quarta-feira, 10 de dezembro de 2025

Como ficam Flávio, Tarcísio e Ratinho na corrida maluca de centrão e direitão até 2026. Por Vinicius Torres Freire

Folha de S. Paulo

Lei permite troca de candidatos até em setembro, mas calendário político é outro

Direitas nem sabem o que fazer da incerteza, mas primeiro trimestre é decisivo

Em tese e de acordo com a lei, partidos podem substituir seus candidatos a presidente no máximo até 20 dias antes da eleição, que é no 4 de outubro de 2026. Na política, o calendário é outro e incerto. Como não se sabe se Flávio Bolsonaro é candidato-bomba ou se vai ser biribinha e estalinho, a incerteza ficou mais extensa.

Centrão e direitão não gostaram da candidatura, menos ainda da rasteira (trata-se aqui de PSDRepublicanosUnião Brasil e Progressistas). Não entendem o que querem os Bolsonaro. Ainda vão começar a discutir o que fazer até para lidar com a incerteza. Não vão se mover por Flávio. Ao contrário.

Em teoria, é possível tirar o chifre da cabeça do jumento até setembro de 2026. Flávio poderia renunciar à candidatura, mas seria preciso que um Tarcísio de Freitas (ou um "x") estivesse candidato por outro partido. Ou que Flávio renunciasse para que Tarcísio (ou "x") passasse a ser o candidato de uma improvável coligação já montada. Parece maluquice, mas pensem no Brasil desde 2016.

Sob suspeita. Por Hélio Schwartsman

Folha de S. Paulo

Desde a Antiguidade, não parecer culpado é preocupação de quem ocupa cargos políticos

Código de ética para magistrados é primeiro passo necessário para melhorar imagem do Judiciário

É batata! Sempre que um juiz é apanhado em situação de promiscuidade com políticos e empresários, algum colunista ou editorialista lembrará o caso de Pompeia, não a avenida paulistana, mas a segunda ou, dependendo da fonte, terceira esposa de Júlio César, cujo envolvimento num rocambolesco escândalo deu origem à expressão "à mulher de César não basta ser honesta; é preciso que pareça honesta".

Polos políticos concentram rejeição. Por Dora Kramer

Folha de S. Paulo

Lula e família Bolsonaro são campeões no ranking dos reprovados pela população, aponta o Datafolha

Candidatos menos conhecidos podem crescer, desde que se mostrem melhores que os famosos ao eleitor

Projeções de voto a nove meses da eleição obviamente não retratam o que sairá das urnas. As medidas de rejeição, contudo, dão uma pista. Mostram como o eleitorado vê os presumidos pretendentes.

olhar captado pelo Datafolha não é nada bom para os nomes mais representativos das torcidas em disputa nas duas últimas eleições. O presidente Lula (PT) e os Bolsonaros (todos do PL) lideram o ranking dos rejeitados.

Quem quer blindagem agora é o STF; e o país escolhe campeões, não princípios. Por Wilson Gomes

Folha de S. Paulo

Câmara fecha o cerco contra investigações e Gilmar dificulta reação do Senado

E continuamos dando aval para que o nosso lado ultrapasse limites

Nas últimas semanas, dois movimentos distintos, mas intimamente relacionados na percepção pública, reposicionaram o equilíbrio de forças entre Congresso e Supremo. Primeiro, a Câmara aprovou a chamada PEC da Blindagem, que dificulta a abertura de processos criminais e a prisão de parlamentares, exigindo autorização prévia das Casas Legislativas e reforçando o foro privilegiado.

Mais recentemente, o ministro Gilmar Mendes, em decisão monocrática, suspendeu trechos da Lei do Impeachment e restringiu a legitimidade para pedir o impedimento de ministros do STF, agora concentrada na Procuradoria-Geral da República, além de elevar o quórum no Senado para esse tipo de processo.

Tarcísio, a modernidade de papelão. Por Ricardo Queiroz Pinheiro

Há algo que me irrita profundamente no debate público: a naturalidade com que se vende Tarcísio de Freitas como novidade. A facilidade com que se atribui a ele a imagem de gestor moderno, técnico, quase redentor. Não que eu tenha qualquer ilusão com os pruridos da mídia liberal e com os profissionais da higienização do discurso. Mas a coreografia em torno de Tarcísio é explícita e caricata demais: uma operação de marketing político que depende de amnésia coletiva e da viralização da cartilha liberal. A falta de memória reposiciona a continuidade da “Ponte para o Futuro — Parte 2” como se ela não tivesse mostrado seu esgotamento e falência na vida cotidiana, e como se o país não tivesse aprendido o preço de um Estado reduzido ao papel de fiador de interesses privados.

O que hoje se chama de modernização não passa da atualização de uma engrenagem antiga. Mas ela não retorna idêntica. A gestão Tarcísio em São Paulo deixa isso evidente. Ela vem acelerada pela ansiedade do capitalismo pós-crise de 2008 — esse período descrito pelo filósofo italiano Franco “Bifo” Berardi, referência central da crítica à aceleração, como o momento em que o sistema “sobrevive como uma boca aberta que mastiga o presente”. A aceleração imediatista — exaustiva, saturada, incapaz de planejar — deu nova vida ao patrimonialismo brasileiro: agora com jargão corporativo, linguagem de compliance, consultorias onipresentes e fundos de investimento ditando prioridades. A lógica é devorar o Estado, não estruturá-lo — fingir um Estado mínimo só para maximizar o domínio de quem se serve dele.

O que a mídia pensa | Editoriais / Opiniões

Projeto no Senado melhora e equilibra lei do impeachment

Por Folha de S. Paulo

Relatório dispensa espírito de autoproteção do ministro Gilmar Mendes e eleva barreira da petição popular

Projeto limita ações demagógicas sem retirar dos brasileiros e seus representantes o direito de pleitear cassação de altas autoridades

O abuso cometido pelo ministro Gilmar Mendes na liminar que retirou de cidadãos e de seus representantes eleitos o direito de propor a expulsão da corte de ministros por crime de responsabilidade pode ter deflagrado uma reação virtuosa no Congresso Nacional. Parlamentares se mobilizam para modernizar a lei do impeachment, de 1950.

Está marcada para esta quarta-feira (10) na Comissão de Constituição e Justiça do Senado a apreciação do texto do relator Weverton Rocha (PDT-MA), que apresenta inovações na legislação que tipifica os crimes de responsabilidade e dispõe sobre seus aspectos processuais.

Opinião do dia - Antonio Gramsci* (Partido Político)

"Será necessária a ação política (em sentido estrito) para que se possa falar de "partido político"? Pode-se observar que no mundo moderno, em muitos países, os partidos orgânicos e fundamentais, por necessidade de luta ou por alguma outra razão, dividiram-se em frações, cada uma das quais assume o nome de partido e, inclusive, de partido independente. Por isso, muitas vezes o Estado-Maior intelectual do partido orgânico não pertence a nenhuma dessas frações, mas opera como se fosse uma força dirigente em si mesma, superior aos partidos e às vezes reconhecida como tal pelo público. Esta função pode ser estudada com maior precisão se se parte do ponto de vista de que de um jornal (ou um grupo de jornais), uma revista (ou um grupo de revistas) são também "partidos", "frações de partido" ou "funções de determinados partidos",

*Antonio Gramsci (1891-1937), Cadernos do Cárcere, V. 3, p. 349, Civilização Brasileira, 2007

 

Poesia | Mensagem à Poesia - Vinicius de Moraes

 

Música | Marisa Monte - Depois