- Blog do Noblat / O Globo
Enquanto as forças políticas do país e a sociedade brasileira procuram saídas para uma das mais graves crises de nossa história republicana, em meio à total incapacidade da presidente Dilma Rousseff de conduzir o atual governo em busca de soluções, é sintomático que tenha sido o PMDB, um dos maiores partidos da base aliada, a apresentar propostas para que o Brasil retome o caminho do desenvolvimento. No documento intitulado “Uma ponte para o futuro”, lançado durante o congresso da Fundação Ulysses Guimarães, está traçado um conjunto de ideias que merecem ser debatidas e podem servir como ponto de partida para um possível e necessário governo de união nacional.
Diante do agravamento das crises econômica, política e moral, além da absoluta incompetência de Dilma e do PT para comandar o país, é fundamental que os atores políticos comprometidos com o futuro do Brasil se unam em torno de um programa centrado, sobretudo, no ajuste da máquina pública e nas reformas estruturantes do Estado como introdução de uma política de desenvolvimento. Por outro lado, a mobilização popular em defesa das propostas desse governo de transição reforçará sua legitimidade para avançar sem maiores percalços.
No documento do PMDB, as reformas que o PT não levou adiante em 13 anos de governo são citadas como preponderantes para a superação da crise. O texto lembra que “o Estado brasileiro vive uma severa crise fiscal, com déficits nominais de 6% do PIB em 2014 e de inéditos 9% em 2015, e uma despesa pública que cresce acima da renda nacional, resultando em uma trajetória de crescimento insustentável da dívida pública que se aproxima de 70% do PIB, e deve continuar a se elevar, a menos que reformas estruturais sejam feitas para conter o crescimento da despesa”.
Além do apoio majoritário da população ao impeachment de Dilma, constatado por levantamentos recentes dos principais institutos de pesquisa, é nítido que até mesmo setores do mercado financeiro, antes refratários a esta legítima e democrática intervenção constitucional, já reconhecem publicamente que o impedimento se apresenta como o passo inicial e talvez mais importante para destravar o país. É exatamente o que defendemos: o afastamento da presidente da República, votado pelo Congresso Nacional com base na lei, na democracia e no respeito à Constituição, e uma ampla discussão que gere um consenso sobre os principais pontos de um verdadeiro projeto nacional de desenvolvimento.
Com Dilma, Lula e o PT, estaremos fadados a mais três longos anos de inflação, queda da renda, endividamento das famílias, desemprego, falta de investimento e de credibilidade, além da interminável série de escândalos de corrupção que enxovalharam a esquerda e enlamearam o país como nunca antes em nossa história. A ponte para o futuro proposta pelo PMDB, que deve ser discutida especialmente pelas oposições, pode ser um norte para que o país comece a superar a crise e alcance um novo patamar econômico, político e moral. A travessia não será fácil, mas o Brasil é muito maior que o lulopetismo e está pronto para escrever um novo capítulo de sua história. O futuro pede passagem.
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Roberto Freire é deputado federal por São Paulo e presidente nacional do PPS
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