais atualizados do Conselho Nacional de Justiça revelam que 18.269 juízes e desembargadores brasileiros receberam em média R$ 77.874,56 por mês em 2025, já descontados os impostos e as contribuições previdenciárias. Para os aposentados, o valor é um pouco mais baixo - R$ 63.613,56 líquidos por mês.

Como o acordo Trump-UE pode impactar Mercosul-EU - Assis Moreira

Valor Econômico

Acordo assimétrico com os EUA aumenta a pressão para a UE e afetará ganhos do Mercosul

O acordo preliminar Estados Unidos-União Europeia (UE), anunciado por Donald Trump e Úrsula von der Leyen, ontem, cria um novo contexto geopolítico e econômico que pode influenciar a implementação e os efeitos do acordo UE-Mercosul, concordam certos analistas.

A ausência de detalhes até agora sobre o acordo entre Washington e Bruxelas e a necessidade de aprovação pelos 27 Estados membros do bloco europeu alimentam incertezas sobre a barganha. Ainda mais que os termos parecem especialmente favoráveis aos interesses americanos, com concessões significativas dos europeus em investimentos e compras de energia, sem reciprocidade clara em isenção para setores europeus sensíveis.

Ameaça de Trump obriga a diversificar - Oliver Stuenkel

O Estado de S. Paulo

É preciso estar preparado para o cenário em que a relação Brasil-EUA piore de forma inédita

Falta menos de uma semana para que entre em vigor a tarifa de 50 %impost a pel o g over no Trump sobre produtos brasileiros. Mesmo que um acordo seja negociado nos próximos dias, instalou-se um elemento de incerteza excessiva na relação bilateral, que obriga o Brasil a acelerar o processo de diversificação de parceiros para reduzir sua exposição aos EUA – não apenas no âmbito comercial e financeiro, mas também no tecnológico e militar.

A ilusão do agro - Diogo Schelp

O Estado de S. Paulo

Os interesses dos homens e mulheres do campo nunca foram preocupação da família Bolsonaro

O sentimento antipetista predominante entre empresários do campo é perfeitamente compreensível. Os tempos das frequentes invasões de propriedades por movimentos sem-terra, apoiados pelo PT, estão vivos na memória de produtores rurais e alimentam a sensação de insegurança que muitos sentem até hoje.

As primeiras gestões petistas também ficaram no imaginário de agricultores e pecuaristas como o ápice da “indústria da multa”. Cada um deles tem pelo menos uma história para contar sobre algum excesso cometido pelos órgãos fiscalizadores ambientais.

Lula e Bolsonaro: atração fatal - Denis Lerrer Rosenfield

O Estado de S. Paulo

A situação não deixa de ser paradoxal: um ex-presidente e um presidente em função agem como se fossem meros protagonistas partidários, não estadistas

Lula e Bolsonaro se amam e se odeiam, um não podendo viver sem o outro. Se um falta por alguma razão, o outro o traz de volta. Um vocifera contra o outro, mas a ausência para eles é insuportável. O problema, porém, é que uma relação desse tipo, justificada no domínio privado, cada um podendo fazer o que quiser com sua vida e amores, torna-se complicada quando transplantada para o domínio público e, mais especificamente, geopolítico. O palco internacional transformou-se numa expressão de nossos embates internos, como se nele se decidisse o resultado das próximas eleições.

Relações externas nunca foram algo importante em contextos eleitorais, decidindo-se pelas mais distintas razões: econômicas, sociais, ideológicas, religiosas ou de costumes. Atualmente, no entanto, no cenário externo, cada um dos contendores encena suas próprias projeções internas de poder, em que os interesses do Brasil deixam de ter qualquer relevância. A situação não deixa de ser paradoxal, na medida em que um ex-presidente e um presidente em função agem como se fossem meros protagonistas partidários, não estadistas.

Banquete para poucos - Amarílio Macêdo

O Estado de S. Paulo

É urgente acabar com o fosso da desigualdade decorrente da concentração inconsequente de riqueza

Nós brasileiros fomos historicamente divididos em dois blocos de pessoas, como se fossem predestinados a serem eternamente incompatíveis entre si: um, formado por afortunados, insensíveis na sua maioria às questões da pobreza, e o outro, constituído pelos desprovidos das condições mais essenciais de sobrevivência e privados de direitos aos acessos viabilizadores da dignidade e da emancipação humana.

