Raquel Ulhôa
BRASÍLIA - Com o lançamento de sua pré-candidatura previsto para o fim do mês de março, em São Paulo, Aécio Neves (PSDB-MG) está prestes a concluir a formação da equipe que vai trabalhar em sua campanha eleitoral. Ainda há indefinições, mas os nomes que estão praticamente definidos mostram o peso de São Paulo e a influência do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para a candidatura à Presidência da República. Há até pessoas próximas ao ex-governador José Serra.
O comando político estará a cargo de parlamentares tucanos, pelo menos enquanto não há alianças formalizadas com outros partidos: os senadores Aloysio Nunes Ferreira (SP) e Cássio Cunha Lima (PB) e os deputados Duarte Nogueira (SP) e Carlos Sampaio (SP). Líder da bancada no Senado, Aloysio Nunes é amigo de Serra e aproximou-se de Aécio no Senado. É um dos nomes cotados para ocupar a vaga de vice-presidente na chapa, assunto ainda em aberto.
A missão de Duarte Nogueira será fazer ligação da eleição nacional com a de São Paulo, planejando atividades em comum com o governador Geraldo Alckmin, entre outras coisas. Já Carlão - como Carlos Sampaio é conhecido -, promotor de justiça, vai coordenar o grupo de advogados responsáveis pelas ações jurídicas da campanha.
A equipe de campanha será dividida em colegiados. Um deles será responsável pela comunicação. Outros grupos, separados por temas (segurança pública, saúde, agronegócio e política externa, por exemplo), estarão encarregados de ajustar a relação do candidato com os setores da sociedade. Esses grupos também darão subsídios para as falas de Aécio e outros tucanos em entrevistas, debates e palestras.
Esses colegiados setoriais também vão contribuir para a elaboração do programa de governo, tarefa que terá coordenação do governador Antonio Anastasia (MG). Ele deixará o governo para disputar o Senado. Até julho, a principal missão de Anastasia será comandar o plano de governo.
Uma das áreas prioritárias na campanha tucana será a segurança pública. Para cuidar do núcleo encarregado do assunto, o senador convidou o sociólogo Claudio Beato, diretor do Centro de Estudos em Criminalidade e Segurança Pública da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
O agronegócio ficará nas mãos de João Sampaio - presidente do Conselho Superior do Agronegócio da Federação das Indústrias de São Paulo (Cosag-Fiesp) e ex-secretário estadual de Agricultura no governo José Serra - e do ex-ministro Alysson Paulinelli.
Convidado para atuar na campanha de Aécio, por indicação de FHC, Sampaio conversou com Serra, que não apresentou objeção. Paulinelli, mineiro, foi ministro da Agricultura de 15 de março de 1974 a 1979 (governo Ernesto Geisel), presidiu a Confederação Nacional da Agricultura e foi deputado federal por Minas pelo ex-PFL.
Ministro da Saúde no primeiro governo Fernando Henrique Cardoso, Barjas Negri estará à frente do grupo da campanha de Aécio responsável pelos assuntos relativos à saúde. Barjas foi secretário-executivo no ministério na gestão de Serra e o substituiu no cargo. Os dois têm boa relação e a competência de Negri é elogiada pelo ex-governador. Economista, foi coordenador de políticas sociais e planejamento do Estado de São Paulo na gestão Franco Montoro.
Foi na equipe econômica de FHC que o presidenciável tucano buscou alguns dos principais colaboradores de sua campanha na área econômica. É considerada certa a participação de Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, Edmar Bacha, integrante da equipe econômica que instituiu o Plano Real (no governo Itamar Franco), e José Roberto Mendonça de Barros, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda entre 1995 e 1998.
Também integram o núcleo formado por Aécio os economistas Samuel Pessoa, professor da Fundação Getulio Vargas (RJ) e chefe do Centro de Crescimento Econômico do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV), e Mansueto de Almeida Júnior, técnico de planejamento e pesquisa do Ipea e ex-coordenador-geral de Política Monetária e Financeira na Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda (1995-97). Foi assessor econômico do ex-senador Tasso Jereissati (CE), político próximo de Aécio.
Os temas relacionados à questão ambiental já estão sendo tratados pelo engenheiro e consultor José Carlos Carvalho - também ex-ministro de FHC (Meio Ambiente) e ex-secretário do Meio Ambiente de Minas Gerais no governo de Aécio - e o ex-deputado Fábio Feldman, ex-secretário estadual de São Paulo (governo Mário Covas). Carvalho e Feldman reuniram dezenas de representantes do setor com o senador. Apresentam propostas para o plano de governo e para o partido na área ambiental.
Para orientar a campanha nas questões de política externa, Aécio convocou Rubens Barbosa, ex-embaixador do Brasil em Londres e em Washington (governo FHC) e presidente do Conselho Superior de Comércio Exterior da Fiesp, e Celso Lafer, ex-ministro das Relações Exteriores no governo FHC.
Para não se submeter às decisões de um único marqueteiro na disputa pela Presidência da República, Aécio decidiu formar um colegiado com profissionais da área de comunicação e marketing político de diferentes agências ou independentes. O publicitário Paulo Vasconcelos, que atuou em campanhas do PSDB de Minas Gerais, inclusive de Aécio, é um nome tido como certo para estar à frente desse grupo.
Ainda na área da comunicação, a campanha contará com um núcleo específico para as ações na internet, que vai trabalhar sob a coordenação do ex-deputado Xico Graziano, diretor do Instituto Fernando Henrique Cardoso. Ele atuou na campanha de Serra ao Palácio do Planalto em 2010, mas se afastaram.
O deputado Eduardo Barbosa (PSDB-MG) e a ex-deputada Rita Camata (ES) vão coordenar um grupo que vai discutir e propor ações na área social, como educação, assistência e inclusão. Eles comandam um núcleo social do PSDB, responsável pelo Portal Social do Brasil, criado para ser canal de discussão com a sociedade na área de políticas públicas.
Andrea Neves, irmã do senador, será uma espécie de consultora, sobretudo na área de comunicação, mas sem função específica. Houve especulações de que ela coordenaria a campanha, o que foi negado pelo grupo próximo do senador.
Fonte: Valor Econômico
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