DEU EM O GLOBO
Filho de ministro do TCU é remanescente da turma do filho da ex-ministra da Casa Civil na agência de aviação
Geralda Doca
BRASÍLIA. A ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra ainda mantém apadrinhado na Agência Nacional de Aviação (Anac) - órgão onde o filho dela, Israel Guerra, e seus amigos trabalharam. O diretor de Regulação Econômica, Ricardo Bezerra, filho do ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Valmir Campelo, foi indicado por ela.
Há dois meses, trabalhava na agência Marcílio Severino Lins, também da cota da ex-ministra. Ele foi demitido, segundo a assessoria de imprensa, porque a chefia não estava satisfeita com seu desempenho. A decisão irritou Erenice.
- Quando ficou sabendo da demissão, ela (Erenice) ficou muito brava - teria comentado Vinícius Castro com um amigo.
Vinícius era parceiro de Israel Guerra, filho de Erenice, na empresa Capital e nas tentativas de lobby em troca de uma "taxa de sucesso". Castro assessorava a ex-ministra na Casa Civil e foi um dos primeiros a serem demitidos depois da publicação das denúncias de suposto tráfico de influência. Antes, ele e Israel trabalharam na Anac, onde tornaram-se amigos. Também integravam a turma na agência, Stevan Knezevic e Marcelo Moreto. Eles atuaram numa área considerada delicada e que responde por concessões a companhias aéreas, chamada hoje de Superintendência de Regulação Econômica - chefiada hoje por Bezerra.
Knezevic e Moreto também foram levados para a Casa Civil (para o Sistema de Proteção da Amazônia - Sipam). O primeiro foi demitido na semana passada, mas, como é concursado da Anac, retorna ao órgão (está de licença médica), onde aguarda o desfecho das investigações. Moreto, cujo nome não aparece nas denúncias, está de férias e continua no Sipam.
Da turma do lobby, só Israel não tinha cargo comissionado na Casa Civil, mas atuava para atrair sócios para a Capital. Segundo fontes, na Anac, Israel conheceu o empresário Fábio Baracat, que entregou o esquema.
Baracat frequentava a Anac como consultor da Via Net, empresa de logística de carga em terra. De lá, pelas mãos de Israel, chegou a Erenice, com quem teria se reunido várias vezes. O empresário revelou que contratou a Capital para ajudar a cargueira Master Top Airlines a obter a renovação da concessão na Anac que venceu em dezembro de 2009. O documento foi fundamental para que a empresa ganhasse um contrato emergencial com os Correios.
Segundo interlocutores, a Capital foi gestada pelos "meninos" ainda na Anac. Em 2007, com a constituição da firma, eles saíram da Agência e foram para a Casa Civil, onde os negócios prosperaram. Eles teriam fechado a Capital em 2010, com a intenção de criar uma empresa para atuar em grandes negócios de siderurgia e mineração, inclusive intermediando empréstimos no BNDES. Mas, com as denúncias, o esquema fracassou.
A mão da Casa Civil na Anac - criada em 2006 para ser um órgão independente do setor - ficou evidente na aprovação da venda da VarigLog (cargueira da Varig) para um fundo americano ainda naquele ano.
Depois da aprovação do negócio, já fora da Agência, a ex-diretora Denise Abreu acusou Dilma Rousseff e a então secretária-executiva, Erenice, de empenho pessoal na aprovação do negócio, sem analisar a origem do capital dos sócios, a fim de verificar se a operação atendia à legislação. O Código Brasileiro de Aeronáutica (CBA) limita a participação estrangeira no setor a 20%.
Denise contou que Dilma pressionou para a diretoria colegiada da agência aprovar a operação, tendo deixado claro que não era função do órgão analisar a origem do capital dos sócios. Mais tarde, veio à tona um contrato de gaveta que dava direitos plenos ao sócio estrangeiro.
Filho de ministro do TCU é remanescente da turma do filho da ex-ministra da Casa Civil na agência de aviação
Geralda Doca
BRASÍLIA. A ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra ainda mantém apadrinhado na Agência Nacional de Aviação (Anac) - órgão onde o filho dela, Israel Guerra, e seus amigos trabalharam. O diretor de Regulação Econômica, Ricardo Bezerra, filho do ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Valmir Campelo, foi indicado por ela.
Há dois meses, trabalhava na agência Marcílio Severino Lins, também da cota da ex-ministra. Ele foi demitido, segundo a assessoria de imprensa, porque a chefia não estava satisfeita com seu desempenho. A decisão irritou Erenice.
- Quando ficou sabendo da demissão, ela (Erenice) ficou muito brava - teria comentado Vinícius Castro com um amigo.
Vinícius era parceiro de Israel Guerra, filho de Erenice, na empresa Capital e nas tentativas de lobby em troca de uma "taxa de sucesso". Castro assessorava a ex-ministra na Casa Civil e foi um dos primeiros a serem demitidos depois da publicação das denúncias de suposto tráfico de influência. Antes, ele e Israel trabalharam na Anac, onde tornaram-se amigos. Também integravam a turma na agência, Stevan Knezevic e Marcelo Moreto. Eles atuaram numa área considerada delicada e que responde por concessões a companhias aéreas, chamada hoje de Superintendência de Regulação Econômica - chefiada hoje por Bezerra.
Knezevic e Moreto também foram levados para a Casa Civil (para o Sistema de Proteção da Amazônia - Sipam). O primeiro foi demitido na semana passada, mas, como é concursado da Anac, retorna ao órgão (está de licença médica), onde aguarda o desfecho das investigações. Moreto, cujo nome não aparece nas denúncias, está de férias e continua no Sipam.
Da turma do lobby, só Israel não tinha cargo comissionado na Casa Civil, mas atuava para atrair sócios para a Capital. Segundo fontes, na Anac, Israel conheceu o empresário Fábio Baracat, que entregou o esquema.
Baracat frequentava a Anac como consultor da Via Net, empresa de logística de carga em terra. De lá, pelas mãos de Israel, chegou a Erenice, com quem teria se reunido várias vezes. O empresário revelou que contratou a Capital para ajudar a cargueira Master Top Airlines a obter a renovação da concessão na Anac que venceu em dezembro de 2009. O documento foi fundamental para que a empresa ganhasse um contrato emergencial com os Correios.
Segundo interlocutores, a Capital foi gestada pelos "meninos" ainda na Anac. Em 2007, com a constituição da firma, eles saíram da Agência e foram para a Casa Civil, onde os negócios prosperaram. Eles teriam fechado a Capital em 2010, com a intenção de criar uma empresa para atuar em grandes negócios de siderurgia e mineração, inclusive intermediando empréstimos no BNDES. Mas, com as denúncias, o esquema fracassou.
A mão da Casa Civil na Anac - criada em 2006 para ser um órgão independente do setor - ficou evidente na aprovação da venda da VarigLog (cargueira da Varig) para um fundo americano ainda naquele ano.
Depois da aprovação do negócio, já fora da Agência, a ex-diretora Denise Abreu acusou Dilma Rousseff e a então secretária-executiva, Erenice, de empenho pessoal na aprovação do negócio, sem analisar a origem do capital dos sócios, a fim de verificar se a operação atendia à legislação. O Código Brasileiro de Aeronáutica (CBA) limita a participação estrangeira no setor a 20%.
Denise contou que Dilma pressionou para a diretoria colegiada da agência aprovar a operação, tendo deixado claro que não era função do órgão analisar a origem do capital dos sócios. Mais tarde, veio à tona um contrato de gaveta que dava direitos plenos ao sócio estrangeiro.
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