Para Padilha, manifestações foram menores porque País não vive mais período de 'anomalias'
• Nas manifestações simultâneas contra e a favor do impeachment, as ruas de Norte a Sul do País estavam esvaziadas e sem a presença maciça de políticos
Gilberto Amendola, Pedro Venceslau, Valmar Hupsel Filho, Vera Rosa, Roberta Pennafort e Suellen Amorim - O Estado de S. Paulo
No primeiro ato após o afastamento da presidente Dilma Rousseff e pela primeira vez com manifestações simultâneas contra e a favor do impeachment, as ruas de Norte a Sul do País estavam esvaziadas e sem a presença maciça de políticos. O ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, disse que as manifestações foram menores porque o País está em outro momento. “Vivemos um clima de normalidade”, afirmou. “Os atos agora não ganham a mesma expressão de antes, quando se buscava corrigir anomalias.”
Em ao menos 17 Estados e no Distrito Federal houve atos ontem em defesa do afastamento definitivo da petista e também contra o governo do presidente em exercício, Michel Temer.
O último grande protesto foi realizado em 13 de março, quando, segundo a Polícia Militar, 1,4 milhão de pessoas foram às ruas somente em São Paulo – Dilma foi afastada no dia 12 de maio. Ontem, o Vem Pra Rua e a PM não divulgaram estimativa de público. Segundo os organizadores dos atos pró-impeachment, as manifestações ocorreram em 200 cidades de todo o País. A Frente Povo Sem Medo – movimento pró-Dilma – informou que houve atos em 20 cidades do Estado de São Paulo.
Para Rogério Chequer, líder do Vem Pra Rua, o volume menor de manifestantes na Avenida Paulista ontem à tarde era esperado. “As pessoas estão tomando como certa a aprovação do impeachment no Senado”, disse. O início da votação está previsto para o dia 29 deste mês.
Segundo o ativista, a agenda das ruas mudou. “O objetivo principal não é o impeachment. Estamos em uma nova fase.” Entre as bandeiras do grupo estão o voto distrital, o fim das coligações e o fim do foro privilegiado.
As manifestações deste domingo foram marcadas por um racha entre os grupos anti-Dilma. O Movimento Brasil Livre (MBL) e outras organizações menores optaram por não levar carros de som à Paulista e esperar uma data mais próxima da votação no Senado. “O MBL decidiu não participar da organização deste ato porque pretende concentrar esforços em outra manifestação, mais próxima da votação. Isso não significa que estamos rachados”, afirmou Fernando Holiday, do MBL, que participou do ato no chão.
Também estavam na Paulista caminhões do Movimento Contra a Corrupção (MCC), Avança Brasil e de um grupo que pedia a intervenção militar. Os políticos, que em março compareceram em peso, não apareceram. O único pré-candidato à Prefeitura de São Paulo presente foi o deputado Major Olímpio (SD). “O processo de impeachment já se consolidou. Hoje o que acontece é mais uma confraternização”, afirmou. Outro parlamentar presente, aclamado pelos manifestantes, foi Eduardo Bolsonaro (PSC-SP).
No caminhão de som do Vem Pra Rua, as principais participações foram do jurista Modesto Carvalho, do historiador Marco Antônio Villa e da atriz Regina Duarte. Os manifestantes pediam “Lula na cadeia” e “fora, Dilma”. Cartazes em apoio ao juiz Sérgio Moro, da Operação Lava Jato, dominaram o ato. “Eu espero que futuramente ele seja o presidente”, disse Marilucia de Almeida, 61 anos.
Pró-Dilma. O ato contra o impeachment e pelo “Fora, Temer” foi realizado no Largo da Batata, na zona oeste, também à tarde. “Este foi seguramente o maior desde que se iniciou o processo (de impeachment)”, disse Guilherme Boulos, coordenador nacional do (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), que estimou o público em 60 mil pessoas.
Os manifestantes seguiram até a Praça Pan-Americana, um percurso de 3 quilômetros que passou na frente do escritório político de Temer. O ato teve três lemas: o “Fora, Temer”, a “defesa dos direitos dos trabalhadores” e a “garantia da escolha popular nas decisões políticas”, entre elas a realização de novas eleições. Participaram Luiza Erundina e Ivan Valente, candidatos a prefeita e vice em São Paulo pelo PSOL. Também marcaram presença o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) o ex-senador Eduardo Suplicy (PT).
Olimpíada. Valendo-se da presença de jornalistas estrangeiros no Rio por causa da Olimpíada, ativistas pró-impeachment protestaram ontem em Copacabana, um dos cenários dos Jogos. Foi um ato concentrado entre os Postos 4 e 5, no qual foi pedida a prisão de Dilma e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Manifestantes levaram cartazes em inglês.
“Mandamos o nosso recado para a imprensa internacional: não toleramos mais a corrupção no Brasil”, disse a estilista Adriana Balthazar, do Vem Pra Rua. “Demos mais de 20 entrevistas para jornalistas da Nova Zelândia, Austrália, Holanda, China, Japão”, afirmou. O protesto durou das 10 às 13 horas, com adesão bem menor à de atos anteriores anti-Dilma realizados na orla. Aos gritos de “fora, Temer”, um grupo protestou à tarde no centro do Rio. /
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