segunda-feira, 17 de novembro de 2025

Insegurança tem custo alto, por Carlos Alberto Sardenberg

O Globo

Empresas evitam o país ou certas regiões, não apenas pelos gastos com segurança, mas também para não expor seus funcionários

Antigamente era o “dinheiro do ladrão”. Hoje, o “celular do assaltante”. Esse antigamente é de décadas atrás. Os mais velhos diziam que não se devia sair de casa sem algumas notas no bolso. No caso de topar com algum meliante, você teria aquela reserva para entregar e evitar um desfecho mais desagradável do episódio. Hoje não se anda mais com dinheiro. Nem os assaltantes querem dinheiro, querem um celular, de preferência desbloqueado.

Como se carrega tudo no celular, de conversas íntimas a contas bancárias, incluindo a carteira de investimentos, o roubo do aparelho tem um custo econômico que pode ser desastroso. Além dos danos morais e psicológicos. Vai daí, muitas pessoas saem com um celular mais simples, apenas com os aplicativos de comunicação e localização. Os aplicativos financeiros ficam noutro aparelho, bem guardado em casa.

Inflação e mercado de trabalho, por Benito Salomão

Correio Braziliense

No processo de desinflação do Brasil, um fato chama a atenção: essa queda tem se dado simultaneamente a reduções consecutivas da taxa de desemprego

É conhecido por todos que a economia brasileira vem passando por um duro processo inflacionário, desde a saída da pandemia. Apenas recentemente, diante de contínuas quedas nas taxas de inflação, houve a convergência para a meta. Porém, nesse processo de desinflação, um fato chama a atenção: essa queda tem se dado simultaneamente a reduções consecutivas da taxa de desemprego.

A inflação é um dos fenômenos macroeconômicos mais difíceis de interpretar, e os economistas divergem sobre as suas causas. Uma interpretação desse fenômeno se deve a Alban Phillips, que estudou nos anos 1950 a inflação para o Reino Unido e verificou que, quando o desemprego caía, a inflação acelerava, e vice e versa. Em suma, haveria uma relação inversa na relação entre desemprego e inflação que ficou conhecida como Curva de Phillips.

O canal de transmissão de um desemprego baixo para uma inflação elevada seria exatamente o salário. Economias com desemprego baixo — como a brasileira — geram acirramento da concorrência entre as firmas por trabalhadores, isso as torna mais propensas a pagarem salários maiores, pressionando seus custos que serão consequentemente transmitidos aos preços.

A volta das doações empresariais e o voto distrital, por Bruno Carazza

Valor Econômico

Sistema político brasileiro pode ser aprimorado, desde que medidas sejam pensadas de forma estrutural e não oportunista

Nas últimas semanas têm sido observadas, nos corredores do poder em Brasília, movimentações para alterar as condições de disputa eleitoral no Brasil. De um lado, um projeto de lei estabelecendo o voto distrital misto tem ganhado tração na Câmara, enquanto uma ação direta de inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal pretende reinstituir as doações de empresas nas campanhas eleitorais. Ambas podem modificar radicalmente o sistema político atual, embora tenham um forte componente oportunista.

Para entender o que está em jogo, é preciso desconsiderar as justificativas oficiais, entender que eleições são disputas resolvidas em geral na base do dinheiro (muito dinheiro) e, antes de descartar as propostas, pensar que elas podem trazer ganhos para a sociedade - se forem ajustadas.

Fazenda e BC travam disputa de dados, por Alex Ribeiro

Valor Econômico

Uma contenção fiscal pode segurar a atividade econômica e baixar a inflação, mas se a credibilidade for fraca, provoca aumento dos prêmios de risco e atrapalha na ancoragem das expectativas

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, assumiu uma posição mais vocal pela redução da taxa básica de juros nas últimas semanas. O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, respondeu que “não pode brigar com os dados” - ou seja, a economia segue sobreaquecida e a inflação ainda não caiu para a meta.

A Fazenda, então, passou a citar seus dados que apoiariam um corte na Selic - em uma entrevista do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao jornal Estado de S. Paulo, e numa entrevista coletiva do secretário de Política Econômica da Fazenda, Guilherme Mello, para divulgar o Boletim Macrofiscal.

Câmara vota amanhã PL Antifacção, que pode ter mais ajustes, por Murillo Camarotto

Valor Econômico

Hugo Motta não está disposto a novos adiamentos; governo continuará criticando o texto, que também não agrada a oposição

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), não está disposto a patrocinar um novo adiamento da votação do PL Antifacção. Prevista para terça-feira (18), a análise do projeto de lei em plenário vai acontecer por sistema híbrido, ou seja, por meio presencial e remoto. Não se descarta, porém, que haja novas mudanças no relatório mais recente apresentado pelo deputado Guilherme Derrite (PP-SP). O governo seguirá apontando problemas no texto a fim de desgastar o parlamentar, adversário político. E a oposição também não está contente com a proposta.

