quinta-feira, 2 de agosto de 2018

Arranjo pode beneficiar Alckmin

Marco Antonio Carvalho Teixeira | O Estado de S. Paulo.

Para quem esperava uma eleição presidencial com novos nomes e novos arranjos de coligações políticas, a reta final para a definição das candidaturas pode estar sendo frustrante. A expectativa de que a esquerda se uniria em torno de um nome, de que a direita estaria fortalecida num bloco partidário e de que o centro traria a figura de um outsider como alternativa parece definitivamente sepultada.

Todavia, é no chamado bloco da esquerda que o momento se apresenta de forma mais confusa. Sem a garantia de que Lula será candidato, o PCdoB lançou Manuela d’Ávila. Ciro Gomes, ao fracassar na tentativa de atrair o apoio do Centrão, também está vendo naufragar a esperança de ter o PSB como aliado. O sinal mais forte foi dado com acordo firmado entre o PSB e o PT que implicou na retirada da candidatura da petista Marília Arraes ao governo de Pernambuco e no apoio do PT à reeleição do atual governador Paulo Câmara com o petista Humberto Costa candidato a permanecer no senado. A contrapartida dos socialistas é a neutralidade nas eleições presidenciais.

Ciro se isola ao fracassar nas tentativas de atrair simultaneamente a esquerda e a direita (paradoxalmente chamada de centrão) e perde tempo de TV, além de perder o palanque socialista em Pernambuco e em outros Estados. O arranjo entre petistas e socialistas não foi simplesmente uma derrota para Ciro, mas pode se transformar numa importante vitória para Geraldo Alckmin. O tucano assiste tranquilamente seus principais rivais à esquerda se digladiarem e perderem força num processo eleitoral em que a unidade é crucial para a viabilização de qualquer candidatura.
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Cientista político, é professor da FGV-SP

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