Folha de S. Paulo
Mostrar que a causa ambiental não é monopólio
de nenhum lado da disputa política fará com que todos saiam ganhando
Se a sustentabilidade virar tema cativo da
esquerda, ela se tornará um objetivo ainda mais distante do que tem sido até
hoje
A mudança
climática traz um desafio complexo de coordenação. A ação —ainda que
custosa— de cada país ou empresa, sozinho, é inócua. Se eu me sacrifico e meu
vizinho nada faz, eu terei pago um preço alto, mas no fim das contas
partilharemos do mesmo resultado. Mesmo que todos façam sua parte e sejamos
capazes de refrear o aquecimento da Terra, isso não gerará efeitos visíveis.
A vida apenas seguirá normalmente, e teremos
evitado desastres hipotéticos que nunca se materializaram. Dos desastres
climáticos que ocorrem, é impossível selecionar qualquer um deles e dizer com
certeza que ele é resultado direto da mudança climática. Se ninguém fizer nada,
contudo, sua frequência aumentará, o clima da Terra será mais inóspito e o
resultado será catastrófico.
A meta de reduzir emissões de forma a não
aumentar a temperatura da Terra acima de 1,5 °C já não foi cumprida. Em geral,
uma situação dessas exige que uma autoridade imponha restrições para todos e
puna aqueles que, pensando apenas no próprio ganho de curto prazo, as
descumpram.