Afortunados aqui são todos os que arbitram em causa própria, por vias diretas ou indiretas, os acessos para se apropriarem do que é gerado pela coletividade. Como coletividade, estou considerando a somatória dos que vivem sob as mesmas regras, em que uma minoria se apropria da maior parte do que resulta dos processos produtivos, tais como bens, serviços, cultura, lazer, proteção social, e tantos outros que deveriam ser compartilhados entre todos os que contribuem para a sua produção.

Ministro da AGU rebate crítica de governadores de direita sobre o 'tarifaço' dos EUA

Por Samuel Lima / O Globo

Jorge Messias diz que Tarcísio, Ratinho Jr. e Caiado 'fingem ignorar' que responsabilidade sobre as sanções econômicas é da família Bolsonaro

São Paulo - O ministro-chefe da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, foi às redes sociais defender as negociações do governo Lula e rebater as críticas de governadores de direita sobre o tarifaço anunciado pelo presidente americano, Donald Trump, a produtos brasileiros. Segundo ele, os possíveis adversários do petista nas urnas "fingem ignorar" que a responsabilidade pelas sanções econômicas é da família do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

"Reunidos há poucos dias num evento econômico para discutir preocupações sobre o tarifaço do Trump, governadores de direita apregoaram pacificação e unidade para enfrentar a ameaça. No entanto, fingem ignorar que os sérios prejuízos que as sanções econômicas podem causar ao povo brasileiro foram traiçoeiramente fomentadas pela família Bolsonaro, clã político apoiado por esses mesmos governadores", escreveu o ministro.

O Brasil de chapéu de palha – Ruy Castro

Folha de S. Paulo

Alvarenga e Ranchinho não ficaram ricos; seus sucessores sertanejos são milionários e bolsonaristas

Há algumas semanas [5/7], escrevi sobre uma moda de viola, "O drama de Angélica", gravada em 1942 pela dupla sertaneja Alvarenga e Ranchinho. Muitos leitores se encantaram com os versos em proparoxítonas, que se antecipavam em 29 anos a "Construção" de Chico Buarque. Aproveitei para comentar que, um dia, no Brasil, as duplas sertanejas eram diferentes das de hoje, e a de Alvarenga (1912-78) e Ranchinho (1912-91), mais que todas. Sem se afastarem da então liturgia do gênero —chapéu de palha, camisa xadrez, pronúncia "errada"—, eles estavam na linha de frente da música popular.

Qual democracia funciona melhor? - Marcus André Melo*

Folha de S. Paulo

O desenho institucional minimiza os riscos de tirania, mas é vulnerável a maiorias políticas

Steven Levitsky, o autor de "Como as Democracias Morrem", recentemente afirmou que "o Brasil é hoje um sistema mais democrático do que os EUA". A provocação de Seymour M Lipset —"quem conhece apenas um país, não conhece país algum"— é um convite a sempre ampliarmos o escopo dos casos em nossas análises. Lipset é autor do clássico "O Excepcionalismo Americano" (1996). Nele traça as origens e a evolução da ideia de que os EUA são uma nação distinta das demais e que a democracia americana é modelo institucional a ser emulado.

Em "Uma Democracia Diferente", Lijphart, Shugart, Grofman e Taylor escrutinizaram este modelo comparando-o com outras 31 democracias avançadas e concluem que os EUA estão longe de representar modelo bem-sucedido: "Os Estados Unidos não são apenas uma variação do tema democrático; são um tipo distintamente diferente de democracia." E mais contundente: "O sistema americano funciona apesar de seu desenho institucional, e não por causa dele."

A deliberação remota empodera o presidente da Câmara - Lara Mesquita

Folha de S. Paulo

A disputa por tempo e quórum é uma das principais batalhas políticas no Legislativo

O Sistema de Deliberação Remota desponta como o principal legado da pandemia para o funcionamento do Legislativo brasileiro. Originalmente concebido para assegurar o funcionamento do Congresso durante a emergência sanitária, o sistema permanece ativo mesmo após o seu fim.

