quarta-feira, 17 de dezembro de 2025

Ascensão de Flávio consolida favoritismo da reeleição de Lula e Tarcísio. Por Maria Cristina Fernandes

Valor Econômico

Pesquisa Genial/Quaest mostra liderança do senador entre postulantes da direita

pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta terça-feira (16) que mostra o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) como principal candidato de oposição consolida o favoritismo de duas candidaturas à reeleição, a do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Reeleição).

Junto com a espetacular exposição de seu nome e pré-candidatura, que lhe fez empatar com o pai na pesquisa espontânea, veio também a maiúscula rejeição do primogênito do ex-presidente. Além de julgarem que Bolsonaro errou (54%) ao lançá-lo, 62% dizem não votar nele de maneira alguma.

A candidatura Flávio Bolsonaro, portanto, se destina a preservar o bolsonarismo como principal força de oposição e a manter a bancada maiúscula do PL no Congresso. Se tem chances reduzidas de bater Lula, mesmo com a rejeição ao presidente chegando a 54%, o senador tem força suficiente para inviabilizar uma postulação nacional de Tarcísio de Freitas. Para uma reeleição garantida, não terá muito como fugir de um apoio a Flávio Bolsonaro para ter reciprocidade na recondução ao Palácio dos Bandeirantes.

Se o governador do Paraná, Ratinho Jr (13%), apesar de se menos conhecido, parece ser mais competitivo do que Tarcísio (10%) num cenário com Lula e Flávio, isso parece se dever, principalmente, à maior rejeição do governador de São Paulo junto ao eleitorado bolsonarista. Neste eleitorado, a rejeição ao governador paranaense é de 41% e a Tarcísio é de 51%.

A ver, ainda, se Ratinho Jr. se arriscará numa candidatura presidencial abandonando a chance de se eleger senador e garantir foro privilegiado ante a perspectiva de eleição do senador Sergio Moro (União-PR) para sua cadeira. Ainda que os partidos se unam para lhe negar legenda, a expectativa é que o Podemos lhe abra as portas.

A rejeição de Tarcísio parece movida pela determinação do bolsonarismo de não deixar florescer uma alternativa de oposição no principal Estado da federação, uma vez que Tarcísio abraçou a linha dura na segurança, vide a Operação Verão, que deixou 84 pessoas mortas na Baixada Santista entre julho de 2023 e abril de 2024, a de maior letalidade desde o massacre do Carandiru, em 1992, com 111 mortos.

Tarcísio ainda buscou aproximação com o pastor Silas Malafais, colocou o boné de Donald Trump ainda na campanha americana e demorou a criticar o tarifaço a despeito do Estado que governa ter sido o mais prejudicado. Nada disso foi suficiente para diminuir essa rejeição.

O espírito desse bolsonarismo recalcitrante parece ter encontrado sua melhor tradução na atitude do cantor Zezé de Camargo, que pediu ao SBT para não transmitir seu especial de Natal, já gravado, por ter discordado da receptividade da emissora, na inauguração do seu canal de notícias, a um rol de autoridades que foi de Lula ao ministro do STF, Alexandre de Moraes, passando pelo governador Tarcísio de Freitas e o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, que passaram uma boa parte do tempo conversando com o presidente.

“Me identifiquei muito com ele. Foi um show de horrores”, disse Flávio Bolsonaro, referindo-se ao cantor. A despeito de convergir com Zezé de Camargo e criticar a emissora, o senador resolveu não copiá-lo. Confirmou participação no programa de Ratinho, pai do governador do Paraná, na mesma emissora, na noite desta terça-feira.

A pesquisa que trouxe Flávio na liderança desnorteou, particularmente, o Centrão. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), se antecipou. Reaproximou-se de Lula, pautou e aprovou projetos de interesse do governo na noite de segunda e anunciou, nesta terça, que pautaria a cassação do deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), numa diligência que contrasta com a leniência em relação àquela da ex-deputada Carla Zambelli (PL-SP), alvo da mesma decisão do ministro Alexandre de Moraes.

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