Revisão da estimativa foi a maior entre os maiores países emergentes, já que o Fundo previa 4,5% este ano; para 2012, recuo foi de 4,1% para 3,6%
Andréia Lago e Ricardo Leopoldo
Entre os maiores países emergentes, o Brasil foi alvo da maior revisão nas estimativas do Fundo Monetário Internacional (FMI) no segundo trimestre deste ano, com revisão na estimativa de crescimento de 4,5% para 4,1% em 2011 e de 4,1% para 3,6% em 2012. Segundo o economista-chefe e diretor do Departamento de Pesquisa do FMI, Olivier Blanchard, a revisão se deve ao fato de que alguns indicadores recentes vieram mais fracos que o esperado em abril, quando foi divulgado o World Economic Outlook, em Washington.
Em entrevista exclusiva à Agência Estado, em São Paulo, Blanchard acrescentou que a nova estimativa de crescimento da economia brasileira também prevê que a política monetária terá de ser um pouco mais apertada. "Isso vai resultar num crescimento mais fraco, e é uma das principais razões para a revisão."
Sobre a inflação no País, o economista-chefe do FMI não mostrou grande preocupação e previu que o IPCA retornará ao centro da meta, de 4,5%, em 2012. "Poderia ser um problema, mas o BC está bem ciente disso."
Questionado sobre alertas recentes de economistas de mercado, como Nouriel Roubini, sobre a possibilidade de um "hard landing" da economia chinesa, Blanchard disse que sempre há alertas desse tipo sobre a China que acabam não se confirmando.
Blanchard reconheceu que existe a possibilidade de os preços dos imóveis estarem muito elevados em alguns lugares da China, mas avalia que, mesmo que caiam muito, não haverá efeitos semelhantes à crise dos EUA.
América Latina. A revisão do relatório prevê um avanço "robusto" do crescimento da América Latina e Caribe, que deve superar 4,6% em 2011 e 4,1% no próximo ano, e alerta para o risco de superaquecimento na região. "A expansão tem sido mais forte na América do Sul, onde os preços altos de commodities e as boas condições de financiamento externo estão alimentando a demanda doméstica", afirma o relatório, divulgado ontem em São Paulo.
"O hiato do produto fechou na maior parte da região e começam a aparecer sinais de sobreaquecimento: a inflação está subindo, déficits de transações correntes estão aumentando e o crédito e preços de ativos estão crescendo rapidamente", diz o documento do FMI.
No caso dos mercados emergentes, a aceleração da demanda, com maior consumo de alimentos e combustíveis, está pressionando os índices de preços para cima. As altas de preços, alerta o Fundo, estão aumentando o desafio de governos para conter a inflação e proteger os cidadãos mais pobres.
O FMI afirma que a inflação mundial acelerou de 3,5% no fim de 2010 para 4% entre janeiro e março deste ano, superando em 0,25 ponto porcentual o índice projetado em abril. Segundo o documento, isso se deve ao aumento acima do esperado nos preços das commodities.
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
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