sábado, 25 de setembro de 2010

Serra se refere a JK para criticar Lula

DEU EM O GLOBO

Em Diamantina, candidato tucano afirma que nunca viu o ex-presidente atacando adversários em campanha

Thiago Herdy* e Marcelle Ribeiro**

DIAMANTINA (MG), ARARAQUARA e SÃO CARLOS (SP). O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, invocou ontem o espírito do ex-presidente Juscelino Kubitschek para criticar ataques do presidente Lula à sua candidatura. Ele participou de carreata e caminhada em Diamantina, em Minas, ao lado do ex-governador Aécio Neves (PSDB) e do governador Antonio Anastasia (PSDB), candidato à reeleição.

- Juscelino me deu muitas lições, de como um político deve se comportar na Presidência: com tolerância e generosidade, sem tratar ninguém como inimigo. Ele soube sempre aguentar críticas, que não eram poucas, por parte da oposição, mas soube combinar isso com uma atitude de dignidade - disse.

Perguntado se considera corretas as citações de Lula sobre JK, que lhe serviria de exemplo, Serra foi sutil:

- Não vou fazer um juízo sobre as devidas ou indevidas citações do Lula. São as pessoas que podem julgar. Nunca vi o Juscelino numa campanha atacando pessoalmente adversários. Esse era um exemplo de conduta boa de um presidente da República.

O tucano visitou o museu Casa Juscelino Kubitschek, montado onde o ex-presidente viveu até a adolescência. Serra recebeu carta de apoio assinada pela filha de Kubitschek. Ele se sentou na cama de Juscelino e imitou a posição do ex-presidente em uma foto que está na parede. E pediu aos presentes que abrissem espaço para fotógrafos.

- Deixa o pessoal tirar foto - pediu Serra, tentando imitar também o sorriso do ex-presidente na imagem.

O tucano deu uma estocada no PT e nas declarações recentes do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, que afirmou que o partido terá mais poder em um eventual governo de Dilma.

- Não vou governar para partidos, mas para todos os povos, estados e municípios. Vou governar seguindo o exemplo de Juscelino, que nunca tratou adversário como inimigo.

Quando perguntado se os vídeos na internet, com ataques ao PT, não seriam exemplo de que ele trata opositores como inimigos, desconversou;

- Nem sei do que você está falando.

No fim do dia, em Araraquara (SP), Serra disse que ainda há muito o que ser investigado na Casa Civil. Questionado sobre se as denúncias poderiam favorecer sua campanha, disse que a questão não é eleitoral:

- É uma questão importante do país e das pessoas, que vêm o dinheiro público ser desviado mais uma vez para o bolso de corruptos.

Mais cedo, em São Carlos (SP), ele comentou afirmação feita em ato contra a imprensa, onde se disse que a mídia estava com "saudade da ditadura".

- É o pessoal que quer fazer a ditadura sobre a imprensa. Imprensa pode ser livre desde que elogie os donos do poder? Imprensa não foi feita para isso, foi feita para noticiar e denunciar todo mundo. Eu defendo a liberdade de imprensa.

(*) Especial para O GLOBO
(**) Enviada especial

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