DEU EM O GLOBO
Com recuo em junho, queda no segundo trimestre atingiu 2%. No semestre, porém, produção cresceu 16,2%
Rennan Setti
A produção industrial brasileira recuou, em junho, 1% em relação a maio a terceira queda consecutiva e a maior desde dezembro de 2008 (12,2%), no auge da crise financeira global. A Pesquisa Industrial Mensal, divulgada ontem pelo IBGE, mostrou ainda que, entre abril e junho, o setor acumulou 2% de queda, com ajuste sazonal. A desaceleração veio dentro do esperado pelos analistas.
No segundo trimestre, a indústria teve expansão de apenas 1,4% comparada ao primeiro, que registrara alta de 3% em relação aos últimos três meses de 2009. Porém, o primeiro semestre do ano registrou expansão de 16,2%, no melhor resultado da indústria do país desde o início da série histórica do IBGE, em 1991.
A desaceleração registrada em junho foi resultado de acomodação após um primeiro trimestre de grande atividade e também pode estar relacionada a fatores como estoques elevados em setores como o automotivo e até à Copa do Mundo, que teve três jogos do Brasil em dias úteis disse o economista do IBGE André Macedo. Apesar disso, a indústria segue em ritmo intenso, apenas 2% abaixo do patamar de março, mês recorde de toda a série histórica.
Carros e máquinas pesam no desempenho negativo A queda de junho foi generalizada.
Todas as categorias industriais e 20 das 27 atividades produtivas recuaram no mês. A categoria que mais puxou a desaceleração foi a dos bens duráveis (3,2%). Segundo Bernardo Wjuniski, analista da consultoriaTendências, a redução da produção de carros, com o fim dos incentivos fiscais para o setor, contribuiu para isso. Já os bens de capital (equipamentos para a própria indústria) caíram 2,1%, seu primeiro resultado negativo desde março de 2009.
Já os setores que mais impulsionaram a queda de junho foram, por exemplo, os de outros produtos químicos (-4,4%), máquinas para escritório e equipamentos de informática (-11,6%) e material eletrônico (-4,9%). Neste último, o que mais pesou foi a redução da produção de televisores após o período da Copa do Mundo. Segundo analistas, o evento esportivo também contribuiu para a redução na atividade industrial com as folgas dadas aos trabalhadores em dias de jogos do Brasil. Cálculo da LCA Consultoria estima que a Copa tenha pressionado o indicador do mês 1,3% para baixo.
Embora o segundo trimestre do ano tenha sido de desaceleração econômica, o forte ritmo de produção no começo do ano fez com que o primeiro semestre de 2010 fosse o melhor semestre para a indústria brasileira desde 1991. Mas André Macedo, do IBGE, alerta para o fato de que a base estatística do ano anterior influenciou o resultado. O primeiro semestre de 2009, que captou os efeitos do auge da crise global, apresentara um tombo de 13,4%.
Analistas acreditam que indústria retomará o ritmo O economista Bernardo Wjuniski espera que o próximo trimestre seja marcado por nova aceleração do ritmo produtivo.
A Tendências prevê que o ano tenha alta de 11% no ritmo industrial.
Acredito que o segundo trimestre foi um período de ajuste e não represente uma tendência de queda para o resto do ano afirmou o analista, que aposta em um Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre de 0,4%, ante os 2,7% no primeiro. Por isso, avalio que a decisão do Banco Central de reduzir a intensidade do aperto monetário foi equivocada.
Felipe Wajskop França, do ABC Brasil, também avalia que a pressão inflacionária continua forte e que o ritmo de expansão econômica está acima do suportado. Ele estima que o PIB do segundo trimestre apresente alta de 0,7%, enquanto o do ano ficaria em 7,3% O indicador industrial de junho, por ter vindo dentro das perspectivas do mercado, não obrigou os analistas a revisarem suas projeção de PIB.
Com recuo em junho, queda no segundo trimestre atingiu 2%. No semestre, porém, produção cresceu 16,2%
Rennan Setti
A produção industrial brasileira recuou, em junho, 1% em relação a maio a terceira queda consecutiva e a maior desde dezembro de 2008 (12,2%), no auge da crise financeira global. A Pesquisa Industrial Mensal, divulgada ontem pelo IBGE, mostrou ainda que, entre abril e junho, o setor acumulou 2% de queda, com ajuste sazonal. A desaceleração veio dentro do esperado pelos analistas.
No segundo trimestre, a indústria teve expansão de apenas 1,4% comparada ao primeiro, que registrara alta de 3% em relação aos últimos três meses de 2009. Porém, o primeiro semestre do ano registrou expansão de 16,2%, no melhor resultado da indústria do país desde o início da série histórica do IBGE, em 1991.
A desaceleração registrada em junho foi resultado de acomodação após um primeiro trimestre de grande atividade e também pode estar relacionada a fatores como estoques elevados em setores como o automotivo e até à Copa do Mundo, que teve três jogos do Brasil em dias úteis disse o economista do IBGE André Macedo. Apesar disso, a indústria segue em ritmo intenso, apenas 2% abaixo do patamar de março, mês recorde de toda a série histórica.
Carros e máquinas pesam no desempenho negativo A queda de junho foi generalizada.
Todas as categorias industriais e 20 das 27 atividades produtivas recuaram no mês. A categoria que mais puxou a desaceleração foi a dos bens duráveis (3,2%). Segundo Bernardo Wjuniski, analista da consultoriaTendências, a redução da produção de carros, com o fim dos incentivos fiscais para o setor, contribuiu para isso. Já os bens de capital (equipamentos para a própria indústria) caíram 2,1%, seu primeiro resultado negativo desde março de 2009.
Já os setores que mais impulsionaram a queda de junho foram, por exemplo, os de outros produtos químicos (-4,4%), máquinas para escritório e equipamentos de informática (-11,6%) e material eletrônico (-4,9%). Neste último, o que mais pesou foi a redução da produção de televisores após o período da Copa do Mundo. Segundo analistas, o evento esportivo também contribuiu para a redução na atividade industrial com as folgas dadas aos trabalhadores em dias de jogos do Brasil. Cálculo da LCA Consultoria estima que a Copa tenha pressionado o indicador do mês 1,3% para baixo.
Embora o segundo trimestre do ano tenha sido de desaceleração econômica, o forte ritmo de produção no começo do ano fez com que o primeiro semestre de 2010 fosse o melhor semestre para a indústria brasileira desde 1991. Mas André Macedo, do IBGE, alerta para o fato de que a base estatística do ano anterior influenciou o resultado. O primeiro semestre de 2009, que captou os efeitos do auge da crise global, apresentara um tombo de 13,4%.
Analistas acreditam que indústria retomará o ritmo O economista Bernardo Wjuniski espera que o próximo trimestre seja marcado por nova aceleração do ritmo produtivo.
A Tendências prevê que o ano tenha alta de 11% no ritmo industrial.
Acredito que o segundo trimestre foi um período de ajuste e não represente uma tendência de queda para o resto do ano afirmou o analista, que aposta em um Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre de 0,4%, ante os 2,7% no primeiro. Por isso, avalio que a decisão do Banco Central de reduzir a intensidade do aperto monetário foi equivocada.
Felipe Wajskop França, do ABC Brasil, também avalia que a pressão inflacionária continua forte e que o ritmo de expansão econômica está acima do suportado. Ele estima que o PIB do segundo trimestre apresente alta de 0,7%, enquanto o do ano ficaria em 7,3% O indicador industrial de junho, por ter vindo dentro das perspectivas do mercado, não obrigou os analistas a revisarem suas projeção de PIB.
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