À primeira vista essa medida pode parecer positiva, contudo negligencia um aspecto fundamental: a disputa por tempo e quórum (a presença mínima para a abertura e o funcionamento dos trabalhos legislativos) é uma das principais batalhas políticas no Legislativo.

Concentremo-nos na Câmara dos Deputados, que expandiu a deliberação remota após o Ato da Mesa Diretora nº 154, de fevereiro deste ano.

Jornalismo, rede e democracia - Rodrigo Lara Mesquita*

Ilustríssima / Folha de S. Paulo

Não podemos permanecer passivos à manipulação de algoritmos e governos autoritários

[RESUMO] Derrocada da relevância social do jornalismo e explosão da cacofonia gerada pela internet nas últimas décadas, fatos intimamente interligados, nos levaram a uma crise civilizacional da qual temos sido reféns passivos. Esse cenário de terra arrasada, que beneficia poucas e poderosas empresas, virou um solo propício para a desinformação e o surgimento de políticos autoritários em todo o mundo. Restaurar os valores democráticos exigirá resposta enérgica para reimaginar o jornalismo e as plataformas digitas.

Estamos imersos em uma crise histórica de longa duração. Os pilares que sustentaram a democracia liberal do século 20 —representação política, jornalismo profissional, instituições reguladoras, pactos de coesão social— sofrem um processo de desestruturação progressiva.

A explosão informacional trazida pela internet não produziu mais esclarecimento; ampliou o ruído, fragmentou consensos e corroeu formas tradicionais de mediação. O jornalismo, paralisado em sua arrogância institucional, não soube compreender a emergência do novo ambiente em rede.

As plataformas digitais, ao contrário, não hesitaram: capturaram rapidamente o centro da esfera pública, reconfigurando as formas de circulação de informação, opinião e afeto.

Embora a literatura crítica internacional acumule diagnósticos relevantes sobre a colonização algorítmica e o declínio das instituições intermediárias, é notável —e preocupante— o silêncio generalizado, inclusive no jornalismo, sobre a verdadeira dimensão dessa crise. Esta talvez seja a mais grave omissão pública do nosso tempo.

O que proponho aqui não é apenas um diagnóstico, mas um esforço deliberado de nomear essa dissolução como uma crise estrutural e civilizacional, com a qual o jornalismo tradicional se mostrou, até aqui, incapaz de lidar.

Não relato apenas uma experiência pessoal, mas a trajetória de uma geração que acreditou na função pública do jornalismo e assistiu, perplexa, ao seu esvaziamento como mediador qualificado da opinião pública.

Poesia | Se eu fosse eu, de Clarice Lispector

 

Música | Noturno No. 0 - Sueli Costa

 

domingo, 27 de julho de 2025

Opinião do dia – Norberto Bobbio* (sobre incompletitude em Gramsci)

“Não, Gramsci não é um escritor fragmentário; para quem escreve fragmentos, o fragmento é um fim em si mesmo. Nas notas gramscianas, aquilo que parece ser um fragmento para o leitor de hoje nada mais é do que a peça de um mosaico cujo desenho final o autor jamais perde de vista. O que dá um caráter fragmentário às notas dos Cadernos é pura e simplesmente a incompletitude, isto é, o fato de que o mosaico, ou melhor, os mosaicos (pois as pesquisas empreendidas por Gramsci eram diversas, ainda que coligadas entre si), permaneceram incompletos. Se Gramsci tivesse sido verdadeiramente um escritor fragmentário, seria ilegítima toda e qualquer extrapolação de teses gerais, ou mesmo de teorias, das suas notas. Em vez disso, a importância da obra gramsciana está precisamente no fato de que a recomposição dos assim chamados fragmentos possibilitou a reconstrução de verdadeiras teorias (ainda que às vezes mais esboçadas do que finalizadas) sobre a relação entre filosofia e política, entre teoria e práxis, entre Estado e sociedade civil, entre partido e massa, entre intelectuais e política etc.; estas teorias ou esboços de teorias constituem a novidade e ao mesmo tempo o interesse de uma leitura global e sistemática de suas notas do cárcere. Excetuando o fato de que Gramsci jamais escreve o fragmento pelo fragmento, algumas notas por si mesmas já contêm teorias in nuci, para as quais faz-se necessário um estilo sintético, em que Gramsci é mestre.”

