Líder aliado se queixa do tratamento recebido pelo Congresso
BRASÍLIA. A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, que está na linha de frente junto com os líderes governistas no Congresso, tem intensificado suas conversas com os aliados. Mas poucas vezes aparece em público para apaziguar, fazer um gesto de conciliação.
Estreante num cargo eletivo, Dilma raramente toma a iniciativa de ligar para um líder partidário, por exemplo. Quando o faz, informa o interlocutor sobre sua posição e, desajeitada, acaba atropelando a pessoa designada para a missão de negociar. Uma das coisas mais difíceis para Dilma, segundo auxiliares próximos a ela, é ter de lidar com o Parlamento.
Quem tem mais experiência política no Planalto chega a discordar da forma com que Dilma executa suas decisões e alerta a presidente sobre os riscos de manter permanentemente a estratégia de recrudescer a relação, pois o clima pode piorar ainda mais. No entanto quem está subordinado a Dilma não se atreve a descumprir suas determinações.
- Para cada novo papel que eu desempenho, tenho que assumir uma nova postura. A presidenta Dilma dá uma ordem, e eu cumpro. Isso está muito claro para mim - disse a ministra Ideli Salvatti.
Insatisfação de aliados é com mudança radical
A ministra reconhece que sua tarefa, durante a crise, está longe de terminar e que ainda terá que conversar muito com os líderes dos partidos da base para que tudo se resolva.
- Muita hora nessa calma - brinca Ideli.
Boa parte da insatisfação dos aliados do governo é com a mudança radical que Dilma imprimiu ao estilo do ex-presidente Lula. Na época de Lula, era ele quem comandava pessoalmente a articulação política e dava suporte ao ministro da área - ainda assim, sofria derrotas no Congresso. Na avaliação de um ministro de Lula, cabe ao coordenador político fazer a intermediação entre o que querem os parlamentares e o que o governo pode dar. No governo Dilma, segundo esse ministro, o procedimento agora é partir para o embate.
- O cargo da ministra Ideli só existe se atrás dele houver gosto pela política - disse.
- O governo trata os parlamentares como se o Congresso fosse um departamento do governo - queixa-se um líder aliado, sem esperança de que os políticos voltarão a ter os afagos e agrados que recebiam do ex-presidente Lula.
FONTE: O GLOBO
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