Valor Econômico
Pesquisa Genial/Quaest mostra liderança do
senador entre postulantes da direita
A pesquisa
Genial/Quaest divulgada nesta terça-feira (16) que mostra o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) como
principal candidato de oposição consolida o favoritismo de duas candidaturas à
reeleição, a do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva (PT) e a do governador de São
Paulo, Tarcísio de Freitas
(Reeleição).
Junto com a espetacular exposição de seu nome e pré-candidatura, que lhe fez empatar com o pai na pesquisa espontânea, veio também a maiúscula rejeição do primogênito do ex-presidente. Além de julgarem que Bolsonaro errou (54%) ao lançá-lo, 62% dizem não votar nele de maneira alguma.
A candidatura Flávio
Bolsonaro, portanto, se destina a preservar o bolsonarismo como principal força
de oposição e a manter a bancada maiúscula do PL no Congresso. Se tem chances
reduzidas de bater Lula, mesmo com a rejeição ao presidente chegando a 54%, o
senador tem força suficiente para inviabilizar uma postulação nacional de
Tarcísio de Freitas. Para uma reeleição garantida, não terá muito como fugir de
um apoio a Flávio Bolsonaro para ter reciprocidade na recondução ao Palácio dos
Bandeirantes.
Se o governador do Paraná, Ratinho Jr (13%), apesar
de se menos conhecido, parece ser mais competitivo do que Tarcísio (10%) num
cenário com Lula e Flávio, isso parece se dever, principalmente, à maior
rejeição do governador de São Paulo junto ao eleitorado bolsonarista. Neste
eleitorado, a rejeição ao governador paranaense é de 41% e a Tarcísio é de 51%.
A ver, ainda, se Ratinho Jr. se arriscará
numa candidatura presidencial abandonando a chance de se eleger senador e
garantir foro privilegiado ante a perspectiva de eleição do senador Sergio Moro (União-PR) para
sua cadeira. Ainda que os partidos se unam para lhe negar legenda, a
expectativa é que o Podemos lhe abra as portas.
A rejeição de Tarcísio parece movida pela
determinação do bolsonarismo de não deixar florescer uma alternativa de
oposição no principal Estado da federação, uma vez que Tarcísio abraçou a linha
dura na segurança, vide a Operação
Verão, que deixou 84 pessoas mortas na Baixada Santista entre
julho de 2023 e abril de 2024, a de maior letalidade desde o massacre do
Carandiru, em 1992, com 111 mortos.
Tarcísio ainda buscou aproximação com o
pastor Silas Malafais,
colocou o boné de Donald
Trump ainda na campanha americana e demorou a criticar o
tarifaço a despeito do Estado que governa ter sido o mais prejudicado. Nada
disso foi suficiente para diminuir essa rejeição.
O espírito desse bolsonarismo recalcitrante
parece ter encontrado sua melhor tradução na atitude do cantor Zezé de Camargo, que pediu ao
SBT para não transmitir seu especial de Natal, já gravado, por ter discordado
da receptividade da emissora, na inauguração do seu canal de notícias, a um rol
de autoridades que foi de Lula ao ministro do STF, Alexandre de Moraes, passando
pelo governador Tarcísio de Freitas e o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, que passaram uma
boa parte do tempo conversando com o presidente.
“Me identifiquei muito com ele. Foi um show
de horrores”, disse Flávio Bolsonaro, referindo-se ao cantor. A despeito de
convergir com Zezé de Camargo e criticar a emissora, o senador resolveu não
copiá-lo. Confirmou participação no programa de Ratinho, pai do governador do
Paraná, na mesma emissora, na noite desta terça-feira.
A pesquisa que trouxe Flávio na liderança desnorteou, particularmente, o Centrão. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), se antecipou. Reaproximou-se de Lula, pautou e aprovou projetos de interesse do governo na noite de segunda e anunciou, nesta terça, que pautaria a cassação do deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), numa diligência que contrasta com a leniência em relação àquela da ex-deputada Carla Zambelli (PL-SP), alvo da mesma decisão do ministro Alexandre de Moraes.

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