*Norberto Bobbio (1909-2004), “Ensaios sobre Gramsci e o conceito de sociedade civil”, p. 136. Editora Paz e Terra, S. Paulo, 2002

 

O que a mídia pensa | Editoriais / Opiniões

Trump precisa adiar tarifaço e iniciar negociação

O Globo

A lógica da ameaça não funcionará com o Brasil. Além de terras-raras, há outras questões de interesse mútuo

O comportamento do presidente Donald Trump nas relações internacionais costuma ter um padrão. Primeiro, anuncia datas para a imposição de tarifas escorchantes a um país ou bloco econômico, acompanhadas de demandas absurdas. Num segundo momento, começa a negociar. É hora de Trump dar início a essa segunda fase com o Brasil, congelando a ameaça da agressão tarifária marcada para sexta-feira. A imposição do tarifaço seria prejudicial para os dois lados. Além de perdas econômicas bilionárias, a agressão desmedida acirraria os ânimos, retardando ainda mais o entendimento entre aliados históricos. Na defesa de seus próprios interesses, Trump deveria baixar a bazuca das tarifas e começar a conversar.

Como antecipou O GLOBO, Gabriel Escobar, principal representante americano no Brasil, ressaltou o interesse dos Estados Unidos por um conjunto de minerais conhecido como terras-raras, matéria-prima para os setores militar e de energia. Dono de uma das maiores reservas, o Brasil é protagonista nessa área. Ao deixar de lado demandas absurdas, como o cancelamento do julgamento de Jair Bolsonaro, e se concentrar na economia, Trump terá a chance de explicar melhor seus planos na mineração.

Lembrando Orwell - Luiz Sérgio Henriques*

O Estado de S. Paulo

Com seu ressentimento maciço, o ‘hegemon’ suicida propicia o declínio acelerado do próprio país e, mais do que isso, das liberdades liberais

Artistas são dotados de antenas sensíveis capazes de captar em profundidade o medo e a esperança em cada circunstância. Vendo e vivendo as muitas tensões ao redor, em que três “Estados civilizacionais”, voltados para o futuro ou amarrados ao passado, chocam-se às vezes sem fragor, às vezes com virulência, a memória volta a uma antiutopia clássica da Guerra Fria. Trata-se de George Orwell e seu terrível 1984, anunciador de um futuro totalitário em que imensas unidades políticas, a Oceânia, a Lestásia e a Eurásia, dançariam um balé desesperado de conflitos mútuos e alternados que o indivíduo comum não compreende e que o esmagam sem piedade.

Os slogans recorrentes na Oceânia e nos demais superestados ainda hoje causam calafrios. “Guerra é paz, liberdade é escravidão, ignorância é força” – eram as terríveis frases então onipresentes e por que não agora também. As sociedades de controle absoluto mais do que nunca escapam do terreno da fantasia e se tornam realidades palpáveis. Deixemos de lado a Eurásia orwelliana, que podemos associar, com uma dose de arbítrio, à Rússia de Putin, agarrada a uma concepção territorial de império e à restauração da grandeza passada de czares e líderes autocratas. E examinemos o Ocidente norte-americano (a Oceânia) e o Oriente chinês (a Lestásia), usando igual dose de arbítrio para associar a topografia de 1984 ao mundo em torno de nós.

Sem poder dissuasório, Lula depende da força das instituições – Luiz Carlos Azedo

Correio Braziliense

A crise só escalou no gogó do presidente Lula; nos bastidores, o governo tenta abrir as negociações com Trump, por meio do vice-presidente Geraldo Alckmin

Comecemos por Domingos Fernandes Calabar, conhecido como grande "traidor da pátria", em contraponto aos heróis da Batalha de Guararapes, contra os invasores holandeses, em Pernambuco, no século XVII: André Vidal de Negreiros (militar paraibano), João Fernandes Vieira (militar e senhor de engenho português), Henrique Dias (negro liberto) e Filipe Camarão (índio potiguar). Eles lideraram a resistência aos holandeses e são os heróis do mito fundador do Exército brasileiro.

