O Globo
Votação abriu rombo nas contas do governo
para ajudar bets e fintechs a pagarem menos imposto
A oposição lançou uma bomba fiscal no caminho
da reeleição de Lula. A nova derrota do governo na Câmara deve abrir um rombo
de R$ 46 bilhões nas contas públicas. O dinheiro fará falta no ano eleitoral de
2026.
A derrubada da Medida Provisória mostra que a
melhora nas pesquisas não resolveu a vida do presidente no Congresso. Sem base
parlamentar sólida, Lula continua exposto a sustos e rasteiras. Na noite de
quarta, levou uma das maiores deste terceiro mandato.
Os 251 votos contra o Planalto indicam que a aliança entre Centrão e bolsonarismo continua firme. Em setembro, a dobradinha aprovou a PEC da Blindagem e acelerou a anistia aos golpistas. Agora complica os planos da Fazenda de cumprir a meta fiscal via elevação de receita.
O principal beneficiário da bomba é Tarcísio
de Freitas, virtual candidato das direitas. Ontem ele tentou negar sua
participação na derrota do governo. Foi desmentido pelos próprios aliados. Da
tribuna, o líder do PL, Sóstenes Cavalcante, agradeceu “todo o seu empenho” em
cabalar votos pelo telefone.
Cercado, Lula foi ao ataque. “Não derrotaram
o governo. Derrotaram o povo brasileiro”, discursou, após acusar o Congresso de
proteger os ricos que não querem pagar imposto. Seguiu-se um bate-boca entre a
Fazenda e o Palácio dos Bandeirantes. Fernando Haddad acusou Tarcísio de “
proteger a Faria Lima”, e o governador mandou o ministro cortar gastos e tomar
“vergonha”.
Por trás do chumbo trocado, o Legislativo deu
mais uma vitória bilionária para a banca e as bets. As fintechs continuarão a
pagar menos impostos que os bancos tradicionais. As casas de apostas
conseguiram barrar outra tentativa de elevar sua tributação, que hoje é de
módicos 12%.
Na tentativa de salvar a MP, o governo cedeu
ao Centrão e topou retirar do pacote a taxação das apostas on-line. Perdeu a
votação e pode ter perdido o discurso. Depois do acordo frustrado, ficará mais
difícil criticar o lobby da jogatina virtual.
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