Raymundo Costa, Vandson Lima e Bruno Peres – Valor Econômico
BRASÍLIA - Na esteira do que já haviam registrado semana passada os institutos Datafolha e Ibope, pesquisa MDA divulgada ontem confirma a consolidação do cenário de disputa no segundo turno entre as candidatas Marina Silva (PSB) e Dilma Rousseff (PT), mostra as duas numa trajetória de crescimento mas também uma redução na vantagem da ex-senadora sobre a presidente da República, tanto no primeiro quanto na simulação de segundo turno, quando já aparecem em situação de empate técnico.
Com a polarização entre as duas candidatas na pesquisa realizada sob encomenda da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), aumentou a distância em relação ao terceiro lugar, ocupado pelo senador e candidato do PSDB, Aécio Neves. Para piorar a situação do tucano, a pesquisa registra que no momento ele é o candidato com maior rejeição. Aécio já pode ser considerado um candidato bastante conhecido - apenas 6,3% dos eleitores afirmaram que nunca ouviram falar do presidenciável do PSDB.
A presidente Dilma interrompeu a trajetória de queda registrada em pesquisas anteriores e ganhou 3,9 pontos em relação à sondagem de fins de agosto, chegando aos 38,1%. A reversão da expectativa em relação à candidatura Dilma é atribuída basicamente ao programa do PT no horário eleitoral gratuito, que é quase o dobro do tempo de rádio e televisão de que dispõem seus dois adversários diretos, Marina Silva e Aécio Neves, o que mostra o acerto da estratégia do PT, ao reunir uma coligação com nove partidos políticos.
Marina, com o menor tempo do G-3 (constituído pelos candidatos do PSB, PT e PSDB) também apresentou crescimento, mesmo após uma semana de críticas negativas feitas pelos adversários. Marina teve de explicar sua posição sobre o pré-sal, a situação legal do avião que servia a campanha, os rendimentos obtidos por suas palestras e o projeto de autonomia do Banco Central. O potencial de votos de Marina Silva é alto, gira nos 65%, segundo a pesquisa MDA. Dilma está logo abaixo, com 56,3%, o que beneficia Marina, "dependendo da evolução da campanha", segundo os pesquisadores da MDA. A avaliação é que não há tanto espaço para que votos em branco e nulos e eleitores indecisos alterem significativamente o resultado das pesquisas até as eleições. O segundo turno pode ser decidido na migração de votos entre as duas candidatas, se o quadro permanecer o mesmo até lá.
Aécio é vítima da polarização da campanha entre as candidatas do PT e do PSB, mas há indícios também de que os ataques que desferiu contra os adversários, especialmente Dilma, foram contraprodutivos. Em 2010 o mesmo fenômeno ocorreu com José Serra, que bateu em Dilma mas não se beneficiou dos ataques, ao contrário, ficou com a rejeição e os votos foram para Marina Silva, então candidata do PV. Curiosamente, dos três candidatos, a maior rejeição (43,5%) hoje é do candidato do PSDB.
Em um eventual segundo turno, Dilma e Marina estão em condição de empate técnico, dada a margem de erro, para cima ou para baixo, de 2,2 pontos percentuais. A candidata do PSB teria 45,5%, contra 42,7% da atual presidente. No levantamento anterior, Marina vencia Dilma por 43,7% contra 37,8%. Também joga a favor da recuperação da presidente o crescimento da avaliação positiva do governo, que subiu de 33,1% para 37,5% em setembro, na comparação com agosto. "O tempo de propaganda eleitoral e uma boa campanha divulgada pelo PT pode fazer diferença a partir de agora", disse Bruno Batista, diretor-executivo da CNT. Certo, mas no segundo turno o tempo entre as duas candidatas será igual.
As denúncias de corrupção envolvendo a Petrobras, divulgadas no fim de semana e que envolvem a base aliada do governo Dilma no Congresso, ainda não tiveram seu possível impacto absorvido pela pesquisa CNT/MDA, feita entre os dias 5 e 7. "As denúncias saíram nesse mesmo período. Então a gente imagina que ainda não foi possível mensurar impacto", disse Batista.
Ótima notícia para Dilma: sua aprovação pessoal variou de 47,4% para 52,4% no período. São 42,9% os que desaprovam o desempenho da presidente. Para 49% dos eleitores, Dilma será reeleita.
A CNT também apontou que Marina permanece sendo, entre os três primeiros colocados na disputa presidencial, a postulante com menor rejeição. Somam 31% os que dizem que não votariam nela "de jeito nenhum". Eram 29,3% na sondagem passada. A rejeição da presidente Dilma permanece alta, em 41,7%, mas cedeu em relação à pesquisa passada (45,5%). Nesse quesito, a pesquisa se mostrou especialmente ruim para Aécio, agora o que detém o maior limite de voto entre os ponteiros: somam 43,5% os que dizem que não votariam no candidato do PSDB de jeito nenhum. Estes eram 40,4% na pesquisa anterior.
O grau de interesse do eleitor em relação à disputa presidencial ainda é moderado, faltando menos de um mês para o primeiro turno. Foram 20% os que se disseram muito interessados na disputa; 30,3% disseram ter interesse médio. Outros 28,8% avaliaram estar pouco interessados. E 20,8% disseram não ter nenhum interesse na disputa.
Foram entrevistadas 2002 pessoas, em 137 municípios.
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