Proprietário de terras alagoano, Calabar foi julgado pela historiografia como sendo um execrável traidor, que facilitou a instalação dos holandeses nas antigas capitanias de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte. Em 1635, porém, na região de Porto Calvo, acabou sendo capturado e condenado à morte por traição. No dia 22 de julho de 1635, foi enforcado; seus restos mortais, esquartejados e espalhados em praça pública.

A seiva da ABL - Merval Pereira

O Globo

O conceito de Brasil é “inseparável da diplomacia, da paz, do entendimento com os vizinhos e com o mundo”.

A noite de sexta-feira na Academia Brasileira de Letras (ABL), quando se comemorou o 128º aniversário da instituição fundada por Machado de Assis, foi um momento de trazer a história brasileira para o proscênio, num diálogo entre o decano da ABL, o ex-presidente José Sarney, e o embaixador Rubens Ricupero, que recebeu o Prêmio Machado de Assis, a mais importante láurea da literatura brasileira pelo conjunto da obra. Os dois fizeram um balanço da história do país, ligando-a à atualidade, em que o Brasil está sendo atacado pelas decisões classificadas de “brutais” por Ricupero à nossa soberania, referindo-se às sanções tarifárias impostas pelo presidente Trump.

O mapa da mina - Bernardo Mello Franco

O Globo

Às vésperas do início do tarifaço, EUA manifestam desejo por riquezas do subsolo

Donald Trump mandou avisar: está de olho nos minerais estratégicos do Brasil. O recado foi dado pelo encarregado de negócios da embaixada americana, Gabriel Escobar. Ele expôs a cobiça a nove dias do 1º de agosto, data marcada para o início do tarifaço contra produtos brasileiros.

O presidente dos Estados Unidos não é dado a sutilezas. Em fevereiro, ameaçou suspender o apoio militar à Ucrânia e submeteu Volodymyr Zelensky a uma humilhação pública na Casa Branca. Tudo para arrancar um acordo de exploração de terras-raras, descritas como o petróleo do século 21. O solo ucraniano é rico em minerais críticos como urânio, titânio, lítio, ferro e manganês. Para não serem abandonados à própria sorte, os donos da terra se viram forçados a entregá-la ao Tio Sam.

Em outro lance que lembrou o colonialismo do século 19, Trump ameaçou tomar a Groenlândia, território autônomo da Dinamarca. O republicano alegou fins de segurança nacional, mas um de seus conselheiros econômicos admitiu que a cobiça se deve à presença de “muitos metais valiosos”. A União Europeia protestou, e o assunto foi deixado de lado até segunda ordem.

A travessia do tempo - Míriam Leitão

O Globo

A reflexão sobre os 100 anos do jornal tem sido um esforço de pensar o mundo, o Brasil, as mudanças da sociedade e o futuro 

O jornal tinha 66 anos quando eu comecei a trabalhar aqui em 1991. Na terça, ele completa 100 anos. Nesses 34 anos a população brasileira aumentou em 66,6 milhões de pessoas. O centenário tem sido para nós um mergulho. A natureza do ofício impede um olhar só para dentro. A matéria-prima do jornal é aquilo que está fora da empresa, as notícias, os inesperados. A reflexão sobre o jornal tem sido esse esforço de pensar o mundo, o Brasil, as rupturas da comunicação, a sociedade brasileira em mutação, o futuro.

Em 1925, o país estava em ebulição. Segundo o embaixador Rubens Ricupero aquele foi um ano em que todas as contradições do país estavam à mostra porque era o início da “agonia e crepúsculo da República Velha”. Havia crise política e econômica. O jornal chega ao seu primeiro século na semana mais decisiva do pior conflito na relação bicentenária do Brasil com os Estados Unidos. A estranha contagem regressiva imposta pelo presidente Donald Trump faz a semana começar tensa.

