DEU EM O GLOBO
Partido nega ligação da quebra de sigilo com a campanha de Dilma e atribui caso a suposta briga interna no PSDB
Maria Lima, Cristiane Jungblut e Gerson Camarotti
BRASÍLIA. O comando da campanha de Dilma Rousseff (PT) definiu, logo nas primeiras horas da manhã de ontem, a estratégia de disseminar a ideia de que a quebra de sigilo de tucanos teve origem em Minas Gerais e teria sido fruto de divergências internas no PSDB. Apesar das evidências da ligação estabelecida este ano entre integrantes da campanha petista e o jornalista Amaury Ribeiro Junior, acusado pela Polícia Federal de ser o mandante da violação do sigilo, os integrantes da campanha foram para o ataque.
Além de negar envolvimento do partido e da presidenciável petista na elaboração de dossiês relacionados ao caso Eduardo Jorge, vice-presidente do PSDB, o presidente do PT, José Eduardo Dutra, foi o primeiro a insinuar que os dados serviriam à disputa interna entre os tucanos Aécio Neves (MG) e José Serra (SP) pela vaga de candidato a presidente pelo PSDB, no segundo semestre do ano passado.
- O único contrato dele (Amaury) era com o (Luiz) Lanzetta (dono da Lanza Comunicação), que era contratado pela campanha. Mas eu nem conheço o Amaury. A nossa afirmação é a mesma desde o início. Nunca encomendamos ou mandamos elaborar um dossiê - disse Dutra. - Parece mais uma briga instalada dentro do tucanato que quiseram colocar no nosso colo.
"Itagiba, além de tucano, é um araponga contumaz"
À tarde, Dutra convocou a imprensa para anunciar que pedira a abertura de inquérito para investigar a existência de uma central de espionagem que seria liderada pelo deputado Marcelo Itagiba (PSDB-RJ):
- O Marcelo Itagiba, além de ser tucano, é um araponga contumaz.
Dutra negou que alguém do PT ou responsável pela campanha de Dilma tenha pagado o aluguel de um flat para Amaury durante a pré-campanha. Dutra disse que a ligação do jornalista era com Luiz Lanzetta, este, sim, contratado pela campanha, mas sem cargo na coordenação de Comunicação.
- O que sei é que nem eu nem o Palocci nem o José Eduardo Cardozo pagamos flat para esse jornalista. Negamos categoricamente essa informação. Se alguém ligado à campanha ou do PT pagou, gostaríamos de saber quem. Se o Lanzetta pagou, eu não sei. A campanha nunca teve conhecimento desses dados ou suposto dossiê, que, aliás, gostaria de ver publicado. Não temos qualquer responsabilidade nesse episódio - disse Dutra, apesar de a própria PF ter dito que Amaury foi hospedado por um petista.
André Vargas diz que dossiê era para proteger Aécio
Com a estratégia de tentar desviar o noticiário negativo da campanha de Dilma, a ordem foi de insistir com a versão de que a quebra de sigilo foi feita pelo jornalista, que, na ocasião, era contratado pelo jornal "O Estado de Minas".
- Caiu por terra a tentativa do Serra de botar uma estrela no bicho. Esse bicho tem pernas, bico e penas de tucano - disse Dutra, afirmando que o relato da PF mostra a existência de uma central de espionagem para investigar Aécio Neves.
Pelo Twitter, o secretário de comunicação do PT, deputado André Vargas (PR), explicitou as acusações de que o dossiê estava sendo feito para defender Aécio de ataques do próprio Serra:
- Foi o Aécio que fez (o dossiê) para se proteger do Itagiba e da cachorrada do Serra que teriam flagrado o tucano em situações constrangedoras.
Outra estratégia definida pela manhã foi de isolar o nome do jornalista Amaury Ribeiro da pré-campanha. Dilma foi orientada a dar essa versão quando questionada pela imprensa, mas ela evitou falar sobre o assunto após participar de evento com integrantes do PV, alegando que daria entrevista à tarde em São Paulo.
Ao mesmo tempo, os petistas avaliam que o impacto da notícia será restrito. Segundo um coordenador de campanha, a nova evidência seria apenas "mais do mesmo".
O que mais preocupa a cúpula petista é qualquer tipo de desdobramento do caso Erenice Guerra, que foi demitida da Casa Civil depois de evidências de tráfico de influência de parentes. Isso teria poder de destruição bem maior do que os desdobramentos da quebra de sigilo, reconheceu um coordenador de campanha.
