Por Vandson Lima, Marcelo Ribeiro e Raphael Di Cunto | Valor Econômico
BRASÍLIA - O governador de São Paulo e presidente nacional do PSDB, Geraldo Alckmin, principal presidenciável da sigla, entrou em uma campanha, encampada pela bancada mineira da Câmara e alguns prefeitos do Estado, para tentar convencer o senador Antonio Anastasia (MG) a aceitar uma nova candidatura ao governo de Minas. O senador, contudo, mostra-se resistente à ideia. A conversa entre ele e Alckmin ontem, em Brasília, foi inconclusiva, enquanto palanques próprios do partido em outros Estados já foram definidos.
No Rio Grande do Sul o candidato do PSDB será o ex-prefeito de Pelotas, Eduardo Leite, como candidato ao governo do Rio Grande do Sul. Com apenas 32 anos, Leite é o atual presidente do PSDB gaúcho. Eleito prefeito em 2012, ele optou por não concorrer à reeleição em 2016 para estruturar sua postulação ao comando do Estado este ano - sua vice, Paula Mascarenhas, foi eleita com seu apoio no primeiro turno em Pelotas.
Em Santa Catarina, o candidato será Paulo Bauer. Eleito em 2010, ele está em final de mandato no Senado. No Maranhão, será o senador Roberto Rocha. Presidente do PSDB no Amapá, o deputado federal Luiz Carlos ainda não bateu o martelo se será candidato ao governo.
A questão mineira terá uma nova ofensiva de Alckmin no início de março quando o governador deve viajar a Minas. "Anastasia é a candidatura natural. Tem experiência, é um dos melhores gestores do Brasil e Minas precisa do Anastasia. É um quadro excepcional, une o partido e também os aliados. É um grande nome. Ele sabe que eu gostaria que ele fosse candidato. Vamos ter uma boa solução", disse.
A bancada mineira tem pressionado para que Anastasia seja o candidato. O isolamento do senador Aécio Neves (PSDB-MG), que tentará a reeleição em outubro, leva o PSDB a se mover por uma candidatura própria ao governo de Minas Gerais. A decisão é vista como única alternativa para assegurar palanque para que o senador se defenda em condições de ser reconduzido.
"Não vamos causar nenhum constrangimento a ele [Anastasia]. Vamos aguardar sua decisão. Mas é um grande nome. Se depender de mim, estarei na linha de frente, porta-bandeira do Anastasia", assegurou Alckmin.
Antes dos apelos a Anastasia, os tucanos fizeram três tentativas de alianças mal sucedidas com pré-candidatos de outras legendas ao comando do Palácio da Liberdade: Dinis Pinheiro, do PP, Márcio Lacerda, do PSB, e Rodrigo Pacheco, que deve migrar do MDB para o DEM para se candidatar. Os dois primeiros já foram aliados do senador do PSDB no passado. Segundo apurou o Valor, as negativas à aliança com o PSDB foram justificadas pela "imagem arranhada" de Aécio.
Anastasia está no meio de seu mandato de oito anos no Senado, a ser encerrado em 2022. Caso concorresse e fosse derrotado na disputa estadual, ele retornaria ao posto, o que poderia ser um facilitador de sua candidatura.
Alckmin também aproveitou a passagem por Brasília para tratar da definição de candidaturas tucanas em outros Estados.
Alckmin também tem procurado manejar a guerra dentro do PSDB em relação à própria postulação à Presidência. Oficialmente, o candidato tucano será confirmado em março, após a realização de prévias, com participação de todos os filiados.
Adversário de Alckmin na disputa interna, o prefeito de Manaus (AM), Arthur Virgílio, passou a acusar a cúpula partidária de atuar em prol do governador paulista, favorito na disputa.
Virgílio ameaçou ir a público para denunciar o que considera uma armação em favor de Alckmin. Para ele, a indisposição do partido de organizar um bom número de debates, por exemplo, beneficia o governador, que detém a máquina partidária. "Tenho grande apreço pelo Virgílio. É uma das maiores inteligências do partido. Vamos aguardar", disse Alckmin, evitando maiores comentários.
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