‘Aqui ninguém põe a mão!’ – Eliane Cantanhêde

O Estado de S. Paulo

Com minerais críticos e desmatamento, Trump mexe com Defesa e Segurança Nacional

Sem diálogo, sem canais e com perspectivas ruins, as tentativas do Brasil para resistir ao início do tarifaço de Donald Trump, em 1.º de agosto, entram na reta final resvalando para um terreno literalmente sensível, que divide opiniões, inclusive, entre Itamaraty e Forças Armadas: a exploração de minerais críticos, ou das chamadas terras raras.

O Brasil é o segundo país nessas riquezas minerais, só atrás da China, mas praticamente nunca explorou seu subsolo e suas potencialidades. E agora? Isso pode entrar na negociação com Trump, que já vinha usando o poder dos EUA e sua expertise em chantagem para botar a mão nas terras raras da Ucrânia e da Groenlândia e acaba de incluir o Brasil na mira.

O Brasil e as ambições de Trump - Rolf Kuntz

O Estado de S. Paulo

Nada justifica a tentativa trumpista de interferir na Justiça ou em qualquer outra instituição do Brasil

Se a intenção é mostrar vassalagem a Trump, o melhor deve ser, mesmo, o uso do idioma inglês. Foi bem escolhida, portanto, a língua usada na faixa exibida por dois deputados, na Câmara Federal, em manifestação do Partido Liberal (PL), na terçafeira. Mesmo sem reunião formal, impedida pelo presidente da Casa, Hugo Motta, ficou claro o apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro, também membro do partido. A faixa mostrava um slogan do trumpismo: Make America Great Again (Faça a América Grande de Novo), também conhecido pela sigla Maga. Tudo muito adequado.

O que Trump tem contra o Pix? – Celso Ming

O Estado de S. Paulo

Eis que, de repente, o governo Trump acusa o Pix de ser mais um foco de concorrência desleal com os Estados Unidos. Mas, por quê? Por que o Pix, inovação financeira tão bem-sucedida, promovida pelo Banco Central do Brasil, ficou tão perigoso para eles?

O Pix tem quase cinco anos, mas, a cada mês, já perfaz bilhões de transações, que movimentam outros trilhões em dinheiro, sem cobrança de taxas para pessoas físicas. É o que incomoda gigantes mundiais, principalmente as administradoras de cartão de débito, como as norteamericanas Mastercard e Visa, e as big techs, que operam sistemas de pagamentos privados.

A doença infantil da teocracia - Muniz Sodré

Folha de S. Paulo

Parlamento não é igreja; trocar a linguagem laica pela religiosa é confundir o debate político com moral

Retornando ao Congresso para debater o projeto que, em suas palavras, "quebra a coluna da proteção ambiental no país", a ministra Marina Silva voltou a sofrer ataques, como há um mês. "A senhora como ministra é uma vergonha", ouviu de um deputado. Da outra vez, ela se retirou dignamente do recinto. Desta, respondeu quatro vezes com trechos bíblicos. Assegurou que, no futuro, Deus julgaria quem estava correto.

Na mesma semana, o prefeito do Rio de Janeiro Eduardo Paes (PSD) foi acolhido em uma Assembleia de Deus por um bispo-vereador como "pré-candidato a governador". Seu bilhete de entrada era a construção do Parque Terra Prometida, com temática bíblica, na zona oeste da cidade. O parque contará com representações relevantes para o imaginário evangélico, como o caminho do Monte Sinai, onde Moisés recebe os Dez Mandamentos.

O que fazer da guerra de Trump e dos Bolsonaro contra o Brasil - Vinicius Torres Freire

Folha de S. Paulo

País pode fazer pouco além de evitar ainda mais dano e de repensar já seu lugar no mundo

Donald Trump vai levar algum butim em sua guerra contra o Brasil. É um negocista bandoleiro, que gosta de combater, incutir medo e dominar. Quer se impor, apoiando a conspiração dos Bolsonaro ou subjugando os países das Américas. De resto, tem apoio de empresas e de outros interesses que promovem a causa deles de modo direto ou embarcam de modo oportunista na ofensiva de Trump, não importa o dano de longo prazo para os EUA.

