- Folha de S. Paulo
O Palácio do Planalto se empenhou para retirar Michel Temer da arena eleitoral em que foi jogado pelo marqueteiro Elsinho Mouco. Auxiliares correram para tentar blindar o presidente e evitar que o lançamento prematuro de sua candidatura à reeleição trave o governo no momento em que ainda tenta ganhar fôlego.
Temer não abandonou os planos de disputar um novo mandato —pelo contrário, só começou a tratar essa hipótese com seriedade há pouco mais de um mês. O presidente, porém, sabe que será despido do poder de que ainda dispõe caso vista agora o uniforme de candidato.
A estratégia de Temer sempre foi aproveitar a força do cargo para atender às demandas de partidos aliados, conquistar apoio no Congresso e fazer avançar sua agenda. Só então, poderia acumular musculatura suficiente para se lançar à reeleição.
Assim, o presidente esperava superar, até junho, outros candidatos de centro-direita, como Rodrigo Maia (DEM) e Geraldo Alckmin (PSDB).
Equilibrado sobre uma popularidade pífia e com 1% nas pesquisas eleitorais, Temer foi lançado no ringue cedo demais e sem luvas —como um pugilista franzino exposto a ataques de todos os lados.
Sob o figurino eleitoral, seu plano de intervenção no Rio perde credibilidade, ganha contornos de promessa de campanha e provoca reações igualmente eleitorais de seus adversários. Até Maia, candidato e aliado inconstante do presidente, criticou a sugestão de criar um imposto para financiar a segurança pública.
Temer só terá uma plataforma para sua candidatura se obtiver resultados concretos em seus últimos meses de governo. No entanto, as declarações de Mouco ao jornal "O Globo", colocando a reeleição na mesa, retiram a faixa presidencial de seu chefe.
A intervenção no Rio só está começando e o risco político se multiplicou. Se fracassar, o candidato precisará explicar por que colocou vidas em perigo por motivos eleitorais.
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