Quando autoridades monetárias apregoam que as suas estatísticas, os seus relatórios, a sua contabilidade estão dentro da normalidade e as adequações eventualmente feitas seguem as possibilidades abertas pela legislação vigente, todas as luzes de alerta e alarmes devem ser acionados.
Os artifícios contábeis utilizados para o fechamento das contas públicas federais de 2012 dentro das metas de ajuste fiscal, com a antecipação de créditos de estatais e glosa semântica de despesas chamando-as de investimentos, obviamente não são ilegais, porque se fossem não poderiam ser feitos, muito menos o Ministro da Fazenda e o presidente do Banco Central poderiam aplicá-los sem incorrer em crime de responsabilidade.
Ao deparar com coisas desse tipo, voltam sempre à memória algumas frases lugares-comuns, tais como: dinheiro não suporta desaforo; quem dá o que tem, a pedir vem; é a economia, estúpido!; o pior cego é aquele que não quer ver; e assim por diante...
O auto-engano pode servir para dar alguma rápida satisfação pessoal e até mesmo alimentar bravatas políticas, sustentar publicidade oficial, proporcionar argumentos para propaganda política e institucional, porém os números e os índices - inflação, PIB, balanço de pagamentos, investimentos, nível de emprego, inadimplência de empresas e famílias - são objetivos, implacáveis e menos sensíveis à artifícios de cálculo com cobertura legal.
A situação é muito parecida com a posse de Genoíno como deputado. A origem dos agentes é a mesma, bem como a justificativa moral alicerçada em que os feitos têm legalidade. Tudo indica que o resultado também será o mesmo: mais cedo ou mais tarde a realidade cobrará o seu preço.
Urbano Patto é Arquiteto-Urbanista, Mestre em Gestão e Desenvolvimento Regional, Secretário do Partido Popular Socialista - PPS - de Taubaté e membro Conselho Fiscal do PPS do Estado de São Paulo. Comentários, sugestões e críticas para urbanopatto@hotmail.com
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