André Borges
BRASÍLIA - O diagnóstico feito pela presidente Dilma Rousseff quanto aos atrasos crônicos que comprometem as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) foi preciso. Um exame mais detalhado sobre o desempenho do principal programa de infraestrutura do governo deixa claro por que, como disse a presidente, "uma das maiores preocupações e dores de cabeça do governo federal é justamente o cumprimento de prazos".
A partir do primeiro balanço do PAC feito pela presidente, em 2011, o Valor fez um levantamento daqueles projetos que - independentemente de já acumularem ou não atrasos em seus cronogramas - deveriam ser entregues neste dezembro. Chega-se a uma relação de nove obras, com investimentos totais superiores a R$ 12 bilhões. O aborrecimento do governo é justificado: nenhuma delas será inaugurada neste mês.
PAC atrasa obras e impede inaugurações em dezembro
A Ferrovia Transnordestina, com orçamento inicialmente previsto em R$ 4,5 bilhões, já estourou a conta e hoje está avaliada em R$ 7,5 bilhões. Os trens que tinham previsão de rodar sobre os seus 1.728 km de trilhos a partir deste mês agora terão de aguardar, pelo menos, até setembro de 2016.
A frustração de prazos também toma conta da BR-163, no trecho de 1,1 mil km que começa na divisa do Mato Grosso com o Pará, e avança até chegar a Santarém (PA). A rodovia, que há 30 anos está em obras sem nunca ter sido concluída, tem capacidade de alterar o mapa de escoamento de grãos do Mato Grosso. Até o início deste ano, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) chegou a garantir que a estrada realmente seria entregue neste Natal. A previsão atual, entretanto, é de que apenas metade do trecho fique pronta no fim do ano que vem. A entrega plena da rodovia ficou para dezembro de 2015.
Resultados nada animadores também são encontrados em obras de grande porte na área de saneamento. O esgotamento sanitário na Baixada Santista (SP) foi iniciado em 2007, com o lançamento do PAC. Em dezembro de 2010, quando Lula deixou o governo, a obra de R$ 1,3 bilhão tinha alcançado 80% de sua execução total. Até agosto passado, esse índice havia saltado para apenas 86%. A despoluição da Baía de Todos os Santos, na Bahia, que atingia 40% de sua execução total em dezembro de 2010, saltou para 48% até agosto deste ano.
Fonte: Valor Econômico
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