Secretário licenciado de Segurança Pública de São Paulo, Derrite jantou na última quarta-feira (12) com os ex-presidentes da Câmara Arthur Lira (PP-AL) e Eduardo Cunha, mas desconversou sobre o teor da reunião. Ele já apresentou quatro versões do seu parecer, cada uma com algum recuo em relação às queixas vocalizadas por governo, Polícia Federal (PF) e associações de procuradores. Também viu pedidos de adiamento da votação serem empilhados por governadores e parlamentares da oposição.

O governo Lula e a segurança pública, por Diogo Schelp

O Estado de S. Paulo

O combate ao crime organizado se tornou nota de rodapé das verdadeiras intenções da atual gestão

O que deveria ser o objetivo central do Projeto Antifacção, melhorar o combate a milícias e organizações criminosas, tornouse secundário, praticamente uma nota de rodapé das verdadeiras intenções do governo Lula, que queria usar o texto original apresentado à Câmara dos Deputados para rebater a percepção popular de que é mole com bandidos, e da oposição bolsonarista, que não quer dar essa colher de chá para Lula, nem que para isso tenha que destruir algo potencialmente positivo para a segurança pública.

Os governos do PT foram historicamente negligentes com o tema, com equívocos ideológicos como a vitimização sociológica de criminosos à frente da capacidade de encontrar soluções para o problema.

Segurança e violência, por Denis Lerrer Rosenfield

O Estado de S. Paulo

A segurança e o dizer não à violência tornaram-se bandeiras eleitorais. Finalmente!

A violência foi muito tempo tolerada no Brasil, diria quase normalizada, graças aos discursos e governos petistas que não lhe deram nenhuma atenção, salvo a de sempre frisar a mesma coisa: a de que sua causa seria exclusivamente social. A repetição foi se intensificando enquanto a esquerda no poder nada fazia. Nesse processo, em que discursos-enfeite encobriam uma terrível realidade tomando conta do País, territórios foram abandonados ao narcotráfico e às milícias, além de apoderar-se de outras esferas do aparato estatal. Um “Estado” foi se formando dentro do Estado, com suas próprias regras e “polícias”, além de seus modos próprios de imposição de tributos. Esse novo tipo de “Estado” tomou para si o monopólio da violência, impondo o terror a seus habitantes, com crimes, tiroteios e estupros, controlando, assim, a distribuição de gás, de internet, de eletricidade, além de extorquir os comerciantes da região. A população desses redutos extra-estatais tornou-se subjugada, não tendo a quem apelar.

Boas intenções não são suficientes para produzir mudanças na representação política, por Lara Mesquita

Folha de S. Paulo

Reformas eleitorais não devem desconsiderar ação e estratégia partidária

Mudanças exigem diagnóstico preciso do problema, análise da experiência internacional e compreensão das regras

Pesquisas de opinião sobre confiança nas instituições políticas e sociais brasileiras são unânimes ao indicar que partidos políticos e o Congresso Nacional figuram entre aquelas com menor credibilidade. A pesquisa mais recente sobre o tema, publicada em setembro pela Quaest, mostra que apenas 36% dos brasileiros confiam nos partidos e 45% confiam no Congresso.

A baixa confiança nas instituições é mais um sintoma da insatisfação com a representação política e com a própria democracia. Esse fenômeno não é exclusivo do Brasil e ocupa posição central no nosso debate público.

Dirigentes políticos não são indiferentes ao descontentamento e buscam medidas para reduzir esse mal-estar.

Para entender o shutdown do governo nos EUA, por Marcus André Melo

Folha de S. Paulo

Foi a estratégia dos senadores democratas minoritários para mostrar oposição a Trump diante das críticas de que eram inertes

O país está dividido e não há vencedores claros no episódio

Não há registro na literatura comparada de algo como o shutdown do governo americano causado pelo impasse Legislativo-Executivo. O atual durou 43 dias e foi o mais longo da história. As implicações são severas: paralisia de serviços e dispensa temporária de funcionários.

Nos últimos 30 anos já ocorreram seis shutdowns. Trata-se, portanto, de evento raro, mas que tem se intensificado. O ponto de discórdia foram os cortes de programas de alimentação e saúde para 2026, e os protagonistas os senadores democratas. Curiosamente, o país está dividido e não há vencedores claros no episódio: 47% atribuem o shutdown aos republicanos, enquanto 50% responsabilizam os democratas.

Nos últimos cinquenta anos, o Congresso só aprovou "o orçamento" segundo o calendário previsto em quatro ocasiões. Outra especificidade americana é que não há exatamente uma lei orçamentária, mas doze, aprovadas nas doze subcomissões orçamentárias setoriais (appropriations), do Senado e da Câmara. Na maioria das vezes, só parte das doze são aprovadas. Só nas últimas décadas é que têm sido integradas em uma lei ônibus ampla. O prazo oficial para votá-las é 1º de outubro, mas nos últimos 15 anos, o prazo só foi cumprido duas vezes!

“Hoy inicia una nueva elección”: Discurso completo de Jeannette Jara tras triunfo electoral

 

Jeannette Jara e José Antonio Kast disputam o segundo turno no Chile

 

Poesia | Esperança, de Mário Quintana

 

Música | Ladeira da memória com Chico Buarque