Do ponto de vista dele, Trump começa a ter vitórias para cantar. Vide o que fez com a Indonésia. Cerca de 99% dos impostos de importação sobre produtos americanos irão a zero; as exportações indonésias serão tributadas em 19%. O país vai aceitar regulações de produtos e comércio americanas, acabar com a restrição de exportação de minerais críticos e isentar empresas americanas de regras de conteúdo local. A lista de imposições vai longe.

O parco poder da bravata - Dora Kramer

Folha de S. Paulo

A realidade adversa e contundente: o poderio dos EUA não se compara à capacidade do Brasil de retaliar

Depois de breves momentos de relativa contenção e alguma calmaria, o presidente Luiz Inácio da Silva (PT) voltou a adotar o tom de enfrentamento com Donald Trump.

Usou a figuração do jogo de truco para indicar que dobraria a pedida de mão, caso o norte-americano resolva impor sanções ainda mais gravosas que a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. Lula falou como se houvesse paridade de forças entre os dois países.

Milícia bolsonarista lutará pelos EUA - Celso Rocha de Barros

Folha de S. Paulo

A culpa pelos danos causados ao Brasil será inteira de Bolsonaro e aliados, mas eles não estão no controle

Esta é a última coluna antes do dia 1º de agosto, quando Donald Trump, se não tiver sofrido impeachment por acusação de pedofilia, taxará os produtos brasileiros em 50%. A culpa pelos danos causados ao Brasil será inteira dos bolsonaristas. Mas eles não estão no controle: são apenas os cúmplices e o álibi de uma guerra que Trump trava contra o Brasil para cometer seus próprios crimes e dar seus próprios golpes.

Trump impôs tarifas mais altas sobre o Brasil do que sobre os outros países porque só aqui ele conta com um exército de quintas-colunas —os bolsonaristas— que lutarão ao lado dos Estados Unidos para saquear o Brasil.

Que não se repita - Hélio Schwartsman

Folha de S. Paulo

Livro rememora eventos do governo Bolsonaro, recuperando a dimensão do ataque à civilidade que aqueles anos representaram

"Que Não se Repita", do meu amigo Eugênio Bucci, é um livro que dá o que pensar. Ou melhor, que dá o que rememorar.

A memória é um troço traiçoeiro. Confiamos demais nela e por isso nem vemos certas armadilhas que ela nos prepara. A leitura de "Que Não se Repita" nos poupa de pelo menos uma dessas arapucas mnemônicas.

Jair Bolsonaro deixou a Presidência há menos de três anos. Ninguém minimamente informado esqueceu a tentativa de golpe, pela qual o capitão reformado está sendo julgado, nem os 700 mil mortos que sua gestão delinquente da pandemia ajudou a produzir —crime que as instituições preferiram "deixar passar".

A bola está com Trump - Samuel Pessôa

Folha de S. Paulo

Se o Lula não retaliar os EUA, choque tarifário do presidente americano terá o efeito de reduzir a inflação no Brasil

A melhor resposta de Lula ao choque tarifário que Trump impôs ao Brasil é evitar uma retaliação ampla. Se o Brasil não elevar as tarifas dos bens que importamos dos Estados Unidos o choque tarifário de Trump sobre nós será desinflacionario.

Parte dos produtos que exportamos para os EUA será direcionada ao mercado doméstico, contribuindo, portanto, para reduzir a inflação.

Adicionalmente, o choque permite que Lula proponha políticas de apoio aos setores mais atingidos. Em razão da emergência, as políticas seriam financiadas por meio de crédito extraordinário extrateto.

O futuro da “revolução silenciosa” - Paulo César Nascimento*

“Que diabo de nome é esse?”, escreveu Engels a Marx quando líderes da esquerda alemã fundaram, em 1869, durante um congresso sindical na cidade alemã de Eisenach, um novo Partido que denominaram de ‘socialdemocrata’. O interessante na escolha do nome está em que ele congrega dois conceitos que até aquele então quase nunca apareciam juntos no discurso da esquerda europeia. O primeiro deles – o social – constituía o campo de ação propriamente dito dos ativistas que seguiam Marx e Engels. Já a democracia era uma espécie de terra incógnita para o movimento de esquerda, um sistema de governo pouco explorado pelos seus teóricos e avaliado primordialmente como um instrumento que a burguesia usava para legitimar seu domínio sobre os trabalhadores.

