Disposto a brigar pelo direito a tentar a reeleição, o prefeito do Recife encaminhou recurso ao Diretório Nacional do PT contra a indicação de Humberto feita pela Executiva. PSB deve decidir hoje sobre candidatura própria.
João da Costa marca posição
PT x PT - Prefeito recorre ao Diretório contra a retirada do seu nome da disputa. Ação tem pouca chance de êxito, mas complica Humberto
Bruna Serra
Nenhum dos partidários do prefeito João da Costa admite abertamente, mas a decisão de entrar com recurso junto ao Diretório nacional do PT, na tentativa de reverter a decisão da Executiva que indicou o senador Humberto Costa como o nome o partido nas eleições deste ano, foi tomada, ontem, sob um entendimento claro de que são praticamente nulas as chances de êxito. A iniciativa serviria apenas para demarcar seu posicionamento de que não se submeterá a um "ato de força", como vem colocando desde que teve sua candidatura à reeleição retirada pela Executiva nacional, semana passada.
Respaldado por um movimento simpático das ruas, João da Costa não poderia desistir justamente no momento em que começa a receber a solidariedade popular. Essa foi a avaliação que motivou seu grupo político a impetrar o recurso ao Diretório nacional, no mesmo dia que a direção municipal do PT homologou, à noite, a candidatura de Humberto, sem esperar pelo julgamento do recurso do prefeito (veja matéria nesta página). O documento de João da Costa, enviado por email e Sedex à subsede da legenda, em São Paulo, trabalha com dois argumentos principais: um político e outro regimental.
Politicamente, João da Costa afirma que Humberto, ao contrário do que afirmara a Executiva nacional em sua decisão, não unificou o PT após ser oficializado candidato, e muito menos a Frente Popular, já que a principal sigla da aliança – o PSB do governador Eduardo Campos – está cada vez mais próxima de lançar candidato em faixa própria (leia na página 4). Regimentalmente, a justificativa é que o prefeito seguiu todos os trâmites previstos no estatuto do PT, se submetendo a uma prévia e, posteriormente, a uma segunda consulta por determinação da Executiva nacional. "A direção convocou uma segunda prévia, o PT começou a organizar, inclusive enviando emissários para o Recife. Acontece que o concorrente, Maurício Rands, desistiu. Então a resolução da Executiva, pelo que determina o regimento, deveria ser homologar o nome do prefeito. Mas a nacional tomou essa decisão (de indicar Humberto) e comunicou no ato, sem dar chance de defesa", avaliou o ex-presidente estadual do PT Jorge Perez, um dos responsáveis pela composição do recurso enviado ao partido.
O Diretório nacional é a instância máxima do PT, composto de 84 membros, enquanto que a Executiva conta com 22 nomes. Ao julgamento de João da Costa, na última terça (5), apenas 18 integrantes da Executiva compareceram para a votação. Entretanto, antes mesmo que houvesse a abertura da sessão, o presidente do partido, Rui Falcão (SP), comunicou ao prefeito que o senador seria o escolhido.
Ainda não há data fixada para o julgamento do recurso impetrado ontem pelo prefeito, mas com o prazo para as convenções partidárias se esgotando no próximo dia 30, existe uma expectativa que o documento seja apreciado na reunião marcada para manhã e que o resultado saia, no máximo, até a sexta-feira (15).
Para o deputado estadual André Campos, do "núcleo duro" de João da Costa, não se pode perder as esperanças. "Acreditamos ainda que pode haver uma avaliação nova. Porque existe uma correlação de forças diferente no Diretório que não é tão favorável a CNB (Construindo um Novo Brasil), tendência que apoia Humberto. Também estamos decididos a esgotar todas as possibilidades", assegurou.
O presidente estadual do PT, deputado federal Pedro Eugênio, não acredita em mudança de cenário. Avalia que o Diretório concedeu autonomia para que a Executiva procedesse livremente. "Não estou dizendo que já está negado ou que tenho alguma informação. Apenas avalio que, de acordo com a resolução tirada em Porto Alegre no nosso congresso, nas cidades com mais de 200 mil habitantes quem delibera é a Executiva, e o Diretório deu toda a autonomia para que esse colegiado definisse. Portanto, não acredito em surpresas".
FONTE: JORNAL DO COMMERCIO
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