Raymundo Costa
BRASÍLIA - FHC com Aécio: um dos mais ativos defensores da candidatura de Aécio, ex-presidente acha que senador mineiro deveria lançar já sua postulação
O PSDB deve antecipar o congresso previsto para este ano, a fim de atualizar o programa do partido. O encontro deve ocorrer no máximo até o fim de maio, quando os tucanos planejam eleger o senador Aécio Neves para presidente da sigla.
No segundo semestre, Aécio deve viajar pelo país, já com um discurso configurado pelo novo programa. Encontros cada vez mais frequentes com economistas, acadêmicos e empresários levaram a cúpula do PSDB a acreditar que a presidente Dilma Rousseff terá problemas para se reeleger em 2014.
Além dos encontros com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o ex-senador Tasso Jereissati e os economistas Pedro Malan, Armínio Fraga e Edmar Bacha, o senador mineiro também já fez uma rodada de conversas com boa parte do PIB nacional - desde os bancos de investimentos às grandes empreiteiras nacionais.
O Valor apurou que os empresários, todos de peso mas que pediram para não ser identificados, têm demonstrado grande apreensão com o que chamam de "intervencionismo" do governo Dilma Rousseff. Apesar de o discurso de Aécio ser mais favorável a parcerias com o setor privado, boa parte dos empresários duvida que o tucano seja efetivamente candidato em 2014.
Fernando Henrique Cardoso é um dos mais ativos defensores da candidatura de Aécio pelo PSDB. Por ele, o senador mineiro lançaria já sua candidatura. FHC também tem servido de cicerone para os encontros de Aécio Neves com os economistas, acadêmicos das mais diversas áreas e os pesos-pesados da economia. Fernando Henrique considera que Aécio deve se posicionar logo como o "líder" de uma candidatura de oposição ao PT.
Politicamente, o presidente nacional do PSDB, deputado Sérgio Guerra, resume a avaliação do partido para 2013: "O ano começa com expectativas novas, e elas não são boas: a crise mundial permanece, o governo é cada vez mais refém do PMDB, está operacionalmente complicado e agora corre o risco de ter de administrar um "apagão" elétrico".
Segundo o presidente do PSDB, está evidente que o governo Dilma é "operacionalmente" incapaz. Ele diz que as obras da Transnordestina "estão sendo paralisadas", a refinaria de Pernambuco "é um escândalo" e que não vê possibilidade - devido à incapacidade operacional e gerencial do governo - de a presidente cumprir os novos prazos para a transposição do rio São Francisco".
"Como a presidente vai reduzir a tarifa da energia, se ao mesmo tempo convoca uma reunião para discutir "apagão" e racionamento de energia? É uma incoerência. Falta transparência ao governo nessa discussão". Guerra também chama a atenção para a situação financeira dos municípios, segundo o tucano, precária pois foi deles que a equipe econômica tirou o dinheiro para fazer as desonerações da linha branca e da indústria automobilística - o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) compõe o Fundo de Participação dos Municípios (FPM).
A base do governo, por outro lado, segundo a avaliação da cúpula do PSDB, "não tem nenhuma unidade" e ficará mais fragilizada à medida que se fortaleçam opções surgidas dentro da própria coalizão governista, caso do governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos.
A oposição também tem seus problemas, reconhece Sérgio Guerra, especialmente a falta de unidade e de um discurso mais vigoroso que seja entendido pela população. Esse discurso deve ser o programa a ser aprovado no congresso tucano.
Nos próximos dias, Guerra e Aécio devem se reunir para definir a data. A intenção é que o seminário seja realizado ainda sob a gestão de Guerra, cujo mandato se encerra em maio.
A cúpula do PMDB, majoritariamente aecista, está especialmente atenta à situação do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que em tese pode ser um postulante à indicação do partido em 2014. A ideia é ajudá-lo em tudo o que for possível para que dispute a reeleição em São Paulo. Não se acredita na possibilidade de José Serra, candidato em 2002 e 2010, deixar o PSDB ou trocar de sigla.
Os primeiros meses de 2013 serão dedicados à agenda legislativa e à reconstrução do PSDB no Rio de Janeiro, Bahia e Rio Grande do Sul, todos grandes colégios eleitorais, especialmente Rio e Bahia, Estados onde os tucanos têm sucessivamente sofrido derrotas humilhantes. Aécio já deve atuar nessas articulações, o que deve incluir conversas difíceis como com a seção baiana, um tradicional reduto serrista dos tucanos.
No segundo semestre, se tudo ocorrer como planejado pela maioria da cúpula do PSDB, Aécio, já na condição de presidente do partido, começa as conversas com os líderes e dirigentes de outras siglas. Os tucanos não conseguem esconder que procuram por um nome forte no Rio de Janeiro. Já se especulou até sobre a possibilidade de Marina Silva ser atraída para o projeto. Questionado, Sérgio Guerra se limita a sorrir e dizer: "Esse Aécio tem uma sorte!".
Fonte: Valor Econômico
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