O Estado de S. Paulo
A Argentina ‘está morrendo’, mas o Brasil está muito vivo e oferece lucro, alegria e bolo para Trump
Aqueda de braço com Lula na Malásia pela
revisão do tarifaço e a vitória ou derrota de Javier Milei nas eleições
legislativas da Argentina, neste domingo, serão duas ótimas oportunidades
simultâneas para Donald Trump definir os rumos das relações dos EUA com a
América do Sul e sua estratégia para retomar a influência norte-americana na
região. Dois testes de fogo.
Para o bem ou para o mal, Trump mira nas maiores economias da América do Sul e as diferenças são estridentes. Como define um sagaz embaixador, as relações com o Brasil são de “lucro e alegria”, a Argentina virou “um peso”, ou um custo de bilhões de pesos, E a Colômbia, como a combalida Venezuela, atrai chuvas, trovoadas e até um ameaçador porta-aviões bem perto. O Chile e o Peru? Não estão no radar.
O tema mais espinhoso com Trump será a
escalada contra Venezuela e Colômbia, mas Lula não vai pedir nada demais, nem
favor nenhum, só a correção de uma sucessão de erros contra o Brasil: tarifas
injustas, suspensão injusta de vistos e a aplicação injusta da Lei Magnitsky
contra Alexandre de Moraes e sua mulher. E Trump e Lula terão a chance de pôr
na mesa avanços na cooperação bilateral, inclusive quanto a minerais críticos.
A esta altura, Trump já tem fontes bem mais
qualificadas do que Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo, reúne dados objetivos
de que o Brasil é deficitário nas relações comerciais com os EUA – nada
justifica o tarifaço de 50% –, é um país livre e o julgamento de Bolsonaro
cumpre todo o devido processo legal. E o que realmente entra no cálculo de
Trump: ainda vale a pena investir em Bolsonaro?
Com a Argentina, nada disso. Milei está
sempre implorando mundos e fundos e custa muito caro. Ao dizer que o país “está
morrendo”, Trump abriu uma linha de financiamento de US$ 20 bilhões para
prevenir novos calotes e criou a insólita situação de intervir no mercado de
câmbio argentino, comprando pesos às vésperas das eleições legislativas para
evitar um duplo naufrágio, do sistema de bandas cambiais e do partido de Milei.
Até quando, e quanto, vai essa brincadeira?
Goste Trump de Lula ou não, goste Lula de
Trump ou não, os dois têm de engolir em seco, talvez comer juntos “um pedacinho
de bolo” pelos 80 anos de Lula e agir como gente grande. O Brasil precisa dos
EUA, mas os EUA também precisam do Brasil, que, longe de “estar morrendo”, está
muito vivo.
Aliás, torcendo para Lula parar de falar bobagens e voltar da Malásia com boas notícias. Ele sabe que, boas para o País, melhor ainda para a campanha dele em 2026.

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