Partido veta candidatura em troca de ‘neutralidade’ do PSB e deixa presidenciável do PDT sem apoios
Depois de perder para Geraldo Alckmin (PSDB) a disputa pelo apoio do Centrão, Ciro Gomes (PDT) sofreu ontem mais um revés. A decisão do PSB de não apoiar presidenciáveis no 1.º turno isolou Ciro e afetou arranjos eleitorais em vários Estados. Para afastar o PSB – que tem 44 segundos em cada bloco do horário eleitoral – de Ciro, o PT interveio na campanha para o governo de Pernambuco e retirou a candidatura da vereadora Marília Arraes. Ela é neta de Miguel Arraes (1916-2005) e prima de Eduardo Campos (1965-2014). O PSB tem como um dos objetivos a reeleição do governador Paulo Câmara. Marília afirmou que o acordo entre PSB e PT é “ataque especulativo” à sua candidatura e recorreu da decisão. Sem alianças, Ciro terá apenas 5% do horário eleitoral. À noite, à GloboNews, Ciro disse que o não apoio do PSB é um revés, mas que não o abate ou surpreende. Ele avaliou que a atitude do PT é “hostil ao País”, porque coloca o Brasil “à beira do abismo”, uma vez que Lula não deve ser candidato.
PT faz acordo com PSB e impõe derrota a Ciro
Ricardo G,0,0alhardo, Felipe Frazão, Mateus Fagundes, Marianna Holanda, Renato Onofre, Jonathas Cotrim e Kleber Nunes | O Estado de S. Paulo.
PSB e PT fecharam ontem um acordo que impõe uma nova derrota ao candidato do PDT, Ciro Gomes, na corrida presidencial. Pelo acerto, a sigla socialista se comprometeu a anunciar a neutralidade no primeiro turno, o que poderá deixar Ciro isolado na corrida pelo Palácio do Planalto. Este foi o segundo revés sofrido pelo candidato do PDT em duas semanas. Antes ele havia perdido para o tucano Geraldo Alckmin o embate pelo apoio dos partidos do Centrão – PP, DEM, PRB, PR e Solidariedade.
A costura entre as cúpulas do PT e do PSB sacrificou candidaturas regionais dos dois partidos e gerou reações indignadas em Pernambuco e Minas Gerais. A legenda petista articulou um processo de asfixia da candidatura de Ciro para manter a hegemonia no campo da esquerda, mesmo com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva preso e condenado na Lava Jato – apesar da prisão e potencial inelegibilidade de Lula com base na Lei da Ficha Limpa, o partido vai anunciá-lo oficialmente como candidato.
Com o PSB neutro, seu tempo (44 segundos em cada bloco do horário eleitoral fixo 12 minutos e 30 segundos) no horário eleitoral no rádio e na TV não irá para nenhum outro candidato. Ciro, sem alianças, terá cerca de 26 segundos em cada bloco da propaganda presidencial. De acordo com estimativa do Estadão Dados, Alckmin, após o acordo com o Centrão, deverá contar com cerca de 4 minutos e 40 segundos em cada conjunto no horário eleitoral. Já o PT terá 1 minuto e 29 segundos por cada bloco.
Restam aos petistas e pedetistas agora a disputa pelo apoio do PCdoB, que ontem oficializou a candidatura de Manuela d’Ávila (mais informações nesta página), mas continua negociando com os partidos. A tendência é o PCdoB fechar com o PT. A manutenção da candidatura de Manuela serve para pressionar os petistas a ceder a vaga de vice à deputada gaúcha. Essa decisão depende de um aval de Lula, que articulou o acordo com o PSB da prisão.
Estados. Ontem, em Brasília, executiva nacional do PT aprovou, por 17 votos a 8, a retirada da candidatura da vereadora do Recife Marília Arraes – neta de Miguel Arraes – ao governo de Pernambuco. A medida era vista como fundamental para haver a neutralidade do PSB por favorecer o governador Paulo Câmara, candidato à reeleição. Por outro lado, o PSB rifou a candidatura do ex-prefeito de Belo Horizonte Marcio Lacerda ao governo de Minas, abrindo caminho para uma composição com o governador Fernando Pimentel (PT), que vai disputar um novo mandato.
Marília afirmou que o acordo entre PSB e PT é “ataque especulativo” à sua candidatura. Ela disse que vai recorrer. Lacerda divulgou nota na qual afirmou que recebeu a decisão da direção do seu partido com “indignação, perplexidade, revolta e desprezo”.
A movimentação política entre PT e PSB também beneficia o governador de São Paulo, Márcio França (PSB), que desde o início do processo eleitoral rejeitava a aliança do partido com outra legenda da esquerda. Com a neutralidade, França poderá apoiar livremente a candidatura de Alckmin, seu antecessor no Estado.
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