Tucano mostra disposição eleitoral e acusa Dilma de só fazer campanha na TV
SÃO PAULO - Há três anos sem ocupar postos na vida pública, o ex-governador de São Paulo José Serra deixou claro ontem que não pretende interromper sua trajetória eleitoral e que ainda espera exercer cargos políticos. Em discurso na Convenção do PSDB de São Paulo, o tucano lembrou que já ocupou muitas funções públicas e destacou que, quando foi eleito líder do partido no governo de Fernando Collor, em 1991, deixou o posto de dirigente estadual da sigla por ter considerado "impróprio acumular cargos".
A declaração do tucano, que tem cogitado deixar a sigla, foi feita no momento em que o senador mineiro Aécio Neves articula apoio para acumular os postos de dirigente nacional do partido e candidato da legenda ao Palácio do Planalto. Se não deixar o partido, aliados do ex-governador acreditam que ele deverá disputar, em 2014, um cargo no Senado ou na Câmara.
- Eu já tive muitos cargos na minha vida e espero ainda ter mais - ressaltou o tucano, sem especificar que posto pretende ocupar.
Em um discurso com duras críticas ao governo federal, Serra acusou a presidente Dilma Rousseff de ter passado seus primeiros anos de mandato fazendo campanha eleitoral em cadeia de televisão, e avaliou que a economia nacional está patinando. Para ele, o país sofre a volta da inflação e o PT tem agido contra a liberdade de imprensa e a alternância de poder.
- O Brasil está patinando, está paralisado porque anda servindo exclusivamente a um projeto de poder e a um projeto eleitoral. Eu li nos jornais que o governo federal estaria satisfeito com a possibilidade de a economia crescer 2% ao ano, o que permitiria a eleição da presidente. O que o governo fez até agora? Foram anos de perplexidade com a herança do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva - criticou.
Antes da chegada de Serra ao evento, que elegeu o deputado federal Duarte Nogueira presidente do diretório estadual estadual, a eventual saída do tucano do PSDB chegou a ser criticada. Em discurso, o então presidente estadual da legenda, Pedro Tobias, afirmou que quem ameaça sair do partido por ter perdido uma eleição nunca foi um partidário de verdade. Além de Serra, o vereador Andrea Matarrazzo tem cogitado deixar a sigla.
- Não se pode abandonar o partido porque se perdeu uma batalha. Quem pensa assim, nunca foi do partido - criticou Tobias.
Na tentativa de apaziguar os ânimos, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, pregou a unidade da sigla e afirmou que errarão "redondamente" aqueles que apostarem na desunião do partido. Entre as críticas ao governo federal, o tucano ressaltou que "não há política sem ética", e defendeu a realização de reformas no país para que não seja repetido em 2013 um Produto Interno Bruto (PIB) "raquítico".
- O Brasil precisa fazer reformas para não ser o último da fila, para não ser o país do pibinho raquítico - criticou.
Às vésperas da entrada do PSD na Esplanada dos Ministérios, o governador de São Paulo alfinetou o partido do ex-prefeito Gilberto Kassab, criado em 2011. Para ele, há legendas demais no país, as quais trocam a oposição pelo governo.
- O PSDB não é mais um, até porque o Brasil já tem legenda demais. Ele nasceu para fazer a diferença, e não foi fácil. Hoje, geralmente, se faz o caminho da oposição para o governo. Nós fomos os únicos que fizemos o caminho contrário: éramos governo e, para sermos coerentes, fomos para a oposição - afirmou.
Em reunião hoje na capital paulista, a presidente Dilma Rousseff deve convidar o vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, para assumir o Ministério da Micro e Pequena Empresa. Alckmin disse ontem que ainda não foi informado pelo vice de sua saída.
Fonte: O Globo
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