DEU EM O ESTADO DE S. PAULO
Circe Bonatelli
SÃO PAULO - Apesar de ser a segunda região do mundo que menos emite gases de efeito estufa, a América Latina e o Caribe podem sofrer consequências significativas do impacto das mudanças climáticas. A região vai ficar entre 1ºC e 6ºC mais quente até o fim deste século, o que pode causar aos países uma perda média anual de 1% a 12% do Produto Interno Bruto (PIB). Esta é a conclusão do relatório apresentado hoje pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), na Conferência das Nações Unidas sobre o Clima (COP-16), em Cancún, no México.
"As evidências científicas mostram que o aquecimento global provocado pelo aumento das emissões de gases efeito estufa provenientes das atividades humanas está causando mudanças climáticas evidentes", afirma o relatório. As principais alterações se referem à mudança na frequência e volume das chuvas, derretimento das geleiras e ocorrência de "eventos extremos", como temporais, furacões, secas e incêndios florestais. De acordo com a entidade, a mudança da temperatura e do ciclo das chuvas vai impactar, principalmente, os setores agrícola, de geração de energia e abastecimento de água.
No Equador, a escalada da temperatura vai provocar o aumento das chuvas em praticamente todo o país, com exceção da Serra Central, onde haverá queda nas precipitações e seca. Segundo projeção da Cepal, a variação do clima vai diminuir entre 20% e 40% a produtividade de culturas como banana, cana-de-açúcar, café e cacau. Já no setor da saúde pública, o tempo mais quente e úmido pode ser responsável por mais de 100 mil novos casos de malária e 10 mil casos de dengue. O levantamento também aponta o aumento no número de espécies animais e vegetais ameaçadas de extinção, com risco de desequilíbrio ecológico. Ao todo, os desarranjos podem abocanhar até 2% anuais do PIB equatoriano projetados para os próximos anos.
Para o Chile, os efeitos climáticos vão resultar na redução de até 30% do nível de chuvas na zona central do país. A perda afetará principalmente o abastecimento de água, a geração de energia elétrica e a irrigação agrícola. O custo total desses prejuízos é projetado pela Cepal em 1,1% do PIB por ano.
No Uruguai, os efeitos podem atingir até 12% do PIB. Entre os motivos, está a estimativa de aumento em um metro no nível do mar até 2100. Essa mudança causa riscos de inundações numa faixa de 680 quilômetros banhada pelo Oceano Atlântico e pelo Rio da Prata, com estragos em portos, obras de saneamento e vias de comunicação.
"Os efeitos do clima são significativos e crescentes ao longo do tempo", alerta a Cepal. De acordo com a entidade, a perda de 1% do PIB já é superior à média anual que os governos da região gastam em pesquisa e desenvolvimento (0,63% do PIB, de acordo com dados de 2007) e ao orçamento da maioria dos ministérios de Meio Ambiente.
Para medir os efeitos econômicos das mudanças climáticas, a Cepal utilizou, basicamente, duas projeções dos PIBs: uma que não contabiliza os danos causados pela variação do clima e as ações de mitigação de gases, e outra que leva em conta esses fatores. A diferença entre ambos é a chamada "taxa de desconto", isto é, o quanto do PIB é perdido.
Brasil
O relatório não traz dados específicos sobre o impacto das mudanças climáticas no PIB do Brasil, mas aponta claramente quais são os danos mais prováveis. O estudo mostra preocupação com os efeitos do clima no Cerrado, onde o aumento de 2ºC causaria a redução de 24% de 138 espécies vegetais. Na Amazônia, seriam perdidas 43% de 69 espécies. Na Região Nordeste, o relatório indica acentuação da seca, com menor disponibilidade de água também para irrigação, além de perda de manguezais à medida que houver elevação do nível do mar.
Circe Bonatelli
SÃO PAULO - Apesar de ser a segunda região do mundo que menos emite gases de efeito estufa, a América Latina e o Caribe podem sofrer consequências significativas do impacto das mudanças climáticas. A região vai ficar entre 1ºC e 6ºC mais quente até o fim deste século, o que pode causar aos países uma perda média anual de 1% a 12% do Produto Interno Bruto (PIB). Esta é a conclusão do relatório apresentado hoje pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), na Conferência das Nações Unidas sobre o Clima (COP-16), em Cancún, no México.
"As evidências científicas mostram que o aquecimento global provocado pelo aumento das emissões de gases efeito estufa provenientes das atividades humanas está causando mudanças climáticas evidentes", afirma o relatório. As principais alterações se referem à mudança na frequência e volume das chuvas, derretimento das geleiras e ocorrência de "eventos extremos", como temporais, furacões, secas e incêndios florestais. De acordo com a entidade, a mudança da temperatura e do ciclo das chuvas vai impactar, principalmente, os setores agrícola, de geração de energia e abastecimento de água.
No Equador, a escalada da temperatura vai provocar o aumento das chuvas em praticamente todo o país, com exceção da Serra Central, onde haverá queda nas precipitações e seca. Segundo projeção da Cepal, a variação do clima vai diminuir entre 20% e 40% a produtividade de culturas como banana, cana-de-açúcar, café e cacau. Já no setor da saúde pública, o tempo mais quente e úmido pode ser responsável por mais de 100 mil novos casos de malária e 10 mil casos de dengue. O levantamento também aponta o aumento no número de espécies animais e vegetais ameaçadas de extinção, com risco de desequilíbrio ecológico. Ao todo, os desarranjos podem abocanhar até 2% anuais do PIB equatoriano projetados para os próximos anos.
Para o Chile, os efeitos climáticos vão resultar na redução de até 30% do nível de chuvas na zona central do país. A perda afetará principalmente o abastecimento de água, a geração de energia elétrica e a irrigação agrícola. O custo total desses prejuízos é projetado pela Cepal em 1,1% do PIB por ano.
No Uruguai, os efeitos podem atingir até 12% do PIB. Entre os motivos, está a estimativa de aumento em um metro no nível do mar até 2100. Essa mudança causa riscos de inundações numa faixa de 680 quilômetros banhada pelo Oceano Atlântico e pelo Rio da Prata, com estragos em portos, obras de saneamento e vias de comunicação.
"Os efeitos do clima são significativos e crescentes ao longo do tempo", alerta a Cepal. De acordo com a entidade, a perda de 1% do PIB já é superior à média anual que os governos da região gastam em pesquisa e desenvolvimento (0,63% do PIB, de acordo com dados de 2007) e ao orçamento da maioria dos ministérios de Meio Ambiente.
Para medir os efeitos econômicos das mudanças climáticas, a Cepal utilizou, basicamente, duas projeções dos PIBs: uma que não contabiliza os danos causados pela variação do clima e as ações de mitigação de gases, e outra que leva em conta esses fatores. A diferença entre ambos é a chamada "taxa de desconto", isto é, o quanto do PIB é perdido.
Brasil
O relatório não traz dados específicos sobre o impacto das mudanças climáticas no PIB do Brasil, mas aponta claramente quais são os danos mais prováveis. O estudo mostra preocupação com os efeitos do clima no Cerrado, onde o aumento de 2ºC causaria a redução de 24% de 138 espécies vegetais. Na Amazônia, seriam perdidas 43% de 69 espécies. Na Região Nordeste, o relatório indica acentuação da seca, com menor disponibilidade de água também para irrigação, além de perda de manguezais à medida que houver elevação do nível do mar.
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