Em meio à crise internacional persistente saíram os números do crescimento da economia mundial no primeiro trimestre de 2012. E os resultados não são animadores para o Brasil. Em relação ao mesmo período do ano passado crescemos apenas 0,8%. Enquanto isso, a China cresceu 8,1%, Índia, 5,2%, Rússia, 4,9%, e África do Sul, 2,1%. Ou seja, ficamos totalmente fora da curva dos chamados Brics. Se compararmos o desempenho de nossa economia com nossos vizinhos latino-americanos, o retrato da realidade não melhora.
O Chile cresceu 5,6%, Peru, 6%, Venezuela, 5,6%, Argentina, 4,8% e México, 4,6%. Não há como esconder o sol com a peneira, algum problema há. Esses números confirmam a trajetória de 2011, quando ficamos em último lugar na América do Sul, antepenúltimo na América Latina e muito distante do Brics, com uma variação do PIB de apenas 2,7%. As taxas de investimento e poupança caíram, a indústria permanece estagnada e a âncora verde do agronegócio parece cansada, com uma retração de 8,5%.
Queda dos preços internacionais das commodities, aumento da carga tributária, juros decrescendo, mas altos, baixíssima taxa de investimento são vetores que apontam para um cenário nada tranquilo. A expansão puxada pelo consumo e pelo crédito parece estar se esgotando. As políticas de aumento real do salário mínimo dos governos FHC e Lula, as políticas compensatórias de renda e a explosão do crédito produziram importante distribuição de renda e alavancaram a economia. Mas isso não é sustentável sem reformas estruturantes e níveis de investimento adequados.
Para fugir do hermetismo da linguagem dos economistas, vamos a exemplos muito próximos. O setor petróleo, que gerou grandes expectativas a partir das descobertas das grandes reservas do pré-sal, enfrenta graves riscos. Preço do gás seis vezes maior que o dos Estados Unidos, paralisia dos leilões de novas áreas, estagnação da produção e das reservas descobertas, perda de investimentos para outros países, fragilização da Petrobras, contenção artificial de preços. Resultado: o Brasil importa gasolina, diesel, álcool, nafta. O atraso ideológico que inspirou o atual modelo, o aparelhamento da Petrobras e o populismo estão impondo ao Brasil perda de oportunidades e de posições relativas no cenário internacional.
Outro exemplo da insustentabilidade do crescimento somente ancorado no consumo e no crédito é o atual cenário da mobilidade urbana nas maiores cidades. De que adianta financiar e ampliar as vendas de carros e subsidiar gasolina e álcool, se a taxa de investimento ridícula e a insegurança para consolidar parcerias com o setor privado levam à inexistência de recursos para levar à frente soluções de transporte metroviário, anéis rodoviários, intervenções profundas no sistema urbano.
Uma coisa é certa: o sinal amarelo acendeu. Medidas pontuais e tímidas não são suficientes. É preciso coragem e ousadia. E um pouco de visão de futuro.
Deputado federal e presidente do PSDB-MG
FONTE: Jornal O Tempo, 11/06/2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário