Folha de S. Paulo
Poderes em conflito e parlamentar fugindo da
polícia e salivando por emendas são problema
Preço da vitória de Lula 4 parece mais alto;
corte de juros do BC pode ficar mais tumultuado
A primavera começou com promessa de melhoria
no tempo ruim da política brasileira. As manifestações contra a anistia dos
golpistas ajudaram a derrubar a PEC da
Blindagem, por exemplo. Mas o ambiente continuaria poluído, sabíamos então;
piorou. O mormaço tóxico vai entrar pelo ano eleitoral de 2026. Venenos:
1) A parlamentagem tentando fugir da polícia
e da Justiça, querendo peitar um STF de fato
fora da casinha institucional, refratário até à ideia de seguir um código de
conduta, vergonha na cara básica;
2) A falta de pagamento de emendas parece
assunto tão velho que mal se fala dele. Mas é o que move o clero ainda mais
baixo (pois é quase tudo baixo no Congresso). É fácil arregimentar votos contra
o governo quando a massa parlamentar saliva de raiva e fome de dinheiro;
3) Era sabido que derrota da direita tenderia
a mexer com preços da finança (dólar, juros), ainda mais dada a indiferença
de Lula 3
em relação ao conserto das contas públicas. Com o anúncio da candidatura-bomba
e por ora derrotada de Flávio Bolsonaro tivemos uma medida desse
custo, precocemente alto;
4) Aumentou o risco de um 2026 politicamente
mais tumultuado. Além dos conflitos abertos entre Poderes, vê-se que a finança
está bem mais avessa à Lula 4 do que se imaginava. E daí? Não deve ser
tranquila a campanha de redução da taxa básica de juros, da Selic.