Partido nega ligação da quebra de sigilo com a campanha de Dilma e atribui caso a suposta briga interna no PSDB
Maria Lima, Cristiane Jungblut e Gerson Camarotti
BRASÍLIA. O comando da campanha de Dilma Rousseff (PT) definiu, logo nas primeiras horas da manhã de ontem, a estratégia de disseminar a ideia de que a quebra de sigilo de tucanos teve origem em Minas Gerais e teria sido fruto de divergências internas no PSDB. Apesar das evidências da ligação estabelecida este ano entre integrantes da campanha petista e o jornalista Amaury Ribeiro Junior, acusado pela Polícia Federal de ser o mandante da violação do sigilo, os integrantes da campanha foram para o ataque.
Além de negar envolvimento do partido e da presidenciável petista na elaboração de dossiês relacionados ao caso Eduardo Jorge, vice-presidente do PSDB, o presidente do PT, José Eduardo Dutra, foi o primeiro a insinuar que os dados serviriam à disputa interna entre os tucanos Aécio Neves (MG) e José Serra (SP) pela vaga de candidato a presidente pelo PSDB, no segundo semestre do ano passado.
- O único contrato dele (Amaury) era com o (Luiz) Lanzetta (dono da Lanza Comunicação), que era contratado pela campanha. Mas eu nem conheço o Amaury. A nossa afirmação é a mesma desde o início. Nunca encomendamos ou mandamos elaborar um dossiê - disse Dutra. - Parece mais uma briga instalada dentro do tucanato que quiseram colocar no nosso colo.
"Itagiba, além de tucano, é um araponga contumaz"
À tarde, Dutra convocou a imprensa para anunciar que pedira a abertura de inquérito para investigar a existência de uma central de espionagem que seria liderada pelo deputado Marcelo Itagiba (PSDB-RJ):
- O Marcelo Itagiba, além de ser tucano, é um araponga contumaz.
Dutra negou que alguém do PT ou responsável pela campanha de Dilma tenha pagado o aluguel de um flat para Amaury durante a pré-campanha. Dutra disse que a ligação do jornalista era com Luiz Lanzetta, este, sim, contratado pela campanha, mas sem cargo na coordenação de Comunicação.
- O que sei é que nem eu nem o Palocci nem o José Eduardo Cardozo pagamos flat para esse jornalista. Negamos categoricamente essa informação. Se alguém ligado à campanha ou do PT pagou, gostaríamos de saber quem. Se o Lanzetta pagou, eu não sei. A campanha nunca teve conhecimento desses dados ou suposto dossiê, que, aliás, gostaria de ver publicado. Não temos qualquer responsabilidade nesse episódio - disse Dutra, apesar de a própria PF ter dito que Amaury foi hospedado por um petista.
André Vargas diz que dossiê era para proteger Aécio
Com a estratégia de tentar desviar o noticiário negativo da campanha de Dilma, a ordem foi de insistir com a versão de que a quebra de sigilo foi feita pelo jornalista, que, na ocasião, era contratado pelo jornal "O Estado de Minas".
- Caiu por terra a tentativa do Serra de botar uma estrela no bicho. Esse bicho tem pernas, bico e penas de tucano - disse Dutra, afirmando que o relato da PF mostra a existência de uma central de espionagem para investigar Aécio Neves.
Pelo Twitter, o secretário de comunicação do PT, deputado André Vargas (PR), explicitou as acusações de que o dossiê estava sendo feito para defender Aécio de ataques do próprio Serra:
- Foi o Aécio que fez (o dossiê) para se proteger do Itagiba e da cachorrada do Serra que teriam flagrado o tucano em situações constrangedoras.
Outra estratégia definida pela manhã foi de isolar o nome do jornalista Amaury Ribeiro da pré-campanha. Dilma foi orientada a dar essa versão quando questionada pela imprensa, mas ela evitou falar sobre o assunto após participar de evento com integrantes do PV, alegando que daria entrevista à tarde em São Paulo.
Ao mesmo tempo, os petistas avaliam que o impacto da notícia será restrito. Segundo um coordenador de campanha, a nova evidência seria apenas "mais do mesmo".
O que mais preocupa a cúpula petista é qualquer tipo de desdobramento do caso Erenice Guerra, que foi demitida da Casa Civil depois de evidências de tráfico de influência de parentes. Isso teria poder de destruição bem maior do que os desdobramentos da quebra de sigilo, reconheceu um coordenador de campanha.
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