Mas com o advento do sufrágio universal, a esquerda passou a participar do processo eleitoral e teve assim oportunidade de divulgar seu programa para um público mais amplo. O nome socialdemocrata então se firmou. A nova agremiação política cresceu tanto eleitoralmente que de pouco mais de 100.000 votos obtidos em 1871, passou a quase 4.500.000 no início da Primeira Guerra Mundial, tornando-se o maior partido da Alemanha. Tal êxito eleitoral, que se repetiu em vários países europeus, acabou por convencer até os mais céticos que seria possível chegar ao socialismo através de eleições.

A coação que atravessa política e Justiça – Juliana Diniz*

O Povo (CE)

Devemos nos perguntar: a liberdade de expressão pode ser de tal modo irrestrita que nos obrigue a assistir à prática de crimes de lesa-pátria ao vivo, inertes? Lembro que a responsabilidade de afastar o risco não é só do STF

Na semana em que o Supremo Tribunal Federal determinou medidas cautelares contra Jair Bolsonaro por possível prática de coação no curso do processo e obstrução de justiça, algumas perguntas se impuseram para muitos: afinal, o STF e Alexandre de Moraes estão indo longe demais?

Acredito que a avaliação da decisão do tribunal depende da compreensão de como esse processo envolve o controle judicial das disfunções da política, um controle que se dá, também, através da responsabilização de ocupantes de cargos políticos que descumpram a lei. A função das medidas cautelares é mitigar um risco, o de que o processo se torne inefetivo, e esses riscos, no caso, transcendem o processo e atingem todo o país.

A natureza ambivalente do Humano - Paulo Henrique Martins*

O Povo (CE)

A indiferença deste anarcocapitalismo com a pobreza se materializa pela proliferação de mentiras na política. Ela coloca em evidência um assunto fundamental: a ambivalência da natureza moral do Humano. Ele tem vocação para o bem? Ou para o mal?

A marca central do capitalismo ocidental é o crescimento da desigualdade social em paralelo à concentração de riquezas, gerando forte injustiça social. Joe Biden dedicou seu último discurso como presidente para alertar sobre o surgimento desta oligarquia antidemocrática dos muito ricos. Este alerta se evidencia com as práticas autoritárias de Donald Trump.

A indiferença deste anarcocapitalismo com a pobreza se materializa pela proliferação de mentiras na política. Ela coloca em evidência um assunto fundamental: a ambivalência da natureza moral do Humano. Ele tem vocação para o bem? Ou para o mal? A resposta invoca duas tendências diferentes de filosofia ocidental e que influíram no processo de institucionalização dos sistemas sociais modernos: uma idealista, outra, materialista.

Poesia | Coitado! Que em um tempo choro e rio, de Luís Vaz de Camões

 

Música | Gilberto Gil na ABL- Saudade fez um samba (Carlos Lyra)

 

sábado, 26 de julho de 2025

O que a mídia pensa | Editoriais / Opiniões

Israel tem de acabar com catástrofe da fome em Gaza

O Globo

Cenas dantescas de uma população civil esfomeada superam os piores temores da comunidade internacional

Depois de 21 meses de conflito, a fome na Faixa de Gaza chegou a níveis inimagináveis. Nesta semana, aliados históricos de Israel aumentaram a pressão para que a distribuição de mantimentos seja ampla, ininterrupta e eficiente. Na quinta-feira, o presidente francês, Emmanuel Macron, mencionou a fome ao anunciar que reconhecerá o Estado palestino. No início da semana, mais de duas dezenas de países, incluindo Reino Unido, Canadá, Japão e nações da União Europeia (UE), condenaram em nota a “distribuição de ajuda em conta-gotas” e a “matança desumana de civis”. As cenas são dantescas. E, se não tiverem fim, acabarão com o pouco apoio que Israel ainda tem na opinião pública internacional.