Por Cristian Klein | Valor Econômico
RIO - Candidato a governador do Rio, o ex-prefeito da capital Eduardo Paes (DEM) afirmou que não se engajará na campanha presidencial tucana do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin. Apoiado pelo PSDB - que anunciará a decisão em convenção amanhã - Paes deveria ser o palanque de Alckmin no Rio, mas não dará a contrapartida esperada, sob a justificativa de não querer desagradar aliados de sua coligação. "É uma questão de consideração política que eu não me envolva numa candidatura presidencial", disse Paes, depois de participar de ato na sede do PPS, que abriu mão da pré-candidatura do antropólogo Rubem César Fernandes para apoiá-lo.
Apesar de extensa - deve superar dez partidos - a coligação de Paes só tem mais uma legenda, o MDB, com candidato a presidente, o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles, que registra apenas 1% de intenção de voto nas pesquisas. Alckmin também tem tido dificuldade de decolar e não ultrapassa os dois dígitos. Mas recebeu o apoio nacional do DEM e de legendas do chamado Blocão, num movimento que o fortaleceu com capilaridade e lhe garantirá, de longe, o maior tempo de propaganda em rádio e TV. Paes e Alckmin formam coligações assemelhadas e a lógica seria que o arranjo nacional desse musculatura ao tucano no Rio, onde o ex-prefeito tem uma candidatura competitiva. Mas a neutralidade deixará Alckmin sem um cabo eleitoral forte no terceiro maior colégio eleitoral do país.
Paes afirmou que isso "ficou combinado". "Você tem uma questão nacional - o Democratas apoia o governador Geraldo Alckmin - e aqui no Rio de Janeiro ficou combinado, e claro, desde o início, (...) a tendência é essa, que a gente não tenha [apoio], pelo menos do candidato majoritário", disse, em referência a ele próprio.
O ex-prefeito afirmou sua neutralidade "apesar de ter enorme admiração" por Alckmin. Justificou a posição dizendo se tratar de "questão de respeito" com os aliados. "Tem gente que não tem nem Meirelles nem Alckmin e pode votar no [Jair] Bolsonaro [PSL], no [Guilherme] Boulos [Psol]. Pode ter outro que vote no Ciro [Gomes, do PDT]. A aliança é ampla. Nem todos os partidos têm candidato a presidente. Nem todos os parlamentares que fazem parte da aliança são eleitores desses dois candidatos. É uma estratégia minha, desde o início", disse. O apoio a Paes foi costurado por Alckmin, a despeito de uma relação ruim desde que o ex-prefeito largou o PSDB para se filiar ao MDB, em 2007.
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