Wálter Nunes | Folha de S. Paulo
SÃO PAULO - Passadas mais de 48 horas da notícia da tragédia que vitimou o ministro Teori Zavascki, do STF (Supremo Tribunal Federal), delatores e advogados da Odebrecht apostam na hipótese de que o processo seja finalizado em meados de março ou abril.
Fontes da empreiteira ouvidas pela Folha sob a condição de anonimato entendem que a presidente Cármen Lúcia já sinalizou que não vai demorar para indicar quem herdará a Lava Jato e apostam que o escolhido será Celso de Mello, que participa da segunda turma, da qual fazia parte o relator Teori Zavascki.
Os delatores da Odebrecht chegaram à conclusão de que o favorito é Mello por exclusão. "A nomeação de Toffoli, Lewandowski ou Gilmar (os outros ministros da 2ª turma) viria com uma polêmica embutida, por conta da proximidade deles com partidos", diz um dos delatores.
José Antonio Dias Toffoli e Ricardo Lewandowski foram indicados pelo ex-presidente Lula e são vistos como próximos dos petistas. Gilmar Mendes, nomeado por Fernando Henrique Cardoso, é associado a políticos tucanos. "Celso de Mello é o mais experiente e tem a reputação de ser independente. O que se precisa agora é justamente de um nome de consenso", acrescenta.
Um dos delatores destaca que Celso de Mello já está bem informado sobre o processo da Lava Jato já que os cinco ministros da 2ª turma votaram habeas corpus, como o de Marcelo Odebrecht.
"Celso de Mello está há anos convivendo com a Lava Jato e isso vai fazer com que as coisas caminhem rápido", diz. "É muito provável que os juízes auxiliares de Teori Zavascki, que analisam a Lava Jato desde o início, sejam transferidos para trabalhar com o novo relator."
Até poucos meses atrás a defesa da Odebrecht já trabalhava com a hipótese de a homologação acontecer em março. Os advogados do grupo calculavam que a força-tarefa iria entregar os anexos da colaboração premiada na volta das férias do Judiciário.
Os procuradores, porém, protocolaram o relatório no STF na véspera do recesso. Para o delator, isso pressionou Teori a fazer o negócio andar ainda no mês de janeiro.
"Com o acidente as coisas voltaram ao nosso cronograma antigo", diz um delator.
Outro fator destacado por fontes da Odebrecht é que a leniência (delação da empresa) tem que ser homologada pelo juiz federal Sergio Moro e não por um ministro do STF.
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