Valor Econômico
Crescimento de Marçal nas pesquisas mostra que campanha de candidato do Psol tem que ajustar rota
É sempre bom relembrar aos incautos: o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) venceu o ex-presidente Jair Bolsonaro
(PL) por um triz. Por uma margem apertada de apenas 2,1 milhões de votos, ou
1,8% dos votos válidos. O petista obteve 60,3 milhões de votos, e o adversário
58,2 milhões, num universo de quase 21% de eleitores ausentes.
Quem não identifica nesses números a expressão de um eleitorado majoritariamente conservador, que por pouco não manteve Bolsonaro e a direita radicalizada por mais quatro anos no poder, ignora a verdade dos números, ou vive em uma bolha.
É diante dessa realidade que os políticos
alinhados ao projeto de poder de Lula e do deputado Guilherme Boulos (Psol)
para conquistar a Prefeitura de São Paulo deveriam se indignar em dobro com o
episódio da execução do hino nacional em linguagem neutra - “Des filhES deste
solo és mãe gentil...” -, no comício do dia 24, e, igualmente, reagir ao
aparente erro de estratégia na campanha do ex-líder do Movimento dos
Trabalhadores Sem Teto (MTST). “Na hora em que deveria encarnar o líder
combativo do MTST, Boulos está fazendo coraçõezinhos”, criticou um aliado que
não integra a campanha, mas tem trânsito no gabinete de Lula.
A interpretação do hino em linguagem neutra,
com Lula e Boulos no palanque, deu munição para as redes bolsonaristas
explorarem à exaustão o tema nas plataformas digitais, terreno onde a esquerda
ainda engatinha. Uma das “fake news” mais disseminadas pelo bolsonarismo, desde
a campanha presidencial de Fernando Haddad em 2018, é de que a ascensão da
esquerda ao poder iria permitir a instalação generalizada de banheiros unissex
e a adoção da linguagem neutra (“bom dia a todes”) nas escolas públicas.
O episódio agrava-se, ainda mais, pela falta
de ineditismo. Antes, é preciso sublinhar que a agenda identitária, em defesa
dos direitos das minorias, é relevante e necessária. Contudo, no contexto de
uma sociedade polarizada, onde é preciso disputar o voto conservador com uma
direita em ascensão, há situações em que essa bandeira não precisa ser hasteada
no palco, sob pena de a esquerda sabotar a esquerda.
Refrescando a memória: em 8 de maio de 2022,
no lançamento da chapa Lula-Alckmin, a apresentadora do evento anunciou que
faria um “escurecimento ou esclarecimento”. Uma referência à pauta identitária,
que enxerga no termo “esclarecimento” uma expressão racista.
“É importante avisar, e deixar claro ou
escuro, que hoje [...] nós estamos lançando um movimento”, esclareceu. Não
houve consequências mais graves, e Lula venceu o pleito. Mas, naquele dia,
aquela fala dividiu os holofotes da imprensa quando todas atenções deveriam se
voltar para a união histórica de dois ex-adversários, que formaram uma frente
ampla para barrar o avanço da direita radical no país.
Em novo episódio, já no governo Lula, em outubro de 2023, a ministra da Saúde, Nisia Trindade, teve de ir a público pedir desculpas e esclarecer que desconhecia a contratação de uma artista trans que apresentou uma dança erótica, ao som do coro “batecu”, em um evento do ministério. Novamente, o episódio serviu de munição para as redes bolsonaristas, levando à demissão do diretor de Prevenção e Promoção da Saúde.
Por essas e outras, lideranças do governo e
de centro-esquerda, com a qual o Executivo diz se identificar, deveriam se
reunir para refletir se há ocasiões em que a esquerda sabota a esquerda, e qual
a dimensão dos prejuízos.
Pela falta de ineditismo desse tipo de
trapalhada de alas da esquerda é que soa pueril a alegação da direção da
campanha de Boulos de que foi surpreendida pela execução do hino em linguagem
neutra. O argumento também é grave porque passa a impressão de falta de
hierarquia e desorganização interna em uma campanha que tem a relevância de um
embate presidencial.
Nos bastidores, Lula afirmou a interlocutores
que, nestas eleições, só pretendia se engajar de corpo e alma na campanha pela
Prefeitura de São Paulo. Sua digital ficou na escolha pessoal da ex-prefeita
Marta Suplicy (PT) como vice de Boulos.
A coluna apurou que Lula já confidenciou a
Boulos um raciocínio. Se o deputado do Psol vencer a disputa, a vitória será
coletiva, atribuída ao candidato, a Lula, ao Psol, ao PT, ao time da campanha.
Se Boulos perder, a derrota será de Lula, e vai fragilizá-lo para a sucessão
presidencial em 2026.
A inconveniência da agenda identitária em
alguns eventos parece um mal menor diante de um possível erro de cálculo da
campanha de Boulos, que também é de Lula. Na avaliação de uma fonte com
experiência em campanhas presidenciais, a campanha de Boulos precisa de um
ajuste de rota porque o principal adversário deixou de ser o prefeito Ricardo
Nunes (MDB) e passou a ser o ex-coach Pablo Marçal (PRTB).
Para esta fonte, Boulos tem de reencarnar o
líder do MTST, de perfil combativo, e partir para o confronto direto com
Marçal, na mesma toada de Tabata Amaral (PSB). “O Duda Mendonça errou quando
dizia que o candidato que bate, perde”, analisa esta fonte, citando o
publicitário baiano que cunhou o “Lulinha paz e amor”. Acha que em 2002, o
personagem funcionou porque o adversário era o PSDB, quando a “política era
civilizada”. Com Marçal, tem que ser “na porrada”, alertou.
3 comentários:
É vergonhoso ver jornalistas incentivando a candidatura de Guilherme bolos da extrema esquerda do PSOL Formou toda sua militância invadindo apartamentos e terrenos urbanos foi preso três vezes ao participar dessas badernas criminosas e fica todo mundo bajulando esse pilantra enquanto acha grande perigo pra democracia um jovem vitorioso empreendedor como Marçal
Todo mundo com medo dele da direita conservadora ganhar aí chama ele de tudo que é nome pejorativo, mas ele vai ganhar apesar de vocês
Empreendedor Marçal! kkk
Que papinho enfadonho ou revoltante.
Marçal é bandido estelionatário condenado e delator.
Somente não cumpriu pena porque o crime prescreveu.
Hoje vive de dar golpe em desesperados.
Hoje vive de dar golpe nos eleitores paulistanos!
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