DEU NA FOLHA DE S. PAULO
RIO DE JANEIRO - Muito se fala que a eleição presidencial deste ano será a primeira, desde o fim da ditadura, sem o nome de Lula nas cédulas. Caminha para ser, também, a primeira sem oferta de utopias.
Mesmo quem discordava de Lula podia reconhecer que ele, um ex-operário à frente de um partido popular, encarnava, nas suas primeiras quatro disputas (89, 94, 98, 2002), anseios grandiosos de segmentos da população.
Em 2006, como candidato à reeleição, seu papel foi o de exaltar as conquistas pragmáticas e evitar o tema mensalão.
Mas havia Cristovam Buarque com seu discurso monotemático: educação, educação, educação. Nenhuma diversidade, pouco carisma, míseros votos. Quem queria sonhar, no entanto, tinha a pregação do senador como acalanto.
Marina Silva adotou para si a classificação de "mantenedora de utopias". Sua bela história de vida, sua honestidade e a consistência de seu discurso ecológico favoreciam o rótulo.
Já havia, porém, questões capazes de enfraquecê-lo. Evangélica, Marina é contra o direito ao aborto, às pesquisas com células-tronco embrionárias e ao casamento entre pessoas do mesmo sexo. Defende o debate sobre os temas, mas muito dificilmente adotaria como política de Estado algo que se choca com suas convicções religiosas.
E, como a Folha mostrou na última quinta-feira, embora sejam mínimas as chances de vitória, o PV retirou do programa de governo referências à descriminalização da maconha, ao fim do serviço militar obrigatório e à sobretaxação de produtos que agridem a natureza.
Retirou utopias.
Cristaliza-se o confronto entre dois candidatos de discurso economicista, tecnicista. À moda americana, cristaliza-se um bipartidarismo de ideias espelhadas. Sem Bush, mas sem Obama.
RIO DE JANEIRO - Muito se fala que a eleição presidencial deste ano será a primeira, desde o fim da ditadura, sem o nome de Lula nas cédulas. Caminha para ser, também, a primeira sem oferta de utopias.
Mesmo quem discordava de Lula podia reconhecer que ele, um ex-operário à frente de um partido popular, encarnava, nas suas primeiras quatro disputas (89, 94, 98, 2002), anseios grandiosos de segmentos da população.
Em 2006, como candidato à reeleição, seu papel foi o de exaltar as conquistas pragmáticas e evitar o tema mensalão.
Mas havia Cristovam Buarque com seu discurso monotemático: educação, educação, educação. Nenhuma diversidade, pouco carisma, míseros votos. Quem queria sonhar, no entanto, tinha a pregação do senador como acalanto.
Marina Silva adotou para si a classificação de "mantenedora de utopias". Sua bela história de vida, sua honestidade e a consistência de seu discurso ecológico favoreciam o rótulo.
Já havia, porém, questões capazes de enfraquecê-lo. Evangélica, Marina é contra o direito ao aborto, às pesquisas com células-tronco embrionárias e ao casamento entre pessoas do mesmo sexo. Defende o debate sobre os temas, mas muito dificilmente adotaria como política de Estado algo que se choca com suas convicções religiosas.
E, como a Folha mostrou na última quinta-feira, embora sejam mínimas as chances de vitória, o PV retirou do programa de governo referências à descriminalização da maconha, ao fim do serviço militar obrigatório e à sobretaxação de produtos que agridem a natureza.
Retirou utopias.
Cristaliza-se o confronto entre dois candidatos de discurso economicista, tecnicista. À moda americana, cristaliza-se um bipartidarismo de ideias espelhadas. Sem Bush, mas sem Obama.
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