Para Rubens Bueno, petista deveria deixar o cargo até apuração de denúncias
Deputado é acusado de ter ligação com doleiro
Isabel Braga e Carolina Brígido – O Globo
BRASÍLIA - Dois partidos da oposição defenderam neste domingo que o vice-presidente da Câmara, André Vargas (PT-PR), se licencie do cargo até a Casa concluir as investigações de denúncias da ligação entre ele o o doleiro Alberto Youssef. O líder do PSDB na Câmara, deputado Antonio Imbassahy, e o líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR), querem Vargas afastado, para garantir a isenção nas apurações.
- É absolutamente indispensável que ele se afaste. A coisa se agravou bastante. Já estava complicado e ficou mais grave. É uma questão de natureza moral, o mínimo que se espera é que ele se afaste, para evitar constrangimentos e para não comprometer ainda mais a imagem da Câmara - disse Imbassahy.
Para Bueno, embora Vargas tenha discursado e pedido desculpas públicas na tribuna e tentado se explicar, a divulgação de outras mensagens trocadas entre Vargas e Youssef, pela revista “Veja”, impõe que ele peça licença do cargo até que tudo seja apurado. Nas mensagens, Vargas promete ajudar Youssef - que está preso desde o último dia 17 na Operação Lava-Jato da Polícia Federal - em contratos que ele pretendia fechar o Ministério da Saúde.
- Diante das inúmeras acusações de envolvimento do vice-presidente da Câmara com o doleiro preso, o seu afastamento do cargo é o melhor caminho para dar condições à Mesa Diretora da Câmara de apurar com isenção as denúncias que pesam contra ele - disse Bueno, acrescentando:
- O discurso de pedido de desculpa (feito pelo deputado petista na semana passada) agora já não basta. É preciso um gesto mais efetivo, como o licenciamento do cargo, para que a instituição Câmara dos Deputados não se contamine com o cipoal de denúncias contra André Vargas.
Na operação Lava-Jato da PF, Youssef é suspeito de lavagem de dinheiro, remessa ilegal de dólar e financiamento ao tráfico de drogas. As suspeitas, segundo hipóteses da Operação Lava-Jato, são de que Youssef e Vargas sejam sócios no laboratório Labogen. O Ministério da Saúde informou que não tem contrato com o laboratório.
O PSDB promete protocolar nesta semana representação no Conselho de Ética da Câmara contra o vice-presidente da Casa, André Vargas (PT-PR), por quebra de decoro. Vargas viajou em avião pago pelo doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal, suspeito de participar de um esquema de lavagem de dinheiro que movimentou R$ 10 bilhões.
Reportagens da imprensa com base em informações da PF apontam para a existência de uma sociedade entre Vargas e Youssef: o vice-presidente da Câmara receberia orientações do doleiro e passaria informações das conversas que ele, como parlamentar do PT, mantinha com integrantes do governo.
De acordo com a representação, que será protocolada no início da semana que vem, o uso da aeronave pode configurar recebimento de vantagem indevida, procedimento incompatível com o decoro parlamentar e punível com a perda do mandato, conforme o inciso II do art. 4.º do Regimento Interno da Câmara dos Deputados.
Para o vice-líder do PSDB, Nilson Leitão (MT), Vargas não tem mais condições de permanecer no mandato. “A cada dia surgem mais elementos que comprovam a ligação dele com o doleiro preso. E a explicação que deu não convenceu. É uma situação extremamente grave, que expõe e desmoraliza o Parlamento”, afirmou.
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