O Globo
É o momento de as entidades sindicais se
aproximarem ainda mais das empresas para contribuir com seu desenvolvimento
‘O que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil.’ Essa visão do nosso país em relação aos Estados Unidos foi formulada no contexto do golpe militar de 1964. O autor da frase, Juracy Magalhães, foi embaixador naquele país e expressou o que se pensava por aqui. Agora, depois do tarifaço de 50%, essa visão provinciana seria uma piada de mau gosto, para dizer o mínimo. Ainda somos uma das economias mais fechadas, representando apenas 1% do comércio mundial. Décima economia e quinto país em extensão territorial no planeta, com uma população de mais de 212 milhões, nunca estivemos tão desiguais e desunidos, como mostram as pesquisas recentes.
Só há um caminho: temos de refundar nosso
país. É preciso diminuir o custo Brasil (acabar com o emaranhado de tarifas e
burocracias), rever a política de subsídios (R$ 678 bilhões por ano) e o
protecionismo do Estado. Além disso, é necessário abrir nossa economia para os
193 países registrados pela ONU e
investir em educação e ciência. É fundamental criar um projeto de
industrialização tecnológica fundamentado na economia do conhecimento, com a
participação do governo, de empresários e dos trabalhadores. A quarta revolução
industrial, baseada na digitalização e na inteligência artificial, está mudando
o mundo com rapidez nunca vista.
A economia atual não valoriza os recursos
naturais: os países que mais avançam na esfera global são os que apostam na
inovação e produzem bens e serviços de maior valor agregado.
Com o caminhão de limões que Trump jogou sobre nosso país no tarifaço, temos de fazer uma limonada para evitar grandes prejuízos nas exportações, a perda de empregos e os impactos sobre a soberania produtiva e política do Brasil. Mas, infelizmente, nosso poder de barganha é baixo, embora tenhamos, com os americanos, uma relação diplomática e comercial muito antiga. Não temos o poder de fogo da China, que enfrentou os Estados Unidos e obteve adiamento de três meses em suas tarifas.
Temos de impulsionar nossa produtividade,
apostando em inteligência artificial. Embora sejamos o país da América Latina
que mais investe no setor (US$ 1,1 milhão por ano), perdemos dos Estados Unidos
(US$ 78 milhões por ano) e da Ásia (US$ 61 milhões por ano). Nosso grande
problema aqui é que 95% das nossas empresas são pequenas e médias, sem dinheiro
nem mão de obra qualificada para investir em IA.
A União Geral dos Trabalhadores e o Sindicato
dos Comerciários de São Paulo estão prontos para apoiar as empresas. É o
momento de as entidades sindicais se aproximarem ainda mais das empresas para
contribuir com seu desenvolvimento, pois elas não vivem umas sem as outras.
Temos de dar a volta por cima porque, como disse Adam Smith, “nenhuma sociedade
pode florescer e ser feliz se a maioria dos seus membros for pobre e
miserável”.
*Ricardo Patah, presidente da União Geral dos Trabalhadores
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