O presidente do Comitê Organizador Local da Copa do Mundo no Brasil, José Maria Marin, ontem, em entrevista coletiva diante do secretário-geral da Fifa, Jêrome Valcke, desafiou que alguém mostre qualquer menção feita por ele ao jornalista Vladimir Herzog, morto pela ditadura brasileira em 1975.
E Marin afirmou: “Existe uma parte de um discurso feito na Assembleia em 1975, mas não há qualquer relação com o jornalista.”
Na verdade, nestes tempos de Comissões da Verdade saudavelmente espalhadas pelo país, Marin aparteou o deputado Wadih Helu que acabara de chamar a TV Cultura de São Paulo, cujo jornalismo tinha Herzog como diretor, de “Televisão Vietnan Cultura de São Paulo”.
E aparteou dizendo: ““É preciso mais do que nunca uma providência, a fim de que a tranqüilidade volte a reinar não só nesta Casa [TV Cultura], mas principalmente nos lares paulistanos”.
Ora, está evidente que nem era preciso citar o nome de ninguém e o fato é que duas semanas depois do discurso de Helu, e do aparte de Marin, Herzog foi preso pelo DOI-CODI e só saiu morto da prisão após 48 horas nas dependências da OBAN.
Helu, que presidiu o Corinthians, já morreu e Marin, aos 81 anos, preside, além do COL, a CBF.
Marin também se notabilizou ao elogiar da tribuna da Assembleia Legislativa de São Paulo o delegado Sergio Paranhos Fleury que esteve para a ditadura implantada em 1964 no Brasil como Filinto Muller esteve para a ditadura do Estado Novo.
Disse Marin sobre Fleury, em discurso que está nos anais do Diário Oficial de São Paulo, assim como seu aparte a Helu:
“Conhecendo de perto seu caráter, sua vocação de servir, podemos afiançar, sem dúvida alguma, que Sergio Fleury ama sua profissão; que Sergio Fleury a ela se dedica com o maior carinho, sem medir esforços ou sacrifícios, para honrar não só a polícia de São Paulo, mas acima de tudo, seu título de delegado de polícia”.
Será preciso dizer mais sobre o passado de Marin?
Comentário para o Jornal da CBN desta sexta-feira, oito de março de 2013.
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