O Estado de S. Paulo
Inovações tecnológicas são uma commodity. A questão é como se apropriar delas para nosso progresso
O Prêmio Nobel de Economia deste ano foi
concedido a Joel Mokyr, Philippe Aghion e Peter Howitt, por suas contribuições
seminais para a compreensão do crescimento econômico impulsionado por inovações
técnicas e institucionais.
De acordo com Mokyr, o crescimento sustentado
é a combinação de conhecimento com uma sociedade aberta a mudanças. Já a
contribuição de Aghion e de Howitt para receberem o prêmio foi pela teoria do
crescimento baseada nos pilares de “destruição criativa” e “criação
destrutiva”.
O primeiro termo, “destruição criativa”, foi popularizado por Joseph Schumpeter na primeira metade do século passado, apontando como as inovações são propulsoras do progresso. Inovações técnicas e institucionais dando mais eficiência à economia, com ganhos que superam as perdas.
Já a “criação destrutiva” acontece quando a
inovação desestabiliza, aumenta a concentração e diminui a capacidade produtiva
da economia sem ganhos que compensem. Por exemplo, inovações financeiras que
aumentem a especulação, em vez de aumentar o investimento em ativos reais.
Em algumas economias a destruição criativa foi importante com os incentivos adequados; em outras, a falta deles atrasou o desenvolvimento. No Brasil temos as duas situações. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) é um exemplo de como novos métodos de produzir no agro substituem outros. O Uber substituindo táxis e a Netflix desafiando as locadoras e a TV tradicional são outros exemplos.
Já no setor financeiro, apesar das inovações,
do PIX, das fintechs e outras, o número de negativados pela Serasa aumenta a
cada mês. São 8 milhões de empresas e 78 milhões de cidadãos com o “nome sujo”.
Isso indica que a inovação não se traduziu ainda em prosperidade para todos.
Os três laureados apontam como a destruição
criativa tem de ser administrada de forma construtiva. A mensagem é clara: o
crescimento econômico não é espontâneo, é resultado de boa política econômica.
O crescimento é mais do que a acumulação de capital, é como ganhar
competitividade e produzir.
As inovações tecnológicas são uma commodity
atualmente. A questão é como se apropriar delas para nosso progresso. Em tempos
de transformações geopolíticas e tecnológicas aceleradas, de ascensão dos
Brics, inteligência artificial, transição energética e digitalização, urgem
políticas para usar essas transformações em inovações e as inovações no
desenvolvimento do Brasil – leia-se investir em educação e pesquisa,
desburocratizar e reformar. Crescer mais não é sorte, é uma opção. O Brasil
pode mais. •
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