Folha de S. Paulo
O governador precisa decidir se a hora do
Planalto é agora ou se é melhor deixar a onda Lula/Bolsonaro passar
Se tem uma coisa que o governador Tarcísio
de Freitas (Republicanos) em tese não precisaria ter é pressa.
Acabou de completar 50 anos de idade, chegará
em 2030 com 55, a tempo de disputar a Presidência da República relativamente
jovem se comparado aos 85 e 75 que terão, respectivamente, Luiz Inácio da Silva
(PT) e Jair
Bolsonaro (PL).
O mais provável é que daqui a cinco anos Lula esteja a caminho da aposentadoria, senão política, ao menos eleitoral. Bolsonaro, se não estiver preso e ainda que livre dos enroscos judiciais, talvez se veja às voltas com os prejuízos causados pelos filhos, ora empenhados em dizimar a herança política do pai com batalhas perdidas tão inúteis quanto desmoralizantes.
Alinham-se a uma potência estrangeira contra
o país que lhes deu guarida política, atuam em desfavor daqueles que os
elegeram, hostilizam governadores de seu campo ideológico, exigem fidelidade
absoluta de aliados e criam obstáculos à organização da direita para enfrentar
a próxima eleição. Desidratam, assim, o próprio capital.
Tarcísio pode esperar que esteja feito o
serviço completo. Isso na teoria, porque há sempre aquela avaliação baseada no
lema de que o cavalo encilhado talvez não passe outra vez. É um dilema.
Governador do estado mais poderoso do país,
até agora bem avaliado pela população, com a reeleição encaminhada e
praticamente assegurada a preço de hoje, Tarcísio de Freitas não tem uma
decisão fácil a ser tomada.
E se a chance for agora e tudo mudar adiante?
E, se não for, se Lula repetir o feito pós-mensalão,
recuperar-se e ganhar a eleição?
Mas, ainda que dê certo o plano presidencial,
talvez não valha a pena ter a família Bolsonaro nos calcanhares a exigir
empenho em prol da anistia ou da assinatura de um indulto caso o ex-presidente
seja condenado e depois se veja livre para tumultuar o ambiente e tentar
tutelar o presidente.
Isso sem falar na oposição comandada por um
Lula ativo e mordido pela derrota, num Brasil ainda radicalmente dividido.
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