- Folha de S. Paulo
Em um governo pródigo em cometer erros, o recado deste domingo é que a cota de equívocos da presidente Dilma está próxima do seu limite, talvez quase sem espaço para novos desacertos.
Afinal, se de um lado houve uma sensação de alívio da parte do governo porque os protestos deste domingo tiveram uma adesão menor, por outro a pesquisa Datafolha mostrou que o nível de insatisfação dos brasileiros segue gigantesco.
Aumentou o apoio aos protestos, a maioria já quer a abertura de um processo de impeachment contra a presidente e o sentimento é de que o desemprego e a inflação vão subir.
Num clima negativo como este, os protestos não terem ganhado força é quase um motivo de comemoração, mas basta uma faísca, uma palavra mal colocada, uma derrapada do governo para estimular quem está muito insatisfeito a sair de casa.
Foi o que aconteceu em 15 de março. Dilma havia feito aquele pronunciamento desastrado, fora de hora. E o PT quis medir força com as ruas, destilando toda sua raiva. Resultado: açulou o desejo de quem queria protestar contra a presidente.
Agora, dizem os próprios assessores da petista, a cota de erros cometida entre um e outro evento diminuiu, tirando um pouco o fôlego dos protestos. Mas o terreno segue muito fértil para que sejam semeadas tempestades contra o governo.
O pior é que, antes de melhorar, tudo vai piorar. O desemprego vai aumentar, a inflação seguirá em alta e o país vai desacelerar ainda mais. Ingredientes que vão azedar e muito o humor dos brasileiros.
Daí que a presidente não tem mais chance de errar. Principalmente na política, onde sua última cartada, ao entregar o comando da área ao vice, Michel Temer, não pode falhar.
Caso contrário, o ajuste fiscal vai para o brejo. Sem ele, será o caos na economia e Dilma terá de recomeçar do zero. Pelos últimos lances, ela parece estar ciente desta realidade, o que já é um bom caminho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário