- Folha de S. Paulo
Está em curso uma investida feroz de Dilma Rousseff contra sua principal adversária na corrida presidencial, Marina Silva.
Nos últimos dias, Marina foi comparada a Jânio Quadros e a Fernando Collor, ex-presidentes que fracassaram sem apoio do Congresso. Ontem (9), num comercial de 30 segundos, Dilma afirmou que uma administração marinista entregará o comando do Banco Central aos banqueiros --enquanto uma imagem mostrava pessoas ficando sem ter o que comer.
Nessa guerra na TV, Dilma parece não se importar em vestir um figurino de "esquerda de museu". A propaganda petista lembra o maniqueísmo das passeatas dos anos 70 e 80, quando tudo era "culpa do FMI". Agora, o reducionismo dilmista sugere que é tudo culpa dos bancos.
Há duas formas, não excludentes entre si, de interpretar esses comerciais. Uma delas é notar o exagero e o cinismo. Não é necessário ser historiador político para enxergar diferenças entre Marina e Collor. Ou lembrar quem foi o chefe do Banco Central durante o governo Lula --não era ninguém descido do paraíso, mas sim Henrique Meirelles, um ex-presidente do BankBoston.
Uma outra interpretação para os comerciais de Dilma deve ser do ponto de vista da eficácia eleitoral. Preparados pelo marqueteiro João Santana, os filmes são testados previamente com grupos de eleitores. Não são peças para explicar como seria um segundo governo dilmista. A missão é apenas ganhar a disputa.
A presidente já percebeu que só vencerá se destruir as chances de Marina. É o marketing a serviço da eleição. Em menos de dez dias, Dilma sapecou em Marina a pecha de ser frágil como Fernando Collor e cruel o suficiente para entregar "um poder que é do presidente e do Congresso" para os terríveis (sic) banqueiros.
A imagem de Marina está sendo desossada. O curioso é que sua reação até agora parece tímida para quem deseja estancar o processo.
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