sexta-feira, 30 de agosto de 2024

Eliane Cantanhêde – Nem padrinhos nem partidos

O Estado de S. Paulo

País está polarizado, mas PT e PL comem poeira nas capitais. Padrinho, padrinho, para que te quero?

Jair Bolsonaro apoiou Ricardo Nunes, abraçou Pablo Marçal, mais adiante ele e os filhos atacaram o ex-coach e agora, que ele está empatado com Nunes, Carlos Bolsonaro recua e lhe manda um “fraterno abraço”, defendendo um “coração mais leve” e o que "o povo realmente anceia (sic)". Durma-se com um barulho desses, mas a Quaest acaba de mostrar o que é mais instigante: 49% dos eleitores paulistanos preferem um candidato independente.

Ou seja, com polarização nacional ou não, o eleitor não quer saber de padrinhos, mas sim do candidato que mexer com sua alma, corresponder às suas crenças e, principalmente, se mostrar capaz de cuidar dos seus direitos e interesses se eleito. Só 32% preferem um prefeito apoiado pelo presidente Lula, e 17%, por Bolsonaro.

Bem, é isso que importa para Guilherme Boulos (PSOL), que lidera com apoio de Lula e com 22% na Quaest, e também para Nunes (MDB) e Marçal (PRTB), empatados em 19% e disputando a marca de Bolsonaro, mas sem se matarem por ela. José Luiz Datena (PSDB) está num mato sem cachorro e num partido sem líder e Tabata Amaral (PSB) conta com a força do ex-tucano Geraldo Alckmin e com o espólio eleitoral do partido que comandou o Estado de São Paulo por duas décadas.

Isso, porém, é um detalhe na campanha, que entra nesta sexta-feira no ar, ou seja, no rádio e na televisão, com Nunes dispondo de um latifúndio e Marçal sem um metro quadrado, ou um segundo, mas manipulando muito melhor a internet, inclusive usando um homônimo do líder da disputa, Guilherme Boulos, para carimbá-lo como “aspirador de pó”. Doloso ou culposo, é crime, além de imoral, indecente, sujo.

Se padrinhos, número de partidos e tempo de TV e rádio fizessem milagre, Alckmin teria vencido e o “outsider” e “antissistema” Bolsonaro nunca teria subido a rampa. Marçal pergunta: “para que partidos?" O PL concorre com nome próprio em 14 capitais e o PT, em 13. Em quantas o PL venceu na última eleição? Zero! E o PT? Zero! Dois anos depois, entretanto, os seus padrinhos estavam no segundo turno da eleição presidencial e um deles, Lula, ganhou.

A guerra entre Lula e Bolsonaro continua, mas padrinhos de “nacionalizar” as campanhas não está colando. O “povo” quer educação, saúde, segurança e está cansado de promessas, partidos e políticos “tradicionais”. Bom ou ruim? Bem, foi assim que Bolsonaro chegou à Presidência e é assim que São Paulo embala Pablo Marçal. Esse negócio de “fenômeno” costuma ser perigoso e cobrar um alto preço – aliás, em diferentes sentidos.

 

2 comentários:

Anônimo disse...

Carlos Bolsonaro defende o que "o povo realmente anceia (sic)".
kkkkkkkkkk

ADEMAR AMANCIO disse...

E tem foco ''na mesmas direções'' de Marçal,direção no plural é o mesmo que desorientação,rs.